Sob o Sol de Salamanca

Algumas das razões dos coordenadores dos Comitês Pró-Carajás e Tapajós e outras entidades simpáticas ao movimento.

Tapajós

AFAS – ASSOCIAÇÀO DOS FILHOS E AMIGOS DE SANTARÉM EM MANAUS

Pontos críticos a serem contornados.

- A resistência de diversos segmentos, principalmente político, para o engajamento de corpo e alma a favor do Projeto. “ Na política do Estado do Amazonas, notamos que não há diferenças, quando em Brasília, os interesses são da região”.

- Participação ativa e efetiva de todos os regionais na definição de tarefas e apoio necessários para a operacionalização do projeto. “Não pode e nem deve haver diferenças de comportamento de quem quer que seja nestas articulações porque o projeto Estado do Tapajós, apesar de ser um projeto político, está acima de qualquer cor ou conotação partidária, se bem que todos os partidos políticos devem agir favoravelmente, sem se apropriar do procedimento”.

- A demanda de mais de 150 anos faz com que o projeto seja de todos os regionais, que podem inclusive questionar, para seus municípios, a instalação da futura capital.

- A diversificação de entidades a favor do Projeto, quanto mais será melhor, pois fortalece as ações, porque Brasília, acabará por entender que o Estado do Tapajós não é interesse individual, mas da sociedade como um todo. “Não esqueçamos que além dos vários projetos, temos também, junto ao Congresso Nacional, uma emenda Popular que sustenta o nosso direito constitucional de reivindicar a nossa Unidade Federativa”.

- O desenvolvimento regional sustentado precisa ser imediatamente colocado em prática e voltado para todos os regionais, pois o crescimento destes, é também o crescimento do futuro Estado. “O Estado do Tapajós deverá trazer no seu arcabouço o acompanhamento da rodovia BR-163 e políticas públicas voltadas para o crescimento racional, com desenvolvimento e progresso. Isto requer, certamente, seriedade, transparência com o dinheiro público aplicado nessas políticas desenvolvimentistas”.

- Não podemos nos furtar da colaboração com o Projeto, pois a criação do Estado do Tapajós, virá, com certeza ao encontro de todos os regionais, que conforme suas competências, estarão integrados de uma maneira ou de outra no Sistema. “A irreverência, a arrogância, o desejo contrário de que não dê certo o projeto, a vaidade de estar por fora do contexto, é ponto negativo para quem é, e está nesta terra tão bonita e tão querida e cobiçada”.

-

Valores favoráveis na criação do Estado do Tapajós.

- É inquestionável que o Estado do Tapajós criado, carreará para toda a região, a inclusão de milhares de novos empregos. Com certeza melhorando a qualidade de vida da população e com isto fazendo o fortalecimento do Novo Estado nas instituições públicas e particulares.

- A nova Unidade Federativa, trará para o seio da população regional do Baixo Amazonas, mais autonomia nas suas decisões, além do poder, que ficará mais próximo dos municípios do Novo Estado.

- Os problemas econômicos serão contornados imediatamente, pois a região remanescente “o Pará”, nada perde com a nova situação, ficando com 80% de toda a receita hoje auferida. E o tapajós, dos 20%, será elevado na nova divisão orçamentária, para a casa dos R$ 50.000.000,00, que são recursos suficientes, se geridos com limpidez e transparência no trato com a coisa pública.

- A Santarém/Cuiabá, no Estado do Tapajós, apesar de sua grandeza, é apenas um pequeno item, no sentido da evolução dos transportes. Pois outras estradas, ligando o Amapá, Roraima e Amazonas deverão ser concretizadas pelo Novo Estado.

- O desenvolvimento, com políticas públicas sérias voltadas para o turismo, além de alavancar o processo de crescimento, deverá, em 30 anos, sofrer um choque fortíssimo na cultura de todos os regionais.

- A questão ambiental, no nível da pesquisa científica deverá avançar muito, na direção do conhecimento científico da biodiversidade. Ações nesse sentido já estão sendo colocadas em prática, voltadas para esta região.

O ESTADO DO TAPAJÓS

Brasil já teve vários estudos de redivisão territorial, que datam do período da Assembléia Constituinte, em 1823. Após a criação da Província do Amazonas, segundo Ferreira Penna, sugeriram a criação da Província do TAPAJOS, para evitar conflitos entre o Grão-Pará e o Amazonas, nas áreas de Parintins, Óbidos e Santarém, em 1853. O assunto voltou à pauta, para resolver as diferenças de limites entre as duas províncias, em 1869.

Na proposta de criação de novas Províncias, no Império, pelo militar Ten. Augusto Fausto de Souza, em 1877.

Após a instalação da República, foram feitas várias proposta de redivisão territorial do Brasil, sempre evidenciada a Amazônia e citado o TAPAJOS:

· Segadas Viana, em 1933;

· Juarez Távora, em 1940;

· Elias Ribeiro Pinto, sendo a primeira proposta partindo da região, em 1950;

· Antonio Teixeira Guerra, em 1960;

· Alfredo Gantus (dep. estadual), Bularmaqui de Miranda e Epílogo de Campos (dep. federais), nos anos 60;

· Samuel Benchimol, em 1966;

· Ronan Liberal (Prefeito de Santarém), em reunião com prefeitos do Oeste do Pará, lançou a luta pela criação do ESTADO DO BAIXO AMAZONAS, em 1980;

· Benedito Monteiro, Gabriel Guerreiro e Paulo Roberto (dep. federais), fizeram um excelente trabalho, que quase resultou na criação do ESTADO DO TAPAJOS, na Constituinte de 1988 e que culminou com a introdução do artigo 12 no Ato das Disposições Transitórias e o relatório 01/90, tendo sido relator o Deputado Gabriel Guerreiro, como resultado da Comissão de Estudos Territoriais, em 1990;

· Hilário Coimbra, em 1991;

· Oficializado o Comitê Pró-Criação do Estado do Tapajós, em 1991, funcionando desde 1985;

· Fundada a FRENTE POPULAR PELO ESTADO DO TAPAJOS, tendo coletado mais de 17 mil assinaturas, em pouco mais de 15 dias úteis, tendo dado entrada no Congresso Revisor, de uma emenda popular, protocalada sob o número 12.977-7, assinada pelo Sindicato dos Estivadores e outras entidades, que hoje, junto com o relatório 01/90, respaldam o projeto do Senador Mozarildo Cavalcanti, em 1993;

· Senador Mozarildo Cavalcanti, entrou no Senado Federal com o Projeto de Decreto Legislativo de Consulta Plebiscitária sobre a criação do ESTADO DO TAPAJOS, em 1999;

· Senador Mozarildo Cavalcanti, aprovou o Projeto de Lei sob o número 19/99 na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJD) do Senado Federal (SF) em 10 de agosto de 2.000;

· Senador Mozarildo Cavalcanti, aprovou, no plenário do SF, em 23 de novembro de 2.000;

· Aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e Redação (CCJR) da Câmara dos Deputados (CD), anexado projeto do ex-deputado federal Hilário Coimbra, onde recebeu o número 731-00;

· Atualmente o projeto encontra-se na Mesa do Plenário, com pedido de urgência do Deputado Federal José Priante.

· Os fatos históricos provam que a idéia da criação desta nova unidade federativa partiu do governo central há exatos 150 anos. Apenas em 1950, Elias Pinto, um político futurista, sugeriu a criação do Estado do Baixo Amazonas e somente em 1980, o ex-prefeito Ronan Liberal, lançou a LUTA pela criação do novo Estado.

A história nos inocenta da acusação de regionalistas (bairrismo) ou de políticos em busca de novas vagas eleitorais.

AS VANTAGENS DA CRIAÇÃO DO ESTADO DO TAPAJÓS

São inúmeras as vantagens ao ser criada uma nova Unidade Federativa, a começar pela descentralização do poder, redistribuição de renda, geração de empregos e nova fronteira econômica.

O projeto de Decreto Legislativo, pelo fato de ser através de consulta plebiscitária, exercita a cidadania, oxigena a democracia, pois o povo decidirá, em eleição, através do voto, o seu destino, e ainda:

POLÍTICA

O político e o povo Amazônida, por princípio, devem ser a favor da criação de novos Estados na Amazônia, pois aumenta a representatividade política no Congresso Nacional, permitindo conquistar melhores fatias no bolo orçamentário da nação.

ADMINISTRATIVA

O Estado do Pará, com 1.253.000 KM2, produz um pouco mais de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) e eqüivale a quase totalidade das regiões Sul e Sudeste com sete Estados, que concentram mais de 75% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Os Estados com dimensões latifundiárias têm em suas dimensões a principal dificuldade na boa administração.

Os Estados de origem também ganham, pois reduzem sua área de atuação e enxugam sua máquina, a exemplo dos Estados do Mato Grosso e Goiás, que cresceram e muito após a criação de novos Estados em seus territórios.

AFIRMAÇÃO E SEGURANÇA NACIONAL

O mundo só fala na Amazônia. Alguns bem intencionados, outros com a única intenção de nos tomar a região mais rica do planeta. Por isso, o Ministério da Defesa é a favor da criação de novas unidades federativas na Amazônia, que servirá como resposta à comunidade internacional e demonstrará nossa preocupação e interesse com nossa região.

O MINISTÉRIO DA DEFESA ADVERTE:

“... é uma região carente, de menor ocupação espacial, com infra-estrutura de comunicação débeis, tornando-a vulnerável a temas de agenda mundial.”

“... tornando a manutenção da soberania do Estado sobre ela um grande desafio Geopolítico.”

“... do ponto de vista da defesa, o êxito dessa estratégia condiciona-se, dentre outras considerações, a uma nova configuração espacial para a região.”

“... Na Amazônia, a ocupação militar atende apenas o requisito da defesa, não sendo condição necessária e suficiente para prover a segurança, pois esta está condicionada à presença e à fixação do Amazônida na região e tal fato é resultado do desenvolvimento.

AMBIENTAL

A Preocupação com meio ambiente é geral.

A criação de novos Estados e Territórios na Amazônia tem efeito positivo para o ecossistema, pois aproximará os governos Federal e Estadual das soluções ao meio ambiente.

A criação do Estado do Tapajós, trará o governo estadual para dentro da nossa região. Os Ministérios terão que implantar secretarias na futura capital do Estado.

O Senador Roberto Freire, (PPS-PE), em defesa da criação do Estado do Tapajós, disse em seu discurso, no plenário do Senado Federal, no dia da aprovação do nosso projeto:

“... tenho defendido que a Amazônia precisa ser ocupada pela inteligência brasileira... a Amazônia está nos instigando a criar o Instituto de Biotecnologia da Amazônia . Já que se criou o ITA, para o espaço, que se crie o IBA, para a Amazônia”.

A FRENTE POPULAR PELO ESTADO DO TAPAJÓS, orgulha-se em participar da criação de um Estado, que levantou, através do Senador Roberto Freire, um assunto de tamanha relevância para nossa região, Brasil e o mundo .

Quando implementarmos o Estado e o IBA, provaremos que pode existir desenvolvimento sustentável e melhor qualidade de vida.

