Ong´s x Ong´s

A revista Isto É desta semana coloca o dedo na ferida da sangria que se transformou o repasse de verbas federais às ONG´s no Brasil. A CPI pode até virar pizza - como as demais - mas, deverá gerar uma série de procedimentos no Ministério Público e mudança efetiva para impor regras nessa farra sem fim.

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A vez das ONGs

No Paraná, entidade é acusada de desviar R$ 19,6 milhões com autorização do governador. Em Brasília, o Congresso começa a investigar as organizações de todo o País, que, nos últimos sete anos, receberam R$ 33 bilhões do governo federal

Por HUGO MARQUES - Enviado especial a Curitiba.

EVERSON BRESSAN-SECS
Contrato 103/2006
Formato suspeito
Devolução
A guerra da CPI das ONGs

Depois de enfrentar por um ano a resistência da base do governo, a oposição finalmente conseguiu instalar a CPI das ONGs no Congresso Nacional. A investigação da CPI vai compreender os últimos sete anos, período em que o governo repassou R$ 33 bilhões para instituições sem fins lucrativos, quase o dobro do que a União transfere por ano aos Estados na área de saúde. Há casos de desvios de verbas de Estados e municípios que também desembocarão na CPI, já que todas as unidades da Federação recebem dinheiro do governo federal para repassar às nstituições. Há um padrão comum aos casos que serão identificados: o desvio de dinheiro público e as ligações entre as autoridades que autorizam os contratos e os responsáveis pelas instituições que recebem as verbas. Um caso com todas essas características que deverá receber a atenção da CPI vem do Paraná.

Resultado da Enquete

Na sua opinião o que é trabalho escravo?

Gente sendo explorada no campo e na cidade >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 6 (40%)

Trabalho forçado e sem direito a salário >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 6 (40%)

Não existe. Trata-se de irregularidade trabalhista do empregador>>>>>>>>>>>>>>> 2 (13%)

É o que faço na minha casa e empresa pois, não assino a carteira de meus empregados >>>>>>>>>1 (6%)

Como era esperado por este poster as pessoas simplesmente não sabem o que vem a ser trabalho escravo.

Renascer da encrenca

O deputado federal Geraldo Tenuta Filho (DEM-SP), conhecido como Bispo Gê, será alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), aberto pelo ministro Celso de Mello a pedido do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. Bispo Gê será investigado por ter contratado como funcionários fantasmas de seu gabinete, ainda quando era deputado estadual, Fernanda Hernandes Rasmussen e Douglas Adriano Rasmussen. Fernanda é filha dos fundadores da Igreja Renascer em Cristo — Estevam e Sonia Hernandes — e casada com Rasmussen.

Senador Marconi Perillo pego em flagrante

Não falta mais nada que os políticos cara-de-pau não possam fazer! A turma de políticos cara-de-pau é o segmento político que mais cresce no Brasil, independente de classe social, ideologia ou seja mais o que se possa definir para essa classe que periga ser a sub-classe dominante no cenário político nacional.

Ontem voltando para minha casa e, como sempre faço, ouvindo no rádio do carro a Voz do Brasil, tomei conhecimento do que o Correio Braziliense de hoje chamou de : "A escolinha do senador Perillo".

A Procuradora do Estado do Goiás, terra natal e curral eleitoral do ex-governador, denunciou o político e a mulher dele por tratamento privilegiado. Segundo a ação, a faculdade de Goiânia criou uma turma de direito exclusiva para o casal, com horários especiais de aula! Pode Giozinei?

O senador Marconi Perillo (PSDB-GO) é um aluno especial. A mulher dele, Valéria Perillo, também. A Faculdade Alves Faria (Alfa), em Goiânia, montou uma turma de direito exclusiva para os dois, com aulas segunda, sexta e nas manhãs de sábado. Agora as aulas dos Perillo se transformaram em caso de Justiça.

O Ministério Público Federal em Goiás (MPF) ajuizou uma ação civil pública contra a União, a faculdade, Marconi e Valéria por concessão de tratamento privilegiado a agente político. A procuradora Mariane Guimarães Oliveira quer que a 9ª Vara Federal de Goiânia coloque fim ao privilégio do senador, que foi governador de Goiás por dois mandatos consecutivos.

“Peço na ação para transferirem os dois para uma turma normal ou para colocarem mais alunos na turma do senador. O que não pode é continuar o tratamento vip (sigla em inglês para pessoa muito importante)”, afirma a procuradora. Além de horários especiais, a ‘turma’ do senador conta com uma sala de aula exclusiva. Contudo, os dois, de acordo com a procuradora, pagam a mesma mensalidade que os demais alunos da faculdade, que estudam em horários convencionais e salas coletivas. O preço varia de R$ 600 a R$ 650, dependendo do dia do pagamento.

A procuradora afirma, na ação, que o valor pago pelos dois alunos especiais não custeia toda a estrutura mobilizada para atendê-los. “O privilégio deles é pago pelos outros alunos”, observa Mariane Oliveira. Por isso, o MPF pede que a faculdade, Marconi e Valéria Perillo sejam condenados a pagar indenização aos alunos da escola, com base no custo de manutenção da sala de aula especial, durante o período em que foi mantida às custas das mensalidades pagas pelos demais estudantes.

Assédio
Para o Ministério Público, a faculdade fere o princípio básico de igualdade de acesso e permanência, previsto na constituição. Para justificar a turma especial, a Alfa argumentou que a presença do senador e da ex-primeira-dama numa sala convencional poderia prejudicar o rendimento das aulas. “Se estivessem na sala de aula com os demais alunos, seriam assediados pelo carisma e admiração que lhe são peculiares”, afirmou a direção da faculdade ao MPF.

O argumento não convenceu a procuradora. Ela compara Perillo aos príncipes William e Harry, da Grã Bretanha. “Até os príncipes freqüentaram escola e faculdade normal. Não está previsto em nenhum lugar a instalação de salas de aulas especiais para senadores da República ou ex-governadores, muito menos para familiares deles”, critica a procuradora. Para ela, o princípio da igualdade foi violado e os Perillo, bem como a faculdade, devem ser punidos.

A denúncia foi encaminhada ao Ministério Público Federal por um adversário político de Perillo. Há seis meses, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) apresentou uma representação relatando a situação do senador goiano e da mulher dele. A procuradora conta que, antes de apresentar a ação, ouviu a faculdade e o Ministério da Educação.

De acordo com Mariane Oliveira, o ministério aceita esse tipo de situação desde que a carga horária mínima seja cumprida. Mas ela acredita que, como o senador anunciou que pretendia adiantar o curso durante o recesso parlamentar, dificilmente a faculdade cumpre as exigências do ministério. A assessoria de Perillo foi procurada para dar a versão do senador, mas não retornou até o fechamento desta edição.
Nota do blog: Ocasal está cotadíssimo para levar o Troféu casal cara-de-pau desse ano. Seu forte opositor é o casal casal fundador da Igreja Renascer em Cristo, o "apóstolo" Estevam Hernandes Filho, 53, e sua mulher, "bispa" Sônia Haddad Moraes Hernandes, 48, acusados de contrabando de dinheiro e conspiração para contrabando de dinheiro. Os "anjinhos" foram condenados pela justiça americana a 140 dias de reclusão, cinco meses de prisão domiciliar e dois anos de liberdade condicional, e também a pagar uma multa de US$ 30 mil cada.

Arre égua!

O Partido da Imprensa

Foto: Val-André
Davis Sena Filho
O jornalista Davis Sena Filho se formou em Comunicação Social na Escola de Comunicação (ECO) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Trabalhou como editor, redator, repórter em jornais, revistas, televisões, bem como foi assessor de imprensa em vários órgãos públicos e instituições, além de sindicato, nas cidades de Brasília e do Rio de Janeiro.

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O Partido da Imprensa

Terça-feira, 25 de setembro de 2007

Formei-me em jornalismo há 24 anos, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Naquele tempo eu via a imprensa, a chamada “grande” imprensa com bons olhos, como uma ferramenta de proteção aos mais fracos, além de considerá-la, apesar de pertencer à iniciativa privada, entidade democrática disposta a lutar pelas liberdades de pensamento, com o propósito de, por exemplo, apoiar ações que efetivassem a distribuição de renda, de terras, enfim, das riquezas produzidas pelos trabalhadores e acumaladas pelos empresários deste imenso País injusto.

