Mostrando postagens com marcador Crise no Senado. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Crise no Senado. Mostrar todas as postagens

O Senado é aqui

* Cristovam Buarque

Cada vez que alguma crise ética devasta a política, surge no Brasil uma espécie de horror a Brasília. Os analistas, eleitores, a população em geral parecem acreditar que os 81 senadores e os 513 deputados e a maior parte dos dirigentes do governo são brasilienses. Nenhum ministro atual é brasiliense, apenas 8 deputados e 3 senadores são de Brasília, portanto, apenas quatro por cento dos parlamentares. Apesar disso, é a imagem de Brasília que hoje está associada à corrupção e à falta de ética na política.

A corrupção é provocada pelos eleitos no Brasil afora e pelo mau funcionamento dos trabalhos no próprio Congresso Nacional. Para melhorar a qualidade dos eleitos, é preciso fazer uma revolução na educação e uma reforma política. A revolução na educação é necessária para reduzir a vulnerabilidade dos eleitores. O analfabeto é inteligente: vota por um presente porque, sem emprego e renda, depende do favor do candidato e fica devedor, enquanto o eleito se sente sem compromisso. Se, graças à educação, tivesse emprego e renda, sua independência diminuiria em muito o voto de cabresto. Os países que têm melhor educação quase sempre são os mesmos onde há menos corrupção na política.

Além disso, algumas mudanças são necessárias na política, tais como:

1. Fim de toda mordomia, com manutenção apenas do que é necessário para o exercício das atividades de parlamentar. Deve ser eliminado qualquer privilégio que vá além dos mais simples e básicos direitos de todo servidor público.

2. Transparência total dos gastos financiados pelo Senado e pela Câmara para o exercício das atividades parlamentares. Passagens aéreas são necessárias para o exercício do cargo de todo senador da República, mas o valor e o uso devem ser do conhecimento público.

3. Redução do mandato de senador para quatro anos. Um mandato menor permite ao eleitor corrigir seu erro mais rapidamente.

4. Proibição de reeleição por mais de uma vez. A reeleição constante faz com que a atividade política deixe de ser uma função e se transforme em profissão. Com a proibição de sucessivas reeleições, pode-se conseguir uma maior renovação, trazendo quadros mais jovens para dentro do Parlamento.

5. Perda do mandato para o senador ou deputado que assumir cargo no Executivo. A regra que já funciona para quem aceita ser presidente do Banco Central deve também valer para os Ministérios. Assim, o Senado e a Câmara deixam de ser usados como massa de manobra pelo presidente da República e de governadores que tiram e devolvem parlamentares ao Congresso, segundo seus interesses. Com essa medida, o suplente deixa de ser suplente no momento em que assume o cargo.

6. Perda de decoro para o parlamentar que colocar seus filhos na escola particular, em vez de matriculá-los nas escolas públicas, onde estudam os filhos da maior parte de seus eleitores.

7. Apresentação, pelo candidato e pelo partido, de carta-compromisso, durante a campanha, com a possibilidade de perda de mandato do eleito e de direito ao mandato pelo partido, caso eleito ou partido se desviem dos compromissos assumidos.

8. Estabelecimento de sessões ordinárias durante todos os dias úteis da semana, deixando uma semana por mês para atividades nas bases, com o que acabaria o absurdo da presença do senador por apenas dois dias e meio por semana e, com isso, promovendo o funcionamento pleno da atividade parlamentar entre deputados e entre senadores.

9. Impedimento do chefe do Executivo de se licenciar para ser candidato a cargo legislativo, nas eleições realizadas durante o período de seu mandato.

10. Fim do financiamento de campanha com recursos privados.

11. Inclusão automática na malha fina da Receita Federal das declarações de renda de todo parlamentar.

12. Limitação do reajuste dos vencimentos dos parlamentares a, no máximo, 50% dos reajustes dados aos profissionais das áreas da saúde, educação e segurança pública no mesmo período.

Todo o Brasil tem interesse em reformas políticas, mas para a moral de Brasília elas são uma questão de honra, uma necessidade para limpar o nome de nossa cidade no cenário nacional. São necessários para fazer com que ela deixe de ser vista, injustamente, como a cidade da corrupção importada por meio dos eleitos vindos, na grande maioria, de outros estados. Talvez por isso, as propostas acima e outras tenham sido apresentadas no Senado por um senador de Brasília. Um senador diretamente interessado, como brasileiro, mas também em função do exercício de representar Brasília e desejar que ela seja vista com orgulho por todo o país.

* Cristovam Buarque é Senador do PDT pelo Distrito Federal.

O "Irrevogável" Mercadante

“Um discurso envergonhado”  define a atitude do senador Aloisio Mercadante de não renunciar à liderança do PT 

A manobra deve custar-lhe caro pois, parte da aguerrida militância do partido, enxergava nele a possibilidade real de sacudir o partido e colocá-lo num caminho de resgate às convicções que levaram seus fundadores na construção de um partido focado num socialismo moderno. A social democracia que o PSDB jamais construirá.

Reproduzo reportagem do Correio Braziliense sobre o enterro político de Mercadante que, em 23 minutos, fez malabarismo de oratória para justificar permanência no cargo de líder da bancada petista no Senado. No fim, pediu desculpas aos militantes que cobraram a saída dele do cargo.

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) subiu à tribuna do Senado com uma missão difícil de cumprir. Precisou de 23 minutos para explicar ao eleitorado como, em 24 horas, havia desistido de deixar o cargo de líder da bancada petista na Casa em caráter irrevogável. Fez uma costura complexa para mandar seu recado. Iniciou o pronunciamento dizendo-se desiludido e frustrado, enumerando erros cometidos pelo PT e pelo governo. Disse que era um sacrifício permanecer na liderança e reconheceu que havia perdido interlocução com outras correntes do plenário, como o presidente José Sarney (PMDB-AP). Depois, colocou nas costas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a culpa pela desistência.

Leu uma carta enviada pelo presidente na manhã de ontem, pouco antes de iniciar seu pronunciamento. No documento, Lula pede a Mercadante que permaneça no cargo. “Mais uma vez na minha vida, o presidente Lula me deixa numa situação em que eu não tenho como dizer não. Não tenho. Não tenho, como não tive muitas vezes”, justificou, por fim.

A notícia já era esperada. Antes de Mercadante chegar ao plenário, o senador João Pedro (PT-AM) — que chegou a ser cotado para ficar na vaga do paulista na liderança — havia adiantado em seu Twitter o recado. “O Mercadante fica”, escreveu.

Na prática, a permanência do senador paulista na liderança no PT é uma boa saída tanto para ele quanto para a legenda. Com o apoio do Planalto, Mercadante poderá trabalhar para refazer alianças, e garantir um palanque para 2010. O partido, por sua vez, pacifica os rumores sobre um racha interno. “Eu apoio a posição dele. Foi uma medida acertada. Temos que ter uma unidade em torno da candidatura da Dilma e temos que ter unidade para auxiliar o governo. Recuperamos isso”, avaliou o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP).

Solidariedade
Mas Mercadante mandou recados a membros da legenda. Disse, por exemplo, que era petista antes de o PT existir. Ressaltou sua participação na criação e trajetória do partido e do próprio presidente Lula. Enumerou os pares da bancada que lhe foram solidários. Deixou de fora o senador Delcídio Amaral (PT-MS), que lhe fez críticas públicas, após desavenças por conta da crise de José Sarney. “Ali, naquele momento da história (na fundação do partido), ninguém foi para o PT para ter um cargo. Não foi fácil chegar aonde nós chegamos. Eu estou desde a primeira hora”, disse. Delcídio se filiou ao PT nas eleições de 2002, e chegou a cogitar uma adesão ao PSDB.

