O inferno é aqui
O cheiro do inferno
Renato Ferraz (Correio Braziliense)
Em outubro de 2002, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) baixou uma resolução determinando que, a partir do então longínquo janeiro de 2009, a quantidade de enxofre no diesel deveria sofrer brusca redução. O limite admitido será de 50 partículas por milhão (ppm) — índice ainda superior ao já adotado em países desenvolvidos como Estados Unidos (15ppm) e boa parte da Europa (10ppm). Vamos conseguir? Claro que não! Afinal, não é “fácil” mudar algo no Brasil em seis anos, dois mil dias ou 50 mil horas.
Resultado: faltam pouco mais de 10 meses, 300 dias e 7 mil horas para a resolução entrar em vigor e, segundo admite a própria Confederação Nacional de Transportes num levantamento divulgado pela revista da instituição, o diesel consumido nos motores de nossos caminhões e ônibus emite de 500 ppm (nas regiões metropolitanas) a até 2 mil ppm (nas rodovias). E de quem é a culpa? Da Petrobras? Talvez. Afinal, é sabido que o nosso diesel é um dos mais sujos do planeta. Mas é até possível que ela consiga pôr à disposição dos caminhoneiros, no ano que vem, o chamado diesel limpo. Afinal, tem dinheiro e tecnologia para tanto.
E se ela conseguir, os veículos estarão preparados? Não. E de quem é, nesse caso, a culpa? Das montadoras? Também. Até agora, nenhuma veio a público declarar que tem condições tecnológicas para ajustar os motores dos novos (nem dos velhos) ônibus e caminhões. Mas farão isso? Não, porque nossas agências reguladoras e órgãos fiscalizadores, como a ANP, ANTT, Ibama, Ministério da Justiça e Procons postergam as ações de fiscalização, de regulamentação, de orientação. Daqui a pouco, veremos os burocratas usarem sofismas para se defender e tergiversar e, como sempre ocorre no Brasil, ninguém terá culpa de nada. E nós, brasileiros, vamos continuar cheirando enxofre, que comprovamente mata, mesmo sem ir para o inferno.
Renato Ferraz (Correio Braziliense)
Em outubro de 2002, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) baixou uma resolução determinando que, a partir do então longínquo janeiro de 2009, a quantidade de enxofre no diesel deveria sofrer brusca redução. O limite admitido será de 50 partículas por milhão (ppm) — índice ainda superior ao já adotado em países desenvolvidos como Estados Unidos (15ppm) e boa parte da Europa (10ppm). Vamos conseguir? Claro que não! Afinal, não é “fácil” mudar algo no Brasil em seis anos, dois mil dias ou 50 mil horas.
Resultado: faltam pouco mais de 10 meses, 300 dias e 7 mil horas para a resolução entrar em vigor e, segundo admite a própria Confederação Nacional de Transportes num levantamento divulgado pela revista da instituição, o diesel consumido nos motores de nossos caminhões e ônibus emite de 500 ppm (nas regiões metropolitanas) a até 2 mil ppm (nas rodovias). E de quem é a culpa? Da Petrobras? Talvez. Afinal, é sabido que o nosso diesel é um dos mais sujos do planeta. Mas é até possível que ela consiga pôr à disposição dos caminhoneiros, no ano que vem, o chamado diesel limpo. Afinal, tem dinheiro e tecnologia para tanto.
E se ela conseguir, os veículos estarão preparados? Não. E de quem é, nesse caso, a culpa? Das montadoras? Também. Até agora, nenhuma veio a público declarar que tem condições tecnológicas para ajustar os motores dos novos (nem dos velhos) ônibus e caminhões. Mas farão isso? Não, porque nossas agências reguladoras e órgãos fiscalizadores, como a ANP, ANTT, Ibama, Ministério da Justiça e Procons postergam as ações de fiscalização, de regulamentação, de orientação. Daqui a pouco, veremos os burocratas usarem sofismas para se defender e tergiversar e, como sempre ocorre no Brasil, ninguém terá culpa de nada. E nós, brasileiros, vamos continuar cheirando enxofre, que comprovamente mata, mesmo sem ir para o inferno.
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