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Como ele será demitido?

O ministro Nelson Jobim da Defesa, não disse como demitirá o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi. Segundo Jobim, a idéia é renovar completamente a diretoria da agência. Questionado sobre a possível permanência de Zuanazzi na agência, Jobim afirmou:

- Vamos examinar oportunamente. A idéia é de renovação completa.

Nota do blog: Pela constituição das Agências de Regulação os membros de cargos de diretoria não podem ser demitidos antes do fim do mandato para o qual foram eleitos.

O blog desconfia de uma operação de livre e espontânea pressão de Jobimzão.

Representante da Airbus que não é representante!
















Brasília - O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) conversa com o deputado Vic Pires Franco (DEM-PA) durante audiência da CPI do Apagão Aéreo da Câmara Foto: Marcello Casal Jr./Abr

"Perjúrio" é o que o bacana pode ser enquadrado

No Correio Braziliense de hoje.

Depoente errado

O deputado Vic Pires (DEM-PA) fez a CPI do Apagão Aéreo na Câmara passar ontem por um vexame. Ele apresentou requerimento solicitando a convocação de Mário Sampaio na condição de representante da Airbus no Brasil. Porém, antes de iniciar seu depoimento, Sampaio esclareceu aos integrantes da comissão que não representa a empresa no país e atua apenas como consultor de imprensa.

Vic Pires justificou-se afirmando que Sampaio concedeu entrevistas após o acidente falando em nome da Airbus. O jornalista contestou as declarações. Disse que enviou correspondência à CPI informando que não era representante da Airbus e que também avisou o deputado Vic Pires. “Eu posso ter frustrado a comissão, mas desde que recebi a convocação telefonei informando que eu não represento a empresa no Brasil”, explicou.

Diante de falha, vários deputados pediram o cancelamento do depoimento, mas o presidente interino da CPI, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu manter a sessão. Sampaio disse aos parlamentares que a Airbus não possuía Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) nem escritório no Brasil. Depois, pressionado pelos deputados, afirmou que a empresa norte-americana possui escritório e representantes no Brasil.

Perjúrio
Diante da contradição, o relator Marco Maia (PT-RS) disse que Sampaio poderia ser processado criminalmente caso “faltasse com a verdade” no depoimento. Cunha reafirmou a possibilidade de responsabilizá-lo criminalmente e pediu que Sampaio encaminhasse documentos à CPI comprovando seu vínculo salarial com a Airbus. “Caso isso não ocorra, a comissão terá que quebrar seu sigilo bancário”, adiantou.

A Airbus enviou dois advogados para acompanhar o depoimento de Sampaio. Ao final do depoimento, o relator reclamou. “Foi uma desconsideração da Airbus mandar este cidadão à CPI”, criticou. Os advogados se comprometeram a levar à comissão, na próxima quinta-feira, um representante legal da Airbus no Brasil. (SL)

Enquanto isso...

...

Famílias de pilotos evitam sair e ver notícias

Fabiane Leite
O Estado de S. Paulo
2/8/2007

Mulher de Stephanini e mãe de Kleyber esperam informações oficiais

Maria Helena, a mulher do co-piloto Henrique Stephanini Di Sacco, do vôo 3054 da TAM, não quer mais assistir TV, ouvir rádio ou ler jornais depois que ganhou destaque o noticiário sobre possível falha humana como causa do acidente.

"Conclusões sobre o caso têm sido apresentadas apressadamente, antes do fim das investigações. Só confiamos nas informações passadas por conhecidos da família", disse ela. "E acrescento que até que, no meu entender, receba informações oficiais, ainda não pensamos em nenhuma providência sobre a divulgação de falha humana, pois a família no momento só está à espera da identificação do pai e do marido que nos faz tanta falta", informou ao ser questionada se a família tomaria providências contra as acusações contra o piloto.

Maria Helena, que é conhecida como Milena, responde rápido quando lhe perguntam sobre as possíveis causas do acidente. "Só posso falar dos 30 anos que passamos juntos."

Já a mãe do outro piloto do vôo, Kleyber Lima, que, segundo a TAM, comandava a aeronave, não anda mais nas ruas e evita conversar sobre o caso. "A gente recebe com espanto (as notícias). Conhecia bem meu tio, ele tinha mais de 20 anos de experiência. É muito difícil alguém fazer aquilo, você esquecer um manete de aceleração para frente, acho que nem um piloto começando faria isso", afirmou o sobrinho de Kleyber, Sheldon Lima, de 19 anos, que tem permanecido na casa da avó. "A mãe dele está muito traumatizada, triste em vê-lo acusado por grandes veículos de comunicação. Ela já tem idade. Costumava caminhar, fazer tricô. Não caminha mais. Ainda não conseguiu se recuperar. Ela sofre muito, até porque ele era a vida dela e ela, a dele", continuou Sheldon. As duas famílias informaram que têm recebido assistência da TAM desde a data do acidente.

FRASES

Maria Helena
Mulher do piloto Henrique Stephanini Di Sacco

"Ainda não pensamos em nenhuma providência sobre a divulgação de falha humana, pois a família no momento só está à espera da identificação
do pai e do marido que nos faz tanta falta"

"Só posso falar dos 30 anos que passamos juntos"


Não conclusivo

Computador entendeu que avião arremeteria

Luciana Nunes Leal
O Estado de S. Paulo
2/8/2007

Essa foi a razão, segundo o chefe do Cenipa, pela qual o comandante não conseguiu parar Airbus: "Não freie. Não abra os spoilers porque ele vai voar"

O brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), disse ontem aos deputados, na sessão secreta da CPI do Apagão, por que o piloto do Airbus da TAM tentou frear manualmente o avião e não conseguiu. "Quando o motor direito estava recebendo a informação de que a aeronave estava em climb (procedimento de subida), o que o computador mandou para todos os sistemas? Não freie porque isso aqui vai voar. E não abra os spoilers porque ele vai voar."