Este era meu ideário, meu pensamento sobre o futuro do Brasil. Como me formei na metade da década de 1980, cujo presidente da República era o general João Figueiredo, via a imprensa como um baluarte inexorável em favor de uma sociedade que se tornasse justa, democrática, livre em busca da paz entre os homens, que somente acontece por intermédio da implementação constante da justiça social.

Como vivíamos ainda em um regime de força, que teve seu auge nos idos de 1968 a 1973, a imprensa, recém-saída da censura, que “acabou” definitivamente em 1978, era vista por mim, jovem jornalista, como um instrumento de resistência aos que transformaram a República brasileira em uma ditadura militar, com a aquiescência e o apoio financeiro e logístico de influentes segmentos econômicos da sociedade civil, que viram na ascensão dos militares ao poder uma forma também de aumentar seus lucros, sem, no entanto, ser alvo de quaisquer questionamentos, já que havia a censura e a oposição política à ditadura se encontrava em um momento de perseguição política e sem voz ativa para ser ouvida, inclusive pela “grande” imprensa que, empresarial, aliou-se aos novos donos do poder.

O jornalista, minimamente alfabetizado, experiente e informado, independente de sua formação cultural, política e ideológica, independente de sua influência e de seu contracheque, sabe ou finge não saber que os proprietários da “grande” imprensa são megaempresários, inquilinos do pico da pirâmide social mundial e pontas-de-lanças dos interesses do capital. A imprensa burguesa censura a si mesma, quando considera que os interesses empresariais estão a ser contrariados.

O faz de forma rotineira, ordinária, e expurga de seus quadros aqueles que não se unem ao pensamento único do Partido da Imprensa, que é o de disseminar, ou seja, propagar, aos quatro cantos, que não há salvação fora do mercado de ações, dos jogos bancários, da especulação imobiliária e da pasteurização das idéias, geralmente difundidas pelos doutores, mestres e professores das universidades e dos órgãos de supremacia e de expoliação internacional como o BID, o Bird, o FED, a ONU, a OEA, a OTAN, o FMI, a OMC e até mesmo a OMS.


Paralelamente, o Partido da Imprensa elege como adversários aqueles que contestam o sistema do capital como ele o é, ou seja, concentrador de renda, e exigem que ele se democratize, no sentido de ele diminuir as diferenças entre as classes sociais e com isso efetivar uma equiparação, uma eqüanimidade entre os indivíduos que compõem o tecido social das nações que integram o planeta e são vítimas da geopolítica, que na verdade é a ferramenta do apartheid social e econômico dentre os países.

Os “inimigos” da imprensa burguesa geralmente são os políticos que têm uma visão soberana em relação ao país que administram e acreditam em idéias e ideais que qualifiquem os homens como iguais. São politicos que elaboram e adotam programas distributivistas. São políticos nacionalistas, como os presidentes estadunidenses, porém sem ser xenófobos, e que lutam pelo desenvolvimento do país, a fim de conquistar tecnologias e pesquisas científicas próprias, ter o controle das diferentes energias, além de acreditar em uma diplomacia não-alinhada aos países dominantes, com o objetivo de efetivar uma relação de igual para igual e não subordinada e servil, como muitos jornalistas do Partido da Imprensa, a soldo de seus patrões, de forma inadvertida e irresponsável apregoam e querem.

A imprensa burguesa acusa e sentencia, difama e calunia, dissimula e desinforma e mente se preciso for e se julgar que determinado governante não vai ler por sua cartilha, que é a mesma dos grandes conglomerados e trustes intenacionais. Porque, como disse anteriormente, a imprensa é ponta-de-lança dos interesses do sistema capitalista excludente. Ela é a vitrine desse modelo expropriador, useiro e vezeiro em propiciar o infortúnio e a derrota daqueles que ousaram um dia colocar em prática e até mesmo somente defender a tese, por exemplo, de um Brasil forte, independente e soberano.

Meus caros amigos, aqueles que concordam ou não comigo, a imprensa é necessária e tem de ter liberdade para informar, mas não deve e não pode tomar partidos, defender grupos e tentar pautar as instituições republicanas. Ser jornalista não é sinônimo de ser intelectual, dono e juiz da verdade, infalível ou senhor do poder. Ser jornalista é ouvir e compreender, se for possível, o pensamento, as idéias, os ideais, as opiniões, as teses, os projetos, os programas, os propósitos, as atitudes, as ações e até mesmo as ideologias dos atores sociais, políticos e econômicos.

O jornalista é a ponte que une o ator social e a informação à população, ao povo, apenas isso e nada mais. Se o jornalista quer pautar a sociedade e as suas instituições ele já tomou partido, e, como o nome diz e explica, partidas serão suas opiniões. Melhor, então, é entrar em um partido político, conquanto que não seja, todavia, o Partido da Imprensa, que não disputa voto e, por ser ousado e não se olhar no espelho quer fazer da República Federativa do Brasil seu feudo, conforme sua vontade, fato que foi provado, reiterademente, nas questões relativas à luta pela terra por parte do MST, nas questões concernentes às reivindicações trabalhistas e salariais dos trabalhadores dos setores público e privado, nas questões referentes às eleições para presidente, governadores e prefeitos e nas questãos tangentes às crises políticas que derrubaram presidentes como Getúlio Vargas e João Goulart, bem como na questão que influenciou na derrota do candidato Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 1989, além de perseguir, incessantemente, políticos da envergadura de Leonel Brizola, Luís Carlos Prestes, Miguel Arraes e até mesmo Ulysses Guimarães, muito menos palatável para o Partido da Imprensa do que Tancredo Neves.

O Partido da Imprensa combate tudo aquilo que possa dividir as riquezas deste País, no que tange à redistribuição de renda. Quase todos programas sociais implementados no Brasil não tiveram, pelo menos em um primeiro momento, a simpatia da imprensa. Além disso, ela combateu políticas independentes e desenvolvimentistas implementadas por Getúlio Vargas e por Juscelino Kubitschek, de maneira dura e cruel. Para se ter uma idéia da desfaçatez e da insensatez do Partido da Imprensa, ela combateu a criação da Petrobras, da Vale do Rio Doce e das leis trabalhalhistas — a CLT. Em compensação, apoiou o golpe militar de 1964, aliou-se sempre à UDN de Carlos Lacerda, partido que representava os empresários e parte da classe média de perfil conservador que, posteriormente, transformou-se em Arena no governo militar, depois PDS para, quase finalmente, virar PFL que, no ano passado, agora finalmente, passou a se chamar Democratas — o DEM.

Como a direita brasileira não tem voto, tanto que sempre andou a reboque de partidos de centro e de centro esquerda, o DEM (PFL), por exemplo, aliou-se a Fernando Collor e a seu minúsculo PRN. Em 1994, teve de se aliar ao PSDB para chegar ao poder, com seu vice-presidente Marco Maciel, o que foi ratificado nas eleições de 1998. Antes, o DEM, que é a UDN, chegou, enfim, ao poder, em 1964, por meio de um golpe militar que derrubou um presidente constitucional. Todos esses fatos tiveram o apoio do Partido da Imprensa, que é empresarial e apoia e sempre apoiou políticas econômicas artificiais como o é o neoliberalismo, que fracassou e hoje até o FMI, guardião desse fracasso, avisa aos maus navegantes, como ele, que vai modificar seu processo de “ajuda”, de “coordenação” e de “fiscalização” das políticas públicas, econômicas e financeiras receitado aos países pobres e em desenvolvimento.

No Brasil, na América Latina, na Ásia e na África as receitas econômicas e financeiras do Bird e do FMI causaram problemas sociais tão graves que mesmo os governantes neoliberais dos países dessas regiões perceberam que não dava para continuar o processo de expoliação desses povos, sem que seus governos caíssem, fossem derrubados. Mesmo assim, os conservadores, os direitistas do mundo empresarial e político, no Brasil leia-se DEM, Fenaban, Fiesp, agronegócios e, principalmente, Partido da Imprensa, continuaram a apregoar o que não deu certo, o indefensável e o que causou dor aos mais pobres, aos mais fracos e aos que não podem se defender.