ECONÔMICO

A criação de novos Estados não é uma experiência, são fatos bem sucedidos como demonstram o estado do Mato Grosso do Sul e Tocantins e repito, com repercussão positiva também para a área remanescente ou Estado-mãe. Mato Grosso do sul e Mato Grosso; Tocantins e Goiás; desenvolveram e muito, acima da média nacional.

Os estados circunvizinhos desenvolveram-se, pois colocam seus produtos e serviços na implantação da nova unidade federativa.

A criação de novos estados é o maior programa de desenvolvimento regional

SOCIAL

O maior problema social do nosso país é o desemprego.

A criação de um Estado gera muitos empregos, através do preenchimento das vagas na administração, na construção dos prédios estaduais e federais e, principalmente, na iniciativa privada, que busca investir em novas fronteiras econômicas.

O futuro Estado, que tem o melhor potencial econômico do País, principalmente na área do turismo, que emprega o maior número de trabalhadores por real aplicado, gerará, sem dúvidas, uma grande quantidade de empregos.

As regiões onde foram criados novos estados tiveram seus Índices de Desenvolvimento Humano(IDH)alterados positivamente. Houve ganhos sociais.

CULTURAL

O maior lucro do turismo não são os dólares e sim o intercâmbio cultural.

Somos ricos culturalmente. Precisamos estudar nossas raízes, desenvolver e promover nossos folclores e expandirmos nosso universo cultural.

Na criação de um novo estado, teremos a oportunidade de criarmos uma cultura do novo.

VISÃO UNIVERSAL

Os resultados da criação do Estado do Tapajós ultrapassarão os seus limites. Pois beneficiará o Brasil num todo permitindo uma melhor exportação pelo porto mais próximo dos mercados consumidores internacionais reduzindo o custo de transporte na exportações; o Oeste brasileiro, em particular o nortão Mato-Grossense como também a Amazônia em geral e especialmente a Zona Franca de Manaus.

As conseqüências positivas vão além da fronteira nacional, beneficiando a população mundial reduzindo o custo do transporte e conseqüentemente o preço dos grãos e seus derivados.

CREDITAMOS estes benefícios Ao futuro Estado porque temos certeza que ao ser criado, o Tapajós, asfaltará a BR 163 CBA-STM e a BR 230 Transamazônica que irão aproximar o Brasil da Zona Franca.

Citarei agora duas frases comuns na nossa região:

Primeira: “O futuro Estado do Tapajós asfaltará a BR 163”

Segunda: “O asfaltamento da BR 163 ajudará na criação do futuro Estado do Tapajós”

São dois ditos incontestáveis. São dois projetos interrelacionados, um completa o outro. A história deles se confundem, se entrelaçam.

Discutível e polêmico é a pergunta a seguir:

“Os governos do Brasil e do Pará, querem asfaltar a BR 163 ???

As rodovias federais são de responsabilidade do governo federal (90%) e com a contra-partida do governo estadual de 10%.

Se o Estado não tem o recurso para o investimento mas tem a vontade política, o governo federal pode abrir uma linha de crédito para a contra partida.

A vontade política é prepoderante nesta investidura, de acordo inclusive com o ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÕMICA DO CORREDOR DE INTEGRAÇÃO CBA/STM (1 RODOVIA, 2 HIDROVIAS E 1 FERROVIA), realizado pela ASSOCIAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL PARA CONCLUSÃO DA BR 163, pág. 33, que diz:

1.1- Execução da Obra.

“ A necessidade e Viabilidade para conclusão da BR 163 é tão grande e evidente que é fácil comprovação. Qualquer adiamento de sua execusão é um risco excessivo à macroeconomia regional. Os governos federal e dos Estados de Mato Grosso e Pará sabem disto, e, pelo que se sabe, ainda não realizaram esta obra por falta de vontade política, carência de recursos e redefinições de competências.”

Ora, recurso existe. Pois neste interregno foram realizadas várias obras no Brasil. Ex.: Cone Sul,164

Mas o problema não está apenas na falta de vontade política. Pois se o Pará não a tem, bastaria a vontade política do Mato Grosso e do Amazonas. A questão é que existe o propósito de não fazer, ou seja, a vontade política CONTRÁRIA À BR 163, da parte do Pará e de grupos com interesses contrários, como podemos verificar:

Do governo: o relatório número 57 do IDESP, página 51 que diz

REDIVISÃO TERRITORIAL

“A definição da estratégia em relação ao projeto do novo Estado precisa ser urgente, sem, no entanto ser açodada. Teoricamente, a possibilidade de sucesso na tentativa de impedir o seccionamento é menos provável, mas não é impossível. Por causa da tendência desfavorável, entretanto, o governo do Pará deve estar bem consciente das dificuldades que enfrentará e dos prejuízos que poderá sofrer.

Essa consciência precisa ser sólida para que o Estado do Pará decida se deve ou não continuar a realizar investimento na área do possível futuro Estado do Tapajós. Evidentemente que executa-los é a única maneira eficiente de tentar reverter a campanha pró-separação. Boa parte do sentimento da população da área decorre do abandono a que ficou relegada pelo governo sediado em Belém, não apenas pelo reduzido volume de obras públicas, como até mesmo por manipulação na devolução dos recursos a que os municípios da região têm direito na partilha tributária, situação que, mesmo se não for real, é utilizada pelos políticos locais para reforçar os sentimentos autonomistas.”

Dos grupos:coletânea de publicação reunidas no livro o “PARÁ DIVIDIDO’, págs. 298 e 299.

“Eu sou paraense de nascimento e de coração’, fui criado e instruído para morar e investir aqui e acho que, no caso dessa rodovia Santarém-Cuiabá, nós temos que tomar muito cuidado para que Santarém não se torne pólo de Cuiabá. O Estado tem que ser estrategista, ta certo... Isso é uma obrigação dos nossos governantes. É bom a rodovia para Santarém, mas nós devemos saber quais os efeitos práticos da obra. Ela pode fortalecer outra capital, e não Belém. É preciso ter muito cuidado com isso, volto a repetir...”.Yamada, Fernando Teruó. Preidente da Asssociação Paraense de Supermercados. O Pará precisa de infra-estrutura, entrevista. O Liberal, Belém, 18 ago. l996, secção Painel, p. 3.

O fluxo comercial ora existente, seria modificado com a pavimentação da BR 163, deixaria de ser BEL/STM e passaria a ser CBA/STM. Isto, evidentemente contraria os interesses dos que bancam as campanhas políticas dos Governadores do Pará, ou seja, os governadores recebem pressão para que não seja asfaltada a BR 163.

Baseado no princípio citado anteriormente: “O Tapajós asfaltará a BR 163” e quem é contra a BR 163 será contra o Estado do Tapajós. Por isso, a maioria das entidades representativas dos vários segmentos econômicos, sediadas em Belém se posicionam contra a criação do Estado do Tapajós.

Por estas e muitas outras razões, nós estamos no Estado do Amazonas buscando parceria, com os políticos, empresários e o povo na luta pela criação do Novo Estado porque todos que aqui vivem, também serão beneficiados.

O projeto está com 75% aprovado, falta apenas a última das quatro etapas que antecedem ao plebiscito, a discussão e aprovação no plenário da Câmara dos Deputados, onde está com um pedido de urgência do Dep. Federal José Priante PMDB-PA e que pretendemos colocar na pauta no mês de abril deste ano para que seja realizado o referido plebiscito, junto com as eleições municipais deste ano.

Aprovado o plebiscito, teoricamente, estaríamos com 50% do caminho percorrido. Mas na prática podemos dizer que avançamos 90%, pois com o respaldo popular teremos mais força na nossa argumentação.

A segunda etapa, a do decreto de lei, poderemos aprova-lo em 2005 ou até junho de 2006.

Portanto, estamos muito perto de criarmos o Estado do Tapajós, o que nós precisamos é de recurso, apoio logístico das entidades, empresas e pessoas que possam investir e nos ajudar nesta luta.

A história do Estado do Tapajós começa com a criação da Província do Amazonas, em 1850 e, em 1853, propuseram a criação da Província do Tapajós para evitar conflitos entre as Províncias do Grão Pará, remanescente e a do Amazonas e, em 1869, proposto de novo, para resolver os conflitos existentes.

O Estado do Amazonas acolhe os Oeste-Paraense como se fossem seus filhos, adota-os com carinho, respeito, dando-lhes as mesmas oportunidades como se amazonenses os fossem. Os exemplos estãos em cada um dos 480.000 paraenses que aqui vivem.

Os laços culturais, históricos e afetivos, bastariam para que fossemos ajudados e ainda mais ao demonstrarmos vantagens econômicas como retorno deste investimento.

A sociedade Amazonense ganhará comas obras que serão realizadas, participando com tecnologia, prestação de serviços em obras públicas e vendas de produtos.

Ganhará mais um mercado consumidor, pois ao invés de uma região pobre, terá como vizinho um Estado rico e prospero (o futuro Estado do Tapajós, em 20 anos, estará entre os 8 maiores Estados brasileiro).

Ganhará mais um aliado político na luta pelas causas do Amazonas e da Zona Franca de Manaus.

Ganhará um irmão porque o Amazonas é e o Tapajós será filho do Pará, o Grande Pará.

Obriga-nos a perguntar:

A quem interessa desconhecer condicionantes históricos tão fortes?

A quem interessa que a Amazônia não tenha melhor representatividade política no Congresso Nacional?

A quem interessa que o Pará e a região do futuro Estado não sejam bem administradas?

A quem interessa a centralização de poder?

A quem interessa a concentração de renda?

A quem interessa que não sejam gerados mais empregos na região?

A quem interessa contestar tantas vantagens?

Quem quer impedir o ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO DO TAPAJOS?

Orlando Pereira – Bel. em Relações Públicas, Vice - Pres. da Frente Popular pelo Estado do Tapajós

Fone : ( 93 ) 522 13 19

Bibliografia – - O Pará dividido – M. Dutra

- Estudos: do Fórum Permanente, Comitê e Frente Popular pelo Estado do Tapajós

- Relatório do Ministério da Defesa.

- Constituição Federal e Regulamentos da Câmara e Senado.

- Revisor: Floriano Lira Cunha

PARCERIA COM AS PREFEITURAS (notou-se que as prefeituras refugam, ao sabor das conveniências políticas do momento, o apoio necessário para o avanço do processo separatista)

Estamos buscando parceria com as prefeituras do Estado do Amazonas, principalmente Manaus e adjacência. Pois sabemos que a imigração dos Oeste-Paraense para estes municípios eleva o custo social destas prefeituras, pois até definirem seus trabalhos eles buscam ajuda no poder público.

A grande maioria dos Oeste-Paraense que vem para o Amazonas ~emo este-Paraense que vem para o Amazonas a no poder pdo Amazonassão bem sucedidos como empresários, professores, profissionais liberais e políticos. No entanto a minoria é um número significativo, e, até conseguirem emprego, estarão gerando despesas.

A criação de um novo Estado é o maior programa de desenvolvimento regional já constatado no Brasil, gerando muitos empregos e renda e isto fará com que a maioria dos que estão desempregados voltem para suas cidades de origem, ocasionando a redução dos custos sociais das referidas prefeituras além de reduzir o índice de desemprego no Estado do Amazonas.

