Cenário político de Brasília

Desconfiança geral

Denise Rothenburg - Correio Braziliense

Os aliados do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) estão desconfiadíssimos de um possível acordo entre PT e PSDB para tirar o alagoano do comando do Senado. Juntaram para isso três argumentos. Primeiro, a atitude do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) de ir à tribuna pregar a análise conjunta de todos os três processos contra Renan Calheiros e uma licença do peemedebista. Em segundo, Mercadante avisou pessoalmente aos oposicionistas que não perdessem o seu discurso. Por último, houve uma reunião do vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), com integrantes do PSDB para tratar do futuro do Senado, com ou sem Renan.

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A proposta de Mercadante, de adiar a votação do caso Schincariol no Conselho de Ética, é tudo o que Renan não quer. Ele sabe que a tendência é o arquivamento e queria marcar esse gol ainda esta semana. Se o PT e seus mais emblemáticos representantes, como Mercadante, começarem a empurrar Renan para a fogueira, em breve, garantem alguns aliados do senador alagoano, o clima no Senado estará pior do que no dia em que a absolvição de Renan foi patrocinada por 40 mais seis senadores que se abstiveram — um deles Aloizio Mercadante. E assim, a oposição liderada pelos tucanos termina o seu jogo num empate: deixa o Senado nas mãos do PT, mas envenena a relação dos petistas com o PMDB.
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Temporão ajuda o DEM

O Ministério da Saúde construirá seu almoxarifado central de medicamentos no Distrito Federal. O governo federal prevê investimento na ordem de R$ 40 milhões para erguer uma estrutura de 40 mil metros quadrados, segundo acordo selado ontem com o vice-governador, Paulo Octávio (DEM), com a equipe do ministro José Gomes Temporão.
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Só problema

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, paranaense, conseguiu irritar o seu colega da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, e o governador da Bahia, Jaques Wagner. Tudo porque propôs o fim da Comissão Executiva de Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). Hoje, Wagner deve trazer o assunto para o presidente Lula. Pelo visto, vai sobrar para o presidente arbitrar mais essa antes mesmo de completar três dias da sua volta para casa.
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Nem vem

Essa história de redução gradativa da alíquota da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) não colou. Nada a ver com o PT. É que os governadores tucanos — Aécio Neves, de Minas Gerais, José Serra, de São Paulo, e outros — disseram a seus deputados que não dá para deixar os três últimos anos de Lula com muito dinheiro e, depois, ficar só com o bagaço no primeiro ano pós-Lula.
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Questão de perfil

Os petistas que têm analisado à distância a escolha do futuro presidente do partido listam uma única razão para tirar dois nomes da disputa, o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, e o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia. Ambos são Lula demais. E com o PT a um passo de dar uma guinada à esquerda, não dá para arriscar jogando tudo num candidato de dentro do Palácio do Planalto.
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No cafezinho

Reprimenda
A assessoria do ministro da Educação, Fernando Haddad, avisou ontem à coluna que o motorista dele levou uma advertência por escrito ontem por avançar o sinal vermelho no Lago Sul. Ele foi flagrado pela coluna no momento em que levava o ministro ao aeroporto no domingo. Haddad, que ia no banco de trás, falava ao telefone. Quem dirige ou anda de carro oficial tem mesmo que ficar pianinho. Afinal, Brasília virou um Big Brother.

Suspense
Nos bastidores da Câmara, o assunto CPI da TVA ferve. Tem gente apostando que o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia, mandará instalar a CPI, levando a briga para a Comissão de Constituição e Justiça da Casa.

Dois pesos
O deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP) não engoliu a história do presidente Lula tirar duas medidas provisórias do Congresso para acelerar a tramitação da CPMF: “O critério para se editar uma MP é relevância e urgência. Está claro que o relevante para o governo é obstruir a pauta do Congresso. Como o relevante agora é desobstruir a pauta, recolheram as MPs”, comentou ele.

Biônico
O deputado Claudio Vignatti (foto), do PT de Santa Catarina, é chamado pelos colegas de “o homem de R$ 3 trilhões”. É que ele concluiu ontem o relatório preliminar do novo Plano Plurianual de Investimentos (PPA), onde estão previstos R$ 3,6 trilhões em recursos para infra-estrutura e programas sociais nos próximos quatro anos. Amanhã, Vignatti começa um périplo pelos estados, com uma reunião em Rondônia. Os governadores e prefeitos estão doidinhos para emplacar seus estados e municípios nesse bolo.

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