O voto ficou mais caro

Doações ultrapassam R$ 1bilhão

Lúcio Vaz

O tucano José Serra foi campeão de arrecadação entre os candidatos a governador. Na maioria dos estados, quem mais recebeu apoio financeiro saiu vitorioso, de acordo com levantamento parcial do TSE

Dados oficiais divulgados ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral registram doações eleitorais num valor total de R$ 1 bilhão, considerando as contribuições para candidatos a governadores, senadores, deputados federais, estaduais e distritais. O estado que mais arrecadou foi São Paulo, com R$ 230 milhões para todas as candidaturas, seguido por Minas Gerais, com R$ 110 milhões. Só as doações para os candidatos aos governos estaduais em todo o país somaram R$ 184 milhões. A campanha mais cara declarada foi a do candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, com R$ 25,9 milhões — o equivalente a R$ 2 por voto recebido. Não foram registradas ainda as doações para governadores nos estados onde houve o segundo turno. Nesses casos, o prazo final para a prestação de contas é 28 de novembro.

Em segundo lugar aparece o governador eleito de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), com R$ 19,4 milhões. O custo de cada voto ficou um pouco maior: R$ 2,59. O segundo colocado na disputa pelo governo mineiro, Nilmário Miranda (PT), arrecadou R$ 1,7 milhão. Cada voto do candidato petista custou R$ 0,80. Em São Paulo, o segundo colocado na disputa pelo governo estadual, o senador Aloizio Mercadante (PT), recebeu R$ 11,6 milhões em contribuições. O custo de cada voto (R$ 1,70) foi semelhante ao do candidato vencedor.

Na maioria dos estados onde os candidatos já prestaram contas, saiu vencedor aquele que arrecadou mais. No Ceará, por exemplo, o candidato eleito, Cid Gomes (PSB), irmão do ex-ministro Ciro Gomes, conseguiu mais do que o dobro do segundo colocado, o governador Lúcio Alcântara (PSDB). Foram R$ 11 milhões contra R$ 5,5 milhões. Diferença ainda maior foi registrada no Mato Grosso. O governador reeleito Blairo Maggi (PPS) arrecadou R$ 9,4 milhões, contra R$ 610 mil do senador Antero Paes de Barros (PSDB).

Reeleição
A diferença também foi expressiva no Amazonas, onde as doações do governador reeleito Eduardo Braga (PMDB) somaram R$ 8,8 milhões, contra apenas R$ 1,49 milhão do ex-governador Amazonino Mendes (PFL). No Espírito Santo, o governador reeleito Paulo Hartung (PMDB) arrecadou R$ 6,3 milhões, enquanto o segundo colocado, Sérgio Vidigal (PDT), juntou apenas R$ 1 milhão. Os dados parciais do TSE mostram também que a maioria dos governadores que tentaram a reeleição acabaram arrecadando mais do que seus adversários.

Mas há também casos de candidatos que enfrentaram o poder local e venceram a eleição, mesmo arrecadando menos. Na Bahia, o petista Jaques Wagner enfrentou o governador Paulo Souto (PFL) com uma campanha bem mais modesta. Conseguiu contribuições no valor de R$ 4,2 milhões, contra R$ 9,2 milhões do pefelista. Cada voto do petista custou R$ 1,29, enquanto cada voto dado para o governador ficou em R$ 3,40.

Em Sergipe, o ex-prefeito da capital Marcelo Déda (PT) arrecadou bem menos do que o governador João Alves (PFL), que tentava a reeleição. Foram R$ 2,2 milhões do petista contra R$ 3,8 milhões do pefelista. No Distrito Federal, mesmo enfrentando a governadora Maria Abadia (PSDB), que tinha o apoio do ex-governador Joaquim Roriz, o deputado José Roberto Arruda (PFL) conseguiu contribuições expressivas, no valor de R$ 8 milhões. Foi um dos votos mais caros do país: R$ 12 a unidade. O voto mais caro foi o do governador eleito de Roraima, Ottomar Pinto (PSDB): R$ 15,9 cada um.

O número
Dos 8 candidatos que disputaram a eleição presidencial, 2 — Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin — têm prazo até 28 de novembro para entregar a prestação de contas final, porque concorreram no segundo turno

Fonte: Correio Braziliense

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