As oportunidades de emprego do Novo Estado serão para todos, evidentemente, os Amazonenses serão bem recebidos

Carajás

MODELO DE DESENVOLVIMENTO INCAPAZ DE ATENDER O POVO

Em 388 anos de existência como Ente Público, os sucessivos governos do Estado do Pará não conseguiram atender as demandas da região sul/sudeste do Estado e o que existe está aí, diante de todos como prova de que esta região jamais irá desenvolver-se continuando como está:

1. estradas e pontes de péssima qualidade, que na sua grande maioria se tornam intransitáveis no período chuvoso, facilitando ainda em qualquer época a prática de assaltos e violência contra seus transeuntes;

2. energia elétrica insuficiente para alavancar o desenvolvimento nas cidades e no campo, onde encontra-se seu grande potencial econômico;

3. comunicação de péssima qualidade nos centros urbanos e inexistente nas localidades mais distantes;

4. narcotráfico, depredação ambiental e exploração desordenada das riquezas naturais;

5. violência rural, invasões de terras produtivas, desordem agrária e fundiária sem perspectiva de solução;

6. ausência do Estado e grandes vazios demográficos;

7. exclusão sócio econômica da população aumentado as desigualdades socais e desequilíbrio regional, apesar do grande potencial para desenvolvimento auto sustentado;

8. ausência de uma política sustentável de desenvolvimento regional que corresponda as expectativas da população;

9. segurança publica infinitamente incapaz de proteger o cidadão que as vezes perde a vida ou vive refém da bandidagem e do crime organizado na região;

10. ausência de políticas públicas de saúde, educação técnica e principalmente superior.

Entendemos ser desnecessário perder tempo dizendo que o modelo de desenvolvimento a distancia implementado pelo Governo do Estado ao longo desses quatro séculos é ineficiente e incapaz para atender a região. Logo, é importante que a sociedade faça uma avaliação e se posicione quanto a permanecer como está ou tentar construir uma nova, porém eficiente alternativa de desenvolvimento, lutando pela criação de uma unidade federativa nesta região.

Os contrários a essa idéia, defendem a integridade da área territorial do Estado em detrimento do desenvolvimento econômico e social com melhoria real de qualidade de vida de uma população de quase 1.400.000 habitantes. Valorizam e priorizam a grande extensão territorial como se vivêssemos em pleno feudalismo, onde a grande propriedade de terras dava status, poder e respeito ao seu possuidor sem que este tivesse a menor preocupação com a qualidade de vida de seus vassalos. Felizmente, essa arcaica forma de pensar, caiu por terra com o advento do capitalismo, quando a forma de ver o mundo e os valores sociais mudaram para melhor.

A sociedade paraense, precisa avaliar o que aconteceu em termos de melhorias e desenvolvimento econômico e social com implicação direta na qualidade de vida e desenvolvimento humano, nesses 388 anos de existência. É necessário avaliar também o grau de satisfação com a celeridade do desenvolvimento que temos conquistado. Avaliar de igual maneira nossos indicadores sociais e suas perspectivas de melhorias no contexto da região Norte. E, mais do que nunca avaliar a uniformidade do desenvolvimento ocorrido nas mais diversas regiões do Estado como (Norte/Nordeste, Oeste/Sudoeste e Sul/Sudeste ). Diante disto, posicionar-se, definindo suas prioridades, se pela manutenção da grande extensão territorial ou pela melhoria da qualidade de vida de suas populações.

Em matéria do Diário do Pará, a retomada do processo, segue, conforme tentamos demonstrar aqui, o sabor das conveniências dos interesses políticos. Leia os posicionamentos em dois tempos e circunstâncias diferentes como funciona o processo em duas matérias registraram situações diferentes.

Plebiscito de Carajás

A votação do plebiscito para a criação do Estado de Carajás, que foi pedida com urgência urgentíssima, já tem a aprovação da maioria dos 513 deputados federais, mesmo antes de ir a plenário. De outra parte, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), presidente do Senado, disse que é favorável à criação da nova unidade federativa e prometeu dar total apoio quando a proposição chegar à casa que ele dirige. Caso tudo ocorra dentro do previsto, a consulta popular deve ser aprovada na última semana do mês de abril na Câmara dos Deputados.

O anúncio foi feito na noite do último domingo, 8, pelos deputados federais Giovanni Queiroz (PDT-PA) e Asdrúbal Bentes (PMDB-PA), por ocasião da reunião para a criação do Comitê Municipal Pró-Estado de Carajás, em Marabá.

De acordo com Giovanni, o projeto já tem apoio de deputados do PL, PFL, PDT, PTB e do PMDB. Ainda segundo ele, dos 17 parlamentares do Pará na Câmara dos Deputados, 14 se mostram favoráveis à proposição. "No Senado já temos ao nosso lado os senadores Ademir Andrade (PSB-PA) e Jader Barbalho e vamos procurar esta semana o senador Luiz Otávio Campos (sem partido-PA), que já se declarou contra a redivisão do Estado, mas votou em favor do plebiscito do Estado do Tapajós, a qual foi aprovada pelo Senado", adiantou Queiroz.

Giovanni explicou os trâmites do Projeto de Decreto Legislativo 159-B, de autoria dele, que dispõe sobre a criação do Estado de Carajás, dizendo que, aprovado o plebiscito na Câmara dos Deputados e no Senado, a Assembléia Legislativa do Estado tem dois meses para se manifestar, mas não tem poder deliberativo e sim consultivo. Isso significa que, mesmo que a maioria dos deputados estaduais se mostre contrária à criação do novo Estado, isso não quer dizer que a emancipação se torne inviável.

Após a manifestação do Legislativo Estadual, será apresentado na Câmara dos Deputados e no Senado um projeto de lei complementar, o qual será apreciado em duas sessões nas duas casas legislativas. Aprovado, irá para a sanção presidencial criando assim o novo Estado.

Com o auxílio de transparências, Queiroz mostrou as potencialidades do futuro Estado de Carajás, ao mesmo tempo em que fazia comparações com o provável Estado de Tapajós e com o, Pará, mostrando que este último nada tem a perder com a redivisão.

Pelos dados levantados pela assessoria do deputado, que inclusive mandou produzir um CD-Rom com essas informações, após a redivisão o Carajás terá uma área de 289.799 quilômetros quadrados, correspondendo a 23% do estado-mãe hoje; o Tapajós terá a extensão territorial de 708.868 quilômetros quadrados, representando 57% do território paraense atualmente; e o Pará fica com 249.032 quilômetros quadrados. Ou seja, com 20% de seu tamanho atual.

Ao apresentar um quadro comparativo de todos os municípios do sul e sudeste do Pará, o deputado informou que São Félix do Xingu será o maior município do Carajás, com 84.248 quilômetros quadrados, mas destacou que Marabá, com uma extensão de 15.092 quilômetros quadrados, 167.873 habitantes e 81 mil eleitores, "indiscutivelmente é a maior expressão política e econômica e o maior pólo de desenvolvimento do sul e sudeste do Pará". Em outro mapa, o deputado mostrou o contingente eleitoral do estado-mãe, onde Carajás figura com 621.682 eleitores; Tapajós, 491.719; e o Pará com 2.227.439 votantes.

Ao se referir à área territorial dos três Estados após a redivisão, Giovanni disse que tamanho não significa desenvolvimento, pois se assim fosse, o Pará seria a maior unidade da federação em empreendimentos e qualidade de vida do País. "Somadas as duas populações do Carajás e Tapajós, teremos cerca de 50% dos eleitores do estado-mãe e como o plebiscito será feito em todo o Estado, nós conclamamos todos para votar. Nós vamos competir com quem tem o dobro de votos, mas com uma diferença: estamos nesta luta para vencer. Porque isso significa a nossa maior independência. Nós estamos preparados e vamos ganhar essa batalha", proclamou o parlamentar.

No tocante ao número de municípios, o deputado pedetista mostrou que Carajás ficaria com 39, Tapajós com 22 e o Pará com 82. Ao fazer uma comparação, para demonstrar que área territorial não significa desenvolvimento, Giovanni revelou que São Paulo, com uma área de 248 mil quilômetros quadrados, possui 645 municípios e é o Estado mais desenvolvido do País; enquanto o Pará, redividido, teria 249.032 quilômetros quadrados; Carajás possuiria 289.799 quilômetros quadrados. Ele lembrou também que o Tocantins tem 278 mil quilômetros quadrados, ou seja 10 mil a menos que o novo Estado.

O parlamentar lembrou que, quando foi desmembrado de Goiás, o Tocantins representava 3% da receita do estado-mãe, mas hoje, depois de 12 anos, representa 30% da receita do Estado ao qual antes pertencia.

Ao comparar Carajás com vários países, Giovanni destacou que, enquanto nós temos riquezas em abundância, o Japão, uma ilha de 367 mil quilômetros quadrados e 121 milhões de habitantes, não tem riqueza alguma, mas é a segunda maior economia do mundo.

"Isso não é de graça. Lá existe a consciência dos dirigentes, de que a melhor forma de se desenvolver é investir no cidadão. Investir em pesquisa, ciência e tecnologia, capazes de gerar conhecimento. E transferindo isso ao seu cidadão, as autoridades permitem que ele produza muito mais", destacou Giovanni, salientando que filho de japonês não nasce mais inteligente que filho de brasileiro, mas lá eles nascem já com os pais os preparando para terem conhecimento e poderem prestar melhor serviço para si e para seu país.

Ao falar sobre a representatividade política dos três Estados em Brasília, com a redivisão do Pará, Giovanni Queiroz disse que as três unidades da federação, juntas, passam de 17 para 28 deputados federais e de três para nove senadores, saltando de 20 para 37 políticos em nível federal com poder de carrear mais recursos para a região. "Este ano, nós todos que estamos em Brasília representando o Pará, conseguimos R$ 648 milhões de investimento para o nosso Estado, no Orçamento da União. Imaginem nove senadores e 28 deputados", exemplificou Queiroz.

Em outro gráfico, Giovanni mostrou que o Pará tem 1.537 quilômetros de rodovias estaduais implantadas nesta região; e 1.073 quilômetros de rodovias federais. Ele lembrou que, enquanto isso, o Estado do Tocantins, em 12 anos, implantou 4 mil quilômetros "de estradas asfaltadas e de boa qualidade, não essas porcarias que existem por aí".

O deputado mostrou também um mapa das atividades econômicas que mais contribuem para a renda dos Estados onde aparecem o comércio atacadista (15,95%), o comércio varejista (25,22%) e prestação de serviços (34,48%) como as atividades que mais geram impostos. A seguir vêm produção primária (2,25%), indústria extrativa (2,91%), indústria da transformação (14,66%) , indústria de beneficiamento (4,32%), indústria de montagem (0,04%) e condicionamento e recondicionamento (0,16%).

Após ter mostrado esses dados, Giovanni revelou que o total arrecadado de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Estado, em 2000, foi de R$ 1.182.914.177,00, valor que corresponde a R$ 940.277.339,00 arrecadados no estado-mãe; R$ 159.832.846, recolhidos na área do futuro Estado de Carajás; e R$ 82.803.992,00 correspondentes à arrecadação do Tapajós. "Então, cerca de 80% do ICMS é gerado no Pará e não há razão para dizer que nós vamos tirar a riqueza do Estado", disse Queiroz.