Ao final do pronunciamento, Mercadante pediu desculpas aos militantes que cobravam a sua saída. Mas a resposta veio no mesmo veículo que ele usou para dizer que iria deixar a liderança. A página do senador no Twitter foi o púlpito escolhido pelo eleitorado para debater o recuo do senador. “Suas palavras não me sensibilizaram. Onde está a sua dignidade?”, cobrou um internauta.

Ainda não acabou

De Marina Mello, do site TERRA:

O senador José Nery (PSOL-PA) protocolou nesta quinta-feira na Secretaria Geral da Mesa um recurso a Plenário referente ao arquivamento de cinco representações contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que foram engavetadas ontem no Conselho de Ética.

No texto do recurso, que conta com a assinatura de outros dez senadores,Nery argumenta que as representações devem ser desarquivadas pois tratam de fatos que merecem investigação, entre eles, a questão de edição de atos secretos.

Junto a Nery assinam o recurso os senadores Alvaro Dias (PSDB-PR) Renato Casagrande (PSB-ES), Cristovam Buarque (PDT-DF), Marina Silva (sem partido-AC), Pedro Simon (PMDB-RS), Demóstenes Torres (DEM-GO) , Jefferson Praia (PDT-AM), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Flavio Arns (PT-PR) e Kátia Abreu (DEM-TO).

Embora a base aliada já tenha argumentado que, após arquivamento de recurso no Conselho não cabe mais nenhum outro procedimento, segundo as regras do colegiado, Nery e outros senadores explicam que o regimento interno da Casa estabelece que, para todas as comissões, pode se apresentar recurso ao Plenário.

"O Código de Ética, sendo o Conselho órgão auxiliar do Plenário, é regra norteada pelo regimento interno do Senado, seja por analogia ou observância direta (...) cabível, portanto, o exercício da competência do Plenário, retirando-se assim o caráter terminativo da decisão do Conselho de Ética", diz o recurso. Caberá à mesa diretora decidir se o texto será ou não encaminhado ao Plenário.

Leia mais em Senadores recorrem de arquivamento de 5 ações contra Sarney

Conforme o figurino Plenário do Conselho arquiva denúncias contra Sarney e Virgílio

O Conselho de Ética rejeitou nesta quarta-feira (19) seis denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). A oposição pretende recorrer ao plenário, mas os governistas argumentam que este recurso não está previsto no regimento.

Ainda nesta tarde, o Conselho decidirá sobre outras cinco representações feitas por partidos políticos contra Sarney e outra representação feita pelo PMDB contra o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM).

As denúncias foram votadas em grupo. O arquivamento contou com o apoio dos senadores do PT, considerados como fiel da balança no Conselho de Ética. Leia mais em: Plenário do Conselho de Ética arquiva seis denúncias contra Sarney

O clima continua pesado no Senado

Simon compara momento do Senado ao ''inferno'' e pede saída de Sarney e Critovam Buarque (PDT-DF) deve apresentar nova representação contra o presidente da Casa

Cristovam também defendeu afastamento e diz que presidente da Casa pode ser alvo de nova representação

Foi negativo o efeito colateral provocado no plenário do Senado pelo discurso do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), afirmando que sofre uma "campanha nazista" para se afastar do cargo. Parlamentares voltaram a defender o afastamento do peemedebista, o acusaram de temer as investigações e compararam o Senado ao "inferno".

"Eu diria que nós estamos vivendo momento em que esta Casa é pior do que o inferno. Sem morrermos estamos vivendo o inferno aqui, no Senado, pelo deboche, pela ridicularização", disse o senador Pedro Simon (PMDB-RS). Da tribuna, Simon pediu a saída de Sarney da presidência e defendeu que o Conselho de Ética investigue todas as acusações contra o colega, inclusive as relações com a empreiteira Holdenn, ex-Aracati, proprietária de dois apartamentos usados pelo clã Sarney, em São Paulo, como o Estado revelou no domingo.

"Por que não permitir que o Conselho de Ética faça o levantamento? O normal de um Estado democrata seria que esses assuntos fossem investigados", afirmou. "Eu acho que o senhor (Sarney) deve renunciar, porque se não renunciar, eu não sei o que vai acontecer. Dias muito negros, horas muito difíceis, dramáticas, nós vamos viver", ressaltou Simon.

O parlamentar gaúcho defendeu o Estado dos ataques desferidos por Sarney contra o jornal . "O Estado de S. Paulo é um patrimônio deste país", frisou. "Eu não posso aceitar silenciosamente as agressões feitas ao jornal. Estou aqui para me lembrar do velho Estadão, na época da ditadura, do arbítrio, da violência. Claro que o presidente Sarney não se lembra dessa época, pois estava lá do lado do governo", disse Simon, que citou a censura imposta no dia 30 de julho pelo desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, proibindo o Estado de publicar informações sobre a investigação da Polícia Federal contra Fernando Sarney, filho do presidente do Senado: "Aí vem o ilustre desembargador, amigo pessoal do presidente, e veta".

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) também pediu que Sarney deixe a presidência do Senado. "Eu não sou aquele que está aqui jogando pedra, dizendo que o senador José Sarney tem culpa de tudo isso. Mas eu acho que é uma obrigação nós investigarmos", disse o pedetista. "É triste saber o que significa ser senador hoje em dia na opinião brasileira; é triste ouvir as piadas que contam hoje", afirmou.

O senador estuda a apresentação de outra representação conta José Sarney no Conselho de Ética.

Com o Estado de S. Paulo.

Segundo Cristovam, uma nova representação no Conselho de Ética poderá ser feita em cima dos indícios da ligação do Sarney com as empreiteiras que compraram os apartamentos de uso da família do presidente do Senado. "Nós não temos outra saída a não ser apresentar mais uma representação e continuar esse sofrimento contínuo que estamos vivendo há tantos meses", disse Cristovam. "Houve uma denúncia em relação a um personagem e a obrigação da gente é investigar. E a obrigação dele (Sarney) seria pedir a investigação para limpar o nome dele", ressaltou.

Ontem, em plenário, Sarney criticou as declarações do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Demóstenes Torres (DEM-GO), pedindo a investigação sobre as suas relações com empreiteiras. "Cabe na cabeça de alguém por uma notícia de jornal instaurar uma investigação?", indagou.

Demóstenes não estava em Brasília ontem. Procurado, manteve o pedido de investigação. "Não é nada pessoal. Até votei nele para presidente do Senado. Mas continuo achando que é melhor investigar e tomar providências", disse o senador goiano. A defesa de Sarney em plenário coube a Papaléo Paes (PSDB-AP). Ele criticou a postura dos senadores de pedirem investigação em cima de "notícia de jornal". Sarney não assistiu de perto às cobranças e deixou o plenário cercado por seguranças.

"Não devo explicações", diz Sarney

Senador ataca ''Estado'' e diz que não deve explicações

Presidente do Senado faz discurso indignado, mas não esclarece a relação de sua família com empreiteira

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), acusou ontem o Estado de estar empenhado em uma "campanha sistemática" e de adotar "uma prática nazista" contra ele ao informar, na edição de domingo, que uma empreiteira pagou por dois imóveis usados pela família em São Paulo. Apesar da indignação, nem o senador nem o filho, o deputado Zequinha Sarney (PV-MA), explicaram ontem a relação da família com a empreiteira Aracati/Holdenn Construções e quem comprou os apartamentos 22 e 32 do Solar de Vila América, em um prédio na Alameda Franca (Jardins).

Em um discurso de 14 minutos, Sarney disse que o Estado deixou de ser um jornal respeitado e passou a ser "um tabloide londrino, daqueles que buscam escândalos para vender".

Com base no artigo 5º da Constituição, que garante o direito à privacidade, o senador disse que nem ele nem os colegas senadores devem explicações "sobre compra de qualquer coisa que usem na vida". Foi a quarta vez, desde que estourou a crise dos atos secretos, que Sarney usou a tribuna do Senado para se defender e rebater suspeitas e acusações - como o desvio de recursos públicos pela Fundação Sarney, que funciona em São Luís e recebeu R$ 1,3 milhão da Petrobrás.