O Partido da Imprensa, com seus profissionais bem pagos e com a cabeça feita por Wall Street e pelo Consenso de Washington de 1989 prosseguiram, ridicularmente, sem ao menos ponderar suas palavras levianas, a apregoar um modelo econômico verdadeiramente contrário aos interesses da Nação até que, por intermédio de eleições, os defensores dessa política econômica burra e nefasta foram afastados do poder, tanto no Brasil quanto em muitos outros países. Não se compreende, até hoje, o que leva algumas elites a fazer gol contra. Mas se compreende que, ao contrário do que afirmam os gurus do capitalismo de mercado que estabelecem regras somente para os mais pobres e os mais fracos e dizem se preocupar em assegurar a efetivação de um estado de bem-estar social, que dignifique a pessoa humana, sabemos que o que importa à “grande” imprensa e a direita política do planeta é perpetuar os privilégios daqueles que fazem parte de sua classe social, que são os ricos.

Há uma “espécie” de seres humanos que dá pena. Acha que riqueza é genética, é biologia. Quando na verdade a riqueza é um processo que envolve milhões, quiçá bilhões de pessoas que a produz. Não é uma questão biológica. É uma questão econômica e financeira que precisa, deve e pode ser calculada e equacionada no sentido de distribuí-la. Se dinheiro e bens materiais fossem parte de nossa biologia nasceriam com a gente e seriam conosco levados ao caixão. Não consigo entender como alguns jornalistas que se alimentaram adequadamente, que estudaram em boas escolas, que têm capacidade de discernir se tornaram tão pusilânimes, cínicos, dissimulados, covardes e mentirosos. São um contra-senso em toda sua essência e a burrice em toda sua plenitude. Somente alguns advogados atingem a tanta incongruência.

A imprensa é parcial. Sua voz e seus canais de comunicação pertencem aos que controlam e dominam o mercado de capitais e os meios de produção, pelo simples fato de a imprensa ser o próprio, o espelho que reflete a imagem do sistema. Ela traduz os valores e os princípios do modelo econômico hegemônico. Ela é o principal e o mais importante tentáculo do sistema capitalista. Ela é a sua alma e a sua voz. Não há poder pleno sem o apoio da imprensa, para o “bem” ou para o “mal”. Seja qual for o poder, a imprensa não abre mão de manter os privilégios do segmento empresarial. Ela até compõe, mas ressalta seus interesses e resguarda os privilégios. Não há hegemonia de uma classe social sobre as outras sem o controle dos meios de comunicação.

O acesso da maioria das populações ao crescimento social e ao desenvolvimento econômico acontece a conta-gotas, milernamente. No caso do Brasil — secularmente. É como acontece em jogos de futebol, quando o time que está a ganhar passa tocar a bola, à espera de o tempo passar, à espera de o jogo terminar. Os barões da imprensa, como patrões seculares, querem o fim do jogo e para isso eles precisam pautar os poderes constituídos e, inclusive, não-raramente, questionar cláusulas pétreas da Constituição, como, por exemplo, os capítulos voltados ao trabalho e aos meios de comunicação. Meia dúzia de famílias quer o controle total e irrestrito dos meios de comunicação. Meia dúzia de famílias brasileiras, ao representar o grande empresariado nacional e internacional, quer a flexibilização das leis trabalhistas, constituídas pelo estadista Getúlio Vargas, que teve de se matar em 1954 para não ser derrubado pela UDN, pelos militares, pelo empresariado e pela imprensa. Getúlio teve de se matar para adiar o golpe militar por dez anos, o que ocorreu em 1964.

Para isso, os barões da imprensa contratam jornalistas de confiança. Os jornais criticam os cargos de confiança no âmbito governamental, mas não criticam seus cargos de confiança, pagos a soldos altos, para que certos profissionais façam o papel de defensores do status quo, do establishment, razão pela qual talvez tenhamos uma das elites mais alienadas do mundo, totalmente divorciada dos interesses do povo brasileiro, há mais de cinco séculos.

Tudo o que é feito em prol do povo, os homens e mulheres de imprensa, os que ocupam cargos de mando, chamam de populismo. Mas tiveram a insensatez e a ignorância política em defender o neoliberalismo, que fracassou de forma inapelável e retumbante. Até mesmo jornalistas considerados experientes como o Renato Machado e a Renata Vasconcellos do “Bom Dia Brasil” da “TV Globo” saudaram, da forma mais imprudente e capciosa possível, o golpe sofrido, em abril de 2002, pelo presidente constitucional da Venezuela, Hugo Chávez, que foi, inclusive, absurdamente seqüestrado, com o apoio da CIA do governo de George Walker Bush, que se antodenomina o “senhor da guerra”.

Meu comentário não visa constranger o Renato Machado, até porque não o conheço. Cito apenas um fato real, de conhecimento público, notório e que ficou na memória e na retina de muitos brasileiros, porque a saudação ao golpe foi incrivelmente surreal — um despropósito. Renato Machado, de perfil político conservador igual a tantos outros jornalistas, apenas, talvez até inconscientemente, comemorou a queda, mesmo através da violência, de um homem constituído presidente pois eleito pela vontade do povo. Machado simplesmente reflete o desprezo do Partido da Imprensa em relação aos interesses da sociedade, em relação às determinações e aos desejos da sociedade civil. Não há nenhuma surpresa. O Partido da Imprensa age assim, mostra-se assim, só que, muitas vezes, inversamente ao Machado, apresenta-se de forma dissimulada.

Ah, já ia esquecer. Renato Machado no dia seguinte à sua comemoração em referência ao golpe contra o presidente venezuelano apareceu visivelmente constrangido. Acho que ele não tinha dimensionado sua atitude. Sua imagem, pálida e assustada, como tivesse levado um grande susto ou uma grande bronca, deveria ser gravada por pessoas alheias ao jornal matutino da “Globo”, com a finalidade de ser levada às escolas de comunicação para servir de exemplo aos futuros jornalistas como NÃO se deve proceder ou conduzir sua profissão. Foi realmente lamentável. Mas não foi surpresa. O Partido da Imprensa trabalha assim. Saímos da ditadura militar para a ditadura da imprensa.

Dentre os muitos erros perpetrados pelos militares, um dos maiores foi a censura aos meios de comunicação. E por quê? Porque hoje, no regime democrático, a imprensa se recusa a ser regulamentada como acontece com outros setores da sociedade e, por que não, do mercado. Ela usa como argumento que criar, por exemplo, o Conselho Federal de Jornalismo é tentar censurar a imprensa, o que não é verdade. Criar o Conselho é regulamentar os meios de comunicação, que não podem deixar de ser fiscalizados, como o são os juízes, os médicos, os advogados, os professores, os arquitetos e engenheiros, os economistas, os contadores, os políticos etc. etc. etc., por intermédio de seus órgãos de classe profissional.

Para evitar a criação do Conselho Federal de Jornalismo e de uma política que funcione como marco regulatório para os meios de comunicação, o Partido da Imprensa usa como argumento, há muito tempo surrado, que tentar regulamentar a imprensa é censura, como ocorreu na ditadura militar. A verdade é que os barões da imprensa e seus jornalistas de confiança não querem a democratização dos meios de comunicação, porque não querem responder, tal qual a outros profissionais, pelos seus erros, muitas vezes exemplificados em calúnias, difamações, omissões e distorções das informações.

Não é necessário ser um especialista em “assuntos de imprensa” para perceber que ela é um desastre em relação aos interesses da sociedade. Ditatorial, raivosa e vaidosa não mede conseqüências para fazer do processo político brasileiro uma novela de má qualidade textual, cujo objetivo é somente a manchete, chamariz comercial para a imprensa vender e ganhar muito dinheiro, mesmo se for com o linchamento moral de terceiros, muitos deles, depois comprovado, sem culpa no cartório.

