TV Pública – Presente de grego

Quando da votação da Medida Provisória que criou a TV Pública brasileira, partidos que fazem oposição ao governo preveniram sobre a provável utilização da empresa segundo os interesses dos inquilinos de plantão. Não deu outra, acaba de ser demitido o primeiro âncora da TV Brasil, o jornalista Luiz Lobo, 42, que afirma em reportagem publicada no Correio Braziliense que o Palácio do Planalto interfere no jornalismo praticado pela TV pública federal, lançada pelo governo Lula, em dezembro, com a promessa de que não seria uma emissora chapa-branca.

"Não podíamos falar dossiê, mas "levantamento sobre uso dos cartões", diz Luiz Lobo, referindo-se ao escândalo do momento, o dossiê dos gastos de FHC.

De acordo com Lobo, nas reportagens sobre Planalto, Presidência, economia e política, "há um cuidado que vai além do jornalístico"

"Existe, sim, interferência do Planalto lá dentro. Há um cuidado que vai além do jornalístico", afirma. Lobo foi demitido na última sexta-feira, segundo ele, por ter resistido às interferências. Afirma que o Planalto controla o conteúdo das reportagens por meio da jornalista Jaqueline Paiva, mulher do também jornalista Nelson Breve, assessor de imprensa da Presidência da República. Lobo era também editor-chefe do "Repórter Brasil", primeiro e único, até agora, programa da TV Brasil. Jaqueline ocupa o cargo de coordenadora de telejornais.

Lobo diz que a "pressão" aumentou nas últimas duas semanas, quando a crise dos cartões corporativos atingiu a ministra Dilma Rousseff, com o vazamento de um dossiê, elaborado pela Casa Civil, de gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de sua mulher, Ruth Cardoso."Não podíamos falar em dossiê, mas em "levantamento sobre uso dos cartões". Depois, a orientação era falar "suposto dossiê'", relata Lobo.

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