"É uma irresponsabilidade de tamanha grandeza, que eu não posso acreditar que um jornal publique isto: ?Empreiteira pagou dois imóveis para a família Sarney em SP?, sem ter aqui nenhuma referência, nenhuma prova a esse respeito", afirmou o presidente do Senado, tendo as edições de domingo e de ontem à mão. "Uma afirmação dessa natureza! E ele (Estado) vem se empenhando numa campanha sistemática contra mim, ou adotando uma prática nazista, que era aquela que eles adotavam de acabar com as pessoas, denegrir a sua honra, a sua dignidade até, com os judeus, levá-los à câmara de gás." Se disse "triste" porque o jornal, "depois de uma decadência financeira" teria "terceirizado" sua administração, a redação e "também a sua consciência e a sua respeitabilidade".

Sarney interrompeu os ataques em um momento apenas. "Eu quero fazer uma ressalva: ainda hoje O Estado de S. Paulo mantém uma sequência no que ele foi. É o nome do dr. Ruy Mesquita, que é o símbolo da continuidade, da lembrança do que foi, no passado, O Estado de S. Paulo."

No discurso, mostrou irritação com a reportagem de ontem, em que os senadores pediram explicações sobre a relação da empreiteira com a família e até admitiram a possibilidade de abrir investigação. Em tom de ameaça, disse saber "das agruras do passado e do presente" de Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB, e que outro tucano, Álvaro Dias (PR), não tem de dar explicações sobre "as suas economias". A revista Época informou recentemente que o senador paranaense omitiu da Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 5,3 milhões.

Sarney afirmou que os senadores "foram muito apressados". Citou nominalmente Guerra, Demóstenes Torres (DEM-GO) e Valter Pereira (PMDB-MS). Todos eles deram declarações ao Estado, cobrando a apuração da denúncia.

Assessores de Sarney revelaram que ele decidiu fazer o discurso ontem pela manhã, depois de ler as declarações de seus colegas. Considerou a reportagem do Estado de domingo a "gota d""água" de todo o processo de denúncias que vêm sendo publicadas contra ele. Mas ficou particularmente indignado com a reação de alguns colegas, que pediram a investigação sobre os dois imóveis.

Aliados de Sarney afirmaram que ele não os consultou sobre o discurso. "Não sabia que ele ia fazer discurso. Pensei que só fosse presidir a sessão", disse Papaléo Paes (PSDB-AP). Senadores da tropa de choque do presidente do Senado também garantem que não foram avisados.

Nem o senador nem os filhos explicaram quem pagou os apartamentos 22 e 32 da Alameda Franca

TAMANHO
A versão de Sarney

"O prédio na Alameda Franca, modesto, quase saindo na Rebouças, 1531, é um prédio de apartamentos de 85 m²"

Os fatos - De acordo com a escritura, o imóvel tem 135m2 de área construída e 112m2 de área útil

A CONFUSÃO
A versão de Sarney

"Eu comprei o primeiro apartamento ali em 1977, Sr. Presidente, ainda em construção. Para quê? Para ali morarem meus filhos que estudavam, um na Universidade de São Paulo, na Escola Politécnica, e outro na Faculdade Cristã, Católica"

Os fatos - Não é a esse apartamento que a reportagem de domingo, no Estado, se refere. O apartamento 82, como o Estado noticiou, está em nome do filho do senador, Fernando Sarney. O foco da reportagem está nos apartamentos 22 e 32 do mesmo prédio, comprados e registrados por uma empreiteira de propriedade de um amigo da família, a Holdenn Construções, antes denominada Aracati. Essa empresa tem negócios no setor elétrico, área que no governo é dominada pelo clã Sarney

ZEQUINHA SARNEY
A versão de Sarney

"Os meus netos estão estudando em São Paulo. E o meu filho Sarney Filho compra um apartamento no mesmo edifício, porque era mais fácil onde já moravam os seus primos, e declara no seu imposto de renda que está pagando um contrato de compra e venda. Está lá no imposto de renda dele. A escritura não foi passada porque ainda não terminou o seu pagamento, mas já constam no imposto de renda as prestações que ele tem passado"

Os fatos - O filho do senador, deputado Zequinha Sarney (PV-MA), admitiu ser dono informal do imóvel comprado pela empreiteira. Em nota divulgada no domingo, ele insinuou estar comprando o imóvel da empresa. No registro do cartório de imóveis, porém, não há qualquer referência a negociação do apartamento entre a empreiteira e o filho de José Sarney

?O QUE TEM ISSO COM O SENADO??
A versão de Sarney

"Se alguém comprasse algum imóvel, se houvesse algum pagamento de imposto que não tivesse sido feito, se soubesse você denunciaria à Receita Federal! Mas o que tem isso com o Senado?"

Os fatos - A transação envolvendo os apartamentos virou notícia porque os imóveis são utilizados pela família Sarney. Trata-se de operação que envolve pessoas públicas - há interesse público no assunto. Ademais, a empreiteira em nome da qual estão os apartamentos atua num setor do governo sobre o qual a família Sarney exerce influência

DIREITO DE RESPOSTA

A versão de Sarney
"Este país rasga a Constituição, porque nenhum de nós tem mais garantia à privacidade, não temos lei de imprensa, não temos direito de resposta"

Os fatos - Em todas as reportagens do Estado que envolviam seu nome, o senador José Sarney foi procurado. No caso da reportagem sobre os apartamentos, os assessores do senador disseram que ele não se pronunciaria

APARTAMENTO DO FILHO?

A versão de Sarney
"Eu tenho que vir aqui para dizer por que me hospedei no apartamento do meu filho, em São Paulo, e não fui pagar diária de hotel""

Os fatos - O senador disse que se hospedou no apartamento do filho. Ele se hospedou no apartamento 32, que está em nome da Holdenn

Fonte: O Estado de S. Paulo.

Empreiteiro é "amigo de Sarney"

Em negócio, Frota usou nome do peemedebista

O empresário Rogério Frota de Araújo, 51 anos, apresentou-se como "amigo de Sarney" em outro negócio de uma usina termoelétrica que tentou vender no município de Cachoeiro de Itapemirim (ES). Sua empresa, a Holdenn Construções, Assessoria e Consultoria Ltda, ex-Aracati, tem como principal ramo de atuação o setor elétrico, sobre o qual o clã Sarney exerce forte influência.

Como revelou o Estado, duas das usinas que a Holdenn conseguiu aprovar no Tocantins foram vendidas logo após a obtenção das autorizações oficiais. Com a parte burocrática resolvida, cada projeto de usina termoelétrica de médio porte, como as da Holdenn, chega a valer no mercado R$ 15 milhões.

Em janeiro de 2008, Frota visitou Cachoeiro do Itapemirim. Estava interessado em instalar uma termoelétrica na cidade. Procurou o então prefeito Roberto Valadão (PMDB), em busca de facilidades para a execução do projeto. "Ele disse que é muito amigo do Sarney. A Prefeitura de Cachoeiro é credenciada pelo governo estadual para emitir licenças ambientais e ele estava interessado em agilizar o processo", conta Valadão.

No Maranhão, onde fixou raízes, Frota filiou-se ao PV, a convite do amigo Zequinha Sarney. E até ensaiou candidatura a prefeito em Imperatriz. É próximo também de Fernando Sarney, filho mais velho do senador.

O histórico empresarial da Holdenn Construções na área de energia chama a atenção. A empresa tem conexões com companhias cujos nomes figuram na investigação da Polícia Federal sobre o conglomerado empresarial dos Sarney. Uma dessas empresas é a Servtec Instalações e Sistemas Integrados, que foi sócia da Holdenn nas transações que levaram à venda das termoelétricas de Rogério Frota no Tocantins.

Fonte: O Estado de S. Paulo.

