Rousseff: A dama de ferro tupiniquim

Obedece quem tem juízo

Eliane Cantanhede

Folha de S. Paulo

26/10/2006

BRASÍLIA - Com as quedas de Dirceu e de Palocci e com o esfarelamento do "núcleo duro", Dilma Rousseff -que só trocou o PDT pelo PT em 2001- passou a ser o homem forte do governo Lula.

Sua primeira afirmação de poder foi quando comandou o Minas e Energia com mão de ferro, ampliou o sistema elétrico e baixou tarifas.

Depois, assumiu a Casa Civil no lugar de Dirceu, em junho de 2005, e seis meses depois já criava o maior fuzuê com Palocci ao criticar publicamente a política de arrocho.

Superados Dirceu e Palocci, ela chega ao provável segundo mandato como dois-em-um: formalmente na Casa Civil, na prática ela interfere também na Fazenda.

Não é segredo que Dilma manda em Guido Mantega (Fazenda), em paulo bernardo (Planejamento), em Silas Rondeau (Minas e Energia) e sai atropelando. Mesmo com todo o seu prestígio com Lula, Celso Amorim que se cuide. Logo, logo, ela vai querer se meter na área externa. Se é que já não se mete.

O poder de Dilma vale para dentro e para fora do Planalto. Dentro, porque se comporta como professora implacável, e os ministros morrem de medo dela. Fora, porque passou a verbalizar as mudanças que se avizinham, desde o mergulho do Brasil na energia nuclear à guinada desenvolvimentista.

Dilma, porém, precisa dosar bem os limites, para não começar a provocar desconforto no chefe. Até por ser acusado de nunca ter administrado nada na vida, nem uma mera diretoria pública ou uma prefeitura do interior, Lula gosta de demonstrar poder e comando. E, pior, detesta concorrência.

Ele vivia incomodado com Dirceu e com Palocci. Dirceu resistia aos "toques", embevecido pela aura de eminência parda do governo. Palocci sorria, bonachão, fazendo gênero humilde e cordato.

O risco de Dilma, portanto, é curioso: seu poder pode se tornar justamente sua maior fraqueza.

Por isso Lula não fala do Norte

81% da receita federal vem do Sul e Sudeste

Estudo revela que regiões respondem pela maior parcela da carga tributária, embora concentrem só 57% da população

Mesmo perdendo espaço no PIB nacional, São Paulo ainda responde por quase 41% de todos os tributos federais pagos em 2005


Leia manchete do jornal Folha de São Paulo de hoje, assinada pelo repórter Marcos Cézari e entenda porque o Norte do país é um ilustre desprezado pelo Plano de Governo de Lula.

A reportagem completa aqui (para assinantes)

Lula ganhou o primeiro turno das eleições do Norte. Como o povo tende a votar nele novamente no segundo turno, siganifica que o presidente está fazendo um ótimo trabalho no Norte, seu governo é um primor de gestão na Amazônia.

Vote no Lula e se lasque!

Defenestrados nas urnas se engalfinham por vaga no TCU

Vaga de ministro do Tribunal de Contas da União tem de ser preenchida e já atrai disputa na Câmara

QuidNovi

Ao menos três deputados já começam a pedir votos aos colegas para ver seus nomes indicados a uma vaga aberta no Tribunal de Contas da União. São eles Robson Tuma (PFL-SP), que não se reelegeu deputado, Moroni Torgan (PFL-CE), que perdeu a disputa para o Senado e Ney Lopes (PFL-RN), candidato a vice de Garibaldi Alves no Rio Grande do Norte e que já não tem esperanças de assistir a sua chapa vencer o pleito do próximo domingo. Ignorando o projeto dos três deputados o ministro Ubiratan Aguiar, do TCU, que já foi deputado pelo PSDB cearense por três Legislaturas, acalenta um sonho: ver o secretário-geral da Mesa da Câmara, Mozart Viana, indicado para a vaga. Aguiar já pediu a Aldo Rebelo que apadrinhe a indicação de Viana.

Estado policial

Esse é o estado policial que o governo Lula parece querer implantar

Arthur Virgílio (AM) sobre e revista da Polícia Federal no senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA)


Coluna do Claudio Humberto hoje.

PF invade quarto do hotel em que senador Flexa Ribeiro estava hospedado em Marabá

Ag. Senado
A confusão foi grande hoje em Marabá.

A Polícia Federal, tendo a frente uma delegada, com a justificativa de cumprir um mandato de busca e apreensão, adentrou com truculência o quarto do hotel onde o senador paraense Fernando Flexa Ribeiro (PSDB/PA) estava hospedado. Justificativa: busca de propaganda eleitoral irregular, que seria um jornal editado pelo jornalista Ronaldo Brasiliense em que foram publicadas matérias atacando a senadora Ana Júlia Carepa, candidata ao governo daquele Estado.