A mesma observação ele fez em relação ao Fundo de Desenvolvimento do Estado (FDE) que em 2000 totalizou R$ 744. 592.870,00; cabendo à área correspondente ao Carajás R$ 137.629.573,40; Tapajós, R$ 115.365.280,00, e ao Pará R$ 491.598.016,60.

Giovanni Queiroz disse que já percorreu vários municípios na mobilização pelo Estado de Carajás. "O empresariado, que está consciente da importância da criação desse Estado, sabe que a principal alavanca para o desenvolvimento desta região não passa por nenhum projeto de governo estadual ou federal, passa pela nossa independência como Estado", ressaltou ele.

Estado de Carajás volta à discussão - 29/02/2004

Local: Belém - PA

Fonte: Diário do Pará

Link: http://www.diariodopara.com.br/

Deputados sulparaenses querem discutir redivisão territorial brasileira

Ofício de autoria do deputado federal Zequinha Marinho (PSC), encaminhado ao ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República, José Dirceu, subscrito pelos deputados federais sulparaenses Ann Pontes e Asdrúbal Bentes, ambos do PMDB, e Zé Lima (PP), poderá provocar a discussão sobre a redivisão territorial brasileira prevista no próprio programa de governo do então candidato Luis Inácio Lula da Silva. Dentre as propostas, está a criação de dois novos Estados no Pará: Carajás, no Sul; e Tapajós, no Oeste.

O parlamentar lembrou que no programa de governo 2002, da coligação que elegeu Lula presidente, no caderno: "O Lugar da Amazônia no Desenvolvimento do Brasil", na página 19, o documento propõe especificamente a divisão territorial brasileira. Propondo: "Realizar estudos detalhados das propostas para criação de novos estados, considerando as dinâmicas econômicas e sociais produzidas historicamente e estabelecer práticas de mediação entre os setores interessados, para subsidiar o Congresso Nacional na votação da criação de novas Unidades Federadas".

Apesar da "pedra do sapato" imposta por toda a bancada petista contra a redivisão territorial paraense, em atitude surpreendentemente contra o próprio programa de governo do presidente eleito e líder histórico de seu partido, "sempre obstruindo os trabalhos para essa importante discussão", afirmou o deputado, "meus colegas deputados, efetivamente eleitos pela região sulparaense, ao contrário de alguns pára-quedistas que sempre aparecem atrás de votos em época de eleições em nossa região, concordaram em rediscutir a questão com o governo federal", revelou Zequinha Marinho.

Discussão é sempre adiada

Historicamente, sempre que se toca o nome Carajás e Tapajós, arrepios gelados sopram no centro de decisão política em Belém e em alguns gabinetes refrigerados de Brasília (DF). No entanto, segundo Zequinha Marinho, "motivos de sobra estimulam o debate para uma nova divisão territorial brasileira, em especial do Pará", segundo maior Estado da Federação.

"Sugerimos a título de contribuição, a formação de uma comissão coordenada pelo ministro Ciro Gomes, com a participação dos seguintes Ministérios: Integração Nacional, Planejamento, Meio Ambiente, Defesa e Casa Civil e SUDAM, esta última, cuja recriação é mantida até hoje em banho-maria, desperta espécie e indignação de toda a classe empresarial amazônida", ilustrou o deputado.

Motivos para a redivisão territorial do Brasil

Dentro do contexto da região amazônica, Zequinha Marinho destaca que a criação do Estado de Carajás, por desmembramento das regiões sul e sudeste do Pará, que possui uma área territorial de 1.248.000 km², com problemas de toda ordem, com um governo centralizado na região norte do Estado, não tendo ao longo de séculos as condições necessárias de atendimento de demandas de infra-estrutura e políticas sociais, dentre outras mazelas, não podendo mais, portanto, "ser submetida toda uma região de um potencial gigantesco ao atraso infra-estrutural, econômico e social", bradou.

De acordo com o deputado, a exploração das margens do Tocantins e Araguaia data de mais de 400 anos, mas o primeiro povoado definitivo da região foi fundado em 1892, apenas um pouco mais de um século atrás. Desde esses tempos remotos, a ocupação de Carajás veio do sul do País e não do norte. Esta característica deixou desde os primórdios, o sul e o sudeste do Pará, ligados economicamente, socialmente e politicamente à região centro-sul do País.

Nas últimas décadas, levas de imigrantes, e algumas grandes empresas atraídas pela política de incentivos fiscais, radicaram-se no sul e sudeste do Pará. A região iniciou um processo de progresso econômico acelerado. Foram construídas cidades e novos municípios foram criados.

Plebiscito emperrado

De autoria do ex-deputado Giovanni Queiroz, a Emenda Modificativa do Projeto Nº 159-B/92, propõe ao art. 1º do projeto a seguinte redação: "Art. 1º - O Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Pará realizará no prazo de seis meses, a contar da publicação deste decreto legislativo, plebiscito sobre a criação do Estado do Carajás, a ser constituído pelos municípios de Abel Figueiredo, Água Azul do Norte, Banach, Bom Jesus do Tocantins, Brejo Grande do Araguaia, Cumarú do Norte, Curionópolis, Dom Elizeu, Eldorado dos Carajás, Floresta do Araguaia, Goianésia do Pará, Itupiranga, Jacundá, Marabá, Nova Ipixuna, Novo Repartimento, Ourilândia do Norte, Pacajá, Palestina do Pará, Parauapebas, Pau D´arco, Piçarra, Redenção, Rio Maria, Rondon do Pará, Santa Maria das Barreiras, Santana do Araguaia, São João do Araguaia, Sapucaia, Tucumã, Tucuruí, Ulianópolis, Xinguara, de acordo com o Art. 7º da Lei nº 9.709, de 18 de novembro de 1998". A proposta, porém, está perdida nas gavetas dos trâmites legislativos intermináveis do Congresso Nacional, e que os deputados sulparaenses querem tirar a poeira já.

Val-André Mutran, de Marabá

São dezenas de ofícios. Leia :

Manaus, 11 de março de 2004.

Ao

CIEAM – Centro da Indústria do Estado do Amazonas.

Rua Acre, - 4º andar, Vieira Alves. Manaus-AM.

e-mail: cieam@cieam.com.br

att.: Sr. Ronaldo Mota.

Prezado Senhor:

Com a finalidade de promover e buscar apoio das sociedades e entidades dos Estado do Amazonas e do Pará, as associações, abaixo relacionadas programaram os seguintes seminários:

Manaus, 06 de março, já realizado;

Almerim, 12 de março;

Itaituba, 19 de março;

Monte Alegre, 26 de março;

Óbidos, 02 de abril;

Santarém, 16 de abril;

Brasília, de 26 à 30 de abril, levando 200 pessoas para participar de um Ato Público, no espaço cultural da Câmara, de audiências com os presidente do Senado Federal e da Câmara dos Deputados e também, fazer um trabalho de persuasão junto aos deputados para que seja colocado na pauta e votado favoravelmente, o projeto de consulta plebiscitária sobre a criação do Estado do Tapajós.

Aproveitando a oportunidade, estamos enviando material informativo sobre o Estado do Tapajós; e, pleiteamos o apoio logístico da CIEAM.

Certos desta colaboração e no aguardo de resposta, subscrevemo-nos

Atenciosamente

Ademar A. Ferreira – Dir.de Relações Políticas da AFAS.

Contato: (92) 9983.4466.

Orlando Pereira – Vice-Pres. da FPET

Contato: (92) 635.0509. (93) 522.1319, 9652.7477 e (61) 913.5728.

AFAS – Associação dos Filhos e Amigos de Santarém.

AFAO – Associação dos Filhos e Amigos de Óbidos.

ASBRAM – Associação dos Belterrenses Radicados em Manaus.

ASFALCRAM – Associação dos e Amigos do Lago Grande Residentes no Amazonas.

AMOPAM – Associação dos Moradores do Pará em Manaus.

FPET – Frente Popular pelo Estado do Tapajós.

Leia a íntegra do ofício enviado pelo deputado federal Zequinha Marinho, com apoio de três colegas, na retomada para que o processo não seja engavetado.

OFÍCIO

Brasília, 14 de outubro de 2003.

Excelentíssimo Senhor

Dr. JOSÉ DIRCEU

DD. Ministro-Chefe da Casa Civil

Presidência da República

NESTA

Senhor Ministro,
No Programa de Governo 2002 – COLIGAÇÃO LULA PRESIDENTE, no caderno “O LUGAR DA AMAZÔNIA NO DESENVOLVIMENTO DO BRASIL”, na página 19, o documento propõe o seguinte: “PROPOSTAS ESPECÍFICAS Divisão territorial. Realizar estudos detalhados das propostas para criação de novos estados, considerando as dinâmicas econômicas e sociais produzidas historicamente e estabelecer práticas de mediação entre os setores interessados, para subsidiar o Congresso Nacional na votação da criação de novas Unidades Federadas”.
Com a intenção de implementar esta proposta do programa de governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sugerimos a título de contribuição, a formação de uma comissão coordenada pelo Ministro Ciro Gomes, com a participação dos seguintes ministérios:

- Integração Nacional,
- Planejamento,
- Meio Ambiente,
- Defesa
- Casa Civil e SUDAM

A comissão que ora estamos propondo, terá como objetivo realizar estudos detalhados de viabilidade das propostas existentes no Congresso Nacional para criação de novos estados e territórios na região amazônica, objeto do programa de governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Dentro do contexto da região amazônica, destacamos a criação do Estado de Carajás, por desmembramento das regiões sul e sudeste do Estado do Pará, que possui uma área territorial de 1.248.000km2,com problemas de toda ordem, com um governo centralizado na região norte do estado, não tendo ao longo de séculos as condições necessárias de atendimento de demandas de infra-estrutura, políticas sociais, etc., submetendo uma região de um potencial gigantesco ao atraso infra-estrutural, econômico e social.
A exploração das margens do Tocantins e Araguaia data de mais de 400 anos, mas os primeiro povoado definitivo da região foi fundado em 1892, apenas um pouco mais de um século atrás. Desde esses tempos remotos, a ocupação de Carajás veio do sul do País e não do norte.
Esta característica deixou desde os primórdios, o sul e o sudeste do Pará, ligados economicamente, socialmente e politicamente à região centro-sul do País.

