O "peso da caneta" para manter CPMF

No discurso de posse de seu 2.o mandato, o presidente Lula garantiu que trabalharia para reduzir a carga fiscal. Não passou de palavras soltas ao vento e que o tempo logo esquece.

A ordem é prorrogar a CPMF a qualquer custo.

Lula abre temporada de nomeações nas estatais para prorrogar CPMF

Vera Rosa
O Estado de S. Paulo
2/8/2007

Presidente também busca apoio de aliados para renovar validade da Desvinculação das Receitas da União (DRU)

Pressionado por partidos da base aliada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu ontem a temporada de nomeações nas estatais do setor elétrico, entregando o comando de Furnas para o ex-prefeito do Rio Luiz Paulo Conde. Além do PMDB, que indicou Conde, parlamentares insatisfeitos do PR, PP e PTB ameaçam dificultar a vida do governo, autorizando a partilha da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e da Desvinculação das Receitas da União (DRU) com Estados e municípios.

Por ordem de Lula, o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, passou os últimos dias acertando cargos com líderes dos partidos. Até a próxima semana - quando o relatório sobre a emenda que estica a validade da CPMF e da DRU até 2011 será votado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara -, o governo promete fechar a composição do setor elétrico. A CPMF e a DRU são dois dispositivos constitucionais que vencem em dezembro e, para serem renovados, precisam passar pelo crivo do Congresso até 30 de setembro.

Depois de Furnas - alvo de investigações durante o escândalo do mensalão, em 2005 -, as estatais que mais aguçam o apetite do PMDB são Eletrobrás, Eletronorte e Eletrosul. Ainda são objeto do desejo de partidos aliados as diretorias da Petrobrás, a presidência da BR Distribuidora e o comando dos portos em todo o País.

Para conseguir a nomeação de Conde, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), padrinho político do ex-prefeito do Rio, chegou a dar um ultimato ao Planalto. Relator da emenda que renova a CPMF e a DRU, Cunha autorizou, em seu parecer, a divisão do bolo arrecadado com Estados e municípios. Era tudo o que o governo não queria.

A arrecadação prevista para este ano, somente com a CPMF, é de R$ 36,2 bilhões. Assim como a DRU, mecanismo pelo qual o governo pode movimentar livremente 20% do dinheiro que entra em seu caixa, o 'imposto do cheque' é definido pelo Planalto como 'essencial' para sustentar a parte fiscal do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

COMPROMISSOS

Lula abrirá hoje a reunião do Conselho Político - composto por 11 partidos da base de sustentação governista - disposto a estancar de uma vez por todas o início de rebelião entre os aliados. 'Nós estamos assumindo os compromissos que assumimos', disse ontem o presidente. 'Confiamos que a base aprovará a prorrogação da CPMF e da DRU', afirmou Mares Guia.

A nomeação de Conde para Furnas acalmou o PMDB, mas, nos outros partidos, a choradeira e as ameaças persistem. 'Sabemos que compor o segundo escalão, com interesses tão diversos em jogo, não é tarefa muito fácil, mas já está mais do que na hora de os cargos saírem', disse o líder do PR, deputado Luciano Castro (RR).

Nas fileiras do PT, amigos do presidente torceram o nariz para a indicação do ex-prefeito, assim como já haviam reclamado da entrada do peemedebista Nelson Jobim no Ministério da Defesa. 'Lula me disse que eu já fui prefeito e tenho capacidade de gestão', comentou Conde. Questionado sobre críticas feitas por petistas, para quem o novo presidente de Furnas não entende do riscado elétrico, Conde procurou encerrar a polêmica. 'José Serra não era médico e foi um excelente ministro da Saúde', disse, em referência ao atual governador de São Paulo.

Mais pragmático, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) enquadrou os companheiros. 'Se o PT quer uma aliança permanente com o PMDB, para garantir inclusive nosso projeto rumo à Presidência, em 2010, não pode ficar brigando assim', comentou. 'Muito pior do que a indicação de um ou outro nome é essa demora na montagem do segundo escalão.'

Para o líder do PP, Mário Negromonte (BA), o limite da paciência dos aliados vai até a votação da CPMF e da DRU. 'Os ponteiros estão sendo acertados, mas há uma linha divisória do gramado', observou.

Negromonte conversou ontem com Mares Guia, no Planalto. Saiu de lá convencido de que o PP manterá no cargo o diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto da Costa, e levará uma diretoria na Anvisa, outra na Agência Nacional de Petróleo, três secretarias no Ministério das Cidades - que está nas mãos do PP - e o comando da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

'Nós vamos abrir a caixa preta dos cargos, porque nessa coalizão todos são parceiros', afirmou José Múcio (PTB-PE), líder do governo na Câmara.

Comentários

Anônimo disse…
O que será que vão fazer esses 500 cidadãos oportunistas que receberão empresas e cargos da maior responsabilidade no país em troca dos votos dos seus chefes?

Será que algum entende alguma coisa do que irão ter responsabilidade de fazer?

É assim nas três esferas de poder.

O pior é que chamam isso de política.

Para se prestar concurso para qualquer cargo simples, o cidadão tem quer ser um gênio e estudar todos os ramos do direito, economia, contabilidade, administração, informática, saber linguas estrangeiras, matemática, estatísticas e se tiver um deslize na vida é cortado.

Já para os chefes! Aí, pode ser qualquer gatuno, desde que o seu chefe vote no que o Presidente quizer.

O pior é que os cidadãos brasileiros decentes e honrados estão nas mãos dessa corja de infelizes sem outra opção.

Nada funciona no serviço público e no país e tome preso para a polícia federal algemar e em seguida soltar.

Pô, os caras sabem que esse tipo de gente somente vai para esses cargos para se locupletar do dinheiro público, por que nomeiam essa escória?

Não está na cara que o sujeito que tem um pingo de vergonha na cara não aceita assumir um cargo para o qual não tem competência em troca do seu chefe votar num baguho qualquer que eles nem analisam?

Que país é esse, meu Deus!

Argh! Vou parar porque me deu ânsia de vômito.
Mas o que será que deu nesse sujeito, meno velho? Não era ele que era líder da turma dos contra CPMF?
Ô sujeitinho mentiroso, ein?
Céu de brigadeiro num dia. Chuvas e trovoadas noutro.
Assim caminha a política neste país, infelizmente.

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