Cem dias de volta ao atraso
Por Jackson Lago, Governador cassado do Maranhão
O governo ilegítimo da senhora Roseana Sarney Murad ultrapassou a marca dos cem dias. Nesse período, a população assistiu estarrecida a repetição daquilo que foi a marca registrada das administrações anteriores dessa senhora: a propaganda maciça, principalmente através da televisão, das intenções do governo. Essas intenções, no entanto, nunca se concretizam em ações ou em obras.
Nos cem dias agora completos, o Maranhão viveu o drama das enchentes, em níveis nunca vistos, e cujas consequências até hoje perduram. Cerca da metade dos municípios maranhenses decretaram situação de emergência em seus territórios. Como o governo estadual agiu? Depois de exigir que o governo federal enviasse um bilhão de reais de ajuda, posou para as câmeras e voltou para o conforto de seus palácios, abandonando os atingidos à própria sorte. Além do mais, surrupiou dos municípios recursos que haviam sido transferidos legal e legitimamente por meu governo às administrações municipais e que seriam utilizadas em obras anteriormente previstas, mas que poderiam minorar o sofrimento das populações afetadas pelas cheias.
Mas, os cem dias agora transcorridos significam, também, a interrupção de um caminho que vinha tirando o Maranhão do atraso que 40 anos de poder oligárquico o haviam mergulhado. Não vou me referir sequer a áreas mais visíveis, como Educação, Saúde ou Infraestrutura, nos quais houve consideráveis avanços, que os governantes de hoje pretendem desconsiderar ou desconstruir.
Falo, por exemplo, da área da Segurança Cidadã, trabalho que vinha sendo elogiado nacionalmente, pelos avanços que vinham sendo conquistados pouco a pouco, apesar da sórdida campanha levada a efeito pelo sistema de mentira implantado pela oligarquia. Toda e qualquer ação dos bandidos era amplificada ao máximo pelos meios de comunicação da oligarquia, que diziam que com eles no governo as coisas seriam diferentes. E estão sendo: o número de crimes aumentou enormemente, em especial aqueles mais violentos. E o próprio secretário da área desconhece os avanços nacionais: na Conferência realizada há poucos dias (Conseg), o secretário mostrou sua ignorância quanto ao Programa Nacional de Segurança com Cidadania, o Pronasci.
Falo, também, da área da Assistência Social. A gestora que havíamos nomeado ajudou a formular a política nacional para a área, e vinha de uma experiência exitosa à frente da Secretaria Municipal de São Luís. Hoje, os avanços que conquistamos e os técnicos que formamos estão sendo desperdiçados.
E posso falar, ainda, da Cultura. Promovemos a democratização e a interiorização das ações nessa área, prestigiando as manifestações das mais diversas regiões. Da mesma forma que na Assistência Social, a política cultural nacional teve contribuição do secretário que havíamos nomeado. A população e os prefeitos já sentiram a diferença entre os festejos juninos deste ano e os ocorridos nos anos anteriores...
Poderíamos nos estender indefinidamente para mostrar que, na verdade, estes cem dias foram uma volta ao atraso. Mas, o espaço que temos não nos permite. A população, no entanto, sabe. Sente diretamente na pele a mudança no estilo de governar. E, ao contrário de antes, sabe que as coisas podem ser mudadas. A propaganda maciça, que iludia as multidões, não tem mais a força que possuía.
O Maranhão mudou.
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