Crise política põe em risco votação de reforma eleitoral

SENADO PARALISADO

Falta de consenso em torno de Sarney já ameaça novas regras para 2010
Principal aposta do presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), para os trabalhos legislativos do Congresso este ano, a aprovação da minirreforma eleitoral corre o risco de não vigorar em 2010 por força da crise no Senado.

A turbulência política no parlamento, que envolve a discussão em torno do afastamento do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), paralisou as votações na Casa e ameaça o calendário para a aprovação dessas regras.
O vice-líder do governo, Gim Argello (PTB-DF), reconhece que a crise, aliada às investigações da CPI da Petrobras, pode comprometer a reforma. Na semana passada, o parlamentar afirmou que esse assunto já é polêmico e que existem pontos em que aliados e oposição ainda não chegaram a um consenso. A reforma está sendo avaliada com cuidado.

– O problema é que temos até o fim do mês para aprová-la, e há o risco de as novas regras não passarem a valer em 2010 – afirma Argello.

Caso os senadores façam qualquer alteração no texto aprovado pela Câmara, a matéria ainda retorna para nova apreciação pelos deputados.

Líderes do DEM, PSDB e PDT já afirmaram que, com o impasse criado com a permanência de Sarney no comando do Senado, dificilmente se vota alguma coisa. Na semana passada, nada foi apreciado pelo plenário. Foram registradas discussões acaloradas sobre o arquivamento das representações e denúncias contra Sarney pelo presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), e a ofensiva do PMDB contra o líder tucano, Arthur Virgílio (AM).

Outra iniciativa dos partidos e parlamentares que defendem o afastamento de Sarney e as investigações de denúncias contra ele pelo conselho será a apresentação de recursos para que a decisão de arquivamento seja votada pelo colegiado e, se for o caso, pelo plenário do Senado, com voto aberto.

Nesse quadro, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) tem afirmado que enquanto José Sarney estiver “sentado na cadeira de presidente” não há qualquer condição de se votar nada na Casa.

O projeto de reforma altera regras em vigor, como a inclusão do uso geral da internet nas campanhas eleitorais e a previsão do voto impresso a partir das eleições de 2014.

O que os deputados aprovaram

DOAÇÕES OCULTAS
Se o Senado fizer alterações, o projeto retornará para a Câmara
- Continuarão permitidas as doações para campanhas via partidos políticos nas quais se perde o vínculo entre doador e beneficiado
- Doações de entidades esportivas ficam proibidas, enquanto as de cooperativas privadas serão permitidas. Doação de bens próprios passa a ser permitida, até R$ 50 mil

PROPAGANDA DE RUA
- Será vedado o aluguel de muros para publicidade

PROPAGANDA IMPRESSA
- Candidato poderá veicular até 10 propagandas num mesmo veículo na campanha, estampando o preço pago pelo anúncio

NORMAS DE VOTAÇÃO
- Fica proibido o porte de telefone celular e máquinas fotográficas dentro da cabine de votação
- O eleitor deverá apresentar título de eleitor e documento com foto
- Será permitido o voto em trânsito para presidente em todo o país

PRÉ-CAMPANHA
- Serão permitidas aos candidatos participação em programas de TV e rádio, realização de encontros em ambiente fechado e prévias partidárias antes mesmo do início oficial da campanha

PARTICIPAÇÃO EM INAUGURAÇÕES
- Será proibida para todos os candidatos no período de três meses que antecede a eleição

PROPAGANDA DE TV
- O nome de candidatos a vice ou a suplente deve aparecer com maior destaque, em tamanho não inferior a 10% do nome do titular

PUNIÇÕES E FISCALIZAÇÕES
- Partidos que apresentarem problemas na prestação de contas das campanhas apenas terão suspensão dos repasses do Fundo Partidário de forma considerada “proporcional ou razoável”

DÍVIDAS DE CAMPANHA
- Acaba a inelegibilidade de candidatos que terminarem a campanha com dívidas

JUDICIÁRIO
- Apenas as resoluções editadas pela Justiça Eleitoral até 5 de março do ano eleitoral terão validade no pleito subsequente
- Os processos de cassação de mandato passarão a ganhar prioridade de parte da Justiça. Além disso, terão prazo máximo para sua conclusão fixado em até um ano depois do pleito

O Senado é necessário?

Dallari: crise mostra que Senado é desnecessário

Ricardo Galhardo SÃO PAULO

Jurista defende extinção da Casa e adoção de um sistema unicameral, além de reforma do processo eleitoral
ENTREVISTA Dalmo Dallari
Considerado um dos maiores especialistas em Direito Constitucional do país, o jurista Dalmo de Abreu Dallari defende a extinção do Senado e a adoção do sistema unicameral, por meio de um plebiscito. Segundo ele, a crise atual evidencia que o Senado é desnecessário. Em pesquisas para o livro “A Constituição na vida dos povos”, a ser lançado este ano, Dallari descobriu evidências de que o Senado dos EUA, modelo do brasileiro, foi criado para evitar a abolição da escravatura.
O GLOBO: O senhor viu o bateboca entre Tasso Jereissati e Renan Calheiros? DALMO DALLARI: Deprimente.
Em termos de imagem do Brasil como país civilizado é comprometedor.
A chamada Câmara Alta, senadores da República, numa discussão de moleques de rua. O impacto para a democracia é muito negativo. Ainda que não haja muita consciência da importância das instituições, há algum respeito. A partir daí, não haverá mais qualquer respeito.
Qual a solução para a crise? DALLARI: É preciso uma mudança em profundidade em nosso sistema político. Por isso, defendo a adoção do sistema unicameral e também a reforma do sistema eleitoral. Com uma câmara só, alguns estados como São Paulo teriam muito mais parlamentares do que outros.
Por isso temos que tentar um sistema que não leve a um domínio de alguns estados.O GLOBO: O senhor viu o bateboca entre Tasso Jereissati e Renan Calheiros? DALMO DALLARI: Deprimente.
Em termos de imagem do Brasil como país civilizado é comprometedor.
A chamada Câmara Alta, senadores da República, numa discussão de moleques de rua. O impacto para a democracia é muito negativo. Ainda que não haja muita consciência da importância das instituições, há algum respeito. A partir daí, não haverá mais qualquer respeito.
Qual a solução para a crise? DALLARI: É preciso uma mudança em profundidade em nosso sistema político. Por isso, defendo a adoção do sistema unicameral e também a reforma do sistema eleitoral. Com uma câmara só, alguns estados como São Paulo teriam muito mais parlamentares do que outros.
Por isso temos que tentar um sistema que não leve a um domínio de alguns estados.
"Deve ser objeto de um grande debate nacional"
Como fazer essa mudança proposta pelo senhor?
DALLARI: Com um número mínimo de representantes de cada estado, que a gente já tem, mas que pode ser readequado. Precisamos de um processo eleitoral que impeça o desequilíbrio e traga uma representação melhor. O importante é que essa câmara seja democrática e dê preferência ao interesse público.
Legalmente é possível extinguir o Senado?
DALLARI: Entre os princípios fundamentais da Constituição estão o sistema democrático e a separação dos poderes. A organização dos poderes não é princípio fundamental da Constituição.
Deve ser objeto de um grande debate nacional, para que no fim se faça um plebiscito.
Qual sua opinião sobre a aliança entre Lula e Sarney?
DALLARI: Para mim isso ainda não está explicado. No começo do primeiro governo (2003), Lula vinha a São Paulo uma vez por mês para se reunir com intelectuais amigos, que deveriam falar com franqueza. Ele trazia o José Dirceu. Eu era um dos convidados e perguntei sobre o acordo com Sarney, o símbolo de tudo aquilo que sempre combatemos.
O Lula, um homem extremamente inteligente, falou: “Explique aí, Zé Dirceu”. Aí o Zé disse que o Sarney manda no Senado e que, se o governo não se entender com ele, não passa nada no Senado.
Então o governo teve que engolir um sapo e fazer o acordo.
Pode ser que Lula realmente dependa da força do Sarney ou que seja grato porque o Sarney sempre quebrou os galhos dele e do governo.
Mas pode haver razão que a gente desconheça. Qual a verdadeira razão desse ataque ao Sarney? Ninguém sabia que ele era corrupto? Como é a experiência em outros países ?
DALLARI: No livro que estou lançando constatei que há três modelos básicos de constituições: o americano, o francês e o inglês. O modelo inglês está evoluindo no sentido do unicameralismo.
Está em vias de extinção a Câmara dos Lordes. Não há mais lordes hereditários.
Mas a Constituição brasileira é baseada no modelo americano.
DALLARI: Nas pesquisas para o novo livro colhi elementos, cartas e outros documentos, que mostram que a verdadeira razão para a criação do Senado como ele existe hoje no Brasil e que foi calcado no modelo dos EUA foi para evitar a abolição da escravatura.
Analisando documentos da Convenção de Filadélfia de 1787, que criou os EUA, descobri troca de correspondência entre convencionais dizendo que muitos eram senhores de escravos, do Sul dos EUA. O Sul era agrícola e escravocrata, o Norte vivia do comércio, início da industrialização, e não usava mão de obra escrava. Os estados do Norte teriam muitos eleitores, e os do Sul, poucos. Escravos não votavam. Surgiu a ideia de criar uma segunda câmara, revisora, na qual todos os estados teriam representação igual. Durante 80 anos o Senado dos EUA impediu a abolição da escravatura.

