Carlos Minc e o vestígio de encrenca

"Não tenho planos para o Mangabeira", diz o futuro novo ministro do Meio Ambiente Carlos Minc, hostilizando sem sequer ser confirmado oficialmente no cargo, em entrevista ao Estadão, o ministro da secretaria especial de Planejamento de Longo Prazo.


Minc explicou que mudou de idéia com relação ao ministério depois de ter recebido 'carta verde' para atuar na área, informa reportagem de Andrei Netto.


Trinta e seis horas se passaram entre o contato do Estado com o então secretário de Ambiente do Rio, Carlos Minc, e o novo ministro do Meio Ambiente, o mesmo Minc. Na primeira entrevista, na quarta-feira, ele descartava a hipótese de assumir o posto aberto pela saída de Marina Silva. Ontem, Minc voltou a falar, dessa vez na condição de ministro "em tese". Confirmou que aceitou o convite após as pressões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo governador do Rio, Sérgio Cabral. E justificou a mudança de idéia alegando ter "carta verde" para desenvolver seus projetos à frente do ministério.

Por que a mudança de opinião?

No dia de ontem, as coisas começaram a mudar com os vários telefonemas do Sérgio Cabral. Ele dizia que era uma questão do Lula, uma questão do País, que eu não poderia negar. Criou-se uma circunstância na qual a minha recusa seria encarada como uma covardia política. Somem-se a isso as garantias que o Lula me deu. Essas foram as condições de o não virar sim.

Que garantias o senhor recebeu?

As garantias iniciais foram a liberdade de montar a equipe, aprofundar a política da Marina Silva, fazer avançar a lei nacional sobre licenciamento e atividades poluidoras, também trazer de volta a voz forte sobre o saneamento ambiental. Em suma, ele me colocou em uma situação na qual negar seria praticamente desconfiar de tudo o que ele estava falando.

O senhor cogita o nome do ex-governador Jorge Viana para a coordenação-executiva do PAS. Qual seria a relação entre Viana e o ministro Roberto Mangabeira Unger, nos seus planos?

Veja, eu não tenho planos para o Mangabeira porque quem tem planos para o Mangabeira é o presidente da República. Entendo que o presidente pensou em alguém mais fora da disputa por verbas. O ministério do Mangabeira não disputa verbas com Cidades, Integração, Agricultura. É mais de formulação. Eu penso em uma pessoa, independente de quem seja o ministro formulador, que seja o executor. Seria uma pessoa que conhece a Amazônia. No caso, Jorge Viana conhece a Amazônia, conhece os prefeitos, os governadores, tem uma política muito proativa de desenvolvimento sustentável, com a qual me identifico.

O desmatamento aumentou. Como o senhor pretende controlar essa progressão? E, segundo ponto, ontem o senhor disse que o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, só não planta soja nos Andes porque não pode.

É ilusão achar que vamos botar um guarda atrás de cada potencial piromaníaco da Amazônia. A solução é mais proteção, mais recursos, mais alternativas científicas e mais planos integrados, coordenados por forças vivas da região para não criar antagonismos insuperáveis e intransponíveis.

O sr. não falou de Blairo Maggi.

(Levantando e sorrindo) Já está de bom tamanho.

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