.../

Nas últimas décadas, levas de imigrantes e algumas grandes empresas, atraídas pela política de incentivos fiscais, radicaram-se no sul e sudeste do Pará, atendendo ao chamado do Governo Federal “Integrar para não Entregar”. A região iniciou um processo de progresso econômico acelerado. Foram construídas cidades e novos municípios foram criados. Surgiu, então, uma enorme demanda por infra-estrutura e a distância geográfica de Belém não permitiu a presença do Poder Público Estadual para encaminhar as soluções dos mais variados problemas. A localização estratégica dentro do eixo do Araguaia-Tocantins, as peculiaridades geopolíticas, a necessidade de maior proximidade do Poder Público, as experiências de outros estados recentemente criados e a urgência da melhor utilização dos recursos naturais, dentro da ótica do desenvolvimento sustentável, são alguns dos motivos que nos leva, legitimamente, a reivindicar a criação do Estado de Carajás após a consulta do plebiscito. § EMENDA MODIFICATIVA DO PROJETO Nº 159-B/92

Dê-se ao art. 1º do projeto a seguinte redação:

“Art. 1º - O Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Pará realizará no prazo de seis meses, a contar da publicação deste decreto legislativo, plebiscito sobre a criação do Estado de Carajás, a ser constituído pelos municípios de Abel Figueiredo, Água Azul do Norte, Banach, Bom Jesus do Tocantins, Brejo Grande do Araguaia, Cumarú do Norte, Curionópolis, Dom Elizeu, Eldorado dos Carajás, Floresta do Araguaia, Goianésia do Pará, Itupiranga, Jacundá, Marabá, Nova Ipixuna, Novo Repartimento, Ourilândia do Norte, Pacajá, Palestina do Pará, Parauapebas, Pau D´arco, Piçarra, Redenção, Rio Maria, Rondon do Pará, Santa Maria das Barreiras, Santana do Araguaia, São João do Araguaia, Sapucaia, Tucumã, Tucuruí, Ulianópolis, Xinguara, de acordo com o Art. 7º da Lei nº 9.709, de 18 de novembro de 1998”.

Autor: Deputado Giovanni Queiroz

Para que Vossa Excelência possa obter informações mais detalhadas sobre as regiões Sul e Sudeste do Pará, onde se pretende criar o Estado do Carajás, remetemos à sua consideração material elaborado pelo ex-deputado Giovanni Queiroz.

Sendo o que se apresenta no momento, subscrevemo-nos, renovando protestos de elevada estima e consideração.

Atenciosamente,

Deputado ASDRUBAL BENTES Deputado ZEQUINHA MARINHO
Deputada ANN PONTES Deputado ZÉ LIMA

Deus Pai. Deus Filho

Uma visão acadêmica e legislativa em dois trabalhos de fôlego

Amazônia Redividida:
elementos para a compreensão dos processos em curso de
redivisão territorial do Estado do Pa[1]

Prof. Dr. Gilberto de Miranda Rocha

Universidade Federal do Pará

INTRODUÇÃO

Uma viagem ao passado da Amazônia demonstra o quanto a redivisão territorial tem sido uma questão que se renova e muitas vezes se amplia, em diferentes momentos da vida política brasileira e com diferentes significados e justificativas. Algumas dessas justificativas fazem parte dos argumentos de praticamente todos os movimentos emancipacionistas de âmbito regional tais como: a grande dimensão territorial, o que inviabiliza a administração e prestação adequada dos serviços públicos, a desigual distribuição e alocação de recursos, o controle e a defesa do território e das fronteiras e, portanto, a necessidade de ampliação da presença do Estado, defesa nacional, ampliação da representatividade política regional, a estadualização como alavanca para o desenvolvimento regional, etc....E, outras recentemente incorporadas como a necessidade de controle do narcotráfico, as guerrilhas fronteiriças.
No presente trabalho procuramos refletir sobre a redivisão territorial da Amazônia, e particularmente sobre as propostas de divisão do Estado do Pará, focalizando dois aspectos subjacentes a esse processo de partilha territorial: a dimensão econômica da redivisão, i. e. o que estimula essencialmente em termos dos recursos existentes nos territórios e a dimensão simbólico – cultural através da qual se fundamenta a apropriação coletiva do espaço. Antes porém, refletimos sobre o reordenamento espacial do território, sobre as mudanças nas formas de apropriação e uso dos territórios induzidas pelas políticas públicas federais para a região nas ultimas três décadas. Ainda visando criar bases para a melhor compreensão das propostas, procuramos focalizar as mudanças sócio – culturais – emergência de novas territorialidades - e político-institucionais – alteração nas formas e mecanismos de gestão - desfechadas no Estado nas últimas décadas. Além desses aspectos, o presente trabalho pretende contribuir para aprofundar a reflexão sobre alternativas a divisão territorial assim como as atuais formas de gestão territorial: uma terceira via ?

1.O ParÁ sob intervenção : a federalização e a reestruturação espacial do território estadual

1.1. A estrutura espacial do território estadual ate a década de 1960

A compreensão dos processos de emancipação político – territorial – criação de novos estados – a partir da redivisão do Pará implica o resgate dos processos recentes de reordenamento espacial do território estadual. Nas ultimas três décadas, os processos de intervenção federal induziram a mudança da estrutura espacial herdada e construída a partir do período colonial.

Até a década de 60 a dinâmica espacial regional espelhava o funcionamento da economia baseada na exploração extrativista e alicerçada no sistema de aviamento e tendo como suporte a existência do produto, uma rede de núcleos e a circulação fluvial. A bacia hidrográfica desempenhava papel fundamental na estruturação da vida econômica como eixo de penetração, circulação e povoamento.

Entre o final do século XIX e primeira metade do século XX, o boom da borracha, e as sucessivas fases de exploração extrativa (caucho, castanha, borracha), a economia extrativista estimulou a produção de uma estrutura espacial que articulava os locais de extração / produção no interior do território com os centros exportadores de Belém através de uma rede de localizações, pequenos núcleos urbanos de povoamento cuja função primordial era, além de servir de moradia para a força de trabalho, pontos de comércio e concentração da produção na bacia hidrográfica, extrair o excedente econômico gerado(Correa,1992). Essa estruturação espacial na Amazônia se iniciou com a fundação de Belém, cidade estratégica e excentricamente localizada em relação a hinterlândia, a cidade primaz. Como ponto de abertura e penetração do território, constituía a sede das principais funções políticas e econômicas, do comercio atacadista e exportador, possibilitando a participação da região na divisão internacional do trabalho.

No Estado do Pará, esse sistema espacial condicionou o processo de produção, circulação da borracha (1890-1910), da castanha do para(1926-1964), de povoamento e de estruturação das principais cidades(Belém, Santarém e Marabá), concentrando a população na calha dos principais rios – Amazonas, Tocantins, Xingu e Tapajós. No âmbito desse sistema espacial, o controle sobre o território, sobre a produção, circulação, sobre a forca de trabalho envolvida assim como o excedente econômico gerado,era alicerçado em uma estrutura de poder oligárquico (Emmi,1988).

1.2. O reordenamento espacial do território estadual

A segunda metade da década de 60, representa um marco do ponto de vista do reordenamento político – institucional assim como das transformações espaciais e territoriais na Amazônia oriental. No âmbito das mudanças de ordem política e institucional do Estado brasileiro pós – golpe militar de 1964, são lançadas as primeiras medidas de política com o objetivo de assegurar a ação federal na região de forma efetiva. A “operação amazônica”, em 1968, redefiniu o arcabouço institucional regional ao criar a Sudam e o Incra. Posteriormente, em 1971, através do Dec. Lei n. 1164 / 71, são federalizados cerca de 66% das terras do território do Estado do Pará.

No período entre 1971 a 1987 o processo de distribuição e de regularização da apropriação das terras ocorreu sob a égide do Incra. Ao federalizar o território, o governo federal alijou as oligarquias regionais do poder de distribuição de terras, dado que retirou do controle estadual a regularização das terras, suprimiu a existência de terras comunais e devolutas para a instauração da propriedade privada e negou as posses imemoriais dos grupos indígenas, caboclos e ribeirinhos e ainda obstruiu o processo de ocupação não – controlada de terras devolutas. A ocupação seletiva das terras constituiu no principal mecanismo de gerencia territorial do Incra. Somente 26% do território permaneceu sob o controle do governo estadual.

No mesmo período, através de políticas de integração nacional e planejamento do desenvolvimento regional, (Pin, Proterra, Polamazonia e Programa Grande Carajás) abriu a região ao integrá-la através de eixos rodoviários, ao criar mecanismos institucionais de incentivo a apropriação privada das terras, a diversificação das atividades econômicas – agropecuária, mineração e industrialização – e ao desestimular a economia extrativista que assegurava o funcionamento da economia regional.

O estimulo a migração através de políticas de atração populacional constituiu mecanismo em vistas a formação de um mercado de trabalho regional. Somente no Estado do Para, ao longo da rodovia transamazônica, instituiu três projetos integrados de colonização através de uma concepção urbanística de base rural.

Em vinte anos de intensas transformações, as políticas públicas reordenaram espacialmente o território estadual. Em 1970, existiam cerca de 83 municípios no Estado do Para. Como parte desse processo de reordenamento, a ocupação seletiva da terra estimulou a urbanização do território. Novos núcleos urbanos surgiram, seja como expressão planejada dos grandes projetos, as company towns, as agrovilas, agrópoles e rurópolis, seja como fruto do povoamento espontâneo e das contradições das políticas de desenvolvimento implementadas. Até 1996, havia sido criado cerca de 60 novos municípios, totalizando hoje 143 unidades político – administrativas.

O que é relevante nesse processo de reordenamento espacial do território estadual é o fato de que as novas formas de apropriação e de uso do território e de dominação política deram ao Estado do Pará uma nova configuração. A magnitude e a intensidade da intervenção federal transformou a estrutura e a dinâmica espacial estadual, posto que alterou a base material – geográfica anterior e afetou os circuitos de produção e acumulação tradicionais, desestruturando os atores sociais pré-existentes e seu poder político. O território estadual se reestruturou na medida em foram introduzidas novas atividades, novos padrões demográficos, o surgimento de novas cidades, transformando o padrão de hierarquização do sistema espacial e da rede urbana regional.

Em outro plano, as formas capitalistas de divisão técnica do trabalho que se implantaram, junto com a chegada dos fluxos migratórios de caráter heterogêneo desde o ponto de vista de sua composição demográfica, social e econômica, trouxeram como conseqüência à reestruturação do sistema de classes sociais e a complexificação sociedade civil. O especifico a reter é que, as modificações econômicas e sócio – políticas desencadeadas, levaram ao declínio os arranjos espaciais e as formas de dominação política construídas historicamente, demandando a construção de novos de novos pactos e o estabelecimento de novos laços entre os atores partícipes da nova realidade em formação ou mesmo demandar a construção de novas identidades territoriais. No sentido político do termo, essas mudanças, no atual contexto histórico, pode se associar às novas necessidades de remodelagem das estruturas político – administrativas. A complexificação das estruturas de classe sociais, os conflitos pelo poder, os movimentos sociais podem demandar novas figuras político – institucionais que produziriam novas normas, ordens e legitimações, para dar organicidade à nova estrutura espacial e territorial construída através do processo intervencionista. a transformação político – institucional.

2.O ParÁ dividido

2.1. O contexto histórico de emergência dos movimentos emancipacionistas

As propostas de criação de novos estados – Tapajós e Carajás - a partir da redivisão do território paraense, surgiram em um contexto histórico marcado pelo processo de redemocratização da sociedade brasileira, um contexto, a um só tempo, de crise e reestruturação das relações entre o estado e a sociedade. No âmbito nacional, na década de 80, de um lado, ocorre o aprofundamento da crise fiscal do Estado que vem a contribuir para a obsolescência econômica do Estado Nacional, expressa na ineficácia do governo federal no controle inflacionário e em tornar efetiva a sua ação planejadora . Ocorre uma retração significativa das políticas publicas regionais. Por outro lado, o país vivenciava, a falência do regime militar cuja expressão é perda progressiva de legitimidade frente a sociedade brasileira.

