Brasília - Uma operação de guerra está sendo montada para garantir a segurança das eleições no Pará. Dos 143 municípios do Estado, 82 receberão tropas federais por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), atendendo a pedido do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Pará.
Esse total equivale a 57% de todos os municípios do Pará - e o número ainda pode aumentar. Existem outros 16 pedidos de envio de tropas já aprovados pelo TRE paraense que entrarão na pauta de votações do TSE nos próximos dias, além de outras duas solicitações que precisam ser analisadas pelo próprio tribunal do Pará. Se todas forem aprovadas, o Estado terá 100 cidades com forças federais no dia 5, uma cobertura de 70%.
A situação é justificada pelo risco de violência no Estado, marcado nos últimos anos pelo aumento da criminalidade urbana e pelos conflitos fundiários e extrativistas. Tanto que as tropas foram requisitadas para atuar não só em pequenas localidades, mas em grandes centros, como a capital, Belém, e outras importantes cidades, como Ananindeua e Marabá.
Marcada pelo assassinato da missionária americana Dorothy Stang, em 2005, Anapu terá tropas federais. O mesmo se dará em Abaetetuba, onde, em novembro, uma menor ficou presa um mês em uma cela ocupada por 20 homens, por decisão de policiais.
Palco de uma tragédia com dez mortos, em abril de 1996, num confronto entre a Polícia Militar e integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST), Eldorado dos Carajás também terá a segurança reforçada.
O número de cidades impressiona e autoridades, como o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, lamentam que a situação tenha chegado a tal ponto. "O reconhecimento da insegurança democrática no Pará é um grave sinal de alerta de que o Estado está ausente na garantia do mais fundamental direito inerente à cidadania, que é o sagrado e soberano direito de votar livremente."
Para o deputado Giovanni Queiróz (PDT-PA), a presença das tropas é uma necessidade. "Hoje o povo se sente numa insegurança absoluta. O Estado deixa muito a desejar na questão de segurança pública." Ele diz que a questão tornou-se um dos pontos centrais da campanha.
Já houve até casos de violência envolvendo candidatos, como os assassinatos de um postulante a prefeito em Rio Maria e de um candidato a vereador em Uruará. Outro vereador, em Tomé-Açu, foi baleado, aparentemente em uma tentativa de assalto, e o trio elétrico de um candidato a prefeito de Capitão Poço foi atacado e incendiado.
Além do Pará, o Amazonas já recebeu aprovação do envio de tropas para 32 cidades. Mas, dependendo da avaliação do TSE, o Piauí poderá se tornar o segundo Estado com maior presença de forças federais nas eleições. Na pauta do TSE há 76 pedidos. Se todos forem aceitos, o Piauí terá 34% das cidades com tropas no dia da eleição. (Matéria de O Estado de S. Paulo, hoje, por Marcelo de Moraes).
Fonte: Jornal da Mídia.
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