Eleiçoes 2008: Cada um na sua
Apessar dos apelos por união do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os partidos que compõem a ampla base governista devem ocupar palanques opostos nas eleições do ano que vem. Nas capitais e nos principais centros, a ordem entre os aliados é lançar candidaturas próprias e se fortalecer para 2010, ano da primeira eleição para a presidência sem Lula desde 1989.
Dentre os 20 partidos com representação na Câmara, pelo menos 14 apóiam o governo: PMDB, PSC, PTC, PT, PSB, PDT, PC do B, PMN, PHS, PRB, PR, PP, PTB e PV.
Mas até mesmo tradicionais aliados do PT de Lula, como PSB, PDT e PC do B, partidos que integram o chamado bloquinho de esquerda, dão provas de que será difícil reproduzir nos estados a aliança em nível federal.
Em vez disso, os diretórios desses partidos adotaram como estratégia para 2008 lançar candidatos nas cidades com mais de 100 mil habitantes. Nos casos em que isso não for possível, a aliança será costurada preferencialmente com os partidos do próprio bloco.
Os dirigentes dos partidos já sacaram que se continuarem apoiando incondicionalmente o PT correm o risco de tornarem-se meros coadjuvantes no embate que definirá o futuro dessas legendas.
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Sucessão americana
O jornalista Evan Thomas, da Neewsweek provoca os leitores com a seguinte pergunta: Por que candidatos desprezam a humildade?
Joga na cara de seus conterrâneos um fenômeno peculiar da sociedade americana ao questionar qual seria a razão ou motivação que parte dos jovens americanos começam a denunciar a cada vez mais exarcebada arrogância da América? É por abuso? A palavra que depressa vai de encontro aos "brios" e sobre o não menos arrogante site dos pré-candidatos que querem uma estada na Casa Branca. Não é fenômeno isolado, ressalte-se. Mas quase qualquer um em torno do mundo sente-se desconfortável com ou sem ressentimento do "Americano hyperpower" que pensa sobre os Estados Unidos como uma nação arrogante.
A campanha vai ferver! Talvez seja essa a razão de Al Gore declarar pela fé da mucura que não será candidato.
Tempos quentes esses, não acham?
Disco!
Disco Fever
A segunda metade da década foi dominada por dois cenários diferentes. Na Inglaterra, surge o movimento punk, das roupas de couro preto e dos cabelos quase raspados, que contestava, com violência, os valores da sociedade do país. Destaque para a banda Sex Pistols. Nos EUA, pop vira sinônimo de disco music. Feita para as pistas de dança das discotecas, celebra o amor e a alegria, utilizando-se da eletrônica com maior intensidade e por vezes até ousando. Ganham espaço nomes como Donna Summer, ABBA, Gloria Gaynor e Bee Gees, estes últimos num come back arrebatador que mudaria sua carreira para sempre, graças à explosão da disco.
O curioso é que apesar de alguns artistas e grupos terem estado fazendo muito sucesso com essa música dançante, a disco music corria sério risco de cair no esquecimento como mais um mero modismo dos anos 70. Só que, de cult dos clubes noturnos, a disco music virou mania mundial a partir de 1977, quando a história de um garotão do Brooklyn que queria subir na vida dançando chegou às telas: "Os Embalos de Sábado à Noite" (Saturday Night Fever), marco absoluto da época. Pronto, era o empurrão que faltava. Este clássico filme (hoje já podemos chamar assim!) serviu para resgatar o desejo pela dança.
No Brasil, o maior símbolo do fenômeno disco fever apareceu em 1978, com a novela Dancin' Days (exibida pela Rede Globo), de Gilberto Braga, onde Sônia Braga encarnava a versão feminina tupiniquim de John Travolta nas pistas de dança. Festas clássicas com big bands e discothèques do momento regaram o horário das oito nesse marco da TV brasileira, até hoje lembrado como um dos maiores sucessos de audiência da Globo.