Na Amazônia, a intervenção federal que durante o regime militar, promoveu mudanças substanciais na base econômica e nas formas de organização sócio – política regional enfraquece. Intensos conflitos em torno do acesso a terra, o acirramento dos movimentos sociais frente a seletividade social, a concentração espacial e setorial dos investimentos e o depauperamento das obras de infra-estrutura e dos serviços públicos são expressões da falência da gestão estatal – nacional no espaço regional. Frente a instabilidade, o Estado procurou redefinir suas formas de ação regional.

A federalização do território, as poucos, é substituída por um processo de ação compartilhada entre os níveis de governo, para a qual se buscou o revigoramento do poder local e regional. O fortalecimento dos municípios – pólos, centro sub-regionais e a municipalização do território constituíram medidas de política que visaram, entre outros aspectos, a implementação de uma nova ordem política e institucional. Segundo Rocha (1999), o município constituiu instrumento tanto para o restabelecimento dos sistemas hegemônicos locais, redefinindo assim as alianças entre os atores políticos no âmbito do novo cenário econômico, político e territorial do estado do Pará quanto uma tentativa de restabelecer o controle e a regulação social. Um momento ímpar na busca da re-legitimação do Estado frente a sociedade regional.

Ressalta-se que, conforme Rocha (1999:76) “é em meio a esse revigoramento do poder local e regional e de mudanças na base econômica e política local que emerge os movimentos separatistas dos estado do Carajás e do Tapajós ”. O movimento constituinte de 1986/87 vem igualmente constituir o mecanismo institucional através do qual buscar-se-á a autonomia política.

2.2. A dimensão econômica do(s) território(s)

Os movimentos emancipacionista representam a expressão política e territorial do reordenamento espacial, econômico e sócio – político do território estadual. As mudanças processadas ensejaram o reordenamento dos sistemas hegemônicos locais e regionais com implicações no realinhamento das alianças entre os atores presentes na região. Trata-se de movimentos que almejam a apropriação política do território, como meio para tingir objetivos e interesses subjacentes as suas praticas espaciais.

“representam em outro patamar conflitos pelos meios, pela implantação de recursos de exploração e pela apropriação dos benefícios e dos excedentes econômicos ali gerados, assim como apontam para a necessidade de estabelecimentos de novas formas (e reafirmação de antigas) de dominação político – social através da difusão de novos valores, símbolos e de afirmação de novas territorialidades. Trata-se de um processo de consolidação de territórios legitimadores das novas redes econômicas e / ou dos novos (e, em certas situações, também os velhos) interesses políticos”(Rocha,1999:229).

e, ainda enfatiza o autor, “igualmente, apontam para a recomposição das relações de forcas emergentes na área, em que a divisão do território seria um meio de legitimação / legalização da apropriação e da definição de domínios territoriais por essas mesmas forças dominantes”(Rocha,1999:230).

Em que pese as dimensões culturais e sócio - espaciais – expressões das mudanças processadas na estrutura espacial do território estadual - subjacentes as propostas, a emancipação, a rigor, vem a se constituir um pretexto, tanto como forma de captação de recursos – instrumento de barganha política da(s) elite(s) regional(is) (o mito da necessidade) - quanto a possibilidade de construção de canais legais de legitimidade da apropriação dos recursos territoriais por essas mesmas elites.

Tab. N. 01. Para, Tapajós e Carajás: Os recursos e os Territorios

Os recursos e os Territórios

Para

Tapajós

Carajás

Área territorial

249.000 km2

708.868 km2

289.799 km2

População

4.000.000

958.860

1.100.000

Áreas de uso restrito (unidades de conservação e terras indígenas)

13

22

14

Icms (imposto sobre circulação de mercadorias e serviços)

79,49 %

7,0 %

13,51 %

Fpe (Fundo de participação do estado)

491.597.016[2]

115.365.280

137.629.573

Recursos

Industria, serviços e agropecuária

Minérios e agropecuária

Minérios e agropecuária

Fonte: Governo do Estado do Pará: Indicadores Sócioeconômicos, 2000.

2.3.O uso político do território: a produção política do consenso em torno da emancipação

A territorialização envolve sempre, ao mesmo tempo, mas em diferentes graus de correspondência e intensidade, uma dimensão simbólico – cultural, através de uma identidade territorial atribuída pelos grupos sociais como forma de “controle” simbólico sobre o espaço onde vivem, e uma dimensão mais concreta, de caráter político-disciplinar: o domínio do espaço pela definição de limites e fronteiras visando a disciplinarização dos indivíduos e ao uso / controle dos recursos ali presentes[3]. No âmbito do processo político de projeção territorial, essas duas dimensões se entrecruzam dando a cada uma das propostas uma singularidade que se substantiva na diferença contida no território, na projeção sobre o espaço “de estruturas especificas de um grupo humano, que inclui a maneira de repartição, de gestão e de ordenamento desse espaço”(Brunet et al,1992:436 apud Claval,1999:11) e, ao mesmo tempo, na cristalização de representações coletivas, dos símbolos que se encarnam em lugares nos quais estão inscritas as existências humanas (Claval, 1999:11).

2.3.1.O poder disciplinar: o controle, a defesa e o estímulo a ocupação efetiva do território.

A divisão territorial da Amazônia, ao longo do presente século, tem sido uma questão recorrente não somente no marco da discussão e de propostas como igualmente na efetivação da divisão. Pode-se mesmo dizer que a atual configuração político administrativa é recente e fora moldada a partir de 1911 com a questão acreana. Naquela ocasião a apropriação do excedente econômico gerado pela economia extrativa da borracha mobilizou parlamentares e as elites tanto do Pará como do Amazonas. A federalização do território foi a solução à época encontrada. Na década de 40, novamente partilhar a amazônia foi objeto de ampla discussão no âmbito da organização do Estado brasileiro e da integração e de manutenção da integridade do território nacional. Os anseios geopolíticos de controle territorial e das fronteiras elevariam a divisão territorial como medida visando estimular a ocupação e ao povoamento regional. A criação de postos de vanguarda nas fronteiras, ampliar a presença do estado federal, de federalizar parte dos territórios estaduais justificava-se.

Getúlio Vargas estimulado pelo Conselho de Seguraça Nacional, através do decreto-lei n. 5.812, de 13 de setembro de 1943 cria os Territórios Federais: Guaporé (Rondônia), Amapá e Rio Branco (Roraima) na Amazônia. A preocupação com a imensidão territorial e o vazio demográfico amazônico sempre foi ponto de convergência entre ideólogos e geopolíticos e os militares. A divisão territorial tem sido assim um meio de indução da civilidade, da apropriação real e efetiva do território pela nação-estado, parte integrante da construção territorial do Estado Nacional. Como mecanismo jurídico e político, a divisão do território era (e é) parte integrante da organização geográfica do Estado, do controle, da administração e da gestão territorial.

Esses mesmos princípios recentemente foram ressucitados, revividos em parte pelas recentes propostas. A leva de movimentos emancipacionistas nos quatro cantos do Brasil durante o processo constituinte de 1986/87, (somente no Pará foram dois: estado do Carajás e estado do Tapajós) induziu a criação, após a promulgação da Constituição Federal de 1988, de uma Comissão de Estudos Territoriais(1989). O Relatório Final foi apresentado em janeiro de 1990. Foi recomendada a redivisão da Amazônia com a criação dos Territórios Federais do Rio Negro, Território Federal do Alto Solimões (dividindo o Amazonas), o Território Federal do Araguaia (dividindo o Mato Grosso) e a criação do Estado do Tapajós (dividindo o Estado do Pará).

2.3.2.a dimensão simbólico – cultural e a construção da identidade territorial

Os lugares, as regiões são “freqüentemente fontes de identidade coletiva e também de atividades econômicas”(Brunet et al.,1992:232), fontes de recursos, de possibilidades de reprodução biológica e sócio – cultural. Como suporte material e base simbólica, o território constitui instrumento indispensável a construção das identidades coletivas.

Dessa forma, freqüentemente, ao nos referirmos ao Oeste do Para e Baixo amazonas(Tapajós) e ao Sul e Sudeste do Para(Carajás), nos referimos a espaços diferenciados, singulares no âmbito do território estadual. As propostas de criação de novos estados são projeções territoriais, são manifestações coletivas – coordenadas ou não - que acenam distintamente para a apropriação política do seu espaço de vivencia e produção – apropriação e uso dos recursos contidos. O espaço e a cultura participam desse processo dado que representam o suporte material (legado ou construído) e a base simbólica sobre os quais são forjadas e construídas as identidades territoriais através da difusão de uma ideologia territorial.

A idéia de tradição e de cultura local e regional (presente no baixo amazonas, no tapajós) ou de pioneirismo dos desbravadores (presente no sul e sudeste do Para) contribui para elaborar a re – construção peculiar da historia local, conferindo-lhe unidade imaginaria. A idéia complementar de região, presente no ambiente construído ou não – nos lugares memoráveis, a terra natal, o espaço de vida e produção – “terra conquistada com esforço e trabalho, canaã”, “região em que todos tem um lugar ao sol” (sul e sudeste do Para) produz a noção de unidade territorial. A eficácia simbólica dessas idéias mobilizam a sociedade regional em torno do projeto emancipacionista. O uso político do território passa a ser, indiscutivelmente um instrumento de grande eficácia para atingir a unidade e o consenso em torno da região.

2.3.3.da alocação de recursos, da produção do território e do estimulo ao desenvolvimento regional

A alocação de recursos de forma mais eqüitativa tem sido a outra fonte de reivindicação para emancipação de territórios, em Estados ou mesmo em Territórios. No caso do Tapajós se releva a ausência de uma política específica para a região oeste do estado do Pará, exemplificada pela carência de infraestrutura. Enfatiza igualmente a fragilidade administrativa e a retirada de recursos do Oeste do Pará sem uma contrapartida real para a região. E, conclui, referindo-se às vantagens de representatividade política que a criação de novas unidades político-administrativas traria para o desenvolvimento regional e a ampliação da consciência política.

3. Pará, capital Belo Monte : a proposta de transferência da capital como instrumento geopolítico para conter a redivisão !

Nos anos oitenta, época de eclosão dos movimentos, conforme Rocha(1999), a partilha territorial representava uma forma peculiar de captação de recursos frente ao depauperamento das infraestruturas e do descalabro da oferta dos serviços públicos. “A projeção e a tentativa de apropriação política do novo território representou, grande instrumento de barganha que se traduziu na definição de investimentos de infraestrutura por parte do governo estadual, para neutralizar o movimento e promover a efetiva integração e manutenção da unidade política do território paraense” (Rocha,1999:77)

O ressurgir das propostas de criação dos estados do Carajás e Tapajós, estimulou o governo do estado a busca de alternativas à redivisão territorial. A Fundação Getúlio Vargas foi contratada na forma de consultoria para a realização de diagnóstico sobre a estrutura espacial e econômica e necessidades de recomposição. No diagnóstico, Belém se assevera como um problema para o comando da estrutura econômica e espacial do território estadual. A excessiva concentração das atividades em no entorno de Belém e a baixa integração estadual apresentava-se, de fato, como estímulo a desagregação territorial.