Suplentes de senador pra quê?

Questão dos suplentes é um dos problemas da Casa

Estadão

Frágeis, podem ser substituídos a qualquer hora se o titular reassumir, por vontade própria ou do partido

Se valessem no Senado as regras da Câmara, o senador Paulo Duque (PMDB-RJ) não seria presidente do Conselho de Ética e o petista João Pedro (AM) não comandaria a CPI da Petrobrás. Por serem suplentes, eles poderiam ocupar uma vaga, mas não o cargo mais importante desses colegiados.

Ao proibir que assumam cargos na Mesa Diretora, presidência ou vice-presidência de comissões (o que inclui o Conselho de Ética e CPIs), a Câmara evidencia a fragilidade dos suplentes, que podem ser substituídos a qualquer hora se o titular reassumir o mandato, por vontade própria ou por manobra do partido a que pertence. Para evitar esse troca-troca, o artigo 243 do regimento interno da Câmara restringe a atuação dos suplentes.

O presidente do Conselho de Ética da Câmara, José Carlos Araújo (PR-BA), elogia a norma, mas ainda acha pouco. Ele apresentou projeto que proíbe suplentes de participarem do conselho. "Se um partido não está satisfeito com o comportamento do conselheiro que é um deputado suplente, convoca de volta o titular do cargo, mesmo que seja por alguns dias. Essa brecha não pode continuar. O mandato do conselheiro tem que ir até o fim. O suplente fica na mão do líder de seu partido."

No Senado - onde os suplentes não têm votos - não há qualquer impedimento à atuação desses parlamentares. Ao contrário. Sem contas a prestar aos eleitores, muitas vezes eles são peças importantes no rolo compressor da maioria. Integrante da tropa de defesa do senador José Sarney (PMDB-AP), Paulo Duque - suplente do suplente do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) - não apenas assumiu o Conselho de Ética como mandou arquivar boa parte das denúncias da oposição contra Sarney.

João Pedro - substituto do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PP) - terá sua atuação avaliada com o início dos trabalhos da CPI, que já deu aos governistas a primeira vitória ao impedir a investigação do convênio firmado entre a Petrobrás e a fundação que leva o nome de José Sarney.

Em 2007, a escolha do petista Sibá Machado (AC), suplente da senadora Marina Silva (PT-AC) - na época ministra do Meio Ambiente - para a presidência do Conselho de Ética da Casa motivou protesto de senadores como Pedro Simon (PMDB-RS). "O senador Sibá, se amanhã resolver tomar alguma atitude que o presidente Lula não goste, a ministra Marina Silva volta e ele não é mais presidente do conselho."

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defende uma mudança no regimento interno do Senado "em um momento mais tranquilo", para impedir que suplentes assumam cargos-chave nas comissões e no conselho. "O Senado fica de joelhos diante do Poder Executivo. João Pedro, como suplente do ministro, está nas mãos do presidente da República. O governador do Rio pode tirar Paulo Duque quando quiser", diz, referindo-se ao fato de Duque ser suplente do secretário-chefe da Casa Civil do Rio de Janeiro, Regis Fichtner, suplente de Cabral. O governador tem mantido distância da crise do Senado. Não comenta o desgaste do PMDB e nem a situação delicada de Sarney.

----------------------

Historiador defende fim dos suplentes


Cientista político é a favor da redução de atribuições da Casa

SÃO PAULO. Para o historiador Marco Antonio Villa, a crise no Senado é estrutural e, portanto, não justifica a extinção da Casa.

— É até natural que se pense assim, mas o que vai acontecer quando tivermos uma crise desta proporção na Câmara? A proposta vai ser a mesma? — perguntou.

De acordo com Villa, esse tipo de reação é resultado da frustração gerada pelos resultados da redemocratização brasileira.

— Todo mundo fica muito irritado com o funcionamento dos poderes democráticos.

Ninguém gosta, por exemplo, da morosidade da Justiça. Alguns países têm legislativos com funcionamento melhor, mas isso ocorre há séculos.

Aqui são apenas duas décadas — lembrou ele.

Villa, no entanto, vê um lado positivo na crise: — É extremamente saudável no sentido em que expõe as deficiências.

Villa pede transparência nos dados e atos do Senado Para o historiador, a crise pode levar a reformas estruturais no Senado.

— Na verdade precisamos de uma reforma no funcionamento da Casa e não apenas no regimento. A primeira seria acabar com os suplentes, pois a maior parte dos senadores é muito inexpressiva. A segunda é a adoção da transparência nos dados e atos da Casa — afirmou.

Villa lembrou também que a crise tem consumido todo o tempo do Senado.

— No primeiro semestre não houve uma discussão política sequer e tudo indica que no segundo também não haverá, mas isso não justifica a extinção. Se o Senado simplesmente cumprisse corretamente com suas funções, como a aprovação de ministros de tribunais superiores, teríamos uma revolução no Brasil.

Nos Estados Unidos, a indicação de uma ministra hispânica para a Suprema Corte mobiliza a opinião pública. Aqui é uma festa em homenagem ao indicado — disse ele.

Professor da PUC-Rio e Ph.D. em Ciências Políticas pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), Amaury de Souza também é contra a adoção do sistema unicameral. No entanto, defende a redução das atribuições do Senado como forma de agilizar o processo legislativo.

— Algumas leis ordinárias deveriam tramitar mais brevemente ou o Senado deveria se abster de apreciá-las.

Mas nem o Senado nem a Câmara são melhores do que a população que representam.

Nosso povo é muito despolitizado.

Por isso, a Câmara e o Senado se julgam acima da opinião pública, como já expressaram vários parlamentares que dizem estar “se lixando” para a população — afirmou Souza.

Paralisia do Senado é danoso ao país

Crise leva Senado à paralisia e trava votação de projetos

A semana de intenso tiroteio imobilizou o Senado e evidenciou ainda mais as suas deficiências. Projetos de grande repercussão - divórcio, maioridade penal e cotas raciais - foram escanteados na volta do recesso. "O Senado está completamente anestesiado", alerta José Agripino Maia, líder do DEM.

Votar, porém, não é o único problema. A absolvição de José Sarney (PMDB-AP) não elimina a lista de problemas estruturais, que exigem soluções intrincadas, difíceis. Líderes buscam "choque de ordem", mas têm grandes barreiras à frente, como os suplentes - grupo dos sem-voto que já galgam cargos com poder de enterrar CPIs e representações.

