A arte da política – fuja de polêmicas
Época de eleição para prefeito é sempre assim: de olho no voto, os candidatos abandonam bandeiras polêmicas defendidas ao longo da vida partidária, deixando-as adormecidas no fundo da gaveta. Afinal, um passo em falso pode pôr em risco a eleição. Os casos mais emblemáticos nestas eleições estão no Rio - três candidatos à prefeitura carioca optaram por tentar desvencilhar a imagem de eventuais controvérsias, numa prova de que a polêmica pode andar na contramão do voto.
Conhecido por defender a legalização da maconha, o deputado Fernando Gabeira, candidato do PV à Prefeitura do Rio, preferiu não participar da Marcha da Maconha, realizada no mês passado. Com um livro publicado sobre os prós e os contras da droga, Gabeira alega que, em eleição majoritária, o público é muito mais amplo e, por isso, a ordem é "jamais entrar em bola dividida". Diz seguir o exemplo dos estrategistas da campanha de Barack Obama, que aconselharam o candidato do Partido Democrata à Presidência dos Estados Unidos a abandonar polêmicas.
Além disso, argumenta o candidato do PV, temas como legalização da maconha e do aborto e a defesa da união civil entre pessoas do mesmo sexo - comumente chamada de casamento gay - não são da esfera municipal. "Esses problemas são solucionados em termos federais", observa.
Depois de perder a eleição para o Senado, em 2006, a ex-deputada Jandira Feghali, candidata do PC do B à Prefeitura do Rio, é outra que prefere deixar a bandeira pela legalização do aborto adormecida. A comunista usa argumentos semelhantes ao de Gabeira para não abordar o tema na campanha deste ano. "Esta é uma eleição municipal e não tem nada a ver abordar o assunto da legalização do aborto. Vou tratar de temas importantes para melhorar a vida das pessoas no Rio, como políticas sociais e o papel da prefeitura na segurança pública", resume Jandira. Há dois anos, a defesa do aborto acabou levando a Igreja Católica a liderar uma campanha contra ela.
Mal lançou sua candidatura à Prefeitura do Rio, o senador Marcelo Crivella (PRB) fez questão de se afastar da idéia de que era um candidato carimbado pela Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). Sobrinho do bispo Edir Macedo, chefe máximo da Iurd, Crivella diz que é "bispo licenciado" e insiste em ser tratado como "ex-bispo". Tudo porque as pesquisas detectaram uma resistência de seu nome junto a uma parcela do eleitorado por seus vínculos com a Universal.
A decisão de não abordar temas polêmicos não é exclusividade dos candidatos cariocas. O ex-governador e candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, Geraldo Alckmin, reage indignado toda vez que alguém o identifica como ligado à ala mais conservadora da Igreja Católica.
Defensora ardorosa da união civil entre pessoas do mesmo sexo, a ex-ministra Marta Suplicy, candidata do PT à prefeitura paulistana, é exceção. No início de junho, ela participou da Parada Gay, em São Paulo, às vésperas do começo da campanha municipal. O casamento gay sempre foi uma bandeira da ex-deputada, autora de projeto de lei que legaliza a união entre pessoas do mesmo sexo. O projeto está engavetado, desde que ela deixou a Câmara, no final dos anos 90.
Conhecido por defender a legalização da maconha, o deputado Fernando Gabeira, candidato do PV à Prefeitura do Rio, preferiu não participar da Marcha da Maconha, realizada no mês passado. Com um livro publicado sobre os prós e os contras da droga, Gabeira alega que, em eleição majoritária, o público é muito mais amplo e, por isso, a ordem é "jamais entrar em bola dividida". Diz seguir o exemplo dos estrategistas da campanha de Barack Obama, que aconselharam o candidato do Partido Democrata à Presidência dos Estados Unidos a abandonar polêmicas.
Além disso, argumenta o candidato do PV, temas como legalização da maconha e do aborto e a defesa da união civil entre pessoas do mesmo sexo - comumente chamada de casamento gay - não são da esfera municipal. "Esses problemas são solucionados em termos federais", observa.
Depois de perder a eleição para o Senado, em 2006, a ex-deputada Jandira Feghali, candidata do PC do B à Prefeitura do Rio, é outra que prefere deixar a bandeira pela legalização do aborto adormecida. A comunista usa argumentos semelhantes ao de Gabeira para não abordar o tema na campanha deste ano. "Esta é uma eleição municipal e não tem nada a ver abordar o assunto da legalização do aborto. Vou tratar de temas importantes para melhorar a vida das pessoas no Rio, como políticas sociais e o papel da prefeitura na segurança pública", resume Jandira. Há dois anos, a defesa do aborto acabou levando a Igreja Católica a liderar uma campanha contra ela.
Mal lançou sua candidatura à Prefeitura do Rio, o senador Marcelo Crivella (PRB) fez questão de se afastar da idéia de que era um candidato carimbado pela Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). Sobrinho do bispo Edir Macedo, chefe máximo da Iurd, Crivella diz que é "bispo licenciado" e insiste em ser tratado como "ex-bispo". Tudo porque as pesquisas detectaram uma resistência de seu nome junto a uma parcela do eleitorado por seus vínculos com a Universal.
A decisão de não abordar temas polêmicos não é exclusividade dos candidatos cariocas. O ex-governador e candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, Geraldo Alckmin, reage indignado toda vez que alguém o identifica como ligado à ala mais conservadora da Igreja Católica.
Defensora ardorosa da união civil entre pessoas do mesmo sexo, a ex-ministra Marta Suplicy, candidata do PT à prefeitura paulistana, é exceção. No início de junho, ela participou da Parada Gay, em São Paulo, às vésperas do começo da campanha municipal. O casamento gay sempre foi uma bandeira da ex-deputada, autora de projeto de lei que legaliza a união entre pessoas do mesmo sexo. O projeto está engavetado, desde que ela deixou a Câmara, no final dos anos 90.
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