Sua atuação é incompetente, porque, sistematicamente, não tem ouvido nenhuma das partes implicadas ou envolvidas em quaisquer fatos, mas sim ouvido a si mesma, por meio de suas deduções e de seu raciocínio ilógico e sem conhecimento de causa. Por tudo isso, o Partido da Imprensa é contra qualquer criação de órgão que possa acompanhar seus passos, como o Conselho Federal de Jornalismo.

A arrogância e a prepotência de meia dúzia de famílias que controlam os meios de comunicação no Brasil não favorecem a democratização da imprensa, o que impede que ela, de fato, trabalhe em benefício do desenvolvimento social do povo brasileiro, em vez de ficar a distorcer realidades ou fazer fofocas, muitas delas sem fundamentos mas propositais, pois a finalidade é confundir a sociedade e, conseqüentemente, proteger ou concretizar seus interesses e do grande empresariado, geralmente financeiros e econômicos. Essas atitudes, sobremaneira, prejudicam as atividades daqueles que são incumbidos pelo povo para administrar os três poderes.

A imprensa quer falar pelo povo e representá-lo, mas não disputa eleições e não concorre a cargos públicos. Ela não tem voto. A imprensa é tão arrogante e ignorante que confunde opinião pública com opinião publicada. A imprensa publica e opina, por meio de editoriais, de articulistas e de colunistas. Por isso, sua opinião é publicada. Ela paga a profissionais para publicar suas opiniões sobre determinado assunto. Por sua vez, a opinião pública é feita, é realizada e é concretizada por intermédio do voto. Portanto, o voto é a opinião pública. Palavra e opinião de jornalista ou de quaisquer outras pessoas que atuam em outros segmentos é opinião publicada. Então, vamos ver se a imprensa entendeu: 1) jornalista = opinião publicada, que, por sinal, tem valor. 2) povo = opinião pública = o voto, que, por sinal, tem muito mais valor. É isso aí.

PDT em Rede Nacional

Acaba de ser veiculado em Rede Nacional o programa com a propaganda eleitoral do PDT.
Simples porém, eficiente.

Finalmente o documentário da volta do exílio do Zé Ibrahim



Este documentário raríssimo me foi presenteado pelo próprio Zé Ibrahim quando de um jantar aqui em Brasília num imóvel que dividia com meu amigo Eduardo Sobreira, que mudou-se para São Paulo.

Num depoimento de quem logo depois da volta ao Brasil continuou preso para interrogatório no Aeroporto de São Paulo, Ibrahim logo rompeu com o PT e só refez as pazes com Lula e alguns de seus companheiros da época na véspera do dia em que se comemora a Independência do Brasil, este ano numa audiência aqui em Brasília. Porém, Zé Ibrahim, disse a esse poster que os trabalhadores brasileiros pouco têm à comemorar: "Quase todas as reinvidicações da categoria ainda são atuais. Pouco se fez pela classe trabalhadora no país nesse período em que estive exilado", disse.

Abaixo, disponibilizo uma excelente reportagem da revista Época sobre aqueles tempos de repressão e incertezas.

O documentário foi rodado por um dos maiores jornalistas da Europa, que a época trabalhava na TV Belga. Vários de meus amigos cineastas mostraram interesse nessa figura prá lá de histórica.

O doc tem locações em Bruxelas em 1980 e faz o registro de sua chegada em São Paulo, quando foi direto para o interrogatório do extinto DOI-CODI. Zé Ibrahim narra em francês fluente a história segundo sua ótica. A ótica de uma das mais respeitadas lideranças sindicais trabalhistas do mundo.

A reconstituição da trajetória dos presos políticos trocados pelo embaixador americano entre setembro de 1969 e agosto de 1979

Revista Época

por Fábio Altman

Zé Ibrahim é o terceiro em pé da (E) para a (D)

A fot
ografia dos 13 presos políticos libertados em 1969 por exigência dos seqüestradores do embaixador americano Charles Burke Elbrick é o retrato de formatura da oposição radical ao regime militar. Nenhuma imagem dos anos de chumbo seria tão conhecida quanto a do grupo reunido pela primeira e última vez na Base Aérea do Galeão. Mas nunca se soube como foram as trajetórias pessoais de seus integrantes entre aquele 6 de setembro, quando voaram rumo ao México num Hércules da FAB, e em agosto de 1979, quando regressaram ao país nas asas da anistia. Época reconstitui agora a viagem dos exilados e revela esse capítulo ignorado da História do Brasil.

"Você quer voltar para casa, não é? Olha ali o seu apartamento", provocou um soldado do Exército. Eram 4 da tarde de 6 de setembro de 1969, e o helicóptero do Exército sobrevoava o bairro do Leme, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Pendurado pelas pernas, o arquiteto Ivens Marchetti sangrava pelo nariz, ferido por bofetadas. Levava no bolso da calça um retrato do filho. De cabeça para baixo, não conseguia concentrar-se nos edifícios que mal vislumbrava. Pensava na ameaça rosnada por um dos soldados que o recolhera no presídio de Ilha Grande, onde Marchetti estava desde abril de 1969. Militante da Dissidência de Niterói, facção do Partido Comunista Brasileiro que aderira à luta armada contra o regime militar e depois seria absorvida pelo MR-8, o Movimento Revolucionário 8 de Outubro, Marchetti fora preso no interior do Paraná. Aos 39 anos, codinome Vicente, não se tratava de um preso qualquer. Para o governo, era um terrorista de alta periculosidade.

Os parceiros de aventura admiravam seu destemor e a perícia como atirador, trunfos decisivos para a inclusão do seu nome na lista preparada pelos carcereiros do embaixador americano, capturado em 4 de setembro. "Foi uma lista ecumênica", resume o jornalista Franklin Martins, um dos articuladores do seqüestro. À época no MR-8, Martins conta que, além de gente ligada à organização a que pertencia, a relação incluiu representantes do PCB, da Ação Libertadora Nacional e da VPR, ao lado de líderes estudantis que já estagiavam em siglas partidárias da violência como caminho para a tomada do poder.

Outros 12 presos estavam na Base Aérea do Galeão quando pousou o helicóptero que transportava Marchetti. Pouco antes de cinco da tarde, um fotógrafo a serviço do Ministério da Aeronáutica preparou-se para congelar a imagem do grupo recortado contra a silhueta do Hércules C-130, prefixo 2456, da FAB, comprado na fábrica de Lockheed, nos Estados Unidos. O jornalista Flávio Tavares, combatente famoso entre os brizolistas radicais com o codinome de "Doutor Falcão", gritou uma sugestão com sotaque genuinamente gaúcho: "Vamos mostrar nossas algemas!". A foto atesta que a idéia foi aceita. Uns as mostram com expressão de orgulho. Outros traem algum constrangimento. E em certas fisionomias é possível adivinhar o sentimento do medo.

Cabisbaixo, Vladimir Palmeira, o mais carismático líder estudantil da História, transpira irritação. Ele chegara de São Paulo, onde fora preso em outubro de 1968, durante o Congresso de Estudantes de Ibiúna. "Tava doido para sair da cadeia", lembra, comendo sílabas como na juventude. "Mas, quando fui informado, naquela manhã, de que estava na lista dos presos trocados, fiquei com medo de morrer." Tais temores eram pertinentes. Um grupo de pára-quedistas liderados pelo coronel Dickson Grael tentaria impedir a decolagem, sob a alegação de que o Brasil estava se curvando à vontade dos EUA.

Flávio Tavares encontrava-se havia 30 dias no Batalhão da Polícia do Exército da Rua Barão de Mesquita, no Rio. Dividia a prisão com Ricardo Zarattini. Os dois ficaram sabendo que estavam na lista dos 15 graças a uma prática freqüente nas cadeias. Os presos comuns da cela contígua haviam passado a Tavares, através das grades, um radinho de pilha, desses que apareceriam naquela mesma noite, aos milhares, no Maracanã no jogo entre Flamengo e Portuguesa pelo Rio-São Paulo.

