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PMDB não aceita acordo com PT no Pará
Alianças dos desconfiados
Por Denise Rothenburg - Flávia Foreque, para o Correio Braziliense
ELEIÇÕES
Lula tenta diminuir as chances de traição nos palanques estaduais de apoio a Dilma, mas aliados aumentam o tom das ameaças
Lula com Jader Barbalho: mais fácil seria um torcedor do Remo passar a torcer pelo Payssandu do que o PMDB apoiar a candidata petista no Pará
A desconfiança que se instala entre PT, PMDB e PSB em alguns estados começa a provocar abalos no castelo de partidos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende arregimentar para a campanha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República. No Pará, por exemplo, onde a governadora Ana Júlia Carepa (PT) é candidata à reeleição, o ex-deputado José Priante (PMDB-PA) resume assim a relação entre os dois partidos: “É mais fácil um remista passar a torcer para o Payssandu, ou vice-versa, do que o PMDB apoiar a Ana Júlia”, afirma.
A declaração do peemedebista vem carregada pela pura desconfiança que cresce cada vez mais entre os dois partidos. Ana Júlia foi candidata porque, em 2006, o deputado Jader Barbalho foi ao presidente Lula e disse que o pré-candidato do PT, Mário Cardozo, não venceria o PSDB. Lula e Barbalho combinaram então que Jader teria um candidato a governador, o PT lançaria Ana Júlia e, no segundo turno, eles estariam juntos. Ao longo do governo de Ana Júlia, a relação com o PMDB se deteriorou.
Há dois meses, Ana Júlia ofereceu a Jader uma das vagas ao Senado. Ocorre que Jader, depois de uma série de consultas ao PT, descobriu que os petistas planejam votar apenas no seu candidato — o deputado Paulo Rocha, aquele que terminou fora do Congresso em 2006 por conta do escândalo do mensalão — e, por causa dos antigos escândalos da Sudam, desidratar o candidato do PMDB.
A desconfiança levou o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, a chamar Paulo Rocha e Priante para uma conversa em seu gabinete. Até o momento, o acordo não saiu e a perspectiva é a de que não sairá por conta da desconfiança.
No Maranhão, a situação não é diferente. PT e PMDB simplesmente não confiam um no outro. Lá, o PT decide no dia 27 deste mês se ficará com o aliado histórico, o PCdoB — que tem como candidato a governador o deputado Flávio Dino — ou apoiará a reeleição de Roseana Sarney (PMDB). A disputa será dura e, na hipótese de ficar com Dino, isso pode refletir na campanha presidencial, uma vez que Roseana estendeu o tapete vermelho para Dilma e fechou as portas para Marina Silva, do PV de Sarney Filho, irmão da governadora. Feito isso, agora o PMDB aguarda reciprocidade do PT local. Desconfia que não terá.
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