Bloquinho desarticulado

Bloquinho cada vez mais anêmico 

Aliança formada originalmente por PCdoB, PSB e PDT perde força e partidos começam a traçar rumos próprios, sem abandonar a proximidade ideológica. Agora, as legendas miram as eleições de 2010

Brizola Neto: em nenhum momento houve rompimento ideológico da aliança entre as legendas


Com a saída do PDT e o fraco desempenho do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) na eleição para presidente da Câmara, o bloco de esquerda está enfraquecido. As duas principais legendas que mantêm a união no Congresso (PCdoB e PSB) têm estratégias diferentes sobre como deve ser a atuação parlamentar do grupo de olho na eleição de 2010.

Os socialistas apostam num bloco voltado para propostas alternativas ao pensamento do Palácio do Planalto sobre a crise econômica internacional, tudo para consolidar a candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os comunistas não querem se descolar do governo: a palavra de ordem no partido é “ampliar” as conquistas sociais do governo e estar ao lado de um candidato do PT, em 2010, hoje, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

O PDT alega que o motivo principal para o rompimento da aliança foi o desgaste causado por uma sequência de disputa de poder entre as três legendas. Na eleição de Aldo, houve um ensaio de reaproximação. Parte da bancada pedetista apoiou o deputado do PCdoB contra o vencedor Michel Temer (PMDB-SP) em retaliação à vitória do senador José Sarney (PMDB-AP), como presidente do Senado.

Mas essa aliança foi apenas circunstancial. O PDT garante não ter clima para reatar os laços formais. “Com a relação desgastada, ficou muito fácil para quem não queria a união trabalhar pela separação. A grande maioria do PDT não queria mais ficar ao lado de PCdoB e PSB”, disse o deputado Mário Heringer (PDT-MG), que já liderou o bloco de esquerda. “Não vejo possibilidade de o partido mudar de ideia”, sublinhou o pedetista mineiro. Apesar de distante do Bloquinho, o líder do PDT na Câmara, Brizola Neto (RJ), destaca que em nenhum momento houve rompimento ideológico da aliança e as legendas mantêm propostas semelhantes, porém, andarão com as próprias pernas. “Tivemos divergências pontuais”, amenizou.

No momento em que cabe aos comunistas e socialistas dar o tom da aliança, começam a surgir as divergências. “Temos dois anos de atuação do bloco na Câmara, e mesmo com as dificuldades próprias, ele se manteve e promoveu debates”, disse a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG). “O bloco faz parte do campo das forças políticas que dão sustentação ao presidente Lula. E já expressou em momentos importantes o compromisso com isso. Na disputa de 2010, o PCdoB tem um projeto de poder expresso no governo do presidente Lula, que tem que continuar”, acrescentou a deputada mineira.

O PSB prefere um caminho mais autônomo porque é o único entre os três com um candidato pujante e com recall nas pesquisas de intenção de voto: o deputado Ciro Gomes (PSB-CE). “Precisamos um pouco mais diferenciação, temos que apresentar propostas distintas no enfrentamento da crise, um novo modelo de desenvolvimento. Se tivermos capacidade de formulação e de apresentação de uma proposta política para o país, consolidaremos a nossa candidatura. O partido que tem o Ciro Gomes, que é bem preparado e bem avaliado, não pode abrir mão da candidatura”, disse o líder do PSB, Rodrigo Rollemberg (DF).
Fonte: Correio Braziliense.

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