Câmara: Casa do Povo ou da Mãe Joana?
Caros leitores. É impressionante a capacidade que a Câmara e o Senado têm de produzir escândalos e imoralidades com o nosso dinheiro. A seqüência é interminável. Nem bem se sai de uma, logo vem a notícia de outra.
O restaurante que substituiu o Fiorella no 10.o andar, por seu proprietário pagar mensalinho para o ex-presidente da Casa, o ex-deputado Severino Cavalcanti, pode perder a concessão.
Leia abaixo a última trapalhada da Casa.
Até festa de casamento tem na Câmara
Denise Rothenburg e Guilherme Queiroz (Correio Braziliense)
Churrascaria Pampa nas dependências da Câmara, onde ocorreu uma festa no último sábado
Parlamentares que costumam pedir a realização de festas em espaços da Câmara dos Deputados que se preparem para ouvir poucas e boas do presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Ele acaba de abrir um inquérito para investigar quem foi o responsável pela festa de casamento de um casal de policiais civis, ocorrida no último sábado, no 10º andar do Anexo 4 da Casa. Lá, funciona o restaurante, atualmente sob concessão da Churrascaria Pampa. “A Câmara é um local de trabalho. Não descarto (o restaurante) perder a concessão”, comentou Arlindo, que soube do casamento na Câmara ontem à tarde, pela reportagem do Correio.
O diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio, também reagiu ao episódio. Por ordem de Chinaglia, para coibir ocorrências do tipo, anunciou que baixará norma proibindo eventos particulares nas dependências da Casa.
Com a fúria de Chinaglia, os políticos que tiveram alguma influência para realizar a festa no Anexo 4 da Câmara, se esquivam de comentários. O deputado Laerte Bessa (PMDB-DF), por exemplo, cujo nome era citado nos bastidores como padrinho do casório e suposto responsável por interceder, na última sexta-feira, em favor dos noivos, esquiva-se: “Eu era apenas convidado, nem fui ao casamento. Só telefonei para a presidência porque os noivos souberam na véspera que a administração da Câmara não havia autorizado a festa e os convites já estavam distribuídos, não tinha como mudar o local. Falei com um assessor do Arlindo e ele me disse que iria falar com os noivos. O que é que tem liberar o restaurante para um casamento?”, pergunta Bessa.
O blog responde ao nobre deputado: Tem muita coisa, deputado. Vou citar duas:
1- É imoral pois, para se utilizar as dependências do 10.o andar do Anexo IV, é necessário que os elevadores, energia elétrica, sistema de segurança e demais estruturas do Complexo sejam ligadas e isso custa dinheiro. O nosso dinheiro. Dinheiro de otários como nós que temos nosso imposto retido na fonte. E eu não quero ver o meu dinheiro gasto com festa de casamento de policiais civis, nem militares ou seja lá o cacete que for!;
2- O Regimento Administrativo da Casa não permite que qualquer contratante ou serviço terceirizado seja utilizado para fins particulares...
Restaurante
O gabinete do deputado Sérgio Brito (PDT-BA), de onde teria partido o pedido para a festa, lava as mãos. A assessoria de Brito garante que ele, pessoalmente, não pediu e nem sabia do evento. Humberto Ferreira, assessor de Brito afirma que assinou o que chama de consulta à administração da Câmara sobre a possibilidade de se promover o evento. E joga a batata quente nas mãos do dono do restaurante, conhecido por Fabiano. “Ele pediu para a gente consultar a administração da Câmara. Não aceitaríamos se não fosse dentro das normas legais”, diz Ferreira. Procurado pela reportagem, o proprietário da Churrascaria Pampa não retornou os recados deixados na secretária eletrônica do seu celular.
O contrato de concessão firmado com a Câmara define os horários de funcionamento do restaurantes. De segunda a sexta-feira, as portas devem se abrir para o almoço. À noite, somente entre terça e quinta-feira, quando há maior movimento de parlamentares. Mas há precedentes de a churrascaria receber clientes na sexta-feira à noite, a pedido do próprio deputado Sérgio Brito. “O deputado estava recebendo um grupo de prefeitos de sua base e pediu para ver se o restaurante podia servir um jantar. Não foram nem 10 pessoas. Pegamos o comprovante fiscal para comprovar que foi só um jantar”, relata o assessor Ferreira.
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