Vem à tona, ainda, a doutrina política da tropa de choque de Sarney. No ideário do grupo há explicação para tudo e disposição de sobra para sustentar o "bateu, levou". "O padrão de ética não está muito bem definido", chegou a dizer Wellington Salgado (PMDB-MG). "A ética que for criada, vou aderir."

O País vive surpresas históricas, no compadrio de figuras que, há cerca de duas décadas, se hostilizavam. O presidente Lula, Sarney e os alagoanos Fernando Collor e Renan Calheiros, por conveniência, gravitaram todos para o mesmo lado.

Denúncias, apatia da sociedade e a censura imposta ao Estado, proibido de veicular notícias sobre filho de Sarney, Fernando, podem reacender o autoritarismo, diz a pesquisadora Alzira Alves de Abreu, da FGV. "Esses políticos não estão se dando conta do que estão preparando para o futuro."

Para o bem geral da Nação “eu fico”, diz Sarney

No plenário, Sarney diz que não vai deixar presidência do Senado

Denúncias são 'campanha' para tentar desestabilizá-lo, disse.
Ele negou envolvimento com desvio de recursos e atos ilícitos.

Do G1, em Brasília

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou nesta quarta-feira (5) em pronunciamento no plenário da Casa que não vai deixar a presidência do Senado. Segundo Sarney, as denúncias contra ele são uma “campanha” para tentar desestabilizá-lo.

Ele afirmou que continuará no cargo porque foi eleito para presidir a Casa e que nenhum senador poderá ordenar que saia. “Permaneço pelo Senado, para que saiba que me fez presidente para cumprir meu mandato.”  Disse estar tomando todas as medidas administrativas necessárias para melhorar o funcionamento da Casa.

“Avaliei que as críticas que me fizeram eram só rescaldo da eleição, mas eram mais profundas, faziam parte de um projeto político e de uma campanha para desestabilizar-me”, disse Sarney.

“Hoje não se fala mais em crise administrativa do Senado, ela sumiu. Toda a mídia e alguns senadores a atribuem a mim. Não dizem o que fiz de errado ou porque devo receber punição”, disse Sarney.

Ele destacou seu apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas disse que seu maior compromisso é com a Casa. “Tenho posição política de apoio ao presidente Lula. Meu dever é para com o Senado."
Sarney destacou ter sido sempre um homem “pacífico” e elencou fatos de sua biografia. Ele mencionou seu protesto contra a cassação de deputados durante a ditadura militar e contra o Ato Institucional 5 (AI-5), que restringiu liberdades.

Sobre as acusações feitas contra ele no Conselho de Ética, Sarney destacou que todas são baseadas em "denúncias de jornal". Ele nega que qualquer uma delas comprove fato ilícito.

“Nunca meu nome foi envolvido em qualquer escândalo. Agora as acusações que me foram feitas nas diversas representações ao Conselho de Ética nenhuma coisa se refere a dinheiro ou atos ilícitos ou coisas com dinheiro público. São coisas que não representam nenhum desvio ético. São coisas menores, que podem ser jogadas e manipuladas.”
O plenário está completamente ocupado pelos senadores. Os senadores acompanham atentamente, em silêncio, cada palavra de Sarney. Nos telões espalhados pelo Senado, servidores e visitantes do Congresso formam rodas para ouvir o discurso do presidente da Casa. 

Atos secretos

Sobre os atos secretos, o presidente do Senado negou ter responsabilidade direta pela não publicação e apresentou uma planilha com os números detalhados sobre os boletins secretos em cada presidência. "Ninguém aqui sabia ou podia pensar que aqui existia ato secreto", disse.

De acordo com o levantamento de Sarney, na administração Renan Calheiros (PMDB-AL) foram editados 129 boletins não publicados. Sob a presidência de Garibaldi Alves (PMDB-RN) foram 106 boletins que não ganharam publicidade. Sarney é o terceiro da lista, com 34 boletins não publicados, somando suas duas gestões anteriores. Na sequência aparecem Ramez Tebet (19), Antonio Carlos Magalhães (11), Tião Viana (9) e Edison Lobão (3).

Parentes

Ele afirmou ainda nunca ter contratado nenhum parente para sua assessoria e procurou rebater todas as denúncias sobre seus parentes no Senado. “Nunca chamei parentes para minha assessoria”.

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Servidores do Senado acompanham em telão o pronunciamento do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) (5) (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Ele admitiu apenas a contratação de uma sobrinha que atuou no gabinete de Delcídio Amaral (PT-MS). Sarney justificou dizendo que o marido de sua sobrinha tinha sido transferida para o Mato Grosso do Sul.

Sobre o neto acusado de usar o prestígio da família para intermediar contratos de crédito consignado com a Casa, Sarney negou a acusação. Ele apresentou um ofício do diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra, dizendo que o neto do presidente do Senado nunca foi funcionário da Casa nem negociou qualquer contrato com a Casa.

Em relação à Fundação José Sarney, o presidente do Senado apresentou documentos mostrando ter delegado as tarefas administrativas a terceira. Ele nega participação em qualquer suposta irregularidade que possa ter sido cometida.
O presidente da Casa criticou também a divulgação de gravações que mostraram sua interferência na contratação do suposto namorado da sua neta, que foi nomeado por ato secreto. “É uma ilegalidade, uma brutalidade, que hoje é comigo e amanhã pode ser com qualquer um dos senhores senadores”.
Ele destaca que não há qualquer declaração na gravação de que o ato seria secreto, mas admite que atendeu ao pedido da neta de arranjar emprego para o suposto namorado. “Não há nelas qualquer palavra minha de nomeação por ato secreto. Claro que não existe pedido de uma neta que, se pudermos ajudar legalmente, deixaríamos de ajudá-la”.

Gravação e documentos

Sarney afirmou ainda ter sido fraudada uma outra gravação que mostraria o empreiteiro Zuleido Veras, acusado de envolvimento em irrgularidades em licitações de obras públicas, dizendo que iria para a casa do presidente do Senado. Ele apresentou um laudo do perito Ricardo Molina dizendo que foi incluída a palavra “Sarney” no meio de uma frase e que a voz não seria de Veras.
Acusou ainda jornalistas de terem roubado documentos de um agricultor para quem vendeu uma fazenda. Negou também qualquer irregularidade neste negócio.
“Assim, com estes métodos, não está se desejando melhorar, nem se pensando no Senado. Estão em uma campanha pessoal contra mim”, disse Sarney.

No encerramento do seu pronunciamento, fez um apelo aos opositores para que a “paz” seja restaurada na Casa. “Que a paz seja restaurada nesta Casa, que o ódio e a paixão política não nos faça perder a razão”.
Para concluir, Sarney pediu um "julgamento justo". “Este cargo não me acrescenta nada, se não agruras, injustiças, decepção e trabalho, mas minha certeza é que nada fiz de errado e minha crença que as senhoras e os senhores são justos e que a convivência faz conhecer uns aos outros e me faz ter a certeza de que serei julgado com justiça.”

saiba mais

Com Sarney Senado quase não trabalha

No Congresso em Foco

Seis meses de Sarney e nada para comemorar

Presidente do Senado completa 180 dias à frente de uma das maiores crises do Legislativo brasileiro. Escândalos dominaram primeiro semestre e chegam reforçados ao segundo

Por Rodolfo Torres

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), chega neste domingo (2) ao final do sexto mês no terceiro mandato no comando do Legislativo brasileiro. O mais experiente parlamentar brasileiro nada tem para comemorar. O peemedebista está acuado por denúncias diárias de irregularidades e já responde a 11 pedidos de investigação no Conselho de Ética da Casa. (leia mais)

Entre as denúncias, estão: venda de terra sem pagamento de imposto; omissão de imóvel à Justiça Eleitoral; participação na edição de atos secretos para, inclusive, nomear o namorado de uma neta.