Eis a íntegra da nota enviada ao blog pelo senador Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado Federal:

NOTA À IMPRENSA DO LÍDER DO PSDB NO SENADO

O Senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), hospedado num hotel da cidade de Marabá-PA, foi acordado por volta das 6 horas de hoje por uma delegada e alguns agentes da Polícia Federal, que entraram no apartamento de forma truculenta. De nada adiantou ele se identificar como Senador da República. Tentaram obrigá-lo a abrir uma mala, o que se recusou a fazer, mas a delegada o fez.Foi ato de flagrante arbitrariedade. O Senador, como qualquer cidadão deste País, merece respeito. Não foi o que ocorreu. A delegada e seus agentes recusaram-se até a se identificar. Simplesmente mandaram o Senador, se quisesse, interpelar judicialmente a ação policial.A alegação foi de que se cumpria mandado judicial de busca e apreensão. Não era, porém, especificamente contra o Senador. O objetivo era proceder, no hotel, à busca e apreensão de um jornal que faria críticas contundentes à candidata petista Ana Júlia Carepa e às suas alianças, a começar pelo PMDB do Deputado Jader Barbalho. O apartamento do Senador teria sido escolhido aleatoriamente. Esse é o estado policial que o governo Lula parece querer implantar. A Polícia Federal, respeitável instituição, com tantos e relevantes serviços prestados ao País, vem sendo forçada a atuar como instrumento de terrorismo político do governo petista do presidente Lula. Foi assim em relação ao caseiro Francenildo, é morosa quanto aos delinqüentes da república petista e anda a passo de tartaruga na investigação da origem do dinheiro criminoso apreendido com os petistas em São Paulo. Tão logo fui informado sobre esse lamentável episódio, dei, na condição de Líder da Bancada, total solidariedade ao companheiro Flexa Ribeiro e tomei as seguintes providências:
1) Telefonei para o Presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, para pô-lo a par do ocorrido e cobrar dele que ordene à Advocacia do Senado entrar com representação na Corregedoria da Polícia Federal;
2) Telefonei para o ministro Márcio Thomaz Bastos pedindo também as providências cabíveis para que o clima eleitoral não venha a causar arranhões no regime democrático que todos nós devemos preservar. E com ele continuei a manter contato no correr do dia.

Brasília, 25 de outubro de 2006
Senador Arthur Virgílio Líder do PSDB

Aloprados paraenses

Começa a ser revelado os nomes dos "aloprados" paraenses militantes do Partido dos Trabalhadores que lideraram um protesto durante toda a madrugada com a intenção de invadir e "empastelar" a sede do Jornal Opinião, no município de Marabá, sul do Pará.

São dirigentes ligados ao Diretório Municipal do PT naquele município, entre eles o ex-vereador Luis Carlos Pies, marido da deputada eleita Bernadete ten Caten, a própria Bernadete, Toinha do PT e outros membros dirigentes, disse ao blog uma fonte marabaense.

Petistas tentam empastelar Jornal Opinião no Pará

Um grupo de militantes do Partido dos Trabalhadores liderados pela dirigente Toinha do PT, cercou a sede do Jornal Opinião em Marabá desde a meia noite de ontem.

Gritando palavras de ordem e protestando contra o dono da publicação, jornalista João Salame Neto, eleito deputado estadual pelo PPS, que supostamente estaria rodando na Gráfica do Opinião, um "jornal apócrifo" com reportagens dos aliados da senadora-candidata ao governo do Pará, Ana Júlia Carepa e alguns companheiros de partido, presos e algemados pela Polícia Federal sob mando judicial pela prática de vários crimes contra a administração pública, como o deputado federal reeleito Jader Barbalho, presidente regional do PMDB no Estado e Beto da Fetagri, eleito deputado federal pelo PT e que fora preso quando era o superintendente do Incra no Pará e comandava uma máfia que "esquentava" documentos para grileiros na Amazônia. Acamparam desde a meia noite de ontem cercando as dependências do jornal.

Hoje pela manhã, a Polícia Federal abriu o jornal com uma chave-mestra, sem a presença de nenhum funcionário da empresa de comunicação, de posse de um mandato judicial expedido pela Justiça Eleitoral.

"Era um mandato de busca e apreensão", disse ao blog, Eleutério da Silva Gomes Filho, editor-Chefe do Opinião.

"Os policiais entraram no jornal e com muito custo os militantes petistas não invadiram a empresa e 'empastelaram' o jornal", relatou Gomes Filho.