Kersul detalhou a operação e avaliou: "O piloto deve ter tentado manter o avião na pista, usando todos os mecanismos que estavam à disposição dele. Então, quando o motor começou a embalar, foi ficando mais difícil manter o avião na pista. O avião começou a se deslocar para a esquerda porque esse motor direito estava empurrando o avião." Ele contou aos deputados que em vários acidentes com as mesmas características, em que o avião sai da pista, a investigação revelou falha humana. Mas voltou a lembrar que há possibilidade de pane no computador.

Segundo o brigadeiro, o quadrante dos manetes foi recolhido dos escombros e mostrava um manete na posição climb e outro na posição idle (ponto morto). Embora tenha ressalvado que o impacto pode ter alterado a posição do manete direito, Kersul mostrou que o quadrante reforça a informação contida na caixa-preta de dados. "Está no computador qual é a posição do manete (...) Temos uma segunda comprovação. Achamos o quadrante do manete. O manete está realmente fora da posição, lembrando que, com o impacto naquela velocidade, tudo pode acontecer."

Na sua análise, os pilotos não perceberam que, inicialmente, havia um comando para frear e outro para acelerar. Kersul acredita que, se eles tivessem percebido, as informações técnicas dos últimos procedimentos mostrariam uma tentativa de reduzir o manete direito, para o ponto morto, o que não ocorreu. Não ficou claro, no entanto, por que os pilotos não perceberam o manete na posição incorreta.

NOS PADRÕES

Durante a sessão, de cerca de três horas, Kersul projetou na parede os gráficos da caixa-preta de dados. Ele disse aos deputados que os problemas começaram mesmo do pouso em diante e que, na hora em que a aeronave tocou o solo, estava em velocidade dentro dos padrões e tocou um ponto da pista "já próximo do limite máximo, mas dentro dos limites". Nesses aspectos, de posição na pista e velocidade na hora do pouso, segundo o brigadeiro, "não houve problema algum". A separação na posição dos manetes é que teria dado origem à tragédia.

No início da sessão, Kersul informou aos deputados que não é piloto de Airbus e, portanto, tem conhecimentos restritos. "Não sou piloto desse avião, infelizmente. É uma máquina muito boa. Não sou capaz de entrar em detalhes, de influir na investigação. Não tenho vergonha de confessar minha ignorância."


Juniti demite Carcavallo




Foi para a rua o responsável pelo atraso que fomos vítima no dia 21/07

Pane derruba chefe do Cindacta 4


Para Juniti Saito, coronel Carcavallo não teve pulso para resolver o problema


BRASÍLIA. A pane elétrica que deixou às escuras o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo de Manaus (Cindacta-4), obrigando aviões que faziam vôos internacionais a retornar ao ponto de origem, na madrugada do último dia 21, derrubou o chefe do Cindacta 4, coronel Eduardo Antônio Carcavallo Filho. Sua demissão foi publicada ontem no Diário Oficial. Ele será substituído pelo coronel Carlos Eurico Peclat dos Santos.

A saída de Carcavallo, cuja promoção a brigadeiro era dada como certa, foi decidida na última sexta-feira pelo comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, e terá reflexos negativos na carreira do coronel. Para Saito, Carcavallo não teve pulso firme para evitar o problema, que é alvo de sindicância. Sem descartar a possibilidade de sabotagem, a Aeronáutica já concluiu que a pane foi causada por erros elementares na manutenção das instalações elétricas.

O Cindacta 4 é responsável pelos vôos que entram e saem do país com destino aos Estados Unidos e à América Central, além do tráfego nacional sobre a Amazônia.

Desde a colisão do Boeing da Gol com o jato Legacy, que matou 154 pessoas em 29 de setembro do ano passado, Carcavallo é o terceiro chefe de Cindacta a perder o cargo. O primeiro foi o coronel Lúcio Rivera, chefe do Cindacta 1, em Brasília, no fim de 2006. O mesmo ocorreu com o substituto de Rivera, o coronel Carlos Vuyk de Aquino.

FAB pode nomear só brigadeiros para Cindactas

A Força Aérea Brasileira (FAB) estuda nomear brigadeiros e não mais coronéis para a chefia dos Cindactas 1 e 4, dada a importância dos dois centros no controle do tráfego aéreo do país.

A pane elétrica em Manaus ocorreu às 23h15 no horário da capital amazonense. O fornecimento de energia ficou interrompido até a 1h32m, mas o controle aéreo por radar só foi retomado às 2h30 (horário de Manaus). Nesse período, os controladores tiveram de operar em situação de emergência, via rádio, valendo-se de informações sobre a velocidade dos aviões e dos ventos para calcular a posição de cada aeronave.

Prestando contas



Marco Aurélio vai ter de depor sobre gesto obsceno
Maiá Menezes

Diretor da Anac também pode ser punido por comissão

O petista Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência, será convocado a prestar esclarecimentos à Comissão de Ética Pública, ligada à estrutura da Presidência. Os quatro integrantes da comissão começaram ontem a analisar o polêmico ato de Marco Aurélio, flagrado fazendo gestos obscenos para comemorar a notícia, veiculada pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, de que o problema em uma das turbinas teria contribuído para a queda do Airbus A-320 da TAM, há duas semanas. O gesto, segundo o presidente da comissão, ex-ministro Marcílio Marques Moreira, pode levar a punições que variam da advertência sigilosa à demissão. Todas previstas no Estatuto do Servidor Público.

Marcílio Marques Moreira disse ontem que a jurisprudência da comissão indica que servidor público deve ter ética também na sua conduta privada:

- Há uma jurisprudência que indica que um servidor público tem que usar os mesmos princípios éticos na vida privada e na pública - disse o ex-ministro, se referindo ao fato de que Marco Aurélio foi flagrado em um momento privado, em seu gabinete.

