A caixa Frui Tree, de 1979 ganha relançamento este ano
Olha só.
Eu sei muito bem o que é se sentir bom em algo que se faz bem.
Nick Drake.
Five Leaves Left (1969)
Considerado uma obra prima, tem em suas canções a calma que Nick apresentava, momentos suaves de voz e violão extremamente minimalistas e em outras faixas, piano e arranjos de corda. O disco não agradou muito ao Nick, que disse ter achado “exagerado” e “forçado”. Àquela época a revista Melody Maker definiu o disco como “poético e interessante” enquanto o NME disse que “não continha variedade suficiente para ser considerado sequer divertido”, isso aliado ao pouco interesse da gravadora em investir na divulgação, fez com que o disco não tivesse o sucesso que merecia.
Bryter Layter (1970)
Faltando nove meses para concluir o seu curso na Universidade de Cambridge, Nick muda-se de vez para Londres, onde começa a trabalhar mais uma vez com Joe Boyd na produção de seu segundo álbum, Bryter Layter. Lá ele fica de um canto para outro passando boa parte de seu tempo na casa de sua irmã ou dividido entre casa de amigos, dormindo em seus sofás ou até no chão. Joe alugou um espaço para Nick poder ter mais contato com ele, sem precisar ter que ficar adivinhando onde ele se encontrava. Nesse segundo disco, desapontado com a repercussão do primeiro trabalho, aceitou a sugestão de seu produtor de incluir baixo e bateria, o que o fez soar com um toque de jazz. O disco teve contribuição de John Cale da banda Fairport Convention. Em 1999 em suas biografia Cale diz ter usado heroína nesse período, o que faz muitos pensarem que Drake também fez uso da droga. Boyd estava confiante que o disco seria um sucesso, mas quando ele foi lançado vendeu algo em torno de 3.000 cópias. A Melody Maker dessa vez disse que o álbum era um estranho misto de “folk com cocktail jazz”. Logo após esse disco Joe vendeu sua produtora e foi para Los Angeles trabalhar com a Warner Brothers em criação de trilhas sonoras. Nick foi mais fundo em sua depressão, pois dessa vez além de mais um disco que não fez o sucesso esperado ele havia perdido o seu mentor. A depressão foi tão grande que a família conseguiu que Drake fosse ver um psiquiatra no Saint Thomas Hospital em Londres, onde recebeu a prescrição de vários remédios, mas não comentou com seus amigos, pois ficou embaraçado, além que ele sabia o efeito que esses remédios teriam num usuário de maconha.
Pink Moon
Ninguém achava que poderia vir um teceiro álbum, mas depois de um tempo de reclusão em seu apartamento onde Nick só saia para um raro show ou comprar drogas ele foi procurar por John Wood, que havia trabalhado com ele e com Joe Boyd nos discos anteriores como engenheiro de som, e mostrou novo material. Wood comenta que Nick parecia mais determinado que nunca a fazer esse trabalho e alguns dias depois deixou um fita cassete na recepção da Island Records, fita que só veio a ser notada depois de alguns dias e encaminhada para a produção. Desse Material veio o Pink Moon, disco melhor comentado pela crítica que seus dois antecessores, mas foi o que menos vendeu. A revista Zigzag publicou artigo assinado por Connor Mcknight: “Nick Drake é um artista que nunca é falso. O álbum faz uma concessão de que a música deve ser escapista. É apenas a visão de um músico sobre a vida naquele momento e você não pode perguntar mais que isso.” Island Records achou que esse seria o disco que traria Drake ao mainstream, mas ele insistia em não fazer concertos, cada vez mais evitava o público. Sempre cantava sem interagir com as pessoas, de cabeça baixa e de olhos fechados. Foi a cada disco deixando mais e mais as apresentações ao vivo e a época do Pink Moon praticamente se recusou a fazer o que seria necessário para a divulgação do álbum. Drake volta para casa em estado psicológico pior que nunca. Fica internado alguns dias em uma clínica e volta para casa. À essa época não tinha dinheiro e só recebia 20 libras da gravadora por semana, tendo que ficar vivendo à custa dos pais. Sua irmã Gabrielle diz que essa foi uma época muito difícil. Quando podia Nick sumia, ia para casa de algum amigo sem avisar e passava alguns dias. O arranjador Robert Kirby descreve suas visitas da seguinte forma: “Ele chegaria e não falaria, senta, escuta uma música, fuma um cigarro, toma uma bebida, dorme ali mesmo à noite e dois ou três dias depois ele não estaria mais lá, teria ido embora. Três meses depois ele estaria de volta”. Pegava emprestado o carro de seus pais e saía dirigindo até a gasolina acabar, depois os ligava e pedia para irem buscá-lo onde estivesse. Passou um tempo péssimo que os amigos disseram ter mudado muito sua aparência. Teve um tempo que não lavava o cabelo e sequer cortava as unhas. Pouco depois sofreu uma crise nervosa que o deixou hospitalizado por 5 semanas.
Fruit Tree (1979)
Em fevereiro de 1974 ele liga para Wood e diz que tinha material para um quarto álbum. Woody o atende e fica impressionado como ele estava em mau estado, tanto que sequer conseguia cantar e tocar o violão ao mesmo tempo. Começaram as gravações de tarde e por volta da meia noite o material que o Nick tinha, 4 canções, estava gravado. Mesmo pequena essa volta fez Nick ter uma melhorada ao ponto de sua mãe ligar depois para lá e dizer: “ Nós estamos absolutamente espantados em pensar que Nick estava feliz porque não houve nenhuma felicidade em sua vida por anos”. Em 25 de Novembro de 1974 Nick foi dormir mais cedo e foi encontrado morto em seu quarto, atravessado na em sua cama e com alguns discos espalhados pelo chão. A autópsia disse que foi excesso de medicação antidepressiva e cogitou-se a possibilidade de acidente, mas sua irmã Gabrielle diz que prefere acreditar que Nick quis por um fim a tudo aquilo.
Foi concluído pela investigação do caso que se tratava de suicídio. Foi lançada uma reedição de uma caixa intitulada Fruit Tree após sete anos fora de catálogo. Esta edição terá apenas 10 mil exemplares no formado de CD e de 2 mil unidades no formato de vinil mais uma livro com 108 páginas onde as pessoas que trabalharam com Nick Drake falam dos discos, além do documentário A Skin Too Few em dvd. O box não sofreu nenhuma remasterização. A obra de Nick Drake é influência para artistas como Jeff Buckley, Elliott Smith e Robert Smith. Nick era fã de Bob Dylan e Phill Ochs e adorava ler William Blake e W.B. Yeats.
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