A partir de clássicos preceitos geopolíticos o governador Almir Gabriel propõe a transferência da capital do Estado do Pará para a localidade de Belo Monte (parte do município de Anapú, parte do município de Vitória do Xingu, na volta grande do Xingu. Ao centralizar geograficamente o poder político do Estado do Pará, a exemplo do Brasil ao construir Brasília, visava interiorizar a economia estadual, reordenando a distribuição das atividades econômicas e produtivas, redirecionando os fluxos e parte dos aportes demográficos concentrados em Belém, enfim estimulando como no passado recente a reestruturação espacial do território. A crença do governador residia no fato de que reordenando novamente a espacialidade estadual poderia conter o processo de redivisão territorial.

4. Considerações FINAIS: Para além da redivisão, por um projeto político REGIONAL!

As propostas de redivisão do Estado do Pará expressam processos de reconfiguração espacial e de rearranjo das relações de poder no âmbito estadual. Não são processos artificiais, são produtos legítimos de territorialidades emergêntes e que reivindicam a apropriação política do território, sobre os quais têm domínio. No entanto, é lícito considerar o fato de que a existência da diferença e da singularidade não necessariamente pressupõe a separação. Ao contrário do que ao longo desse século norteou a construção dos Estado-Nação, a homogeneidade linguística e étnica – cultural, o Estado pós – moderno deve operar pela diferença, pelo respeito a diversidade cultural e étnica existente. Nesse contexto, tanto as propostas de divisão como a transferência da capital do Estado do Pará, formulada pelo Governo do Pará, estão na contramão de uma gestão territorial que der conta da complexidade que hoje é o Pará. A sua unidade política e territorial somente poderá ser alcançada frente a uma ampla redefinição conceitual da identidade paraense, fundada na diversidade e não na homogeneidade.

Ademais, é importante ainda frisar que para tanto, refazer o processo de gestão territorial é urgente e indispensável. Um novo processo que seja tomado como princípio fundamental o poder popular, a participação da sociedade civil nos processos de decisão sobre o futuro de cada região do Estado do Pará. Uma espécie de federalismo à escala estadual. O governo do território não se resumiria às instituições locais (ainda que estas sejam fundamentais), mas a todas as formas de organização em níveis escalares distintos e da sociedade civil que, de forma negociada e interativa, participariam e competiriam na resolução dos problemas que envolvem determinado âmbito local e sub - regional. A tomada de decisão tende a ser concebida como resultado de um processo de interação entre atores individuais e/ou coletivos, atores esses que dispõem de representações diferenciadas no contexto da negociação. Isto quer dizer que tanto em nível interno a um determinado território como no seu relacionamento com outros níveis escalares de poder, a participação compartilhada passa a ser o norteador nas novas formas de governo do território. Os territórios organizados, assim, passam a exercer um papel completamente novo atualmente (Boisier,1996).

As possibilidades de desenvolvimento local e regional estariam ligadas à capacidade de organização que cada âmbito espacial tenha de acumular poder político, algo que se obtêm mediante o consenso político, o pacto social, a cultura de cooperação e a capacidade de criar, coletivamente, um projeto de desenvolvimento. A criação de poder político e de busca do consenso e pacto social local e regional torna-se relevante para a construção de um projeto político regional, instrumento indispensável na formulação de estratégias em vistas o alcance do desenvolvimento local e regional.

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[1] Reflexões desenvolvidas a partir do projeto Municipalização do Território na Amazônia. Proint-2001/UFPA. [2] Valores em reais. HAESBAERT,R. Os Gaúchos no Nordeste: Desterritorialização – Reterritorialização. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, 1995.

Impacto de Nova Redivisão Territorial na Geração e Riquezas,

Desenvolvimento e Administração

Cláudia Cristina

1 INTRODUÇÃO

A criação de novas unidades federativas constitui a mais nova

tendência do federalismo brasileiro e envolve temas cruciais como

representação política, sistema eleitoral, construção de identidades territoriais, repartição de receitas tributárias e descentralização fiscal e administrativa.

A distribuição espacial dos estados brasileiros é, freqüentemente,

vista como um obstáculo ao desenvolvimento econômico do País e, em particular, do Norte e do Centro-Oeste. O artificialismo da divisão territorial teria gerado, em alguns casos, unidades federativas inviáveis economicamente e, em conseqüência, dependentes do governo federal para o atendimento das necessidades básicas de suas populações.

Desta forma, ao longo da história brasileira, muitas foram as

tentativas de estabelecer novos contornos aos limites interestaduais, sobretudo nos períodos de elaboração e/ou revisão das constituições. Quase sempre, as tentativas são no sentido de redividir territorialmente o Brasil por meio de desmembramentos de estados ou criação de territórios federais.

Entretanto, embora de mais difícil concretização, já houve propostas no sentido oposto, o de fundir estados, a fim de fortalecer a identidade regional, compartimentando-se as regiões por menor número de estados. O princípio da equipotência estadual/regional presidiria a redivisão, impedindo que, em cada região, algum estado adquirisse primazia absoluta.

A Constituição Federal de 1988 também tratou da questão, instituindo mudanças no ordenamento geopolítico-administrativo brasileiro ao transformar os Territórios Federais de Roraima e do Amapá em Estados Federados (art. 14 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT) e ao criar o Estado do Tocantins, por desmembramento de área pertencente ao Estado de Goiás (art. 13 do ADCT). Ademais, a Assembléia Nacional Constituinte criou a Comissão de Estudos Territoriais (art. 12 do ADCT), com a finalidade de apresentar estudos relativos a novas unidades territoriais, notadamente na Amazônia Legal.

A Amazônia Legal encontra-se no centro das discussões sobre redivisão territorial por representar 60% do território nacional, com 5.060.266 quilômetros quadrados, e por abrigar uma população de 13 milhões de habitantes em menos de um terço das unidades federadas.

A Comissão, em seu Relatório Final, estabeleceu uma série de critérios para a aprovação dos projetos de desmembramento, entre os quais, destacam-se:

– homogeneidade geo-sócio-econômica no espaço considerado para a divisão;

– preservação das fronteiras atualmente desguarnecidas, dada a sua distância e seu acesso para a capital do Estado;

– possibilidade de sua autodeterminação;

– preservação dos espaços homogêneos, de adequados tamanhos e configuração para constituir o território remanescente da atual unidade;

– manutenção dos municípios atuais.

Atualmente, tramitam, no Congresso Nacional, vários projetos visando dar nova configuração ao mapa geopolítico brasileiro. Os projetos de decreto legislativo que prevêem plebiscito para criação dos Estados do Tapajós (desmembramento do Pará) e dos Territórios do Rio Negro, Juruá e Solimões (a partir do desmembramento do Amazonas), após aprovação no Senado Federal, estão em discussão na Câmara dos Deputados. O projeto que cria o Estado do Araguaia (desmembramento do Mato Grosso) ainda está em fase de discussão no Senado Federal, assim como o projeto sobre a criação do Estado do Juruá (a partir do desmembramento de municípios do Acre e do

Amazonas) vem sendo discutido na Câmara dos Deputados.

Estes projetos refletem, em relação à Amazônia Legal, a preocupação crescente com a integração e ocupação dos imensos espaços físicos, a redução dos vazios demográficos, o aproveitamento das reservas de matérias-primas, a interiorização das ações governamentais e o fortalecimento da segurança nas áreas de fronteira. Mas, sobretudo, demonstram o desejo de maior autonomia por parte de regiões que se sentem em situação de abandono por parte dos governos federal e estadual.

De um lado, os defensores da idéia de desmembramento alegam que os governos estaduais não revertem o resultado da arrecadação de impostos em benefícios para as áreas arrecadadoras, como investimentos em transportes e energia, tornando subaproveitadas suas potencialidades naturais e econômicas. A única forma de reverter o quadro de ausência governamental e propiciar o desenvolvimento mais harmônico dos estados seria, então, dotar as áreas carentes de autonomia para que pudessem, com a separação, investir os recursos gerados em seu próprio proveito ou, ainda, criar territórios federais, que receberiam maior atenção por parte do governo federal.

De outro lado, os que têm posicionamento divergente relacionam, entre outros aspectos, a inexistência de estudos específicos que

comprovem a viabilidade econômica da criação de novos estados, os altos custos para implantação das novas máquinas administrativas e a necessidade de implementação de projetos de desenvolvimento e de pesados investimentos em infra-estrutura estratégica, sem os quais não há como garantir o desenvolvimento econômico dos novos estados.

No que tange aos gastos com a estrutura administrativa e institucional das novas unidades federadas seriam necessários investimentos para a instalação de uma nova máquina burocrática estadual, representada por novos governantes estaduais e novos Poder Judiciário, Assembléia Legislativa (mínimo de vinte e quatro deputados estaduais) e Poder Executivo (secretarias, órgãos auxiliares para as áreas de saúde, educação, saneamento, habitação, etc). Em nível federal, recursos orçamentários deverão ser alocados para os novos gastos com a representação política estadual (mínimo de oito deputados federais e três senadores).

Em vista das diversidades de argumentos pró e contra envolvidos

na questão da criação de novas unidades federativas, faz-se conveniente examinar as experiências de criação dos Estados do Mato Grosso do Sul e do Tocantins, tidas como bem sucedidas.

2 FUNDAMENTOS PARA A CRIAÇÃO DE NOVOS ESTADOS Para a criação dos Estados do Mato Grosso do Sul e do Tocantins

concorreram fatores semelhantes aos que atualmente fundamentam o

desmembramento dos estados da Amazônia Legal. Estavam presentes argumentos como antecedentes históricos, a construção de forte identidade sócio-territorial do povo da região, fatores administrativos, econômicos, políticos, sociais e culturais.

Os antecedentes históricos incluem a ocorrência de movimentos emancipacionistas e divisionistas alicerçados em forte identidade sócio-territorial do povo da região, contrastante com a das demais áreas do estado.

Em termos administrativos, as enormes distâncias dentro de uma mesma unidade federada dificultam demasiadamente as ações da administração pública estadual, resultando na impossibilidade de implantação e gerenciamento de programas de interiorização do desenvolvimento. A presença mais próxima do governo do novo estado traria maior racionalidade à administração pública, bem como a melhoria da qualidade de vida das populações interioranas, que seriam mais bem assistidas.

Os fatores econômicos mais importantes são o reduzido volume

de investimentos em obras públicas nas regiões carentes, o que ocasiona o subaproveitamento de suas potencialidades econômicas e a conseqüente estagnação econômica.

Sob o aspecto político-administrativo, a representação política geralmente conta a favor de regiões de maior desenvoltura econômica, com a eleição de reduzido número de deputados estaduais e federais e de senadores originários das regiões mais pobres. Ademais, na formação da administração estadual e na ocupação de cargos administrativos, os quadros dirigentes provêm das áreas mais desenvolvidas economicamente, restringindo o poder

de influência das regiões menos favorecidas nas decisões federais e estaduais.

A redivisão territorial expressaria maior democratização das forças regionais na medida em que implicaria aumento da representatividade político-regional e o fortalecimento do sistema federativo do País. Com a eleição de maior número de representantes da região na Câmara Federal e no Senado, seria dado maior peso aos interesses regionais, garantindo-se, assim, a cidadania de seus habitantes.