Na ronda da madrugada, Tavares conseguira esconder o aparelho. Em volume quase inaudível, escutou seu nome, e começou a gritar: "Cabo da guarda! Cabo da guarda!" Dez minutos depois da gritaria apareceu na cela do jornalista o major José Meier Fontenelle, o homem que o torturava. "Ele chegou com um fuzil na mão e um capacete, parecia querer demonstrar que estava em ação militar", lembra Flávio. O major esbravejou: "Pegue tudo o que tem e saia, porque você está nesta maldita lista". Flávio Tavares e Ricardo Zarattini foram lançados ao camburão. Um dos cabos, boxeador, virou-se para a dupla: "Que bom, hein, vocês vão para a Copa no México". Somente ali, Tavares e Zarattini tiveram a certeza de que seu primeiro destino no exílio seria a Cidade do México, capital do país que hospedaria, quase um ano depois, a seleção tricampeã.

Faltavam 15 minutos para as 17 horas quando os prisioneiros começaram a entrar no Hércules. Foram postos em bancos laterais, frente a frente - cinco de um lado, oito de outro. Entre eles, dez soldados da Aeronáutica. O comandante da travessia foi o major Egon Reinisch. Ele se aproximou da turma para um comunicado: "Vocês estão algemados porque esse não é um vôo normal. Trata-se de uma missão delicada. Eu os levarei até o México, com escalas em Recife e Belém. Peço a vocês tranqüilidade. Minha obrigação é entregá-los às autoridades mexicanas quando chegar lá. Fica proibido conversar entre si. Se quiserem ir ao banheiro, chamem o soldado". Às 17h03, o motor do Hércules roncou. A turma de 1969 partia para o exílio. Os cines Britannia e Bruni Ipanema apresentavam, já na metade da sessão das 4 da tarde, o filme O Preço de Um Resgate, com Jean-Paul Belmondo e Geraldine Chaplin.

O preço do resgate, para o grupo que viajaria no Hércules, seria uma refeição prosaica: maçã, um sanduíche de pão de forma e uma caixinha de leite (difícil era comer algemado). A aeronave seguia a 280 nós - o equivalente a 540 quilômetros por hora. O comandante Reinisch revezava-se com outros três pilotos. Na escala no Recife, às 21h30, deu-se um dos momentos de maior emoção da travessia rumo ao exílio. Gregório Bezerra, o legendário líder pernambucano do Partido Comunista Brasileiro, aos 69 anos e depois de cinco e meio de cadeia, aparecera na lista e estava sendo embarcado (o 15o foi Mário Roberto Galhardo Zanconato, o Schu-Schu, que subiria em Belém assobiando a Internacional, o hino das esquerdas). Bezerra entrou na aeronave altivo, forte como um Hércules. Levava uma trouxinha de roupa na mão direita. Nas diversas versões que se montam ao redor dessa história há quem diga que foi ele, e não Schu-Schu, quem assobiou a primeira estrofe da Internacional. José Dirceu, presidente do PT, considera essa hipótese absurda: "O experiente Gregório não faria isso".

Bezerra foi colocado ao lado da Maria Augusta Ribeiro Carneiro, a única mulher a bordo. Algemado, ele esperneou, com seu forte falar nordestino e com a segurança que a experiência lhe dera. "Seu cabo, essa algema tá muito apertada", gritou. E o cabo, como que obedecendo às ordens de um superior, as afrouxou. Em seu livro de memórias (Civilização Brasileira, esgotado, R$ 80 nos sebos de São Paulo), Bezerra narra um instante daquela viagem: "Cerca das 2 horas da manhã do dia 7 de setembro, comemoramos o Dia da Pátria com um lauto jantar: um pão duro, azedo e microscópico, e uma caneca d'água. Como fui o último a entrar no avião, nem a isso tive direito. A essa hora, fazia frio. Tinha comigo uma coberta de flanela que minha filha me dera antes de sair da prisão. A jovem Maria Augusta tinha as pernas descobertas e deveria estar sentindo mais frio que os outros. Tentei passar-lhe a coberta. O militar sentado entre nós impediu.

- Por quê? - perguntei, surpreendido.
- Não interessa, cale-se! - assim, tivemos que agüentar quase toda a madrugada e o começo da manhã num avião que não tinha toalete a bordo e onde se urinava por uma espécie de funil".

Havia, sim, toalete - pequeno, mas seguramente melhor que todos os banheiros que Gregório Bezerra freqüentou ao longo de sua vida, em prisões fétidas. Maria Augusta ri bonito, um sorriso surpreendente depois de tudo o que ela passou, quando se lembra do episódio com Gregório Bezerra. Ela ri também quando se lembra que, à meia-noite de 7 de setembro, o comandante Reinisch pegou o microfone e leu um documento em celebração ao Dia da Independência.

Eram 3 da tarde quando o avião pousou no aeroporto da Cidade do México. "Vão me jogar lá do alto", temia, ao longo da viagem, o músico Ricardo Villas-Boas, cujo nome na lista dos prisioneiros que valiam a vida do embaixador-refém inflacionou sua importância como militante da Dissidência Comunista da Guanabara, preso numa panfletagem. Quando o trem de pouso tocou em solo mexicano, deu-se um qüiproquó. O relato do piloto Egon Reinisch traz informações inéditas do que se passou naquele primeiro ponto de exílio. "A chegada ao México foi complicada. Nós pousamos e estacionamos numa área indicada previamente. Cortei os motores. A estação de passageiros estava cheia de gente, milhares de homens e mulheres com faixas nos chamando de facínoras, disso e daquilo. Bobearam, e, quando me dei conta, tinham invadido a pista. O avião estava cercado de povo, todo mundo gritava: solta, solta! Eu só tinha aqueles dez homens armados. Pensei: vamos dar partida no avião que esse pessoal sairá daí. O Hércules tem uma turbina pequena, uma espécie de gerador, mas faz um barulho danado, de jato. Liguei a turbina, o cavalão acordou, RRRRRRRRRRR, a turba se afastou e eu pedi auxílio à torre."

As autoridades mexicanas - acompanhadas de um representante da diplomacia brasileira - subiram no Hércules da FAB. O funcionário do Ministério das Relações Exteriores conferiu a identidade dos prisioneiros. Checou as fotos e o nome de cada um. Levava 15 folhas de papel com a identificação dos brasileiros - cada folha era carimbada e nela apontada dia e hora. Reinisch combinou, então, que ele mesmo chamaria a turma, individualmente, para que eles fossem descendo do avião - de território brasileiro para a liberdade. O primeiro a descer foi Onofre Pinto, militante da VPR, que seria assassinado pelo Exército em 1974. O último foi Schu-Schu, que desta vez achou mais prudente não cantarolar a Internacional. Às 17h44 local, Reinisch ligou novamente o Hércules - desta vez para decolar e retornar ao Brasil. A cada duas horas o avião subia cerca de 2 mil pés. Quanto mais subia, menos combustível gastava e melhor ficava o aproveitamento do vôo. Uma placa na Base Aérea do Galeão, quase clandestina, celebra um recorde de permanência no ar, sem escalas, na volta: 16 horas e 33 minutos.

Depois do desembarque no México, o grupo foi levado para o Hotel do Bosque, no centro da cidade. A esperá-los, estava Francisco Julião, o líder nacional das Ligas Camponesas e deputado federal cassado, exilado no México desde 1964. Do grupo dos 15, dois deles ficariam com os astecas - o jornalista Flávio Tavares e o músico Ricardo Villas, o mais jovem da fotografia, cujo pai, diplomata da ONU, estava em missão no México. Para ele, a rigor, foi mudar de um hotel para casa. Os outros 13 foram para Cuba um mês depois. O cineasta francês Jean-Luc Godard, entusiasmado com a aventura dos brasileiros (ele os descobrira por meio da foto que abre esta reportagem), chegou a entrar em contato com lideranças do Brasil no exílio para rodar um documentário com a turma de 69. A idéia não avançou.

