Rosa Costa e Isabel Sobral Brasília
Para líder do partido, foi engano aumentar os impostos
Além de enfrentar a resistência dos partidos de oposição ao pacote de medidas, o governo poderá perder o apoio do PDT no Congresso. Os pedetistas, que hoje controlam o Ministério do Trabalho, além de outros cargos na máquina federal, tendem a se alinhar com a oposição na hora de votação das medidas.
O líder do PDT no Senado, Jefferson Péres (AM), afirma que não fechará a questão na bancada, mas ressalva: ele mesmo votará contra as medidas. “Foi um engano aumentar esses impostos”, diz o senador. “Em vez de aumentos, o Planalto deveria fazer outras duas coisas que nunca fez: cortar gastos e adotar um mecanismo de contenção permanente.”
O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, acredita que outros parlamentares de seu partido deverão se opor às medidas. Ele afirma que, por falta de esclarecimentos adequados do governo, prevalece entre os deputados a impressão de que a elevação dos impostos será repassada pelos bancos aos clientes. “Sou favorável à taxação dos bancos, mas o governo está tão mal articulado que ninguém acredita que os bancos não vão repassar esse aumento.” Ele assegura que outros deputados do PDT pensam a mesma coisa.
Paulinho diz que desde 2 de janeiro, dia do anúncio do pacote, vem tentando, sem sucesso, falar com o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, encarregado de fazer a ponte entre o Executivo e o Legislativo. “Quem tem a obrigação de falar com os parlamentares é ele e quando o procuro não consigo falar. Como isso é possível?”, indaga.
EDUCAÇÃO
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) também admite que o partido poderá não votar a favor do pacote se não for respeitado o acordo fechado com o governo durante as negociações para a votação da CPMF. Na ocasião, o PDT apoiou a proposta no Senado após receber a garantia de que os recursos destinados à educação seriam gradativamente poupados pelo governo dentro da Desvinculação das Receitas da União (DRU).
Como a CPMF não passou, no governo há quem defenda que o acordo perdeu a validade. Mas o senador insiste: se o governo não cumpri-lo, há risco de “ruptura” com a bancada.
Ao defender os cortes dos gastos da máquina pública, o senador Jefferson Péres lembra que o Congresso e o Judiciário deveriam adotar procedimento semelhante e não apenas cobrar. “Eu me sinto até meio incomodado em falar porque Câmara e Senado deveriam dar o exemplo”, diz ele, citando como possíveis cortes o fim do pagamento da verba indenizatória (R$15 mil por mês para custear o exercício do cargo no Estado), a redução de viagens ao exterior e o adiamento de novas obras.
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