3 CRIAÇÃO DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL

As porções norte e sul do antigo Estado do Mato Grosso apresentavam diferenças substanciais em relação à base econômica, com a presença do extrativismo e da agricultura de subsistência ao norte, enquanto o sul apresentava atividade agropecuária ligada a São Paulo e aos estados do sul devido às facilidades de comercialização de sua produção. As diferenças políticas, decorrentes de particularidades na formação da estrutura econômica,

social e cultural das duas regiões, também se faziam sentir há longo tempo, com a deflagração de movimentos separatistas.

A parte norte teve expansão econômica mais lenta, somente consolidando seu crescimento nos anos 70, com a abertura de importantes eixos viários, já existentes ao sul desde 1916, quando da chegada da Estrada de Ferro Noroeste a Campo Grande.

No momento do desmembramento do Estado, o sul apresentava evidentes vantagens comparativas em relação ao norte, pois já possuía o importante pólo econômico de Campo Grande, secundado pelos subpólos de Corumbá e Dourados. O sul também dispunha de localização privilegiada, com integração aos corredores de exportação da área de São Paulo e Paraná.

Ao norte, era recente a formação dos subpólos de Cáceres e Rondonópolis, que se juntavam ao pólo de Cuiabá. A densidade demográfica do sul era bastante superior e enquanto Mato Grosso do Sul passou a ocupar 350.549 quilômetros quadrados, Mato Grosso passou a ser a terceira maior unidade federativa, com 881.000 quilômetros quadrados.

O norte ainda dependia da instalação de infra-estrutura básica para viabilizar o aproveitamento de suas potencialidades agropecuárias, florestais e minerais.

Estimava-se que o remanescente Estado de Mato Grosso teria participação superior na distribuição do Fundo de Participação dos Estados e que o novo estado do sul, pelo elevado potencial já existente, estaria apto a desenvolver-se dentro de uma economia auto-sustentada.

A estrutura administrativa dos dois Estados já se encontrava em nível satisfatório, pois muitas das entidades estaduais, mormente as da administração indireta, possuíam seções para cada porção do território, a exemplo da Cemat (companhia de energia elétrica), o Departamento de Estradas de Rodagem, o Banco do Estado, a empresa telefônica e as instituições universitárias.

Passados 25 anos, o desmembramento evidenciou-se vantajoso

para os dois estados. O Produto Interno Bruto (PIB) do Estado do Mato Grosso, nos anos 70, apresentava-se em nível bem inferior ao do Mato Grosso do Sul. Como se pode ver na Tabela 1, em anexo, com respeito à participação no PIB brasileiro, em 1975, a participação do Estado de Mato Grosso do Sul era o dobro da de Mato Grosso (0,82% contra 0,40%).

No entanto, Mato Grosso foi beneficiado com a inclusão de toda

a sua área remanescente nas fronteiras da Amazônia Legal, beneficiando-se dos incentivos fiscais da extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Sua expansão econômica, ainda como mostra a Tabela 1,

tem sido superior à do Estado do Mato Grosso do Sul. Em 1999, o PIB de Mato Grosso representou 1,20% do PIB nacional contra 1,12% de Mato Grosso do Sul. Além disso, sua quota parte no Fundo de Participação dos Estados (FPE), como foi previsto antes do desmembramento, é mais elevada que a do estado criado, fato evidenciado na Tabela 2 anexa.

A Lei Complementar nº 31/77, que desmembrou o Estado do Mato Grosso do Sul previu a instituição de programas especiais de desenvolvimento para os dois estados, com apoio financeiro inclusive para a cobertura de despesas correntes.

Observa-se que ambos os estados consolidaram suas economias, sendo que a arrecadação dos dois estados relativa ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) supera largamente as

transferências a título do FPE como comprovado na Tabela 4.

4 CRIAÇÃO DO ESTADO DO TOCANTINS

O Estado de Goiás contava, antes da divisão com 642.036 quilômetros quadrados. Após o desmembramento de Goiás, o Estado do Tocantins passou a ocupar a área de 286.706 quilômetros quadrados.

O movimento de emancipação do norte goiano, com a criação do

Estado do Tocantins, esboçou-se mais explicitamente a partir da década de 1940.

Mais uma vez, a diferença entre o norte e o sul do Estado de Goiás teve como fator determinante a estrutura de transportes. A partir do decênio de 30, a ocupação do sul goiano teve como grande impulso a ferrovia e, posteriormente, as rodovias, que propiciavam a drenagem da produção, sobretudo do arroz, para os mercados do Sudeste. O fluxo viário circunscrito ao sul originou forte desequilíbrio econômico entre o norte e o sul de Goiás.

A homogênea economia de subsistência e de pecuária extensiva transformou-se em um sistema de exportação interna agropecuária ao sul, permanecendo a economia do norte do território baseada na pecuária extensiva.

Além da precariedade da comunicação viária, contribuíram para as limitações às possibilidades de desenvolvimento da região de Tocantins em relação ao sul a inadequação da estrutura fundiária norte goiana, as dificuldades de intercâmbio com outras regiões mais dinâmicas, o déficit de energia e a dificuldade de armazenamento da produção. Na região sul, estava a maior densidade econômica e demográfica, enquanto no norte esses aspectos eram mais rarefeitos.

A arrecadação tributária, avaliada pela ótica do ICM (atual ICMS), anteriormente à criação do Estado do Tocantins, encontrava-se num patamar irrisório em relação aos setores de agricultura, pecuária, comércio e indústria. Em 1975 e 1980, a arrecadação de ICM do norte de Goiás representava, respectivamente, 5,33% e 5,37% do total do Estado, dado que as atividades econômicas, antes da criação do Estado do Tocantins, limitavam-se, basicamente, à pecuária tradicional, à agricultura de subsistência e ao pequeno comércio de produtos locais. Ao Estado de Goiás, sem suporte econômico para arcar com os custos envolvidos na manutenção de sua vasta extensão territorial, só restava optar pela prioridade regional que tradicionalmente beneficiava a sua parte sul.

A implantação do Estado do Tocantins, em comparação com o desmembramento do Estado do Mato Grosso, deu-se em um contexto econômico-financeiro do País menos favorável. O contexto estadual também se apresentava desfavorável, com infra-estrutura sócio-econômica inexpressiva, arrecadação tributária e recursos financeiros públicos insuficientes, carência de recursos humanos em nível local e capacidade institucional insuficiente das estruturas administrativas públicas remanescentes de Goiás.

A todos estes fatores negativos adicionou-se a falta de cumprimento pela União da previsão de recursos do Orçamento Federal para

as despesas de instalação do Estado. Excetuadas as transferências obrigatórias do FPE, FPM, FNDE, SUS e outras, durante os sete primeiros anos de sua existência, o Estado do Tocantins não se beneficiou das ajudas financeiras com as quais foram contemplados, para suas implantações, os Estados de Rondônia e Mato Grosso do Sul.

Apesar do ambiente desfavorável, o Estado apresentou algumas

conquistas. A implantação e estruturação de distritos industriais nos principais pólos de desenvolvimento foram primordiais para a consolidação industrial de Tocantins. De 1990 a 1995, houve crescimento de 26,9% no setor, passando de 1.783 estabelecimentos em 1990, para 2.274 em 1995.

Conforme mostra a Tabela 3, a arrecadação do ICMS de Tocantins, que antes do desmembramento, girava em torno de 5,3% do total

do antigo Estado de Goiás, em 2001, representou 27,6% da arrecadação goiana.

Entretanto, apesar dos patamares crescentes de arrecadação do ICMS, o que indica alargamento de sua base econômica, configura-se ainda relativa dependência em relação aos recursos transferidos do FPE, situação que difere da encontrada nos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A relativa dependência em relação ao FPE decorre, como já mencionado, do fato de que a base econômica de Tocantins, no momento da separação, era bem mais frágil que a de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

5 CONCLUSÃO

A redivisão territorial do País, muitas vezes, é vista como solução para os problemas das disparidades intra-regionais, pois muitas das carências apresentadas pelas áreas estaduais menos desenvolvidas decorreriam da impossibilidade de administrar racionalmente unidades federativas de grande extensão territorial.

No entanto, deve-se considerar que a existência de disparidades regionais é inerente ao processo de desenvolvimento, apresentando-se mais ou menos acentuada em todos os países.

Também há que se reconhecer que extensas áreas territoriais não são, necessariamente, desvantajosas na medida em que há maiores possibilidades de se encontrar uma gama variada de recursos naturais e de se dispor de território suficiente para comportar populações maiores. O grande espaço, contudo, apresenta-se pouco útil quando há má distribuição e administração deficiente e falta de aproveitamento racional de sua área.

Verifica-se que as regiões menos desenvolvidas apresentam, em comum, infra-estrutura estratégica (transportes, energia, comunicações) extremamente precária. Sabidamente, as regiões que não possuem sistema viário adequado tendem a permanecer economicamente estagnadas porque, mesmo que apresentem potencial econômico elevado, não têm como escoar e comercializar sua produção de forma eficiente.

Em vista da extrema carência de infra-estrutura, notadamente de transportes e energia, apresentada pela Região Norte em comparação com o Centro-Sul surge a questão do que seria mais viável: proceder à nova divisão territorial ou integrar a região a um sistema de planejamento e desenvolvimento regional que investisse pesadamente na instalação de obras de infra-estrutura, visando ao aproveitamento das suas potencialidades latentes.

O atual quadro de extrema escassez de recursos públicos na área federal certamente não assegura que os investimentos necessários poderão ser viabilizados, mas, em compensação, os recursos espendidos com a instalação da estrutura político-administrativa dos novos estados poderiam ser alocados aos investimentos em infra-estrutura.

Igualmente, pode-se pensar se não seria menos dispendioso e, ao

mesmo tempo, mais eficaz proceder-se à redivisão municipal, uma vez que muitos municípios da Amazônia possuem extensão erritorial maior que a de alguns estados brasileiros, a exemplo do município de Oriximiná, no Pará, cuja área é de 109.122 quilômetros quadrados.

Outro aspecto da criação de novas unidades federativas relaciona-se ao argumento de que a redivisão territorial fortalece o pacto federativo. A assertiva não é necessariamente verdadeira, pois a criação de estados e territórios que não dispõem de autonomia financeira aponta para o enfraquecimento da federação na medida em que estas novas unidades apresentariam grande dependência de recursos transferidos pelo governo federal. Ademais, a criação de novos estados diminui a receita de FPE redistribuída entre os antigos estados, podendo agravar a situação dos que apresentam maior dependência das transferências federais.

É indispensável, então, que as novas unidades federativas apresentem viabilidade financeira para fazer face às novas despesas, além de viabilidade econômica para garantir melhor qualidade de vida a sua população, pois, caso contrário, já nascerão em situação de extrema dependência em relação às transferências de recursos federais, o que, no atual contexto de sucessivas crises econômicas, dificilmente poderá ser revertido.

Como asseverou Manoel Gonçalves Ferreira Filho, “a existência

real de autonomia depende da previsão de recursos, suficientes e não sujeitos a condições, para que os Estados possam desempenhar suas atribuições. Se insuficientes ou sujeitos as condições, a autonomia dos Estados só existirá no papel em que estiver escrita a Constituição”.

Consultoria Legislativa, 07 de novembro de 2002.

Cláudia Cristina Pacheco Moreira

Consultora Legislativa


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