Vale estuda compra da Anglo American

O jornal "Observer" destaca que acionistas aceitariam oferta que ultrapassasse em 25% o valor das ações no fechamento de sexta

Vale disse que quer emitir US$ 15 bi em ações, e dinheiro poderá ser usado em negócios; mineradoras passam bancos em fusões

A Vale estuda fazer uma proposta de compra da mineradora Anglo American, cujo valor de mercado atinge US$ 85 bilhões, segundo o jornal britânico "The Observer".

De acordo com o jornal, os acionistas da empresa aceitariam uma oferta se ela ultrapassasse em 25% o valor das ações da Anglo American no fechamento de sexta-feira. Procurada, a Vale diz que não comentaria o assunto, que classificou como "boatos de mercado".

A produtora brasileira, que retirou uma oferta pela Xstrata, disse que pode vender cerca de US$ 15 bilhões em ações para fazer fusões. Na semana passada, a Vale fez pedido à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para emitir ações.

A última aquisição de peso da Vale ocorreu em novembro de 2006, quando venceu a disputa pela produtora de níquel canadense Inco depois de uma oferta de US$ 18,2 bilhões.

A Freeport-McMoRan, a segunda maior produtora mundial de cobre, a Alcoa, a terceira maior produtora de alumínio, e a Southern Copper, do Grupo Mexico SAB, são possíveis alvos de aquisições, disseram executivos do setor bancário.

Essas empresas detêm um valor de mercado conjunto de aproximadamente US$ 112 bilhões. Altos funcionários das três empresas recusaram-se a fazer comentários.
As especulações sobre as novas compras da Vale vêm em um momento em que o setor de mineração lidera os negócios de fusões e aquisições.

O valor das aquisições anunciadas para o setor mais do que triplicou, ao passar a US$ 199 bilhões, nos primeiros cinco meses de 2008 ante o mesmo período do ano passado, apesar de o ritmo mundial de fusões e compras ter recuado 37%, segundo mostram dados compilados pela Bloomberg.

As empresas de serviços financeiros, que vinham sendo as maiores propulsoras das tarifas de fusão nos últimos dois anos, informaram US$ 173,5 bilhões em transações nos primeiros cinco meses de 2008. Essa é a primeira vez que as fusões do setor de mineração encabeçam o ranking de fusões e aquisições desde que a Bloomberg começou a compilar esse tipo de dado, em 1998.

O aumento nas aquisições ocorre em um contexto em que as empresas concorrem por ativos minerais escassos e à medida que a alta dos custos torna mais barata a compra de concorrentes do que o desenvolvimento de novas minas.

"Não ficaria surpreso em ver meganegócios nos próximos seis meses, quer sejam transações de US$ 20 bilhões ou de US$ 50 bilhões ou mais", disse Tim Goldsmith, 45, sócio do setor de mineração da PricewaterhouseCoopers em Melbourne, na Austrália. "Há um desejo mundial para abocanhar quaisquer recursos que estejam disponíveis, pois eles são escassos. Há bons tempos pela frente." (Folha)

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