A chegada a Havana foi gloriosa para quem, um dia, sonhou em endurecer sem perder a ternura para levar a revolução de Che Guevara ao Brasil. Fidel Castro em pessoa os recepcionou no aeroporto. Sentaram todos numa grande mesa de mogno e ouviram uma mensagem de 40 minutos do comandante da Revolução Cubana. Nos primeiros meses, a trupe brasileira, tal qual um Exército Brancaleone, transformou-se numa atração em Cuba. Viajavam juntos pelo país e por onde passavam eram recebidos como heróis. A unidade não durou muito tempo. Em território cubano, os grupos políticos foram se formando e se adequando às orientações vindas do Brasil ou do exílio. A ALN e a VPR montaram o Grupo dos 28, do qual fizeram parte João Leonardo da Silva Rocha e Zé Dirceu. No esquema montado pela ALN estavam ainda Ricardo Zarattini, Rolando Frati, Argonauta Pacheco e o Schu-Schu, da Internacional. Pela VPR, militavam Onofre Pinto e Zé Ibrahim, o Lula do fim dos anos 60. Logo começaram a treinar guerrilha urbana e rural (formavam o chamado Terceiro Exército) - mas nem todos terminaram os oito meses de treinamento, extenuados porque cansados ou irritados com a insensatez no meio da mata ou das avenidas. O desconforto de alguns era visível. "O curso de guerrilha era uma fábrica de cadáveres", diz Vladimir Palmeira. "Éramos um grupo de classe média, líamos muito, e os cubanos nos receberam, no treinamento de guerrilha, como se fôssemos camponeses fortes. Não conseguia entender por que tínhamos entrado naquela atividade insana. Para quê?" Cedo deram-se as desistências.

Já em 1972 a turma de 1969 começara a se desmontar e deixava Havana. Seguiam outros rumos no exílio. Gregório Bezerra foi para Moscou. Vladimir Palmeira e José Ibrahim tomaram o caminho da Europa. Muitos foram para o Chile de Salvador Allende. Zé Dirceu, num lance cinematográfico (leia quadro à página 64), retornou ao Brasil clandestinamente. Ficou para trás, em Cuba, apenas a história de uma fotografia à frente do Hércules. Não havia, como ainda não há hoje, um ponto comum a marcá-los. Não é o que acha Maria Augusta: "Éramos um grupo heterogêneo, mas heróico. Somos todos bichos políticos, e sempre seremos". Para Vladimir Palmeira, eles ainda estão do lado esquerdo do espectro político. Mas o que é ser de esquerda, hoje, no mundo? "É ficar do lado dos que estão no andar de baixo", diz Palmeira.

No retorno ao Brasil, com a Anistia de 1979, os que sobreviveram - dois deles seriam assassinados na clandestinidade, três morreram naturalmente e um em acidente de carro - trataram de cuidar de suas vidas (os relatos do que fazem hoje estão nos textos ao lado das fotografias). Mas nunca mais se juntaram como naquela foto de 69. Reza a lenda: a esquerda brasileira só se une (ou se reúne) na cadeia. Em 1969, um grupo coerentemente desconexo reuniu-se na pista de um aeroporto militar. José Dirceu quer juntar os sobreviventes em setembro, quando o vôo completa 30 anos. Apenas para uma comemoração, nada mais.


Colaboraram: Jorge Pontual, de Nova York, e Moisés Rabinovici, de Paris


QUEM É QUEM

Ivens Marchetti


O arquiteto Ivens Marchetti divide seu tempo entre Juiz de Fora e Arraial do Cabo. Ao pedido de Época para que a fotografia fosse projetada em suas costas, ele disse: "Já sei, é como se essa imagem tivesse colado em minha pele. Foi o que aconteceu"


Flávio Tavares

Jornalista em Buenos Aires, Tavares está escrevendo um livro sobre sua história política. Um ponto crucial: a tortura. "Ao longo dos oito anos dos meus dez de exílio, um sonho acompanhou-me quase todas as noites. Meu sexo saía do corpo, caía-me nas mãos como um parafuso solto. Mais terrível que o pesadelo era o levantar-se com ele, na dúvida, naquelas frações de segundo entre a noite e o amanhecer"


Ricardo Zarattini

É assessor parlamentar da liderança do PDT na Câmara. Encaminhou a Sepulveda Pertence, do Supremo Tribunal Federal, uma ação contra a União. Zarattini exige que o Estado reconheça o vício grave que representou o banimento dos 15 presos políticos da turma de 1969 e pede indenização pelo tempo que deixou de trabalhar como engenheiro


Egon Reinisch

O piloto do Hércules da FAB é hoje conselheiro militar da missão permanente do Brasil na ONU, em Nova York


José Ibrahim

Trabalha como secretário de relações internacionais da Social Democracia Sindical, em São Paulo. No fim dos anos 60, foi uma espécie de Lula daqueles tempos. Na volta ao Brasil, com a Anistia, elegeu-se deputado pelo PT, mas em seguida rompeu com o partido


Maria Augusta

Aos 52 anos, trabalha numa gráfica com o marido, ele também militante da esquerda. Tem três filhos de três casamentos. Um dos filhos, Carlos Raimundo, de 21 anos, sofre de uma séria lesão cerebral. "Cuidar desse menino, e vê-lo crescer, é a prova de que vale a pena lutar"


Ricardo Villas

É músico em Paris. Em 1969, permaneceu no México, na casa do pai, diplomata brasileiro. Pensou em ir a Cuba, apenas para conhecê-la. Os dirigentes da Dissidência Comunista só admitiam que fosse para treinar guerrilha


Vladimir Palmeira

Um dos líderes do PT no Rio de Janeiro. No ano passado, tentou candidatar-se ao governo do Estado pelo partido, mas foi derrotado numa intensa briga interna. Saiu ferido - mas não morto. Prepara-se para defender uma tese de doutorado na Universidade Federal sobre o leninismo antes de 1917


A vida do outro Zé

José Dirceu não queria ficar em Cuba. A solução: entrou no Brasil com nome falso e rosto mudado por uma plástica

José Dirceu viveu clandestinamente no Brasil, de abril de 1975 a agosto de 1979, com o rosto mudado por uma cirurgia plástica feita por médicos vietnamitas em Cuba. Dirceu pôs uma prótese no nariz e puxou ligeiramente os olhos. O nome do personagem: Carlos Henrique Gouveia de Mello. A meio caminho entre São Paulo e Rondônia, onde pretendia se juntar aos companheiros da luta armada do Molipo, ele estacionou na cidade de Cruzeiro d'Oeste, no Paraná. O mais incrível desta história: em Cruzeiro d'Oeste ele se casou, viveu com uma mulher durante cinco anos, teve um filho - e ela nunca desconfiou de que o homem com quem se casara era outro. Até que, ao anúncio da Anistia, José Dirceu a chamou, mostrou a foto dos 13 diante do Hércules da FAB e disse: "Este sou eu". Separaram-se em pouco tempo. Dirceu voltou para Cuba, escondido, desfez a plástica e retornou ao Brasil pela porta da frente do aeroporto de Viracopos. Diz Clara Becker, a mulher com quem ele se casou no Paraná: "O homem que eu amava era o Carlos Henrique, não o Zé Dirceu". Para seu filho, Zeca, de 22 anos, o pai foi um herói. "Tenho orgulho de contar a história dele aos meus amigos."


José Dirceu

Presidente do Partido dos Trabalhadores e deputado federal. "Nos meus anos em Cuba aprendi a viver na clandestinidade para não morrer"


O mito do partidão

A inclusão de Gregório Bezerra na turma trocada pelo embaixador tirou da cadeia um dos ícones da esquerda brasileira

O pernambucano Gregório Bezerra era, aos 68 anos, uma lenda viva do Partido Comunista Brasileiro quando entrou no avião da FAB, no Recife. Testemunhas de sua prisão em 1964 se haviam comovido com a brutalidade dos captores. Perseguido pelo 20o Batalhão de Caçadores no interior do Estado, caiu nas mãos de soldados da Força Pública, que o entregaram ao comandante do IV Exército. No Recife, a caminho da prisão num quartel, foi arrastado pelas ruas enquanto o golpeavam no estômago, na cabeça e nos testículos com coronhadas de revólveres e barras de ferro. Estava na cadeia havia cinco anos e meio quando seu nome entrou na lista dos 15 presos políticos que seriam trocados pelo embaixador americano. "Foi uma homenagem, quase uma atitude de respeito, a um dos personagens míticos da esquerda no Brasil e ao então mais antigo preso político do país", diz o jornalista Franklin Martins, um dos idealizadores do seqüestro e da lista.

