Nem todos os diretores denunciados são punidos
Acusados de irregularidades, cinco dos nove funcionários com o cargo no Senado continuam em seus postos
BRASÍLIA. Dos nove diretores do Senado alvo de denúncias de irregularidades desde o início do ano, cinco continuam intocáveis em suas funções, sem qualquer aborrecimento. Um se demitiu, e três perderam os cargos comissionados — que têm como atrativo o poder de admitir, demitir e comprar, já que, na prática, as vantagens se resumem a um acréscimo salarial entre R$ 150 e R$ 310 e uma vaga privativa na garagem.
O presidente José Sarney (PMDB-AP) recusa-se a falar de assuntos administrativos, e o 1osecretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), responsabiliza o diretorgeral da Casa, Alexandre Gazzineo, pela demora na apuração e na punição de erros.
Nepotismo e funcionários fantasmas sem punição À exceção da ex-diretora de Comunicação Social Elga Mara Teixeira Lopes — que não era funcionária de carreira e perdeu o vínculo com a instituição ao se demitir sem responder às denúncias de que teria trabalhado em pelo menos cinco campanhas eleitorais, entre 2004 e 2006, recebendo salários do Senado — os demais diretores, incluindo os afastados sob denúncias de corrupção, continuam recebendo de R$ 18 mil a R$ 24 mil. Os cinco que continuam na função de diretor praticaram “nepotismo disfarçado”, contratando parentes por meio de empresas terceirizadas.
— Não adianta o presidente (José) Sarney delegar ou transferir responsabilidades, pois o desgaste recai sobre ele. O Senado, quando demora a responder às denúncias, expõe sua fragilidade — lamentou o senador Renato Casagrande (PSB-AP).
Foram abertas duas sindicâncias administrativas e um inquérito para investigar João Carlos Zoghbi, exonerado da direção da Secretaria de Recursos Humanos em 16 de março, após a confirmação de que teria emprestado imóvel funcional em seu nome ao filho. Mas a apuração só começou depois que Zoghbi foi alvo de denúncia mais grave, a de que teria usado como laranja sua ex-babá, de 83 anos, para receber “comissões” de R$ 3 milhões de empresas contratadas pelo Senado. Para tentar evitar a demissão, com a perda de seus direitos trabalhistas, na sexta-feira à noite Zoghbi pediu aposentadoria. Mas não se livrará das investigações.
Além de Zoghbi, foram afastados de suas funções o ex-diretor geral Agaciel Maia e o exdiretor da Secretaria de Telecomunicações Carlos Roberto Muniz. O primeiro foi despachado do posto assim que foi revelado que ele omitia do patrimônio mansão de R$ 5 milhões.
Muniz perdeu o cargo após revelação de que preparara um dossiê sobre gastos dos senadores com telefonia. Os cinco diretores que praticaram nepotismo terceirizado e seguem em seus postos são: dois diretores do Arquivo, Mauricio da Paz e Edson Abrego; a diretora da Taquigrafia, Denise Baère; e outros dois diretores da Gráfica, Júlio Pedroza e Luiz Augusto da Paz. Os parentes foram exonerados.
Também não houve punição a funcionários fantasmas, que recebiam sem trabalhar ou prestavam serviços a ex-parlamentares às custas do Senado.
— Orientamos as unidades para que cobrem a presença dos servidores. A devolução dos salários terá de ser analisada pela Advocacia Geral do Senado — disse Gazzineo.
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