O presidente do Senado também é questionado sobre a atuação do neto José Adriano Cordeiro Sarney, dono de uma empresa que atuava na concessão de crédito consignado a funcionários do Senado. Em outro ponto, o peemedebista é acusado de ter mentido em plenário sobre sua relação com a Fundação José Sarney, que teria desviado recursos da Petrobras.

“É o período mais turbulento da história do Senado. O pior semestre, por conta de uma oligarquia abrangente”, analisa o professor da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer.

O cientista político nascido nos Estados Unidos, naturalizado brasileiro, também estranha o fato de um ex-presidente assumir o controle do Congresso. “Em todos os sistemas presidencialistas que conheço, não vi nenhum no qual o presidente da República assuma o Legislativo. Isso é uma concentração de poder muito nociva.”

Para Fleischer, o terceiro mandato de Sarney foi ainda pior do que as administrações turbulentas de dois correligionários do senador pelo Amapá - Jader Barbalho (PA) e Renan Calheiros (AL) – pela descoberta dos atos secretos, praticados há 14 anos, e envolvendo todo o Senado.

Jader renunciou à presidência da Casa e ao mandato de senador em outubro de 2001 após uma intensa disputa contra o já falecido senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), que também renunciou ao mandato de senador naquele ano. Ambos trocaram pesadas acusações de corrupção. Sobre Jader, pesavam denúncias de desvio de recursos do Banco do Estado do Pará (Banpará) e de irregularidades na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Atualmente, Jader é deputado federal.

Mais recentemente, em dezembro de 2007, Renan renunciou à presidência do Senado após uma série de denúncias de irregularidades. Entre elas, o uso de “laranjas” para a compra de empresas de comunicação, a tentativa de espionagem de senadores, e o intermédio de um lobista no pagamento de despesas particulares do senador alagoano.

Outro especialista consultado pelo Congresso em Foco, o filósofo Roberto Romano, professor de ética e filosofia política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), considera a complexa estrutura interna do maior partido político brasileiro como um dos fatores principais para as recorrentes crises no Senado.

“Sempre que um presidente do PMDB sentar na cadeira azul, vai haver problema. O problema do Senado é o PMDB”, afirma, complementando que a Casa tem sido uma espécie de “campo minado” para o governo. “Há um desequilíbrio entre a base de apoio do governo na Câmara e no Senado.”
Nesse caldeirão político, Roberto Romano também ressalta a forma hegemônica com que Sarney assumiu a presidência do Senado em fevereiro deste ano. Para ele, a recondução do parlamentar ao controle da Casa desestabilizou as relações internas no plenário.

Saída de Sarney
Assim como Fleischer, Romano também tem a percepção de que a saída de Sarney do mais alto cargo do Congresso é apenas uma questão de tempo. Além dos acadêmicos, essa visão ganha mais força a cada dia depois de o presidente Lula afirmar que a crise do Senado não é um problema dele. (leia mais)

Contudo, Roberto Romano lembra que os aliados de Sarney podem usar os senadores suplentes, a quem classifica de “núcleo delirante”, como tropa de choque para intimidar os adversários. Entre os suplentes aliados a Sarney estão o presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), e Wellington Salgado (PMDB-MG), que participou em 2007 da tropa de choque de Renan Calheiros. “Os senadores eleitos disputam voto e são mais racionais”, analisa Romano.

Em seu último pronunciamento antes do recesso parlamentar, José Sarney chegou a citar o filósofo romano Sêneca: "As grandes injustiças só podem ser combatidas com o silêncio, a paciência e o tempo".

“Assumi a presidência do Senado Federal com o duplo desafio de renovar sua estrutura administrativa e restaurar sua atividade política. Infelizmente, avaliei mal. As circunstâncias tornaram a reforma administrativa numa pretensa crise de desmoralização do Senado e inviabilizaram a discussão dos grandes temas de nosso momento político”, afirmou o peemedebista, ressaltando algumas medidas que trouxeram uma economia de R$ 10 milhões à Casa (restrição da cota de passagens áreas dos senadores, redução da impressão de material gráfico e extinção de 11 secretarias).

Sarney ainda lembrou da anulação dos atos secretos e da criação do Portal da Transparência do Senado, que traz informações sobre contratos, verba indenizatória e despesas da Casa. “Não temos o que esconder, mas o que mostrar. Vamos reduzir não só as nossas despesas, mas os nossos efetivos”, disse Sarney naquela ocasião.

Balanço do semestre
O presidente do Senado volta esta semana ao trabalho com o único objetivo de sobreviver no cargo. No balanço do semestre passado, Sarney fez um grande exercício para enaltecer a produção dos senadores. “Foi um semestre de intenso trabalho legislativo, que conseguimos realizar apesar do instituto da medida provisória e da crise política que se personalizou em minha pessoa.”

O presidente destacou algumas matérias analisadas no período, como a criminalização da prática sexual com menores de 18 anos que se encontram em situação de prostituição, a regulamentação da atividade de motoboys, e a isenção de imposto de renda para aposentados e pensionistas com mais de 70 anos.

De acordo com a Secretaria Geral da Mesa, o Senado aprovou no primeiro semestre do ano 188 projetos de lei, 15 medidas provisórias, duas propostas de emenda à Constituição, 21 projetos de resolução, 37 projetos de decreto legislativo, entre outras matérias.

Dentre elas, também merecem destaque a PEC dos Precatórios (que cria um regime especial de pagamento de precatórios para os entes da administração pública) e a PEC dos Vereadores (que aumenta o número dos legisladores municipais no país). Essas matérias atualmente estão tramitando na Câmara.

Ainda sob a presidência de Sarney também foram analisadas medidas provisórias relevantes, como a que cria e a que aprova benefícios fiscais ao programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

O objetivo do programa é construir 1 milhão de casas para famílias com renda de até dez salários mínimos. O governo investirá R$ 34 bilhões no programa, que será conduzido em parceria com estados, municípios e a iniciativa privada.

Sarney, rende-se

"Não aguento mais. Vou negociar uma saída", afirmou, de acordo com um interlocutor privilegiado do presidente. A conversa aconteceu na segunda-feira, pelo telefone, quando Lula ligou para saber notícias sobre o estado de saúde de Marly Sarney, esposa do presidente do Senado, que se recupera de uma cirurgia em São Paulo. Sarney, de acordo com o relato feito por Lula, estava abatido, disse que não conseguia dormir havia dias e se culpava pelo estado de saúde da mulher, que sofrera um acidente doméstico, fraturando o braço e o ombro.

Já sai tarde o último coroné.

Mais aqui.

“Eles querem, com raras exceções, engordar a conta bancária”, enquadra Maurício Corrêa

Presente e passado

Maurício Corrêa - Advogado

Outro dia fui visitar o Senado. Um batalhão de repórteres se entrincheirava nas portas do gabinete do presidente. Máquinas fotográficas e câmeras de televisão se espalhavam pelo chão à espera do ataque. Procurava alguém que estava no local onde se procedia à eleição dos dirigentes da CPI da Petrobras, que, afinal, se instalava. A sala estava apinhada de gente. Não tive ânimo de entrar. Voltei novamente para pegar meu carro. Antes, entretanto, não resisti à tentação de dar umas voltas pelos corredores da casa. Lembrei-me dos tempos em que tomei posse como senador por Brasília na histórica primeira vez em que a cidade pôde eleger seus representantes no Senado.

Assim começa o artigo do advogado, ex-senador e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Maurício Corrêa.

Leia a íntegra.

Senadores rebatem Lula que os chamou de pizzaiolos


Parlamentares criticaram declaração do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, que chamou os parlamentares de "bons pizzaiolos"

Sarney: Cadê meus 10% ?

Estadão
Aliados e familiares de Sarney são 10% dos favorecidos

Só para o Conselho Editorial do Senado, presidido pelo próprio senador, foram nomeadas 13 pessoas

Dos 663 atos secretos anulados, pelo menos 10% favoreceram familiares e aliados políticos do presidente da Casa, o senador José Sarney (PMDB-AP). Só para o Conselho Editorial do Senado, presidido pelo próprio Sarney, foram nomeadas 13 pessoas por atos secretos.