Fiel aos dogmas e princípios do velho Partidão, então contrário à luta armada, Bezerra não gostou da idéia de ser trocado pelo "gringo americano", como se referia a Elbrick. Rendeu-se ao fato consumado, mas fez questão de divulgar uma "declaração ao povo brasileiro" com ressalvas que julgava essenciais: "...por uma questão de princípio, devo esclarecer que, embora aceitando a libertação nessas circunstâncias, discordo das ações isoladas..." Gregório Bezerra foi para Cuba, mas em novembro de 1969 já estava em Moscou. Morreu no Brasil em 1983, de ataque cardíaco.


Gregório Bezerra

Foi torturado como animal no Quartel de Motomecanização do IV Exército, em 1964. Ainda em 1969 desembarcou em Moscou, na União Soviética. Bezerra retornaria ao Brasil em 1979, com a Anistia


Outros seqüestros

O seqüestro do embaixador americano foi o mais audacioso. É também o mais conhecido. Mas houve outros durante os anos de chumbo no Brasil:

11 de março de 1970 - Seqüestro do cônsul japonês em São Paulo. São libertados cinco presos.

11 de junho de 1970 - Seqüestro do embaixador alemão Ehrenfried von Holleben. Libertados 40 presos (foto), que embarcam para Argel.

7 de dezembro de 1970 - Seqüestro do embaixador suíço Giovanni Bucher, no Rio, seguido da morte de seu guarda-costas. Setenta presos políticos trocados por Bucher viajam para o Chile.


Na história do Brasil

Alguns dos integrantes do grupo reunido na foto legendária tiveram participação decisiva em momentos importantes da vida política brasileira

A batalha da Maria Antônia
Zé Dirceu era o principal nome da União Estadual dos Estudantes, a UEE paulista, no ano seminal de 1968. Ele liderou os alunos da Filosofia que se duelaram com os do Mackenzie na Rua Maria Antônia.

O líder dos 100 mil
Vladimir Palmeira foi presidente da União Metropolitana dos Estudantes do Rio. No dia 26 de junho de 1968, sob o comando de Vladimir, quase 100 mil pessoas foram às ruas do centro.

A queda da UNE
Luís Travassos, presidente da UNE em 1968, foi um dos 700 estudantes presos pela polícia no XXX Congresso da entidade, realizado em 12 de outubro num sítio na cidade de Ibiúna.

Morte do capitão
O sargento Onofre Pinto, líder da VPR, participou do atentado que matou o capitão americano Charles Chandler (na foto), em 68, tido pelas organizações de esquerda como espião da CIA.

Seqüestro no Uruguai
Em 1977, Flávio Tavares foi preso em Montevidéu, numa operação conjunta de uruguaios e argentinos. Foi libertado depois de uma campanha do jornal O Estado de S. Paulo, do qual era correspondente em Buenos Aires.

P.S.: Zé Ibrahim me garantiu que um grupo radical do Exército não admitia o que chamou de humilhação: a troca daquele grupo de comunistas pelo embaixador americano. Foi montado uma operação sem a anuência do Comando do Exército e uma Força Tarefa de militares linha dura iria invandir a pista do aeroporto e fuzilar os camaradas. Foram impedidos por um nome que Zé Ibrahim pediu que poupasse pois, ainda se encontra vivo e hoje é da Reserva, tendo sido um Militar de alta patente dos mais influentes no processo da redemocratização brasileira, que desembocou no processo da Anistia ampla, geral e irrestrita.

Sessão Solene em homenagem ao Dia do Aviador

O presidente da Câmara dos Deputados Arlindo Chinaglia acaba de encerrar a Sessão Solene em homenagem ao Dia do Aviador.

O deputado federal Giovanni Queiroz (PDT-PA) prestou sua homenagem aos aviadores brasileiros com o seguinte discurso.

Há cento e um anos, no dia 23 de outubro de 1906, no campo de Bagatelle em Paris, sob os olhares atentos e esperançosos de especialistas, jornalistas e da população parisiense, o engenheiro brasileiro Alberto Santos Dumont realizou um feito tão memorável que não só o imortalizou e notabilizou em todo o mundo, como colocou o Brasil no rol das nações-sede das maiores invenções da história mundial: ele percorreu, pela primeira vez na história da humanidade, um circuito pré-determinado, de aproximadamente 60 metros de extensão, à bordo de um aparelho impulsionado por um motor aeronáutico. Tratava-se, então, do vôo inaugural do 14 Bis, o primeiro avião do mundo!

A história da humanidade, desde então, divide-se em antes e depois de 23 de outubro de 1906 – dia do primeiro vôo do 14 Bis.

Pai do avião e patrono da aviação no Brasil, Santos Dumont deu asas ao mundo. Hoje, pouco mais de um século depois do primeiro vôo do 14 Bis, nos reunimos neste Plenário para prestar nossas homenagens a seus destemidos sucessores: os homens e mulheres que dedicam suas vidas à aviação brasileira – civil e militar – transportando, vigiando, protegendo, combatendo, cortando os céus deste imenso País nas asas de monomotores, bimotores, jatos, caças e toda sorte de aeronaves, tornando a cada dia mais sólido o sonho de Ícaro há muito sonhado pela espécie humana e tornado realidade por ação de um nosso compatriota, o senhor Alberto Santos Dumont.

Quero aproveitar a oportunidade, Sr. Presidente, para, em meu nome pessoal e em nome do Partido Democrático Brasileiro, o PDT, prestar uma homenagem à Força Aérea Brasileira, nas pessoas de seus oficiais, cadetes e engajados, que, patrulhando a imensa malha aérea nacional até seus mais remotos limites, transmitem a todo brasileiro a confiança de que, apesar de vasto, nosso território não é terra de ninguém.

Na minha região, a Amazônia – seguramente o pedaço do planeta mais almejado pela cobiça internacional, em virtude de suas incomensuráveis riquezas naturais – a FAB é mais que guardiã: é mãe e irmã. Quando, em 1972, eu visitei Conceição do Araguaia na condição de médico, testemunhei o trabalho incansável do Brigadeiro Protásio e seus homens nos socorros de urgência da região. Ali, na ocasião, situava-se o único aeroporto em centenas de quilômetros, de onde partiam os aviões da FAB, muitas vezes pilotados pelo próprio Brigadeiro, para resgatar vidas em situação de risco. Esta é uma lembrança querida que gostaria de compartilhar com os presentes, fazendo lembrar a todos que onde se encontram os homens e as mulheres que fazem a Força Aérea Brasileira não há apenas quem nos proteja das ameaças externas com compromisso, profissionalismo e lealdade; há, principalmente, um braço irmão que transporta, socorre e ajuda o cidadão brasileiro sempre que necessário. É uma honra poder, no dia de hoje, Dia do Aviador, prestar esta homenagem à Força Aérea Brasileira!

Não poderia, igualmente, me furtar a prestar minha homenagem aos aviadores civis atuantes em nossa aviação comercial, pilotos e co-pilotos que garantem o transporte cotidiano de passageiros e cargas pelo território nacional, unindo os pontos mais distantes do País e do mundo. Parabéns, Sras. e Srs. por este dia!

Ainda temos muito a crescer, é certo. Precisamos ampliar e modernizar nossos aeroportos, garantindo, enfim, o conforto e a segurança indispensáveis a aeroviários e passageiros; democratizar ainda mais o transporte de passageiros, com redução de tarifas e ampliação infraestrutural de aeroportos e empresas aéreas; investir mais nos terminais de cargas que realizam transporte internacional. Isso, dentre outras medidas. Mas precisamos crescer, Sr. Presidente, sem olvidarmos o que já somos, o quanto já crescemos e quantas barreiras já superamos para chegarmos até aqui, seja na aviação civil, seja na aviação militar.

Por tudo isso – pelo que fomos, pelo que somos e pelo que certamente seremos no mundo aeroviário – é que a comemoração do Dia do Aviador se torna tão relevante para nós do PDT. Porque não se trata apenas de uma oportunidade especial para relembrarmos homens valorosos e memoráveis como Santos Dumont e os pioneiros da aviação nacional, mas, igualmente, um momento para, juntos, celebrarmos com os homens e as mulheres que fazem da aviação nacional motivo de orgulho e esperança, e lhes dizer publicamente: Parabéns!
Muito obrigado!

