O artista plástico Athos Bulcão, morto na manhã da quinta-feira, 31 vítima do agravamento dos sintomas do Mal de Parkinson, teve grande participação na arquitetura dos prédios que compõem Brasília e, em especial a Câmara dos Deputados. Ele estava há quatro meses internado no Hospital Sarha, onde há um conjunto de suas obras.
Athos - que completou 90 anos no último dia 2 de julho - é conhecido pelos belos azulejos que colorem monumentos de Brasília. Seus painéis e arte sobre arquitetura podem ser admirados no Teatro Nacional e na Torre de TV da cidade.
No Congresso Nacional, o artista deixou um amplo acervo de obras de arte. Na Câmara, suas obras estão distribuídas pelo Plenário, nos Salões Verde, Negro e Nobre. São painéis realizados a partir do azulejo, do mármore e granito e da madeira laqueada. Para o mais novo edifício da Câmara, do Centro de Formação e Treinamento, o artista criou um mural e o painel que compõem a parede do auditório - seus últimos trabalhos. As cores usadas pela Câmara - verde-itamarati e bege - também foram escolhas de Athos Bulcão, adotadas na década de 80.
Como lembra o arquiteto Maurício Matta, diretor da Coordenação de Projetos do Departamento Técnico e antigo colaborador de Bulcão, a obra deste artista é usada como elemento de ligação e identificação visual da Casa.
Claudia Pereira, representante do Conselho Curador da Fundação Athos Bulcão, disse ser impossível avaliar o valor cultural da obra do artista no Congresso Nacional. "Todas as câmeras deste País, quando passam pelo Congresso, não resistem a registrar uma entrevista onde o painel esteja atrás. Avaliar uma obra de arte do ponto de vista mercadológico é fácil, mas do ponto de vista de seu valor cultural, o tempo dirá. E o tempo tem dito que Athos é a cor e o movimento desse céu aberto que é Brasília".
Já a secretária-executiva da Fundação Athos Bulcão, Valéria Cabral, ressaltou a importância da educação sobre obras do artista. "Falta chamar a atenção das nossas crianças e adolescentes para uma educação patrimonial, para que as pessoas vejam a importância de preservar a obra de arte que Athos nos legou."
Athos Bulcão foi o profissional mais importante na produção plástica de integração arte-arquitetura no Brasil. Iniciou seus estudos com Cândido Portinari, participando na elaboração dos painéis da Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte, e veio para Brasília em 1958 como o principal de Oscar Niemeyer na área de integração arquitetônica.
Uma das peculiaridades do artista, que deixou uma extensa obra, entre painéis, desenhos e gravuras, é que ele não assinava suas obras, como diz Valéria Cabral. "Ele dizia que a assinatura interferia no trabalho dele."
O corpo do artista está sendo velado no Palácio do Buriti e será enterrado no Cemitério Campo da Esperança na ala dos pioneiros.
Saiba mais sobre a biografia de Athos Bulcão
(Com Agência Câmara)
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