Debate na Band: A hora da verdade entre Lula e Alckmin



Legendas: Lula - Foi só um tiquinho.

Alckmin- Chega companheiro. Tá demais!

A hora da verdade tem hora marcada: 20h00. Debate entre os concorrentes ao 2º turno das eleições presidencias brasileira. Será o primeiro confronto direto entre Lula e Alckmin e oportunidade que só se repetirá no último debate, que será promovido pela Rede Globo.
O eleitor será o juiz. O país, o prêmio.

QuidNovi

A tática de cada um dos rivais para o debate de hoje na TV Bandeirantes

Por Luís Costa Pinto

Texto publicado em parceria com o Jornal do Brasil

Hoje à noite, às 20h, a TV Bandeirantes leva ao ar o primeiro dos três debates presidenciais do segundo turno. O presidente Lula, PT, candidato à reeleição, encara-o como a chance de sacramentar um ippon no adversário do PSDB. Ippon é o golpe de judô no qual um dos contendores imobiliza o adversário e vence a luta. O termo imortalizou-se no vocabulário político em 1989 quando, em um debate, Fernando Collor de Mello, então adversário do mesmo Lula, prometeu acabar a inflação lançando mão do ippon. Cumpriu a promessa, mas o preço foi o confisco de poupanças, aplicações financeiras e contas bancárias dos brasileiros.

De volta ao ringue de hoje: Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo e antagonista do presidente da República que se classificou à segunda fase da eleição presidencial depois de ter lutado quase sozinho na arena a que foi lançado por seu partido e pelo aliado PFL, preferirá lançar mão de uma estratégia muito cara aos bons boxeurs: desferir golpes diretos e precisos na face do rival e proteger a retaguarda contra diretos fatais que possam atingir-lhe o fígado.

O ippon acalentado por Lula será obtido caso o debate se torne uma discussão entre o Brasil de hoje e o país que o petista herdou do antecessor Fernando Henrique Cardoso, do mesmo PSDB de Alckmin. Todas as pesquisas qualitativas realizadas pelo PT autorizam os estrategistas das coxias presidenciais a acreditarem que o maior trunfo guardado em suas mãos é a fotografia do Brasil de hoje sobreposta à imagem do país de há quatro anos. Todos os indicadores sociais, econômicos e educacionais são melhores agora do que no momento em que se encerrou o mandarinato de oito anos de FHC. Como Alckmin jamais posou de Torquemada nos debates a que compareceu como candidato a prefeito de São Paulo em 2000, a governador em 2002 e nos ocorridos no primeiro turno desse pleito de 2006, preferiu sempre impor-se a imagem de bom gestor que a tudo conhece, Lula encerra nas mãos números e estatísticas que podem fazer calar o contendor e imobilizá-lo pelo resto da campanha estabelecendo um divisor de águas nas discussões da eficiência gerencial do país.

Transfigurar-se e abandonar a imagem de uma espécie de genro almejado pela maioria das famílias de classe média brasileira, "o gerente", e envergar o calção e as luvas de campeão dos ringues exigirá maior habilidade do candidato tucano. Ele, esta semana, incorporou um mantra que lhe foi recomendado pelos publicitários e jornalistas encarregados de treinar-lhe a tática dos embates na TV: "é a ética, é a ética, é a ética", repetia para si mesmo nos raros momentos em pôde concentrar-se e fechar os olhos para organizar as idéias que deseja expor no programa da Band. Alckmin usará todas as perguntas e todas as réplicas e tréplicas a quem terá direito para insistir, sem folga, em questões que se relacionem com a cobrança de punições para todos os escândalos estrelados por petistas nos dois últimos anos: Waldomiro Diniz, vampiros, mensalão e dossiê contra o PSDB.

Jornalistas tarimbados, um mais afeito às redações de jornais e revistas e o outro às ilhas de edição de TV, os comandantes do marketing dos dois adversários presidenciais, João Santana e Luiz Gonzáles, entendem muito bem da chave-mestre dos debates: a habilidade para sugerir aos espectadores aquilo que não se pode dizer claramente e a sutileza para reconhecer o momento em que será necessário driblar questões incômodas. Revogados sonhos de cada um dos oponentes de hoje à noite, o embate certamente não será decidido nem em razão de um ippon nem em função de uma coleção de golpes desferidos por quem consiga manter a retaguarda alerta. Será um espetáculo de esgrima e seguramente só se decidirá por pontos – e a contagem desses pontos será feita nas ruas, depois do evento. É claro que essa receita será seguida à risca até o surgimento de novidades decorrentes da evolução das investigações no caso do dossiê contra o PSDB. Está provado que o assunto é um fio desencapado capaz de incendiar o eleitorado e a mídia contra o presidente da República e transformar em cinzas a esperança de se reeleger que Lula acalenta.

