Guiana ― do outro lado, promessas de uma vida melhor

Fabienne Mathurin-Brouard, prefeita de Saint Georges de R’Oiapoque, cidade na Guiana Francesa próxima a Oiapoque, elenca outros problemas causados pelos brasileiros. Ela diz compreender a atração que os vizinhos sentem pelos euros e pelas oportunidades de trabalho no estado francês, mas reclama da invasão de cidadãos tupiniquins sem autorização. “Os que já estão aqui não podemos expulsar, mas não podemos aceitar os que estão entrando ilegalmente”, salienta. A prefeita denuncia que muitos brasileiros têm trazido crianças e falsificado a certidão de nascimento para assegurar a cidadania francesa aos próprios filhos e até mesmo filhos de amigos e parentes. Observa ainda que mulheres, muitas menores de idade, atravessam a fronteira para trocarem sexo por euros. “Estamos investigando”, diz, se recusando a dar mais detalhes.

O barqueiro Rosenildo Conceição, de 27 anos, explica que muitos brasileiros fazem filhos do outro lado da fronteira. Ele mesmo tem um garoto de 3 anos. “Meu filho é francês e, quando ele fizer 13 anos, vai ter passaporte. Aí eu também tenho chance de conseguir a cidadania”, conta, animado. Ele ganha R$ 2,8 mil por mês levando brasileiros para a Guiana e franceses para Oiapoque. “Quem não tem papel só pode dar uma volta, no máximo ficar aqui na praça”, diz, reclamando que a perseguição a brasileiros está cada dia mais ferrenha.

Na praça principal da cidade tem de tudo. Desde bar com nomes curiosos, como o Buteco Chez Erika, até índios alcoolizados e brasileiros dominando o francês. Muitas crianças brasileiras também estudam do outro lado da fronteira, onde o ensino é em período integral e os melhores alunos são selecionados para concluir o ensino superior em Paris. (CB)

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