Debruçados sobre reportagens que noticiavam a reação de Marco Aurélio, inclusive uma em que ele pede desculpas pelos gestos, os integrantes da comissão - formada pelo padre José Ernanne Pinheiro, assessor político da CNBB; pelos advogados Roberto de Figueiredo Caldas e Hermann Baeta, ex-presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - passaram o dia reunidos, no prédio do Ministério da Fazenda no Rio.

Decisão só será pública depois de informada a Garcia

O secretário-executivo da comissão, Mauro Bogéa, disse, à noite, que a decisão tomada na reunião só seria divulgada depois que os envolvidos nos casos fossem informados.

Marcílio Marques Moreira, que saiu sem dar entrevista, disse, antes do encontro, que seria designado um relator para cuidar do caso. E que Marco Aurélio deverá ser ouvido no próximo encontro, marcado para daqui a um mês.

Os conselheiros analisaram ainda o comportamento do economista Josef Barat, diretor da Anac. No começo de dezembro do ano passado, ele viajou a Nova York, a convite da TAM, para dar uma palestra cujo tema foi "A visão da Anac quanto ao futuro desenvolvimento do setor aéreo e suas questões". O diretor foi um dos convidados de um seminário que apresentava a TAM a investidores internacionais. A decisão também não foi divulgada.

Josef Barat, em carta enviada ao GLOBO ontem, confirmou que fez a viagem a convite da TAM. Ele ressaltou, no entanto, que só aceitou depois de consultar a Anac. Segundo ele, parecer da corregedoria da agência opinou que a oferta da TAM "não fere os princípios éticos da administração pública, nem caracteriza conflito de interesses, pelo contrário, trata-se de atividade inerente à função regulatória desta".

Fernando Rodrigues analisa as chances de Jobim debelar a crise aérea

O jornalista Fernando Rodrigues da Folha de S. Paulo (para assinantes aqui>>) analisa a agenda mínima que o novo Ministro da Defesa, Nelson Jobim terá à frente do cargo para debelar - o que não acredito - ou mesmo administrar a crise aérea que já matou mais de 350 pessoas num período de quase 11 meses e que ofende usuários do sistema em filas intermináveis, adiamentos e cancelamentos de vôos, overbooking, desrespeito por parte de companhias aéreas safadas, sucateamento de equipamentos do controle de tráfego aéreo e pistas de aeroportos que mais pararecem um queijo suíço; ocasionando bilionários prejuízos aos usuários domésticos, turistas internacionais e caos nas empresas que precisam cumprir compromissos em outros Estados. Leiam o que diz Rodrigues.

FERNANDO RODRIGUES

O tempo de Jobim

BRASÍLIA
- Começou a produzir efeitos políticos a nomeação de Nelson Jobim para o Ministério da Defesa. As TVs mostraram ontem o ministro ao lado do governador de São Paulo, José Serra, e do prefeito paulistano, Gilberto Kassab. Em resumo, um lulista, um tucano e um democrata (ex-pefelista). Não apenas juntos, mas em harmonia. Lula poderia brincar repetindo a frase do comercial de cartão de crédito, pois a imagem da trinca "não tem preço" na política.

Hoje, para completar, Jobim permanece em São Paulo. Deve almoçar com Serra. A relação entre ambos é mais do que cordial. Para atestar o grau de distensão basta imaginar qual seria o cenário hoje se o ministro da Defesa nomeado tivesse sido mesmo Paulo Bernardo, o petista e atual titular do Planejamento -como se cogitou antes da aceitação de Jobim. Com Paulo Bernardo certamente não haveria o almoço de hoje nem a imagem amistosa de ontem.

Nenhum desses movimentos, por óbvio, resolve a crise aérea. Mas calmaria política e civilidade nas relações entre as diversas esferas de poder são o passo número um para a viabilização de algum tipo de solução. Pode não ser suficiente, é verdade. Só que sem esse pré-requisito nada daria certo.

Para azar de Lula, entretanto, nem só de política é possível viver. As ações práticas terão de ser empreendidas a partir da próxima semana. E há obstáculos à frente. A troca de dirigentes da Infraero (a estatal dos aeroportos) e da Anac (a agência reguladora do setor) é desejável. Melhor ainda seria haver peças de reposição disponíveis e de melhor qualidade. Não há.
Tudo somado, o tempo de Jobim é curto. Terá de exercitar seu comando sem muita margem de manobra. Em alguns dias começará a ser fortemente cobrado -até porque capital político é um dos mais evanescentes da natureza.

frodriguesbsb@uol.com.br

Congresso pode não começar trabalhos na data marcada

Quem alerta é o jornalista Carlos Chagas em sua Coluna na Tribuna da Imprensa.

Como chegar a Brasília

Marcada para quarta-feira, a reabertura dos trabalhos do Congresso corre o risco de não acontecer. Fora alguns bissextos integrantes da CPI do Apagão Aéreo, a imensa maioria dos 513 deputados permanece fora de Brasília. A bancada de Goiás dispõe da opção de vir de carro. Os demais, só de avião. Alguns felizardos possuem jatinhos ou amigos do peito proprietários de jatinhos, mas a massa não conseguia, até ontem, sequer comprar passagem. Quanto mais ter certeza de que embarcará nos aeroportos de origem, na hora prevista.

Os paulistas, então, lamentam ter sido a capital transplantada para o Planalto Central. Continuasse no Rio e ainda seria possível viajar de navio, partindo de Santos. Quanto aos senadores, a mesma coisa. Os amigos de Renan Calheiros poderão pleitear carona no avião da FAB a que tem direito o presidente do Senado, mas como chegar a Maceió?