Alba Leide Nunes Lima - mulher do ex-senador e atual representante do governo do Maranhão em Brasília, Francisco Escórcio (DEM-MA) - foi uma das beneficiadas. Outro ato sigiloso foi usado em 2006 para dar o cargo de assessor da presidência a Escórcio. Apesar de estar subordinado ao então presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-senador sempre deixou claro que estava à disposição do clã Sarney.

O presidente do Senado também se valeu de atos secretos para tratar da carreira de dois assessores que o acompanham há mais de 20 anos. A secretária particular, Maria Vandira Peixoto Fernandes Rocha, e o braço direito do senador, Osvaldino Gonçalves de Brito.

Embora esteja sempre por perto de Sarney e de sua filha, a ex-senadora e atual governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB-MA), Vandira foi nomeada por um ato secreto datado de 30 de dezembro de 2003 para o cargo de assessor técnico da Secretaria Especial de Informática (Prodasen). Leia mais em: Aliados e familiares de Sarney são 10% dos favorecidos

DEM ameaça obstruir votação da LDO

O representante do DEM na Comissão Mista de Orçamento, deputado Claudio Cajado (BA), disse há pouco que, se o governo não fechar um acordo sobre o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2010, o texto não irá a votação hoje no Plenário do Congresso.

Cajado confirmou que a oposição pressiona o governo para mudar dois pontos: o dispositivo que autoriza investimentos públicos no próximo ano mesmo sem a aprovação da lei orçamentária até 31 de dezembro de 2009; e o que permite que o custo das obras e serviços executados com recursos públicos tenha como base a "média dos preços" das tabelas oficiais de insumos, e não seja "igual ou inferior" a essa média, como determina a lei atual.

O deputado informou que neste momento técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) e das consultorias de Orçamento da Câmara e do Senado estão reunidos buscando uma nova redação para o artigo que trata do custo das obras públicas.

Os parlamentares têm até o dia 17 para definir a votação da LDO, caso contrário o Congresso Nacional se auto convoca. Caso isso acontença, a crise ética que arrasta o Senado para o “fundo do poço”, persistirá e levará o inevitável desgaste do Governo.

Com Fonte: Ag. Câmara.

Depois do vacilo, Mercadante pede apuração contra Sarney

O senador Aloizio Mercadante, aquele mesmo que semana passada se submeteu ao constrangimento de defender o seu colega José Sarney, enquadrado que foi pelo presidente Lula, muda de opinião – será que caiu a ficha? – e prega a apuração contra o péssimo comportamento do Senhor do Maranhão e do Amapá.

Mercadante pede apuração rigorosa sobre Fundação Sarney

Reportagem revelou desvios de recursos oriundos da Petrobras para empresas da família de José Sarney

Denise Madueño, da Agência Estado

BRASÍLIA - O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante, defendeu na manhã desta quinta-feira, 9, a apuração rigorosa da revelação feita pelo jornal O Estado de S.Paulo de que parte dos R$ 1,3 milhão de recursos destinados pela Petrobras à Fundação José Sarney, para projeto de incentivo à cultura, foi transferido para empresas da família do senador José Sarney (PMDB-AP) e para empresas fantasmas. Mercadante disse que está aguardando o pronunciamento da Fundação para avaliar os desdobramentos políticos na Casa.

O líder disse, no entanto, que não vê uma relação direta da Petrobras com os indícios de irregularidade. Mercadante argumentou que, como se trata de um projeto ligado à Lei Rouanet, a prestação de contas se faz junto ao Ministério da Cultura e não na instituição patrocinadora. "Isso não quer dizer que não haja irregularidades. Tem de apurar, tem de ser investigado com todo rigor", disse Mercadante.

A reportagem do Estado revela que, do total de R$ 1,3 milhão repassado pela estatal, pelo menos R$ 500 mil foram parar em contas de empresas prestadoras de serviço em endereços fictícios em São Luís (MA) e em uma conta paralela que não tem ligação com o projeto. Outros R$ 30 mil foram para a TV Mirante e duas emissoras de rádio de propriedade da família Sarney.

Força total para defender pescoço de Sarney

Renan escala aliados para blindar Sarney no Senado

Governistas alegam que presidente da Casa só pode ser punido por atos desta legislatura

Oposição critica composição do Conselho de Ética e diz que aliados tentam usar agora mesma tática que livrou Renan de acusações

Joedson Alves/Folha Imagem

O presidente do Senado Federal, José Sarney (PMDB-AP), ontem, ao deixar o prédio da Casa


O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), indicou seus aliados mais próximos para compor o Conselho de Ética com a missão de blindar o senador José Sarney (PMDB-AP), alvo de representação por quebra de decoro parlamentar e de duas denúncias que podem lhe custar o mandato.

Os governistas têm 10 dos 15 integrantes do conselho. Renan repete a fórmula que o ajudou a enterrar representações que enfrentou no conselho em 2007 quando foi acusado de ter contas pagas por lobista.

Ele indicou os peemedebistas Wellington Salgado (MG), Almeida Lima (SE), Gilvam Borges (AP) e Paulo Duque (RJ) como titulares do colegiado. Novo no grupo, Paulo Duque já deu demonstrações de fidelidade ao grupo de Renan ao impedir por três vezes a instalação da CPI da Petrobras.

Salgado já sinalizou que defenderá o presidente do Senado. "Estão responsabilizando Sarney por fatos que ocorreram antes de ele chegar ao cargo. A questão dos atos secretos envolve outros senadores."

O grupo tem feito a defesa de Sarney no plenário. Sobre a denúncia de que 15 parentes e agregados do senador estavam empregados no Senado por meio de atos secretos, Salgado afirmou: "Nós temos um problema: os nossos filhos terem os nossos sobrenomes".

A oposição criticou as escolhas. "Não tenho dúvidas de que estão usando, agora com Sarney, a mesma tática que usaram para blindar o Renan", disse a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), que relatou processo contra Renan.
Por ser o maior partido, o PMDB pode indicar o presidente do conselho. O partido, porém, negocia a vaga com as siglas da base governista de forma a amarrar o apoio a Sarney.

O nome mais provável para a presidência é o do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) -um dos poucos que não se manifestaram em plenário sobre a crise envolvendo Sarney.

Valadares foi procurado por Aloizio Mercadante (PT-SP), que lhe propôs a indicação. A decisão sobre o presidente deve ser tomada na segunda, e a expectativa é que o conselho seja instalado na próxima semana.

O PSOL entrou com representação contra Sarney e Renan por quebra de decoro por causa dos atos secretos -663 deixaram de ser publicados em 14 anos. Parentes de Sarney foram nomeados e exonerados da Casa de forma secreta.

Algumas dessas medidas foram adotadas neste mandato. O conselho não pode investigar fatos anteriores à atual legislatura.

Tanto Sarney como Renan negam ter conhecimento de que os atos não eram publicados. Uma comissão de sindicância apontou o ex-diretor-geral Agaciel Maia e o ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi como responsáveis pelos atos secretos. Agaciel ficou 14 anos no cargo com o apoio de Sarney, que já presidiu o Senado três vezes.

O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), ingressou com mais uma denúncia no conselho e a encaminhou ao procurador-geral. Como não é assinada pelo partido, a denúncia só terá caráter de representação se acolhida pelo colegiado. Ele pede investigação sobre o suposto desvio de recursos da Petrobras repassados à Fundação Sarney. A outra denúncia numera 18 fatos envolvendo o senador em irregularidade administrativa.

Fonte: Folha de S. Paulo.

Veja como foi a sessão solene em Homenagem à Nossa Senhora de Nazaré 2024, na Câmara dos Deputados

  Veja como foi a sessão solene em Homenagem à Nossa Senhora de Nazaré 2024, na Câmara dos Deputados A imagem peregrina da padroeira dos par...