Insusténtável a permanência de Paulo Medina como ministro

Paulo Medina pode pedir o afastamento hoje do STJ

Carolina Brígido e Alan Gripp
O Globo
2/5/2007

Funcionários de bingos do Rio protestam na orla de Copacabana contra o fechamento das casas de jogos

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Paulo Medina, pode pedir afastamento hoje da corte. Investigado pela Polícia Federal pela suspeita de venda de liminares, e agora flagrado em uma escuta antecipando um voto, como revelou ontem O GLOBO, Medina tem dito a pessoas próximas que sua situação é insustentável. Mas mesmo que se afaste do STJ, o ministro poderá responder a sindicância interna. O tribunal decide até sexta-feira se abre ou não a investigação. Ontem à noite, Medina se reuniu com seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro. O ministro tem dito que a divulgação de denúncias contra ele não lhe dá outra alternativa a não ser deixar o tribunal.

- Ele está muito chateado. Não quer constranger ainda mais os outros ministros do tribunal - disse o advogado.

O destino de Medina parece selado. Se a corte especial do STJ confirmar abertura de sindicância para apurar supostos crimes cometidos pelo ministro, o colegiado deve afastá-lo temporariamente das atividades.

O advogado de Medina minimizou a revelação, feita pelo GLOBO, de que ele antecipou à parte interessada voto que daria no dia seguinte, em sessão do STJ. Medina era relator de pedido de habeas corpus feito pelo diretor do Minas Tênis Clube, Fernando Furtado Ferreira, acusado de usar documento falso. Em conversa com o advogado Paulo Eduardo Almeida de Mello, ligado a Ferreira, Medina garantiu que daria voto favorável, o que ocorreu. Os demais ministros seguiram o voto.

- Não há orientação ilegal, não há exploração de prestígio. Nesse contexto de hoje, tudo pega uma dimensão enorme - disse Castro.

O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o envio ao STJ de cópia do inquérito que conduz sobre a Operação Hurricane (furacão, em inglês). Com os documentos, o presidente da corte, ministro Raphael de Barros Monteiro, decidirá o futuro de Medina.

No Dia do Trabalho, vestidos de preto, 150 funcionários de bingos do Rio protestam na orla de Copacabana contra o fechamento das casas de jogo. As operações de repressão aos bingos já ameaçariam o emprego de seis mil pessoas. Eles reclamaram da falta de regulamentação do setor com cartazes.

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