Os roqueiros odiavam e os músicos sérios torciam o nariz. Mas o fato é que a disco music foi em frente e teve uma grande influência sobre a música pop dos anos 70, a ponto de se tornar parte da cultura de massa e conseqüentemente da memória afetiva das pessoas. Mesmo com as eventuais críticas negativas (por parte dos próprios críticos, obviamente), a disco conseguiu fazer a cabeça até dos ditos "músicos sérios". Exemplos típicos? David Bowie e seu "Station To Station", de 1976 (com Golden Years), Rod Stewart e seu álbum de 1978, "Blondes Have More Fun", com o hit Da Ya Think I'm Sexy? (inspirado em Jorge Benjor!) e até o Blondie com "Parallel Lines" (que originou seu maior sucesso, Heart Of Glass), também de 1978. (Definitivamente, esse foi o ano de ouro das discotecas). Ainda em 78, pegando carona no sucesso dos "Embalos", foi a vez de "Até Que Enfim é Sexta-Feira" (Thank God It's Friday), com ninguém menos que a diva Donna Summer, além de outros conjuntos do momento. Se o filme não fez o sucesso esperado, uma de suas canções, Last Dance (de Donna Summer), levou o Oscar de Melhor Canção daquele ano e é hit até hoje. É inegável, todos que fizeram música naquela época tiveram um pé na disco, ou pelo menos aventuraram-se uma vez por esse terreno dançante, mesmo que não tenha obtido grande sucesso. Todos queriam estar na moda, todos queriam ser disco. Quem não aderisse à moda disco, ficava para trás.
Derivada da música dançante dos anos 60, com um pé na black music e em busca de uma identidade própria, a disco music foi buscar seu nome na denominação francesa discothèque, um clube em que se podia dançar ao som de músicas tiradas de discos.
Aí, nascem mil discotecas pelo mundo, com luzes em pisca-pisca constantes, pares que não se abraçavam e apenas curtiam a harmonia e o ritmo alucinante das guitarras e sintetizadores. Teclados explodiram em cores e fumaças coloridas. Era um novo tempo jovem que se refletia na música. E assim estourava o movimento disco – forma que os americanos inventaram para abreviar 'discothèque'.
Em 1978 foi inaugurada a Meca das discotecas nos EUA, o Studio 54.
Em 1979 foi lançado o álbum que marca mais ou menos o fim da era disco, Off The Wall, a bem sucedida estréia solo de Michael Jackson. Apesar do virtual declínio do movimento, 1979 foi um ano em que as discotecas ainda predominaram (e muito) ao redor do mundo. Mas as previsões estavam certas e em 1980 a disco já cheirava à nostalgia.
Lamentavelmente, a grande maioria dos artistas disco se tornaram anônimos assim que a coisa toda foi decaindo, por volta de 1980/81. Grupos e cantores que cantaram estrondosos hits dançantes de sucesso internacional, como Roberta Kelly (Zodiacs, I’m Sagitarius), Gloria Gaynor (I Will Survive, Never Can Say Goodbye), Chic (Everybody Dance, Le Freak), K.C. & The Sunshine Band (Shake Your Booty, That’s The Way I Like It), Village People (Y.M.C.A., Macho Man), Santa Esmeralda (Don’t Let Me Be Misunderstood, The House Of Rising Sun), Boney M. (Ma Baker, Rivers Of Babylon), Kool & The Gang (Celebration, Ladie’s Night), Sister Sledge (We Are Family, He’s The Greatest Dancer), Tina Charles (I Love To Love, Dance Little Lady Dance), Peaches & Herb (Shake Your Groove Thing, Reunited), Silver Convention (Save Me, Fly Robin Fly) e uma infinidade de outros não passam hoje de incógnitas para as novas gerações. Alguns ainda são lembrados e conseguem manter certo prestígio junto ao mundo da música, como os Bee Gees (Stayin’ Alive, Night Fever), Donna Summer (I Feel Love, Hot Stuff), e o ABBA (Dancing Queen, Voulez-Vous, embora o ABBA não seja um grupo propriamente disco). Outros são lembrados por hits indefectíveis, como o Village People (Y.M.C.A. continua sendo obrigatoriamente tocada nas mais diversas ocasiões ao redor do mundo).
A verdade é que todo mundo já ouviu uma música de discoteca daquela época, mesmo que não saiba o nome ou qual grupo/cantor a cante. Muitos ouvem disco music e não sabem nem o que estão ouvindo, principalmente os jovens, que bóiam na alienação da geração de hoje. Pode-se ouvir samples de várias canções disco nas músicas de Gabriel O Pensador, Lulu Santos, Maurício Manieri, Fat Family e vários outros grupos e cantores brasileiros. [Para os desinformados de plantão, samples são trechos instrumentais ou melódicos retirados de uma música e colocados em outra, remixada ou não, com letra diferente e arranjos modificados. Coisa muito comum hoje em dia, diga-se de passagem.]