Projeto para alteração dos pontos de passagem da BR-222 no Pará

Projeto de Lei designa novos pontos de passagem da BR-222 e altera atual relação descritiva da rodovia.

Val-André Mutran (Brasília) – O Deputado Federal Giovanni Queiroz (PDT-PA), apresentou Projeto de Lei que altera a relação descritiva das Rodovias do Sistema Rodoviário Federal integrante do Anexo do Plano Nacional de Viação, aprovado pela Lei nº. 5.917, de 1973, para dar novos pontos de passagem à BR-222.

A BR-222 apesar de estratégica para o Brasil, no Pará é uma rodovia em frangalhos

De acordo com o deputado, na Relação Descritiva do Plano Nacional de Viação, o último trecho da BR-222 está planejado para ligar a cidade de Marabá/PA, com a BR-158, também no Pará. “Ocorre que não há definição exata do traçado desse trecho, embora conste no mapa do Plano Nacional de Viação, uma linha pontilhada sugerindo, teoricamente, essa ligação. Por sua vez, a BR-158, ao cortar o sudeste do Pará, tampouco possui traçado definido”, explicou.

Veja Quadro:

Relação Descritiva das Rodovias do Sistema Rodoviário Federal

BR

Pontos de Passagem

Unidades da Federação

Extensão (km)

Superposição

BR

km

222

Fortaleza – Piripiri – Itapecuru Mirim – Santa Inês – Açailândia – Marabá –Brejo do Meio – Vila Santa Fé – Vila Trindade – Vila Novo Progresso – Vila Capistrano de Abreu – Vila São Pedro – Vila Cruzeiro do Sul – Vila Josenópolis – Vila Plano Dourado – Vila Sudeste – Entronc. c/ BR-158.

CE-PI-MA-PA

1.431

135

40

A não implantação da BR-222 constitui um entrave capaz de bloquear qualquer impulso no desenvolvimento dessa região, que é atendida somente por estradas municipais e estaduais em condições precárias. No entanto, a região é dotada de riquezas naturais e possui grande potencial a ser devidamente explorado. Estima-se que ali a pecuária conta com seiscentas mil cabeças de gado, e se desenvolve uma expressiva atividade extrativa, legalizada, de madeira e minérios. Todas elas carecem de melhores vias para o escoamento de sua produção. Ademais, nesse território foram implantados cerca de 150 projetos de assentamentos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Todo esse quadro requer, pois, uma urgente intervenção federal por parte do seu setor de viação, para que o traçado da BR-222 possa ser estabelecido e a rodovia implantada, com a maior urgência possível.

Uma condição básica é exigida: somente com o estabelecimento, por lei, dos pontos de passagem dessa rodovia na Relação Descritiva constante do Anexo do Plano Nacional de Viação, o trecho que segue de Marabá até o entroncamento com a BR-158 poderá receber investimentos federais e ser viabilizado.

Para agilizar esse processo, diz Giovanni Queiroz, “estamos encaminhando o presente projeto de lei, incluindo nessa referida relação descritiva as localidades que mais demandam serem diretamente servidas pela BR-222. São elas: Brejo do Meio, Vila Santa Fé, Vila Trindade, Vila Novo Progresso, Vila Capistrano de Abreu, Vila São Pedro, Vila Cruzeiro do Sul, Vila Josenópolis, Vila Plano Dourado e Vila Sudoeste”. Queiroz acrescente que: “No conjunto dessas cidades vivem, aproximadamente, 130 mil habitantes, que contribuem para a colonização do território e lutam pela sua prosperidade região e necessitam, portanto, de uma infra-estrutura rodoviária capaz de promover os seus intercâmbios comerciais”, justifica.

As vésperas do fechamento e acordos de recursos para o Orçamento Geral da União de 2008, ao qual é membro titular da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização. Giovanni Queiroz espera, com essa iniciativa, adiantar, para o Governo Federal, os fundamentos requeridos com vistas à aplicação de investimentos rodoviários para a implantação do último trecho da BR-222.

A matéria aguarda despacho da Mesa Diretora e seguirá, para posterior parecer da Comissão de Viação e Transportes, onde será designado relator para a matéria.

PF e IBAMA recebidos a bala em fazenda invadida no sul do Pará

Discurso Deputado Wandenkolk Gonçalves a respeito de denúncia do Sindicato Rural de Redenção - A violência no Estado do Pará, mais uma vez, causando intranqüilidade ao setor produtivo

Foto: Ag. Câmara










Com os nossos cumprimentos e a pedido do Deputado Wandenkolk Gonçalves, encaminhamos abaixo, discurso proferido pelo parlamentar no dia de ontem (16/10/2007), a respeito de denúncia do Sindicato Rural de Redenção, sobre a violência no Estado do Pará, mais uma vez, causando intranqüilidade ao setor produtivo.

Cordialmente,

Gabinete Deputado Wandenkolk Gonçalves

O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) Concedo a palavra ao Deputado Wandenkolk Gonçalves.O SR. WANDENKOLK GONÇALVES (PSDB-PA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais uma vez venho a esta Tribuna, para chamar a atenção das autoridades competentes acerca da violência que assola o campo, em especial, do meu Estado do Pará, deixando intranqüilo o seguimento produtivo rural e a população de diversos municípios. Ainda na semana passada, deste Plenário, fiz um discurso sobre o mesmo tema, demonstrando a minha preocupação com a insegurança jurídica e o desrespeito ao direito de propriedade. Agora, Senhor Presidente, acabo de receber correspondência do Sindicato Rural de Redenção, relatando os absurdos que estão acontecendo naquele município, com invasões orquestradas e programadas, causando desespero para os moradores e trabalhadores daquela região. Senhor Presidente, a própria Polícia Federal, acompanhando servidores do IBAMA, em vistoria em uma fazenda, foi recebida a bala, demonstrando o completo caos, inclusive, como ficou evidenciado nesta operação, o total desrespeito às autoridades constituídas. Senhor Presidente, ou os governos, federal e estadual, tomam providência enérgicas e definitivas em prol da legalidade e da ordem pública, ou então Senhor Presidente, o cidadão, aquele que cumpre os seus deveres constitucionais, ficará, aliás, como está hoje, em muitos municípios brasileiros, a mercê destes movimentos irresponsáveis e ilegais, que levam a total intranqüilidade ao campo do nosso País. Senhor Presidente, solicito então, que seja incluído nos Anais desta Casa, a correspondência do Sindicato Rural de Redenção, que na realidade, é uma grave denúncia, que mais uma vez trago a esta Tribuna, apelando às autoridades deste País, para que de maneira rápida, possam resolver esta grave questão. Muito obrigado Senhor Presidente, era o que tinha a dizer nesta tarde.

Clique na imagem e leia o documento do Sindicato.













Galerias da Câmara lotadas por sindicalista

Na retomada dos trabalhos da Ordem do Dia, o Plenário já começou a discutir o Projeto de Lei 1990/07, do Poder Executivo, que legaliza as centrais sindicais, e tramita em conjunto com o PL 1528/89. A matéria conta com substitutivos das comissões de Finanças e Tributação; e de Trabalho, de Administração e Serviço Público.

Outros projetos pautados para a sessão extraordinária são o PL 1935/07 e o PL 1936/07, ambos do PAC da Segurança e de autoria do Poder Executivo. O primeiro cria o programa Bolsa-Formação, no âmbito do Ministério da Justiça, para estimular a qualificação profissional dos policiais militares e civis, dos bombeiros, dos agentes penitenciários, dos agentes carcerários e dos peritos.

Já o Projeto de Lei 1936/07 altera a Lei de Execução Penal (7210/84) para permitir ao condenado a compensação de parte do tempo da pena por meio do estudo - além do trabalho, já previsto legalmente.

A PEC da Defensoria Pública (487/05) é a quarta matéria da pauta.

Veja como foi a sessão solene em Homenagem à Nossa Senhora de Nazaré 2024, na Câmara dos Deputados

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