Eis um tema jamais considerado pelo Congresso, mas extremamente necessário e capaz de alimentar os debates: que tal a aprovação de uma lei ou emenda constitucional determinando a aplicação em ferrovias de todos os recursos desviados pelo governo para o pagamento dos juros das dívidas externa e pública? Mesmo assim, a adoção de proposta tão necessária exigirá que venham todos a Brasília, cidade há décadas sem ouvir o apito de um trem...

Nota do Blog: O ilustre jornalista Carlos Chagas deve ter se referido a trem de passageiros, visto que o de cargas funciona a pleno vapôr aqui.

Nelson Jobim: O fraudador

Em duas notas o jornalista Correa Neto previne o que devemos esperar do recem empossado Ministro da Defesa do Brasil:

O perfil técnico
Não tenho motivo para acreditar num ministro que se confessou fraudador da Constituição, mas me agrada uma coisa que ele falou ontem: “para conduzir o processo (da aviação civil) os nomeados devem ter perfil técnico”. Pronto, descobriram a pólvora. Mesmo que seja Nelson Jobim, a torcida é para que resolva o problema, ainda que todos corramos o risco de acabar virando presidente da República, se der certo.
O perfil técnico II
E para que não fique a impressão de que tenho prevenção contra o Nelson Jobim, leiam o que o Hélio Fernandes escreveu na Tribuna da Imprensa sobre a mesma figura. “Há 48 horas se sabia que Nelson Jobim seria o ministro da Defesa. Tomou posse ontem. Quis ser vice de Lula, chefe da Casa Civil, presidente do PMDB. Perdeu tudo, agora saiu do ostracismo.
O que se pode esperar de um homem que fraudou a Constituição na Comissão de Redação? E depois se orgulhou do fato, revelando-o a todo o País? Redundância geral: "Jobim foi convidado e aceitou". Ha! Ha! Ha! O que é que pode fazer? Derrapar, como sempre”.

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Leiam o que escreveu o colunista Hélio Fernandes na Tribuna da Imprensa sobre a decisão do presidente em substituir Waldir Pires por Nelson Jobim.

Lula teve várias oportunidades para substituir Waldir Pires sem desgastá-lo, o que não queria fazer. Podia ter tido a idéia luminosa quando a embaixada do Brasil em Portugal ficou vaga com a saída de Paes de Andrade. Waldir seria grande embaixador, Lula não percebeu. Continuou desprestigiando o amigo, alimentando o caos, Waldir não era chefe ideal, não tinha comando, gosto ou autoridade.

Pressionado fortemente pela opinião pública, seqüestrado pela imobilidade, obrigado a mudar de qualquer maneira, o presidente Lula, anestesiado pelo tempo em que ficou apático e negligente, teve que resolver às pressas. E como um presidente não pode nem deve ser enjaulado pelos fatos, acabou se movimentando, escolhendo um novo ministro da Defesa.

Imprensado e apressado, indicou, nomeou e empossou um dos mais contraditórios, carreiristas e controversos personagens da vida pública brasileira, Nelson Jobim. Este encenou a farsa da não aceitação. Desde os rumores até à concretização, sabia que ia aceitar.

E curiosamente, de passado altamente duvidoso, derrotado e execrado em todos os cargos pelos quais passou e por todos que não conseguiu conquistar, é rigorosamente O HOMEM CERTO PARA O MOMENTO INCERTO.

1 - Traiu a constituinte e a Constituição, "introduzindo" um princípio que não existia nem foi votado.

2 - Deslumbrado pelos holofotes, mais tarde confessaria a fraude.

3 - Mas já estava no Supremo Tribunal Federal, depois de uma passagem pífia e inútil pelo Ministério da Justiça.

4 - Pelo sistema de rodízio chegou a presidente do Supremo, com atuação desgastante, delirante e decadente.

5 - Agiu sempre diferente de um ministro do Supremo, desagradou a todos.

6 - O movimento de magistrados do seu Estado, o Rio Grande do Sul, liderado perante o Supremo pelo grande advogado Ivan Nunes Ferreira, obrigou Nelson Jobim a se aposentar precocemente do Supremo 11 anos antes do obrigatório.

7 - Ficou vagando pelo espaço (aéreo?), derrotado em todas as ambições (e sua vida é cheia de ambições), não conseguiu ser vice de Lula, chefe da Casa Civil, presidente do PMDB, fortemente apoiado e sustentado por Renan Calheiros. Essa é a sua vida. Vejamos o outro lado.

Sem nenhuma contradição, tendo mostrado o herói sem nenhum caráter, a conclusão seguinte: se alguém tem condições para controlar o caos e o apagão aéreo, não há dúvida que é Nelson Jobim. Por tudo o que representa, pelo comando que tem o ex-ministro da Justiça e ministro aposentado do Supremo, pode colocar ordem no espaço. Se o seu comando tiver que chegar à truculência, na certa que o fará sem qualquer constrangimento.

PS - Como digo no título, Jobim é Nelson sem a importância do almirante que derrotou o gênio Napoleão. Jobim é um Nelson que nem de longe se junta a Mandela, que preso durante 27 anos destruiu o apartheid e o preconceito.

PS 2 - Sendo apenas Jobim, disse que não vai "partidarizar", que seu partido não foi consultado. Mas sabe que ele, pessoalmente, se inseriu no mapa geográfico do futuro. Gagarin disse "a Terra é azul". É o sentimento de Jobim, no momento em que volta ao palco. Se obtiver sucesso de crítica e de público, o Brasil ficará satisfeito.

P.S. do Blog: Não esqueçamos que Nelson Jobim foi nomeado para Ministro, chegando a presidência do Supremo Tribunal Federal pelo imperador Fernando Henrique Cardoso.

Brilhante carta sobre uma tragédia anunciada

Meu amigo de longa data Fred Guerreiro, prestes a formar-se advogado, enviou carta ao jornal O Liberal que a publicou.

