Sentimento represado de um patriota

Recebi e publico com satisfação, carta enviada pelo economista Roberto Castro, assíduo leitor do blog, radicado em São Paulo.

Caro Val,

Graças a você e ao seu destemido Blog, o Brasil tomou conhecimento de que eu existia, por isso, lhe sou muito grato.

Infelizmente, não tenho recursos suficientes para estar aí em Brasília no próximo dia 02, mas, acompanharei pela imprensa e principalmente pelo seu Blog, do Hiroshi, do Jeso, do Jotaparente, entre outros, que já fazem parte da Nova História do Brasil.

Não sei quanto tempo você está nesta estrada, mas, eu estou com esse sentimento represado no peito desde a Assembléia Nacional Constituinte de 1988, quando acompanhei cotidianamente de S.Paulo a luta dos mocorongos pela emancipação e guardo todos os recortes do Jornal de Santarém e da saudosa Província do Pará.Os artigos sobre os EUA e do Paraná são daquela época.

Francamente, não acredito no Brasil com atual divisão territorial e político-administrativa do país, daí os meus artigos com toda essa carga de ansiedade e emoção.

Um povo com a riqueza econômica e os recursos naturais como o da região norte não pode ficar à deriva por séculos. Todo o dia, contemplo a foz do Rio Amazonas e relembro a epopéia histórica deste povo heróico para tornar o Brasil, esse gigante país, maravilhoso e lindo.

Num dia de agosto de 1983, tomei uma rural 4x4 com uns amigos e rumei em direção à Tucumã, poucos meses após a sua fundação. Tinha como objetivo tomar posse de um fazenda de 3000 hectares que um irmão meu comprou do Iterpa, na margem esquerda do Rio Xingu na altura de São Felix do Xingu. Por motivos familiares e de trabalho tive que retornar à S.Paulo e por coincidência fui trabalhar junto ao escritório da Philco da Amazônia na Capital paulista.

No meio da selva, o carro quebrou às margens do Paraopebas, em meio à reserva Caiapó cujos guerreiros estavam pintados na época para guerrear com os garimpeiros que haviam invadido a região e o medo era tão grande que dormi segurando um facão enorme na cabine da caminhonete e acabei sonhando que era a reencarnação de um Caiapó.

Também participei do movimento pela emancipação de Tapajós de 1988 e em outra viagem histórica fui visitar um cunhado que reside até hoje, nas nascentes Sinop e Sorriso da época, ainda selva, às margens da Cuiabá-Satarém.

Também trabalhei na Philco de Manaus e morei por 03 meses em Belém onde trabalhei no Clube do Remo.Hoje, moro em Macapá, já há seis anos e, portanto, me sinto como um Mocorongo, um xinguense, um manauara ou um tucuju.

No início do século, uns parentes fugindo da seca do cariri paraibano vieram cortar seringa na região e desapareceram na fumaça e passei a minha em infância ouvindo essa história.

Como vê, não falo por falar, mas, do fundo do coração.

Um abraço

Roberto Castro

3 comentários:

Frederico Guerreiro disse...

Faltou "paraense".

Ricardo Rayol disse...

Amém

Roberto C. Limeira de Castro disse...

Que eu saiba, xinguenses e mocorongos ainda são paraenses, portanto seria redundância incluir os paraenses três vezes. Das duas, uma. Ou você só considera paraenses os que moram na região de Belém e despreza os demais, o que seria normal pelo abandono em que vivem esses últimos ou os Estados de Carajás e Tapajós já são dados como certos na sua avaliação. Se for favorável, meus parabéns. O missivista é irrelevante perto da causa que defende. Pelo menos demonstra que fez um esforço mental para entender a carta que não pedi para o Mutran publicar.

Quanto ao Amém, é apenas mais um contra a emancipação e 00001 a mais no contador do Blog, não influi nem contribui. De qualquer modo é democrática a discordância, mesmo que através de ironias monossilábicas.Como diria o Mutran, identifique-se quanto ao seu posicionamento, como faço claramente. Broncas pessoais, não cabem nesse distinto Blog.

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