Alguns números que dão a Lula a certeza do ippon:

Ø 7 milhões de vagas de emprego criadas entre 2003 e 2006 contra o saldo de apenas 700 mil ao longo dos oito anos de mandato de Fernando Henrique Cardoso.

Ø Desemprego de 8% nas Regiões Metropolitanas no último ano de mandato contra uma taxa de desemprego de 11% nas Regiões Metropolitanas no último ano de mandato de FHC.

Ø Balança comercial positiva em US$ 120 bilhões contra um saldo negativo de US$ 8,5 bilhões nos governos do PSDB.

Ø A menor taxa de risco-país medido em toda a História, 204, ou prêmio de 2% pagos a papéis brasileiros no exterior; contra a taxa recorde de 2.400 atingida sob FHC, ou prêmio de 24%.

Ø Sob a gestão Lula a inflação anual média do Brasil foi de 2,8%. Sob os governos FHC essa inflação situou-se na casa dos 13%.

Ø Quitação da dívida para com o Fundo Monetário Internacional durante o governo Lula. Fernando Henrique Cardoso legou ao sucessor uma dívida de US$ 14,7 bilhões.

Ø O governo Lula já destinou R$ 4,5 bilhões em créditos para habitação popular. Em oito anos, FHC destinou apenas R$ 1,7 bilhão para tal fim.

Ø Em 2002 um salário mínimo comprava apenas 1,3 cesta básica. Em 2006 um salário mínimo consegue compra 2,2 cestas básicas.

Ø Nos três primeiros anos de mandato de Lula houve uma redução do número de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza: de 26,7% da população nos anos FHC para 22,3% da população agora.

Alguns argumentos e fatos que da Alckmin a certeza do nocaute:

Ø Nunca na História política do Brasil tantos ministros com gabinetes no Palácio do Planalto foram obrigados a deixar seus postos na esteira de escândalos de corrupção.

Ø Há cinco ex-ministros indiciados em inquéritos comandados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. O PT, partido do Presidente da República, viu dois presidentes serem defenestrados no cargo sob denúncias de corrupção.

Ø Nos dois últimos anos o Congresso Nacional manteve-se catatonicamente paralisado em razão dos escândalos de corrupção que tinham por epicentro o Palácio do Planalto e cercanias.

Ø Nunca houve na História republicana brasileira uma campanha em que se comprovasse que um partido político confeccionava dossiês destinados a metralhar moralmente os adversários. Em 2006 essa prática política de porão não só foi confirmada como ficou estabelecido que elementos filiados ao partido do presidente que fizeram isso desfrutavam da intimidade presidencial.

Ø Até hoje o roteiro das contas pessoais do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, segue interrompido e não se sabe se quem caminhar por aquelas sendas terminará por encontrar as contas pessoais do presidente da República.

Ø Há 23 dias foi descoberto que um grupo de petistas havia encomendado e iria pagar um dossiê com denúncias contra adversários políticos. Alguns desses petistas tinham um total de R$ 1,7 milhão em mãos. De onde saiu esse dinheiro? Por que o presidente da República não oferece respostas a essa questão?

Ø Dos cinco ex-ministros demitidos sob denúncias um, em especial, é tratado com especial carinho por Lula: Humberto Costa, ex-ministro da Saúde, indiciado no escândalo da Máfia dos Vampiros e citado nas investigações contra a Máfia das Sanguessugas. Por que a deferência com Costa?

Ø Por que Lula não demitiu José Dirceu da Casa Civil na eclosão do escândalo do mensalão?

Ø Enfim, o presidente de fato não tomava conhecimento das costuras políticas que eram empreendidas na ante-sala da Casa Civil, no Palácio do Planalto, e sedimentadas da maneira denunciada por Roberto Jefferson?

Crédito das Fotos: ABr e Site do Candidato
Com edição e tratamento por: Val-André Mutran

Um comentário:

Marco Aurélio disse...

Acredito que o candidato tucano explore os escândalos de corrupção ocorridos no governo e na campanha petista, principalmente o da suposta compra de um dossiê contra candidatos do PSDB por parte de membros do PT. Deve também explorar o baixo índice de crescimento da economia brasileira, que só perde para o Haiti na América Latina, e provavelmente terá que enfrentar as comparações que Lula deve fazer entre os quatro anos seu mandato e os oito do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. De qualquer jeito acho que os dois deviam ser teletransportados para uma galáxia distante.

Um abraço

Marco Aurélio

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