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Conselheiro do DF é preso ao pagar suborno

PF diz que servidor aposentado ofereceu dinheiro a testemunha para que ela favorecesse o governador José Roberto Arruda

Governador nega qualquer relação com detido; PF diz que jornalista receberia dinheiro para afirmar que vídeos foram montados

A Polícia Federal prendeu ontem o servidor público aposentado e conselheiro do Metrô do DF Antonio Bento Silva, flagrado quando tentava, segundo a PF, subornar uma testemunha do mensalão do DEM. Antonio Bento foi preso no momento que entregava, numa sacola, R$ 200 mil ao jornalista Edson Sombra. A polícia filmou a prisão, que ocorreu às 9h numa lanchonete de Brasília.

Segundo a PF, Sombra disse que o dinheiro foi ofertado para que ele mentisse para a polícia e favorecesse o governador José Roberto Arruda (sem partido).

Sombra também entregou à PF bilhete que diz ter sido escrito pelo próprio Arruda com frases soltas. A polícia confirma que recebeu o bilhete, mas não comenta a autoria. O bilhete faz, segundo Sombra disse à PF, parte da negociação da propina. "Deixei o bilhete com a polícia. É do José Roberto", disse o jornalista. A assessoria de Arruda nega que exista o bilhete.

Nas imagens gravadas ontem pela PF, Sombra aparece assinando um papel e recebendo uma sacola. É a segunda vez que aparecem imagens de corrupção no caso conhecido como o mensalão do DEM, onde Arruda é suspeito de comandar esquema (supostamente abastecido por empresários com contrato no governo) para pagar propina a políticos aliados. As primeiras imagens foram feitas por Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais de Arruda. Nessas imagens aparecem Arruda, deputados distritais e empresários escondendo dinheiro em meia, cueca e falando sobre propina.

Amigo de Durval, Sombra é citado no inquérito da Caixa de Pandora como uma das pessoas que tinha uma das cópias dos vídeos com as primeiras cenas de corrupção no DF divulgadas. Segundo a PF, a negociação para mais uma tentativa de suborno começou em 8 de janeiro: Sombra receberia o dinheiro e em troca assinaria documento dizendo que os vídeos de Durval teriam sido montados.

Os R$ 200 mil que a PF apreendeu ontem com Bento seria a primeira de cinco parcelas. A oferta total feita a Sombra foi de R$ 3 milhões, segundo ele: R$ 1 milhão de entrada e o resto a ser pago mais tarde. Sombra avisou a PF, e os federais passaram a monitorá-lo.

Agora os policiais investigam quem mandou Bento pagar a propina a Sombra. Após o flagrante, Sombra prestou depoimento e foi solto. O conselheiro está preso na PF. A pena para quem oferece dinheiro ou vantagem a testemunha é de até quatro anos de prisão e multa. Antonio Bento recebe R$ 3.316 por mês para analisar as contas do Metrô do DF desde julho de 2007 e trabalha com Sombra no jornal "O Distrital" -era um dos diretores.

Segundo o governo do DF, a proximidade entre o conselheiro e Sombra revela "uma armação política" contra Arruda. Informou ainda que foi Durval Barbosa quem indicou o aposentado para o conselho e analisa a possibilidade de afastá-lo do cargo. A assessoria de Arruda também nega qualquer relação entre ele e o governador. Aliados e adversários políticos do governador dizem porém que Antonio Bento sempre apoiou Arruda politicamente, tendo inclusive participado da campanha eleitoral de 2006.

"Para nós do sindicato, Antonio Bento sempre foi do grupo de Arruda na CEB. Ele participava de reuniões de campanha e balançava bandeira. É um arrudista", disse Jeová Oliveira, funcionário da CEB e diretor dos Sindicato dos Urbanitários.

Fonte: Folha de S. Paulo.

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