Ao contrário do que muita gente atualmente pensa, disco music não é só aquele tipo de música que faz a alegria de drag queens e afins (sem preconceito). Aliás, essa referência se tornou meio "pejorativa" para um movimento que marcou toda uma época. (Tudo por causa do filme "Priscilla, A Rainha do Deserto"...). O "pejorativa" nem se deve às drag queens, mas sim ao tom limitado com que alguns (críticos em especial) enxergam a disco hoje.
Morava em Macapá, a capital do então Território Federal do Amapá, desmembrado do Pará.
Paralelamente as Tertúlias do Círculo Militar e de uma Discoteca onde havia funcionado uma Churrascaria que não mais me recordo o nome, apenas que ficava próximo à belíssima Orla banhada pelo Rio Amazonas, rolava um outro tipo de som, igualmente arrebatador: Um tal de rock progressivo [chegou às lojas praticamente com a Trilha Sonora do filme "Os Embalos de Sábado à Noite", o insuperável "Dark Side of The Moon", do Pink Floyd]. Minha vida mudou.
Em 1979 retornei à Belém do Pará. Peguei no auge a Signo's clube, na esquina da Doca de Souza Franco. O hoje professor, bailarino e coreógrafo e querido amigo Maurício Quintairos arrematava todos os concursos de dança. Dom Floriano, Albertinho Pinheiro e Tarrika eram os excepcionais Dj's.E vocês sabem quem foi o responsável por tudo isso?
Valmyr Matos Pereira Júnior, meu irmão.
Aproveitei ainda, nesta mesma época o auge do Gato & Sapato, sob o comando de Janjo Proença. Quanta saudade!
Portanto, admita, você já se pegou cantarolando uma canção disco enquanto acompanhava o flashback do rádio, o som do seu vizinho ou até mesmo no som da sua própria casa!
Está esperando o quê para clicar aí em baixo e cair na pista?
A Maritime Pompeii
O estado de conservação da Esquadra Marítima é tão boa que os arqueólogos apelidaram-na de: Uma Pompéia [cidade que submergiu num 'mar' de larvas após um irritado e violento espirro do Vulcão Vezúvio] sub-aquática.
Por exemplo. O achado debaixo do peso de um navio emborcado, é tão espetacular que os cientistas divulgaram que a identidade do esqueleto humando teria pertencido a um infeliz marinheiro que morreu esmagado ao lado de seu cão de estimação.
A reportagem exclusiva marca a capacidade investigativa do semanário americano, dificilmente obtido pelos atônitos concorrentes.
ITALY
A Maritime Pompeii
Pisa is famous for its leaning tower, but archeologists
there are now uncovering an amazing fleet of ancient ships, some complete with crew and cargo.
Watery Graves: This sailor and his canine companion (left) were crushed under the weight of a capsized ship. Archaeologists (right) carefully excavate one of the many ancient boats near San Rossore train station.
Leia a íntegra da matéria (em inglês) aqui>>
O Distrito Sustentável entrou numa das gavetas da inconcebível burocracia brasileira
Após a privatização do conglomerado que atuava em áreas que, digamos, fugiam ao seu foco, a empresa cresce em proporção aritmética.
Já é a quarta maior mineradora do mundo e segue firme para assumir a dianteira nos próximos anos - antes do final da próxima década.
Pois bem, o goveno brasileiro, através do Ministério do Meio Ambiente, pressionado por protocolos internacionais de preservação ambiental e temeroso da fuga dos gigantescos recursos que entram no Brasil via Organizações Não Governamentais, atuou no sentido de mitigar os gravíssimos problemas que estão em curso na Amazônia, e, em especial, nas áreas de influência da BR-163 (Oeste do Pará) e do Distrito Mineral de Carajás (entre o sul e o sudoeste do Maranhão).
A idéia é criação de Distritos Florestais Sustentáveis é uma solução inteligente. Se não resolve de todo o problema, de certo é uma ação inadiável para o futuro da verticalização mineral em solo paraense. Leia as impressões iniciais que este blogger teceu sobre o assunto aqui e aqui.
O Dr. Marcílio Monteiro não pode deixar de pressionar o MMA para uma rápida implantação do Distrito Sustentável de Carajás, especialmente após a brilhante apresentação que fez, em nome do governo do estado na audiência pública sobre o projeto em Marabá.
Volto a bater na mesma tecla. O DSC é o mais importante projeto em curso na Amazônia e vital para o futuro de parte do Pará e parte do Maranhão.
As atividades de exploração dos recursos naturais sustentáveis dessas duas áreas precisam de uma rápida solução para o impasse que vivem, ou seria melhor afivelar a malas e cuidar da vida em outra região menos problemática.