Em seu arrazoado brilhante, Fred emoldura a indignação que se abate naqueles que tem um mínimo de vergonha na cara de cobrar uma solução para o desastre que se abateu, há mais de 11 meses, sobre a aviação comercial brasileira.

Elegante, Fred cita esse humilde espaço. Leiam. Vale a pena.







Edição:Ano LXI nº 31.821 Belém, Quinta, 26/07/2007






A catástrofe do vôo 3054

Chegamos à apoteose aérea. A tragédia do vôo 3054 da TAM era algo mais do que previsível de acontecer. A cidade de São Paulo fez de Congonhas sua fagocitose e agora sofre os efeitos de sua indigestão alimentar. Pior que isso: centenas de vidas foi o preço pago para se chegar à conclusão cabal das leis da física, de que velocidade e espaço são grandezas diretamente proporcionais. Ou seja, aviões a jato precisam de espaço, de preferência com exagerada área plana extra para um pouso seguro em eventualidades.

Fazia anos que a tragédia de Congonhas vinha sendo anunciada como um trailer de filme de terror prestes a ganhar o cartaz de atração principal. Em 1996, a peça teatral governamental sobre o aeroporto ganhou seus ares de longa metragem e anunciou sua avant première, com um acidente da mesma empresa, no qual morreram 99 pessoas, incluindo aquelas que estavam em solo. Anos se passaram e vários foram os vôos que tiveram problemas naquela cabeceira de pista. Era um sinal. Um mau sinal. Da mesma forma, Airton Senna precisou morrer para que redesenhassem Ímola. Cumbica precisou de centenas de corpos carbonizados para chamar a atenção, um preço muitíssimo alto a ser pago pela falta de investimentos no setor. Há meses, o amigo Val André já havia cantado essa bola em seu blog ('Pelos Corredores do Planalto'): 'O caos nos aeroportos é apenas a ponta do iceberg'.

O inaceitável desastre, assim como a combinação de fatores intrínsecos que levam a um acidente aéreo, é também reflexo dos fatores extrínsecos, da falta de planejamento e investimentos do governo para o setor. No jogo do empurra-empurra, o passageiro não passa de um dente da engrenagem da ganância das companhias aéreas e da irresponsável política pública de infra-estrutura de transporte aéreo.

Nos próximos meses, as autoridades e a Imprensa se empenharão em eleger culpados para a tragédia e crucificá-los. Prevê-se com antecedência que serão os pilotos, os controladores de vôo, o avião, a água da chuva, uma ave noturna, Paladinos e Lepores, alguma rádio pirata ou, quem sabe, algum passageiro de Alah. Jamais será a absurda falta de investimentos governamentais e as ruins condições de trabalho dos profissionais da área. Corroborando a tese, o acidente do vôo 1907 da GOL foi o mais patético exemplo da desorientação por que passa o sistema de controle de vôo brasileiro. Talvez um walkie-talkie fosse mais eficiente.

No paradigma do 'relaxa e goza', quem deveria estar sendo resgatado dos escombros zomba da própria sorte de ter um avião particular. Aos passageiros, sobram a apreensão na hora do embarque e a tensão em voz trêmula no 'boa viagem!'

Frederico Maia Guerreiro dos Reis
fredguerreiro@oi.com.br Conjunto Médici I - Rua Irituia
Belém

Atrasos na ida e na volta

Fotos: Val-André Mutran, by Nokia

A IDA
Embarquei na última sexta-feira, 20 para alguns dias de descanço em Marabá, minha terra natal.
Embarquei não, tentei embarcar.














Chegamos as 20h00 para o check-in no vôo da Gol que deveria sair de Brasília às 9h30. Confusão, aborrecimento e um monumental atraso é o que me esperava na longa noite.

















Às 3h40 da manhã, o saguão já estava tomado por policiais da tropa de choque da Polícia Militar de Brasília, que posicionou-se para evitar que passageiros com os nervos à flôr da pele quebrassem tudo por alí, dentre eles eu e minha Lúcia.

Com a legislação na mão, procurei a supervisora da Gol, pois, tinha uma reunião agendada no sábado às 8h00 com lideranças políticas do Comitê Pró-Carajás.

Valéria se chama o nome da tal supervisora que me tratou mal desde o início de minhas argüições.

Falei à mal educada senhora que após 4 horas de atraso a Gol tinha a obrigação de pagar aos seus passageiros daquele vôo pelo menos um lanche.

Claro que tinha dinheiro para tal, mas, fui conferir se em Brasília, no luxuoso Aeroproto JK, a coisa funcionava sem uma carteirada.

-Não funcionou.

Dirigi-me ao sub-solo onde está localizado o escritório da ANAC. Preenchi um formulário que me foi entregue pelo sargento Rodrigues.

Acompanhei o oficial da ANAC ao piso superior (embarque) e assistí a notificação de R$ 30 mil contra a Gol.

Isso pelo menos aliviou um pouco minha ira. Só sosseguei quando a Gol me pagou um lanche na Praça de Alimentação. O vôo partiu de Brasília às 4h45 da manhã e chegou às 6h17 em Marabá.

A VOLTA
Fui embarcar ontem de volta para Brasília e desta vez com bagagem grande, pois meu filho, Val-André voltaria conosco.

Tinha ainda o mais novo membro da casa, Apollo, um pit bull de três meses, neto de campões importados dos Estados Unidos pelo meu primo Bené Mutran. Um cachorro de revista e belíssimo, com lindos olhos azuis claríssimos.





















Check-in as 6h00 sendo que o vôo da Gol só decolou de Marabá para Brasília às 10h20!

Chegamos somente às 12h36.

Uma vergonha a malha da aviação brasileira.

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Atualização

Quando acordei, agora a pouco, o Ministro da Defesa Waldir Pires tinha caído.

