Erica Andrade
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Ao saber da visita, Maria Teresa decidiu ir até o palácio e tirar uma fotografia com o líder, famoso também pela beleza e simpatia. Mas Jango, que era vice-presidente na ocasião, recomendara à esposa que a foto não fosse feita. Ela ignorou o pedido e partiu para a empreitada. Maria Teresa aproveitou que Jango estava em uma audiência, chamou o fotógrafo oficial e pediu a Che Guevara para tirar a foto.
Maria Teresa descreveu a situação: "Aí tirei uma foto assim – ele sentado, eu atrás dele assim, com as mãos sobre os ombros dele. Depois fiz um pôster e o Jango quase teve um ataque porque botei o pôster na entrada do meu quarto". A primeira dama contou ainda que Jango reclamava, enciumado: "Mas para que isso? Toda vez que entro no quarto tem esta fotografia, tem este homem aqui… Você não tem juízo?".
Em 1964, Jango era presidente. Assumiu com o país em um clima tenso, após a renúncia de Jânio Quadros. Naquele ano, o pôster que motivou o ciúme de Jango passou a decorar uma das paredes da residência oficial do Torto. Após o golpe, Maria Teresa e os filhos partiram às pressas para o Sul do país, levando apenas malas com roupas. A foto ficou para trás, assim como outros objetos pessoais e documentos. Segundo Maria Teresa, nada foi devolvido. Há três anos, iniciei uma busca, até agora sem sucesso, do negativo ou da foto que registrou um momento ímpar da história nacional: o encontro singelo entre o guerrilheiro e a mais bela mulher que chegou ao posto de primeira-dama no Brasil.
* Nota do editor
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