Não conclusivo

Computador entendeu que avião arremeteria

Luciana Nunes Leal
O Estado de S. Paulo
2/8/2007

Essa foi a razão, segundo o chefe do Cenipa, pela qual o comandante não conseguiu parar Airbus: "Não freie. Não abra os spoilers porque ele vai voar"

O brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), disse ontem aos deputados, na sessão secreta da CPI do Apagão, por que o piloto do Airbus da TAM tentou frear manualmente o avião e não conseguiu. "Quando o motor direito estava recebendo a informação de que a aeronave estava em climb (procedimento de subida), o que o computador mandou para todos os sistemas? Não freie porque isso aqui vai voar. E não abra os spoilers porque ele vai voar."

Kersul detalhou a operação e avaliou: "O piloto deve ter tentado manter o avião na pista, usando todos os mecanismos que estavam à disposição dele. Então, quando o motor começou a embalar, foi ficando mais difícil manter o avião na pista. O avião começou a se deslocar para a esquerda porque esse motor direito estava empurrando o avião." Ele contou aos deputados que em vários acidentes com as mesmas características, em que o avião sai da pista, a investigação revelou falha humana. Mas voltou a lembrar que há possibilidade de pane no computador.

Segundo o brigadeiro, o quadrante dos manetes foi recolhido dos escombros e mostrava um manete na posição climb e outro na posição idle (ponto morto). Embora tenha ressalvado que o impacto pode ter alterado a posição do manete direito, Kersul mostrou que o quadrante reforça a informação contida na caixa-preta de dados. "Está no computador qual é a posição do manete (...) Temos uma segunda comprovação. Achamos o quadrante do manete. O manete está realmente fora da posição, lembrando que, com o impacto naquela velocidade, tudo pode acontecer."

Na sua análise, os pilotos não perceberam que, inicialmente, havia um comando para frear e outro para acelerar. Kersul acredita que, se eles tivessem percebido, as informações técnicas dos últimos procedimentos mostrariam uma tentativa de reduzir o manete direito, para o ponto morto, o que não ocorreu. Não ficou claro, no entanto, por que os pilotos não perceberam o manete na posição incorreta.

NOS PADRÕES

Durante a sessão, de cerca de três horas, Kersul projetou na parede os gráficos da caixa-preta de dados. Ele disse aos deputados que os problemas começaram mesmo do pouso em diante e que, na hora em que a aeronave tocou o solo, estava em velocidade dentro dos padrões e tocou um ponto da pista "já próximo do limite máximo, mas dentro dos limites". Nesses aspectos, de posição na pista e velocidade na hora do pouso, segundo o brigadeiro, "não houve problema algum". A separação na posição dos manetes é que teria dado origem à tragédia.

No início da sessão, Kersul informou aos deputados que não é piloto de Airbus e, portanto, tem conhecimentos restritos. "Não sou piloto desse avião, infelizmente. É uma máquina muito boa. Não sou capaz de entrar em detalhes, de influir na investigação. Não tenho vergonha de confessar minha ignorância."


Comentários

Anônimo disse…
Com tanta patifaria até os computadores enlouquecem.Um manda parar, o outro manda subir e o outro manda dobrar a esquerda e explodir no prédio da Tam.

A síndrome do pânico do Brasil ataca até os pacatos microprocessadores.

Coitado de nós brasileiros!
Mas não é rapá?!

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