"Não encontraram nada, até mesmo porque nada temos a haver com este jornal que está circulando na cidade", explicou o editor.

O jornal que teria despertado a “ira” e protestos ao longo de toda a madrugada de militantes petistas, que cercaram a sede do jornal marabaense, não é apócrifo. A publicação é assinada pelo jornalista Ronaldo Brasiliense, um profissional de reconhecida competência, que já chefiou na Amazônia as sucursais das Revistas Veja e Isto É e foi repórter especial de jornais como Correio Braziliense e Jornal do Brasil.

"É um flagrante atentado à liberdade de imprensa. Esse pessoal do PT é pior que os nazistas", disse Gomes Silva, que comparou o que se passou ao longo da madrugada e toda a manhã de hoje como desespero eleitoral dos petistas que ganharam as eleições no 1.o turno e estão inconsoláveis com a virada apontada pelas pesquisas de consumo interno que apontam Almir Gabriel como líder folgado em Marabá e em toda a região sul/sudeste do Pará, com uma diferença de quase 300 mil votos de vantagem contra sua adversária.

Ninguém da bancada petista aqui em Brasília quis comentar os acontecimentos em Marabá.

Saiu a nova pesquisa! Minta..muito! Engane...muito!

Conterrâneos. Liberou geral! Se você for pego em alguma bandalheira é só jurar que não sabia, que nunca viu e que nunca mais mentirá de novo!

Chega de mentira, vamos à verdade

Privatização: a verdade dos números

Artigo - MARIA SILVIA BASTOS MARQUES

O Globo 25/10/2006

O debate eleitoral trouxe novamente à tona a questão da privatização. Um debate de frases emocionais e vazio de conteúdo.

O processo de privatização, ocorrido nos anos 90, foi um dos mais importantes impulsionadores do crescimento e da modernização do país, bem como da inclusão social. Para não mencionar outros aspectos, como respeito ao meio ambiente, inovação tecnológica e aumento da concorrência e da qualidade de produtos e serviços - fortalecendo o papel do consumidor e a redução de preços.

A privatização, sempre em leilão público, abrangeu de siderurgia e mineração a bancos estaduais, telecomunicações, energia e aviação. Uma história de sucesso. E, ao contrário do que se diz, inteiramente alinhada aos interesses dos brasileiros.

Em diversos casos, como nos da CSN e Embraer, o Estado, através do Tesouro Nacional, deixou de custear empresas deficitárias e até pré-falimentares, liberando recursos para funções realmente públicas, como segurança, saúde e educação. Ademais, as empresas, então inadimplentes com os fiscos, fornecedores e empregados, passaram a gerar lucros expressivos e a recolherem regularmente impostos e contribuições, reforçando os recursos para o setor público. Para ilustrar, o prejuízo consolidado das empresas siderúrgicas em 1992 foi de US$260 milhões enquanto seu lucro consolidado em 2005 foi de US$4 bilhões.

Os investimentos, fundamentais para o crescimento do país, aumentaram significativamente, livres das amarras do Estado. Na siderurgia foram investidos US$16 bilhões após a privatização, em proteção ambiental, qualidade e modernização, preparando o setor para um novo ciclo de expansão da capacidade. A Vale do Rio Doce investirá US$4,6 bilhões em 2006, mais de dez vezes o valor investido em 1997. Sem mencionar a aquisição da mineradora canadense de níquel, Inco, por US$18 bilhões. O setor de telecomunicações investiu R$165 bilhões no período 1996-2005.

A Vale do Rio Doce, que possuía 11 mil funcionários em 1997, em 2006 tem 44 mil empregados diretos e 93 mil indiretos. Além disso, seus investimentos poderão criar 33 mil novos empregos diretos entre 2005/10, além do mesmo montante em empregos indiretos, ou seja, trata-se de 66 mil novos empregos. Os postos de trabalho no setor de telecomunicações, inferiores a 200 mil antes de 2000, hoje ultrapassam os 300 mil.

Do ponto de vista da responsabilidade ambiental, a mudança é paradigmática. As empresas estatais eram grandes poluidores do meio ambiente, negligenciando as proteções mínimas necessárias às suas atividades. A CSN, conhecida como "monstro do Paraíba", por despejar resíduos tóxicos no rio que abastece o Estado do Rio, tornou-se exemplo de respeito ao meio ambiente após investir centenas de milhões de dólares em equipamentos preventivos e em recuperação de áreas degradadas. A Cosipa fez igualmente investimentos significativos, tornando uma história do passado os graves problemas decorrentes do descaso ambiental da então empresa estatal.