O blog pensa que tem que cair é toda a cúpula responsável pelo setor aéreo nacional.

Eu boicoto!















O blog junta-se ao boicote proposto pela Rede Record.

Veja o protesto aqui>>

Lula fala em rede nacional sobre acidente com jato da TAM

Finalmente está previsto para hoje a noite a fala do presidente Lula que vem a público, em rede nacional, lamentar o acidente e dizer o que seu (des)governo fará para equacionar essa vergonha que é o apagão aéreo há quase um ano.

Já vão tarde

São fortes os rumores em Brasília de que o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, teria colocado o cargo à disposição ou pedido demissão. A expectativa é de que o Palácio do Planalto anuncie amanhã medidas de impacto em resposta à crise deflagrada com o acidente aéreo em Congonhas. Chefões da Infraero, Anac e Ministério da Defesa -- no caso, o ministro Waldir Pires -- estão inseguros em seus cargos. Só uma coisa é certa hoje em Brasília: O único com prestígio junto ao presidente Lula no momento é o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito.

Blog dos Blogs

Um Senado de Fuscas ao preço de Ferraris




Opinião

Claudio Weber Abramo

Diretor executivo da Transparência Brasil

Imagine o eventual leitor que adquira um Porsche. Suponha que a assistência técnica passe mais de um mês se esquivando de verificar se o ruído estranho que se ouve no motor é sinal de algo grave. Perante tal comportamento, o leitor possivelmente recorrerá aos órgãos de defesa do consumidor.

Já quando se trata da vida política, o eleitor não conta com tal possibilidade. Não raro, o “produto” que seu voto engendrou se comporta como um Fusca 1955 com motor fundido. É assim, como um ferro-velho, que o Senado Federal vem se comportando no episódio Renan Calheiros. O pior é que estamos pagando preços de Ferrari pelos Fuscas, Gordinis e Simcas que em grande proporção habitam aquela Casa.

Levantamento recente da Transparência Brasil demonstra que o Senado é a Casa legislativa mais cara por membro entre 12 países pesquisados: a manutenção do Senado custa R$ 33,1 milhões por mandato de seus 81 integrantes. Esse dinheiro não vai todo diretamente para cada senador, mas paga uma estrutura que inclui funcionários, gráfica, TV, rádio, jornal e outros serviços basicamente voltados para a autopromoção de senadores.

Isso dá mais do que o dobro do que os Estados Unidos gastam por mandato parlamentar federal. Ao todo, o Senado brasileiro custa quase o dobro do orçamento previsto neste ano para as duas Casas do parlamento britânico, mesmo com todas as diferenças de riqueza entre o Brasil e o Reino Unido.

Embora custe mais caro que todos os parlamentos do Primeiro Mundo, talvez os serviços que as Casas legislativas brasileiras prestam sejam equivalentemente mais substanciais e relevantes. Talvez os R$ 33 milhões que pagamos por mandato senatorial valham a pena e recebamos de volta um desempenho espetacularmente notável. Mas será mesmo?

A demora em investigar as suspeitas que recaem sobre o presidente da Casa, Renan Calheiros, e a renitência que este manifesta ao se manter na Presidência da Casa demonstram que o Senado brasileiro presta aos cidadãos brasileiros uma representação de quinto mundo. Certamente não é por falta de recursos financeiros que o Senado deixa acumular, sem averiguação, indícios de que o seu presidente esteve envolvido em práticas escusas.

O projeto Excelências, da Transparência Brasil (www.excelencias.org.br), registra os históricos de todos os senadores ativos. Nada menos que 29 deles, ou mais de um terço da Casa, enfrenta ocorrências na Justiça ou em tribunais de contas. Onze desses 29 são membros ou suplentes do Conselho de Ética, instância encarregada de encaminhar a averiguação das suspeitas que recaem sobre o sr. Calheiros.

É claro que, com seu orçamento de R$ 3,4 bilhões, a Câmara dos Deputados também é uma das Casas mais caras do mundo. Sede de escândalos de corrupção de grandes proporções, quase um terço de seus membros enfrenta pendências na Justiça ou tribunais de contas. Mas, mesmo assim, a Câmara ainda é a Casa legislativa brasileira que mais coloca à disposição do cidadão informações sobre o seu funcionamento. Acessando-se o seu sítio de internet, obtém-se grande quantidade de informações sobre os deputados, de faltas às sessões plenárias a quanto eles gastam com combustíveis.

Na Casa vizinha, cujo orçamento é muito mais confortável e, portanto, poderia ser muito mais aplicada na prestação de informações, o que se consegue ao consultar a página dedicada a seu presidente é a data de aniversário. Pode-se também ler a manifestação de júbilo do sr. Calheiros com a escolha do Cristo Redentor como uma das sete novas maravilhas do mundo. Contudo, nem em sua página nem em qualquer outro lugar no sítio de internet do Senado se encontrarão dados sobre como ele gasta a verba indenizatória a que seu gabinete tem direito — verba essa que, de acordo com o noticiário, o presidente teria incorporado à renda que declarou ao Fisco.

O comportamento do Senado durante o episódio Calheiros, ao não lidar expeditamente com a questão e ao não pressioná-lo para que se afaste da Presidência até o esclarecimento das acusações, e mais o custo verdadeiramente inaudito da Casa, estimulam uma pergunta simples: para que, afinal, serve o Senado?

O fato é que não há nada que o Senado faça que a Câmara dos Deputados não faça. De que nos serve um Congresso bicameral? Não se trata de questionar a existência do Congresso. Mas será que a representação que nos é ofertada pelos congressistas eleitos, em particular no Senado, está à altura do papel que deles é esperado? Parece no mínimo arriscado responder afirmativamente.