Para onde vai o Pólo de Carajás?
Essas empresas estão ganhando muito dinheiro, ao mesmo tempo que estão acabando com o meio ambiente de mais de dois milhões de pessoas que residem no Sul do Pará e noSudoeste do Maranhão.
Compram carvão produzido através de mão-de-obra irregular. Reflorestam apenas uma pequena parcela nas áreas acordadas ao momento da autorização legal de funcionamento de suas plantas industriais.
Demonstram enorme desprezo com o mercado local e tratam seus funcionários como gente desclassificada.
A produção de ferro gusa criminosa na Amazônia
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A mulher mais bela do mundo
Belíssima... Monica Bellucci, atriz italiana, triunfal ao se dirigir aos palcos do Festival Internacional do Filme de Roma.
Veja-a na Trilogia Matrix.
Relendo
Uma lembrança de Verão
Val-André Mutran (5/05/2007)
Se um dia pudesse voltar no tempo...
Ouviria que seja por encanto o sussurrar do vento. Leria muito mais Pablo e Spinoza à fórmulas de Kent.
Se um dia me fosse permitido olhar o tempo...
Repararia o corpo perfeito dos bem acabados ateus que não reparam santos, pois, movem-se como Deus.
Se um dia me fosse concedido ouvir o tempo...
Calaria, circunspecto Callas após o Ato final.
Assobiaria besteiras para espantar a sina.
Se alguma vez conhecesse o encanto...
Confraria um trato: o de adiar a fome, aviltar a vontade, esquecer a dor, levitar no agora; encantar-me com a noite: perder-me de amor pelo dia.
Se apesar de tudo e só peço haja não me for permitido...
Que a morte venha tântrica, semântica, pois é tempo de trabalho
Muitos me esperam
Poucos me verão...
...No Inverno.
"Um pouco sobre tudo e alguma coisa de nada".
Ao meu amigo Eduardo Sobreira
'Quem vai pagar é a classe média
CPMF sim, terceiro mandato não
Brasília. No calor das discussões sobre a CPMF até 2011, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, sugeriu que a contribuição provisória sobre movimentações financeiras se torne permanente. Durante audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, ontem, o ministro explicou que essa mudança deveria ser feita na Reforma Tributária, a qual o governo comprometeu-se a enviar ao Congresso em 30 dias. A proposta do ministro é que o imposto tenha uma redução gradual de alíquota, até um valor capaz de arcar com as despesas sociais.
- Os gastos são permanentes, mas o imposto criado há 15 anos é provisório - argumentou Bernardo. - Durante a discussão da reforma tributária, defendo que a CPMF se torne um tributo permanente, mas com redução de alíquota.
O tucano Eduardo Azeredo (MG) concordou com o ministro.
- A CPMF, como provisória, já provou que é permanente. O governo tem que acabar com essa hipocrisia e deixá-la permanente mesmo, desde que a alíquota seja reduzida.
Paulo Bernardo disse, ainda, que se a CPMF não for aprovada no Senado, o governo será obrigado a criar um novo imposto para arcar com os gastos da saúde, que este ano foram de R$ 44 bilhões.
Mesmo contando com os votos da maioria dos senadores do PSDB para prorrogar o imposto, Paulo Bernardo e os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e da Saúde, José Gomes Temporão, endureceram o discurso e lançaram ameaças caso a CPMF não seja prorrogada. O principal alvo da artilharia dos ministros na Comissão de Constituição e Justiça foi a relatora da Proposta de Emenda Constitucional da CPMF no Senado, Kátia Abreu (DEM-TO), que já se pronunciou contra a prorrogação do imposto. Mas insistiu em manter as audiências públicas e, assim, entregar com atraso o relatório. O prazo final para enviar o texto, caso não houvesse o debate na CCJ, era terça-feira, dia 30.
Mantega chegou a dizer que a taxa de juros pode voltar a crescer no país se a CPMF não for prorrogada. O ministro da Fazenda argumentou que a confiança dos investidores estrangeiros no Brasil seria abalada com o desequilíbrio fiscal provocado pelo fim dessa arrecadação. Debelada uma crise de confiança, o Banco Central seria obrigado a elevar a taxa básica de juros.
Apesar do embate com a relatora da CPMF, os ministros estão confiantes na prorrogação do tributo, depois de fechado com o PSDB o acordo de isentar do pagamento da CPMF quem ganha até R$ 1.640. Mantega disse, ontem, que com o aumento da faixa de isenção, 80% da população brasileira não vai mais pagar o imposto do cheque.