Do ponto de vista da inclusão social, o caso das telecomunicações é único no mundo. Em menos de uma década reverteu-se um quadro pré-histórico, em que para ter um telefone era preciso pagar uma assinatura cerca de cinco anos, sem a garantia de ter a tão sonhada linha. A linha era um ativo tão caro que era declarada no Imposto de Renda! Claro que somente as classes A/B tinham acesso a este serviço. Hoje os serviços de telecomunicações (fixo, móvel, TV por assinatura e banda larga) são prestados a 141 milhões de brasileiros. A base de clientes de telefones celulares cresceu mais de 1300%, de 7 milhões em 1998 para cerca de 100 milhões atualmente. Ainda mais importante: desse total, 60 milhões são das classes C/D/E. Como essa população não tinha acesso a esses serviços, tem-se o maior instrumento de inclusão social já visto neste país. Em relação ao acesso fixo ou celular nas residências, em 1998 apenas 32% tinham acesso aos serviços. Em 2005, 72% dos domicílios já desfrutavam desses serviços - um espetacular aumento de 124%.

A maior competição e concorrência, com a vinda de novas empresas para investir e operar no país, e a competição entre empresas privatizadas, como na siderurgia e telecomunicações, antes sob o guarda-chuva de cartéis estatais (Siderbrás e Telebrás), fortaleceram o papel do consumidor e reduziram preços de produtos e serviços. Tudo isto aliado a um inequívoco aumento na qualidade dos mesmos.

O processo de privatização também teve forte impacto na profissionalização da gestão das empresas, movimento que se espalhou por toda a economia, com reflexos positivos na governança, no respeito à comunidade, ao meio ambiente, empregados, fornecedores, clientes e acionistas. Estas mudanças também se refletiram no fortalecimento do mercado de capitais, com a forte elevação do valor de mercado das empresas agora privadas.

Muito mais pode ser dito sobre os aspectos positivos das privatizações. Como em relação aos bancos estaduais, antigos fomentadores de déficit público e inflação, e a contribuição das empresas privatizadas às exportações. Mas o que cabe perguntar é por que, no debate eleitoral, oportunidade ímpar para a discussão dos problemas nacionais, não se discute a fundo a - esta sim - indesejada privatização dos serviços essenciais à população, como saúde, segurança e educação. Debate inadiável em um país em que apenas a população de alta renda tem acesso a serviços de qualidade, ficando as classes menos favorecidas desguarnecidas e sem esperança.


MARIA SILVIA BASTOS MARQUES foi diretora financeira do BNDES, secretária de Fazenda da cidade do Rio de Janeiro e presidente da Companhia Siderúrgica Nacional

The Iron Valley Company: The Best

Panorama Econômico

O Globo, 25/10/2006

Míriam Leitão - Onda de 'Brazil'

Ela nasceu com sotaque inglês: Itabira Iron Ore. Na Segunda Grande Guerra, virou parte do esforço de guerra dos aliados e, através dos "Acordos de Washington", foi incumbida de produzir matéria-prima para as armas com as quais se enfrentou o eixo. Na paz, a Vale deu um salto vendendo para o mercado dos ex-inimigos, os japoneses. Na moderna fase da economia mundial, virou a maior fornecedora dos chineses. Agora comprou a centenária Inco, do Canadá.

Desde ontem, a empresa que na primeira metade do século passado começou a explorar minério de ferro no Pico do Cauê - deixando escavado para sempre o coração do poeta Carlos Drummond de Andrade - é a segunda maior mineradora do mundo, dona de uma empresa ainda mais velha e tão famosa: a canadense Inco, de 104 anos.

É um salto que vai endividá-la e potencializar seus riscos, mas a tornará, definitivamente, uma empresa global. A operação foi bem-sucedida, depois de três meses de negociação com autoridades regulatórias canadenses e antitruste nos Estados Unidos e Europa. Os quatro bancos que deram garantia para a oferta do dinheiro há três meses fizeram uma oferta internacional, e houve proposta de financiamento de até US$30 bilhões. A Vale já é investment grade, até subiu dois níveis acima.

Logo que a proposta foi anunciada, as ações caíram, e as agências de rating soltaram notas de alerta. Estudada a operação, a Standard & Poor's diminuiu ontem a nota de crédito da Vale e alertou para um novo rebaixamento. Ontem as ações da companhia subiram. A Vale ficará muito mais dependente que antes do ritmo de crescimento mundial, em geral, e da demanda chinesa, em particular. O minério de ferro está com preço garantido até o próximo mês de março, porque o comércio é regulado por contrato anual. Nos últimos dois anos, ela conseguiu aumentos de 70% e 19% nos preços dos produtos. Os chineses já avisaram que, no ano que vem, os preços terão que baixar. A conferir. O mercado de commodities, em geral, tem caído um pouco. O níquel teve altas expressivas nos últimos anos; seu preço é hoje quase quatro vezes o do início de 2003. Poderá continuar subindo. Se cair, como a Vale enfrentará seu novo grau de endividamento com queda de receita?

