Mostrando postagens com marcador Políticas de Saúde. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Políticas de Saúde. Mostrar todas as postagens

Um drama cada vez mais comum

Choca, mas não surpreende, o resultado da pesquisa encomendada ao Ibope pela Associação Brasileira de Psiquiatria. O consumo de drogas lícitas e ilícitas começa cada vez mais cedo. No levantamento feito nas cinco regiões brasileiras, nada menos que 1 milhão de crianças e jovens com idade que varia de 6 a 17 anos já apresentaram sintomas graves de dependência química. O quadro é tão sério que medidas domésticas se tornaram insuficientes para enfrentar o problema. Pais ou responsáveis precisaram recorrer a tratamento especializado.

Descobriram, então, que teriam drama adicional pela frente. Além da luta contra o vício, teriam de lutar contra a limitação do acesso ao serviço médico e psicológico. O sistema público de saúde não está preparado para socorrer as vítimas precoces. Só 30% dos dependentes conseguiram atendimento em hospitais do Estado; 10% fizeram tratamento em clínicas particulares ou por meio do convênio. Sessenta por cento ficaram privados de cuidados específicos. Em outras palavras: 600 mil brasileiros talvez estejam condenados a não chegar com plenitude à idade adulta. A invalidez ou a morte se antecipará ao calendário.

Na verdade, as autoridades desconheceram as transformações trazidas pela passagem dos anos. A mudança de perfil da sociedade impõe mudança no planejamento da saúde. A família, hoje, deixou de exercer o papel de transmissora de valores que tradicionalmente exerceu. Delegou-o à escola, que raramente o faz. Cedo a criança se vê às voltas com liberdades ilimitadas que a tornam vítima fácil do tráfico. Laçada na armadilha, trilha o caminho aparentemente inocente de usuário. Atravessar a fronteira que a conduz à condição de traficante é previsível em vista das urgências que o vício impõe.

Para frear a trajetória cujo ponto de chegada é a cadeia ou a morte, é indispensável ajuda especializada. Atualmente, existem apenas 95 centros de atenção psicossocial do Ministério da Saúde em todo o país. É número irrisório considerado o universo crescente de crianças, adolescentes e jovens que necessitam de atenção específica e não dispõem de recursos para custeá-la. Fechar os olhos para a tragédia que se amplia a olhos vistos é fazer as vezes de avestruz. Ao abri-los, a realidade mostra a face cruel exposta em forma de violência, invalidez, sobrecarga do equipamento hospitalar e previdenciário, além, claro, da perda de vidas. É o preço da omissão.

Fonte: Correio Braziliense.

Veja como foi a sessão solene em Homenagem à Nossa Senhora de Nazaré 2024, na Câmara dos Deputados

  Veja como foi a sessão solene em Homenagem à Nossa Senhora de Nazaré 2024, na Câmara dos Deputados A imagem peregrina da padroeira dos par...