Congresso vai debater acidente




Leandro Mazzini

BRASÍLIA. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), autorizou ontem à tarde o conselho representativo do Congresso, que atua durante o recesso parlamentar, a se reunir para debater o acidente com o avião da TAM, ocorrido na terça-feira em São Paulo.

O pedido foi protocolado no fim da manhã pelo deputado Raul Jungmann (PPS-PE), titular do conselho. Pelo regimento, durante os 15 dias de recesso parlamentar, o conselho, composto por 23 integrantes - sete senadores e 16 deputados - deve ficar de plantão para debater e deliberar sobre assuntos de interesse nacional. É o caso do acidente com o avião da TAM, que resultou na morte de pelo menos 186 pessoas, diz Jungmann.

- Queremos nos reunir com o ministro da Defesa (Waldir Pires) e com o Comando da Aeronáutica para vermos como podemos ajudá-los nesse momento tão difícil para todos - disse Jungmann.

As CPIs do Apagão Aéreo na Câmara e no Senado não funcionarão no recesso, mas seus principais integrantes estão em São Paulo, acompanhando de perto as investigações da Aeronáutica e da Polícia Federal.

Um desastre com várias versões




BRASÍLIA. As causas do maior acidente aéreo da história do país ainda estão envoltas em mistério. Ontem, a TAM, especialistas de segurança de vôo e autoridades do governo desafinaram ao tentar encontrar as razões para a tragédia. A empresa evitou vincular o acidente do vôo JJ 3054, que causou a morte das 186 pessoas a bordo, ao estado da pista principal do Aeroporto de Congonhas, que havia passado por reforma recente mas ainda estava sem as ranhuras transversais.

Chamadas de grooving, as ranhuras são necessárias para o escoamento de água. Sem isso, o piso empoça e causa aquaplanagem, dizem pilotos experientes que operam em Congonhas. Para eles, apesar de reformada, a pista de pouso pode ter dificultado a aterrissagem. Congonhas tem um histórico de incidentes com derrapagem. Não por acaso, na véspera da tragédia, um avião de médio porte foi parar na grama em razão da pista úmida.

O presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários, José Gomes de Alencar Sobrinho, deu combustível à polêmica. Disse que a liberação da pista foi prematura e se deu por pressão comercial exercida pelas companhias aéreas por causa do Pan e das férias.

- A drenagem da pista não foi feita e ela é parte do processo de segurança. Houve precipitação - disse.

Na mesma linha da TAM, o superintendente de engenharia da Infraero, Armando Schneider Filho, contrariando especialistas, pilotos e seis casos ocorridos no ano passado, afirmou que a pista não oferece riscos de derrapagem e que foi liberada depois de estudos confiáveis.

Outros especialistas, no entanto, apontaram possível falha humana. O piloto poderia ter descido bem depois da marca de mil pés - 300 metros da cabeceira da pista - e a desaceleração com todos os procedimentos teria sido insuficiente para parar o avião.

Moacyr Duarte, estudioso em controle de emergências da UFRJ, disse que o piloto pode ter tentando retomar o vôo - a expressão usada é arremeter - mas seria tarde. Um vídeo divulgado ontem pela Aeronáutica mostra o momento exato do pouso do avião Airbus A320, da TAM. Pelas imagens, o avião leva pouco mais de três segundos para atravessar a pista do Aeroporto de Congonhas. De acordo com a Aeronáutica, isso indicaria que a aeronave estava com excesso de velocidade. Isso porque o mesmo vídeo mostra que um avião semelhante, que pousou no Aeroporto de Congonhas no dia fatídico, precisou de 11 segundos para atravessar a pista do terminal.

Na tentativa de encontrar as causas para a maior tragédia da aviação brasileira, a Polícia Federal abriu inquérito ontem para investigar as condições em que foram entregues as obras do Aeroporto de Congonhas e quem deu a ordem, na Infraero, liberando a pista inconclusa. O último balanço feito ontem à noite apontava a morte de 192 pessoas, 186 deles ocupantes da aeronave - 162 passageiros, 18 funcionários da companhia e seis tripulantes - e mais seis pessoas em terra. Mas ainda há pessoas desaparecidas.

A caixa-preta do avião foi encaminhada ontem ao National Transportation Safety Board, nos Estados Unidos. Seu conteúdo esclarecerá a falha que originou a tragédia. Por precaução, os procuradores da República paulistas Fernanda Taubemblatte e Márcio Araújo pediram ontem à Justiça Federal a imediata suspensão de pousos e decolagens, até que sejam confirmadas as condições de segurança das duas pistas por uma perícia independente do governo, e até que seja concluída a investigação da Aeronáutica.

Em entrevista no início da noite, o brigadeiro-do-ar Jorge Kersul Filho, que chefia o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), informou que as investigações sobre o acidente do vôo 3054 da TAM deverão durar 10 meses. Segundo Kersul, a média mundial para esse tipo de investigação é de 18 meses.



Dor e descaso, sofrimento para quem fica


Jornal do Brasil
19/7/2007

O descaso fez com que a expectativa de informações se transformasse em lenta agonia para quem perdeu parte de sua família no vôo 3054. Apesar de as primeiras imagens do acidente irem com rapidez instantânea ao ar em emissoras de TV, por volta das 19h de terça-feira, os parentes das vítimas tiveram que ouvir por um programa de rádio, à 1h35 de ontem, os nomes de seus mortos.

Eram cerca de 23h50 quando a própria TAM encaminhou, de ônibus, para o Hotel Plaza São Rafael - conhecido como Plazinha - as famílias que tentavam, desesperadas, saber dos atendentes da empresa no Aeroporto Internacional Salgado Filho se quem esperavam estava a bordo do Airbus que não chegou a São Paulo. Mas o silêncio dos funcionários fez aumentar o volume dos gritos no saguão e a dor de quem procurava por notícias.