Não é uma operação sem riscos, mas é um passo importante num momento em que outras operações semelhantes estão sendo feitas no mundo, tanto que a Inco teve três propostas, e a Vale foi a melhor de três.

Para a companhia brasileira, não havia outra alternativa senão sair de casa. Apesar de ser uma empresa que tem a maior parte de sua receita vinda do exterior, ela tinha quase todos os seus ativos num país só. Durante a última fase como estatal, ela fez diversas compras no processo de privatização. Era uma contradição: a Vale estatal comprava participação das siderúrgicas estatais privatizadas. Depois que ela mesma foi vendida, fez aquisições apenas dentro do Brasil: Samitri, Samarco, Caemi. O resultado é que só 3% dos seus ativos estavam fora do país.

O mundo está assistindo a um processo de empresas de países emergentes comprando empresas globais. As chinesas já compraram ícones importantes. Fiquemos apenas em uma: a IBM, que virou Lenovo. As indianas estão dando seus saltos, e o caso mais famoso foi o da Mittal, que alega não ser indiana legítima, mas européia, para reduzir a reação dos franceses dos quais comprou a Arcelor. A também indiana Tata está fazendo sinais para a siderúrgica inglesa Corus, na qual a CSN está de olho. A CSN, aliás, está em vias de fechar um negócio com a americana Wheeling Pittsburgh, no qual ficará com 49,5% da empresa. O grupo Gerdau, fora do Brasil, já tem hoje 12 unidades nos Estados Unidos, três no Canadá, seis em países da América do Sul e agora mira na China. A Votorantim tem sete fábricas de cimento e 39 usinas de concreto nos Estados Unidos e Canadá. A Weg, que nasceu em Santa Catarina, é uma das três maiores fabricantes do mundo de motores elétricos e está em Portugal, México, China e Argentina. A gaúcha Marcopolo, que faz carrocerias de ônibus, tem fábricas em Portugal, México, Colômbia e África do Sul. Até o fim do ano, abrirá uma unidade na Rússia em parceria com a Ruspromauto e, no segundo semestre de 2007, na Índia, com a Tata Motors. A Embraco foi a primeira a ir para a China. A Coteminas também se prepara para ter uma fábrica na China. A Petrobras se espalha por vários países, com direito até a ser considerada, injustamente, multinacional exploradora na Bolívia. A compra feita pela Vale é a mais importante operação já feita pela América do Sul.

Mas, há muito mais tempo do que se imagina, o Brasil tem ido para o exterior para a compra de ativos lá fora. O Banco Central divulgou em setembro que o volume de Investimento Direto no Exterior, ou seja, o dinheiro investido no exterior em ativos produtivos chega a US$71 bilhões.

Pela análise dos especialistas, o Brasil é o país que está fazendo o movimento mais atrasado de ir para o exterior. Mesmo assim, existem 12 empresas brasileiras na lista das 100 maiores desafiantes globais dos países emergentes elaborada pelo Boston Consulting Group.

A Vale, no Brasil, tem o talento de ser natural de todos os lugares onde atua. Em Minas, dirão que, claro, é mineira porque, como o nome diz, é do Vale do Rio Doce. No Espírito Santo, dirão que ela é tão capixaba quanto Tubarão. No Pará, tão paraense quanto Carajás. No Maranhão, ela é da terra do Porto de Itaqui. Terá agora que aprender a ser canadense, sem deixar de ser brasileira, afinal, como dizia Drummond: "Cada um de nós tem um pedaço do Pico do Cauê."

Pesquisa uma ova!

ESTÁ FALTANDO ZIRIGUIDUM

O Quinto Poder








Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
mlucia@sercomtel.com.br

Muitas pessoas têm comentado que não encontram eleitores de Luiz Inácio, em que pese todas as pesquisas apontarem o candidato e presidente como imbatível já no primeiro turno. Familiares, amigos, vizinhos, conhecidos, desconhecidos, gente humilde, gente endinheirada, ninguém assume o voto no petista. Até seus ex-adeptos se dizem decepcionados. O que transparece são queixas, indignação, temor de um segundo mandato.

Esse artigo resume o nível de manipulação e safadeza desses institutos de pesquisas.

Leia o artigo completo aqui.

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