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Um revolucionário


Da caserna à guerrilha

Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

14/6/2007

O capitão do Exército Carlos Lamarca iniciou sua carreira na Escola Preparatória de Cadetes de Porto Alegre, em 1955. Serviu no Batalhão Suez, na faixa de Gaza, na Palestina, onde permaneceu durante 18 meses. Quando houve o golpe militar de 1964, integrava a Polícia do Exército, em Porto Alegre. Foi promovido a capitão em 1967, quando servia no 4º Batalhão de Infantaria, em Osasco. Foi nessa época que fez seus primeiros contatos com as organizações que defendiam a luta armada, dentre elas a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), à qual aderiu ao abandonar o quartel, em 1969, com um caminhão carregado de armamentos.

A operação foi organizada por Lamarca e o sargento Darcy Rodrigues, que o recrutou para a VPR quando também servia no quartel de Quitaúna, em Osasco. Lamarca tornou-se um dos principais líderes da luta armada no Brasil, ao lado do líder comunista Carlos Marighella, da Ação Nacional Libertadora. Participou de diversas ações guerrilheiras, dentre as quais um assalto a banco no qual morreu o guarda civil Orlando Pinto Silva. Em 1970, instalou um foco guerrilheiro no vale da Ribeira, no interior paulista, que foi localizado e desarticulado pelo Exército. Lamarca, porém, conseguiu fugir espetacularmente da região. Na ação, foi morto a coronhadas o tenente da Polícia Militar Alberto Mendes Junior, que havia localizado os guerrilheiros. No mesmo ano, Lamarca comandou o seqüestro do embaixador suíço Giovani Enrico Bucher.

Nessa época, Lamarca deixou a VPR para ingressar no Movimento Revolucionário 8 de Outubro(MR-8), deslocando-se para a Bahia com o objetivo de organizar um foco guerrilheiro no sertão nordestino. Cercado pelo Exército, vagou em fuga pelo agreste baiano, mas foi localizado doente e faminto na região de Brotas do Macaúba, em companhia do metalúrgico José Campos Barreto. Lamarca foi fuzilado pelo destacamento do Exército que o prendeu.

Uma fila interminável

Até agora, o pagamento de anistia por perseguição durante o regime militar já custou aos cofres públicos R$ 2,3 bilhões. Foram julgados 29 mil casos e há outros 28,5 mil na fila, que ainda pode aumentar. "Temos uma média de 3 mil novos pedidos por ano", diz o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão.

Nem todos os pedidos são atendidos. A média de atendimento foi de 55% até agora. Nos casos de indenização em parcela única, o teto é de R$ 100 mil por pessoa. Os valores podem subir muito em outra situação, na qual as pessoas reclamam ter perdido cargos públicos ou empregos na iniciativa privada por perseguição política. Nesse caso, elas pedem o pagamento dos salários a que teriam direito caso tivessem mantido o emprego durante todos esses anos.

O ministro da Justiça, Tarso Genro, quer fechar o processo de reparações da anistia até 2010. "Um processo de anistia não pode estender-se indefinidamente no tempo, sob ameaça de perder seu sentido", diz. "Isso desqualifica o conceito de anistia."

Para fechar a conta até o final do governo Lula, o ministro terá de resolver o caso de alguns colegas de governo. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem um processo no qual pede aumento dos R$ 4 mil que recebe como compensação por ter perdido o emprego de metalúrgico após comandar uma greve da categoria. A ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, também entrou com processo pedindo salários atrasados desde a sua cassação e perda dos direitos políticos. Os dois pediram que seus processos permanecessem na gaveta, para evitar suspeitas de privilégio.

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