Apesar de a TAM ter prometido, em nota oficial por volta das 21h de terça-feira, que as informações sobre os passageiros seriam divulgadas primeiro para as famílias, as cerca de 100 pessoas que estavam no hotel escutaram a lista com 160 nomes de vítimas pela voz de um locutor de rádio da capital gaúcha.

Nos corredores, mais silêncio e desencontro de informações. Uma funcionária da companhia ficou 30 minutos e foi embora. Seis pessoas passaram mal e receberam atendimento no local.

Fomos confinados em uma sala e abandonados. Teríamos mais informações em casa - disse Renata Rocha, 33 anos, que esperava notícias do tio. - Estão brincando com nossos sentimentos - desabafou Josmar Gomes, 45, irmão de um passageiro.

Em 1996, à época do acidente com o Fokker 100, a companhia aérea também montou uma central de atendimento às famílias de vítimas, no Golden Flat Hotel, ao lado do Aeroporto de Congonhas. O então presidente da empresa, Rolim Adolfo Amaro, ficou sabendo da queda do Fokker quando se recuperava de uma gripe durante viagem de negócios nos Estados Unidos, e fez questão de comandar pessoalmente o trabalho de apoio aos parentes de passageiros.

Às 2h40, a TAM divulgou uma lista de vôos para embarque dos parentes para São Paulo. Alguns familiares foram para casa buscar documentos dos acidentados. Outros voltaram ao aeroporto, onde permaneceram até as 9h30, quando partiu, sob forte chuva, o primeiro vôo para a capital paulista, com 67 pessoas.

Em entrevista coletiva na tarde de ontem, o presidente da companhia aérea, Marco Antônio Bologna, disse ontem que a empresa não terá problemas para pagar as indenizações às famílias das vítimas do vôo 3504.

Segundo ele, a apólice de seguro da companhia aérea cobre todos os danos, tanto aos 186 passageiros e tripulantes do vôo quanto às cerca de 60 pessoas que estavam no prédio da TAM Express quando o avião se chocou contra o edifício.

De acordo com dados do mercado de seguros, o valor da apólice de responsabilidade civil, para indenizar danos materiais, corporais e morais causados a terceiros é US$ 1,5 bilhão.

Bologna não revelou o nome da seguradora da TAM, citando "razões contratuais". Segundo ele, as mudanças na legislação sobre acidentes aéreos no Brasil devem garantir que a liberação das indenizações seja mais rápida do que na época do acidente com o Fokker 100.

A liberação (do dinheiro) será feita da forma mais rápida possível, incluindo antecipações para gastos urgentes - declarou.

Em relação às indenizações do Fokker 100, Bologna disse que ainda há decisões pendentes na Justiça norte-americana em relação a ações movidas por parentes das vítimas e que todos os ressarcimentos devidos pela TAM já foram pagos.

Redecker pressentiu o perigo que todos correm


















Do Blog A Nova Corja

Do deputado federal e líder da minoria na Câmara, Júlio Redecker (PSDB-RS), 51 anos, casado e pais de três filhos, morto no acidente de ontem, sobre o acidente com o avião da Gol que matou 154 pessoas em setembro do ano passado:
"Passados seis meses daquela tragédia, a sociedade ainda aguarda por respostas do governo, que insiste em não ver fato determinado para a instalação de uma CPI. Agora, cabe a esta Casa agir para que possamos voltar a voar com segurança, para que mais famílias não sofram a mesma dor e para que negócios e empregos possam ser retomados." (Rosane de Oliveira, Zero Hora, 18/07/07)

Acidente ou assassinato?

Datasul

Ilmo Sr Deputado Federal.
Envio esta ao senhor e a todos os seus colegas de Casa com pesar no coração e inquietude no espírito. Conterrâneo que sou de muitas vítimas do acidente ocorrido na data de ontem, tive a infelicidade de descobrir, entre as quase 200 vidas ceifadas, nomes conhecidos e queridos.
Como cidadão brasileiro e interessado pelo tema da aviação, acompanho todos os dias, pasmado, as presepadas do nosso Poder Executivo na condução do que começou sendo chamado de "Crise do Setor Aéreo" e hoje se resume a uma estapafurdeante pulverização de responsabilidades e estabelecimento de cortinas de fumaça para que se oculte o óbvio ululante: a arrecadação advinda da atividade aeroportuária de nosso país não é revertida em investimentos de infra-estrutura, necessários para que as aeronaves que nós utilizamos não sejam transformadas, a despeito do desejo da sociedade civil, em esquifes voadores.
A presente tem dois objetivos muito simples e, dentro de um mínimo de boa vontade do Ilmo Senhor Deputado, facílimos de serem compreendidos e atendidos. O primeiro é uma demanda para que o Ilmo Senhor Deputado apresente moção exigindo a prestação de contas sobre a arrecadação das tarifas de embarque cobradas de todo cidadão em nossos aeroportos.
A segunda, mais importante, é um apelo. Eu apélo ao Ilmo Senhor Deputado que não decepcione este cidadão, e todos os com quem ele mantém contato diário e constante, enquanto fiscaliza e divulga os trabalhos da nossa Casa em relação aos absurdos que, diariamente, o Poder Executivo comete em relação ao Setor Aéreo brasileiro, infelizmente acobertado e protegido por alguns setores do próprio Legislativo.
Na convicção de estar trabalhando para construir um país do qual meus filhos não se envergonhem de chamar de Pátria, subscrevo-me com protestos da mais alta estima.

Cassiano Ricardo Schwingel
Gerente Corporativo de Serviços
Datasul S.A.
cassiano.schwingel@datasul.com.br
Tel./Fax: ++ 55 47 2101.7497
Celular: ++ 55 47 9923.9617
www.datasul.com.br

Nota do blog: Os deputados federais e senadores começaram a receber correspondências como a publicada acima. O país está indignado com nossas autoridades.

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