O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, disse que ainda não sabe exatamente qual o impacto dessa isenção na arrecadação da CPMF. Nem qual o universo de contribuintes nessa faixa de renda. Mas um levantamento feito pela própria Receita Federal a pedido do JB, publicado na segunda-feira, mostrou que são três milhões de brasileiros que receberiam a isenção. São aqueles que não pagam o Imposto de Renda, mas ganham mais que três salários mínimos.
O levantamento mostrou também que 27 milhões de pessoas pagam a CPMF no país, ou seja, 85% da população já está isenta. Isso porque os trabalhadores que ganham até três salários-mínimos e os aposentados recebem do governo uma compensação pelo que pagam do imposto do cheque.
Um esparadrapo no bico tucano
Brasília. A gritaria do empresariado contra mudanças na arrecadação do "Sistema S" calou o bico dos tucanos e melou a proposta do governo ontem. Um dia depois do ministro da Fazenda, Guido Mantega, incluir a redução da alíquota de 2,5% sobre a folha de pagamentos no pacote de "bondades" na negociação com os senadores tucanos, acreditando que estaria abrindo caminho para aprovar a CPMF, os políticos negaram qualquer mudança desse tipo. Até então os senadores comemoravam. Mudaram o tom depois do recado público do presidente da Confederação Nacional da Indústria, Armando Monteiro Neto, que rejeitou veementemente qualquer modificação no Sistema.
A medida sugerida pelo governo foi dada como provocação pelo empresariado que pede o fim da CPMF. O repasse desse índice da folha de pagamento às 11 entidades do "Sistema S" está estimado em R$ 13 bilhões só este ano. O Sistema inclui o Sesi, o Senai, o Senac, o Sebrae, entre outros, que garantem a qualificação profissional de trabalhadores, consultorias, serviços sociais etc. A Constituição permite às entidades a receita de contribuições compulsórias dos empregadores. São as chamadas contribuições parafiscais - os recursos são públicos, embora as entidades beneficiadas sejam privadas. Os empresários não abrem mão desse repasse - que, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), nem sempre são fiscalizados. É o caso de 65% dos recursos que as empresas passam ao Senai e Sesi, informa o TCU.
Ontem, os tucanos do Senado - muitos deles afinados com a CNI e a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) - também rejeitaram esse ponto na negociação. E justificaram com termos regimentais. Por se tratar de alteração na Constituição, deveria ser feita por meio de Proposta de Emenda Constitucional (PEC), cuja tramitação é demorada.
- É complicado. Há uma proteção constitucional - argumentou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). - Queremos algo imediato. Não quero brigar por uma PEC durante três ou quatro anos.
O PSDB tratou de afinar a fala para não desagradar ao empresariado. O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) corroborou o líder.
- Isso não foi discutido na bancada. Na audiência pública (na Comissão de Constituição e Justiça) foi colocado que é assunto de longo prazo - justificou Azeredo. - É para uma reforma tributária, mas não agora.
O volume de recursos do "Sistema S" é tão importante para o setor produtivo no que concerne a investimentos que, para efeito comparativo, supera o Orçamento do Bolsa Família, de R$ 8,3 bilhões anuais, o carro-chefe do governo federal no setor social. Isso é um dos motivos de crítica do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
- Não sabemos o que é feito dos R$ 13 bilhões arrecadados. A sede da Fiesp na avenida paulista é mais luxuosa que a dos bancos - ironizou ontem, durante audiência na CCJ.
Os empresários rebateram. A Fiesp informou que esse dinheiro banca investimentos na saúde e na cultura, entre outros. Em sua defesa, os empresários mostram em números que não querem ficar atrás numa disputa paralela com a União pelo bem-estar dos trabalhadores. Segundo a CNI, em 2006, o Senai - que recebe 1% da folha salarial das indústrias - aplicou R$ 1,5 bilhão. O Sesi - que tira 1,5% da folha - investiu R$ 1,7 bilhão em serviços. Mexer nesses índices é desqualificar o setor, acusou o presidente da CNI.
- Não tem o menor sentido discutir os recursos como forma de barganha. O debate é possível e saudável, mas não desta maneira.
Armando Monteiro Neto ainda vê "descompasso dentro do próprio governo". Segundo o empresário, na última segunda-feira, o presidente Lula elogiou a eficiência do Sistema na inauguração de uma unidade do Senai na Bahia.
Colaboraram Cláudia Dianni, Karla Correia e Juliana Rocha
Fonte: JB
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