Audiência discute violência rural na Amazônia

Luiz Alves

A generalização e expansão da violência rural por movimentos sociais e fazendeiros em todo o Brasil e na Amazônia, em particular, foi o ponto central da audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural realizada hoje na Câmara dos Deputados.

Discutiu-se as denúncias publicadas em março e abril após uma série de três reportagens da revista Isto É de que existem áreas em Rondônia e no Sul do Pará sob o domínio da Liga dos Camponeses Pobres (LCP). De acordo com a reportagem, a liga seria um grupo armado que possuiria 20 acampamentos em Rondônia, em Minas Gerais e foi rechaçada em novembro do ano passado no Pará, após uma operação policial denominada "Paz no Campo".

Ainda segundo a publicação, em Rondônia os integrantes do movimento controlariam 500 mil hectares de terra. O grupo teria feito 22 vítimas só no ano passado. A reportagem diz que a liga combate "a burguesia, o imperialismo e o latifúndio" e teria assaltado, torturado e matado moradores da região, especialmente fazendeiros e trabalhadores de fazendas.

A revista Isto É denuncia ainda que só conseguiriam transitar livremente no território caminhões de madeireiros clandestinos, que pagariam pedágio ao grupo. Em troca, os integrantes da liga dariam segurança armada para os madeireiros roubar árvores de propriedades privadas. Outra denúncia é que os integrantes do movimento teriam aberto uma estrada até a Bolívia, por onde passariam com drogas e armas.

A Liga dos Camponeses Pobres divulgou nota repudiando a reportagem. Segundo a liga, trata-se de matéria paga com o objetivo de servir de justificativa para ações repressivas a camponeses pobres.

Omissão
A audiência foi sugerida pelos deputados Giovanni Queiroz (PDT-PA), Ernandes Amorim (PTB-RO) e Moreira Mendes (PPS-RO). "Isso é guerrilha rural, que já se instalou no Brasil. O pior de tudo é a conivência do Estado brasileiro com essa prática. A omissão, neste caso, é exatamente a co-responsabilidade pelos atos que estão sendo praticados por aqueles que afugentam homens e produtores rurais", afirma Giovanni Queiroz.

Convidados
Participaram do debate:
- o delegado regional executivo da Polícia Federal, Marcelo Salvio Rezende Vieira;
- o juiz de Direito da Comarca de Buritis (RO), Jeferson Cristi Tessila de Melo;
- o secretário-adjunto da Segurança, Defesa e Cidadania Pública de Rondônia, Cezzar Pizzano;
- o diretor de Polícia Legislativa da Assembléia de Rondônia e ex-comandante da PM de Jaru, tenente-coronel Enedy Dias Araújo;
- o comandante do Batalhão de Polícia Militar Ambiental de Candeias do Jamari (RO), tenente-coronel Josenildo Jacinto do Nascimento;
- o autor da reportagem, Alan Rodrigues;
- o representante da Liga dos Camponeses Pobres Nilo Halack;
- o representante da Comissão Pastoral da Terra e o Ouvidor Agrário Nacional não compareceram e nem enviaram representantes.
O ministro da Justiça Tarso Genro enviou Marcelo Salvio Rezende Vieira – Delegado da Polícia Federal.
Por esse motivo, haverá uma nova audiência em que o ministro não mais será convidado e sim convocado para tratar o gravíssimo assunto.

O evento é uma realização da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, de autoria dos deputados federais Giovanni Queiroz, Ernandes Amorim e Moreira Mendes.

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