Sob o título: “É na Amazônia onde o Latifúndio assassina mais camponeses no Brasil”, as manchetes dos jornais internacionais fazem a festa do megaprojeto de paralisar a Amazônia.
Esse protagonismo estratégico estrangeiro é para certos setores brasileiros, taxado de paranóia dos desvastadores, grileiros e mandantes de assassinatos numa Terra sem Direitos chamada Amazônia que, para muitos gringos que se dispoõem a cair numa bem urdida cilada internacional, avacalha a imagem do Brasil nos organismos internacionais.
ONG´s disfarçadas de Oráculos perpetuam o projeto. Algumas tem endereço certo e sabido e o governo brasileiro, ajoelhado, nada faz para acabar com essa algazarra instituicional, permitindo-se uma crime de lesa pátria que muito custará às futuras gerações do país.
Vejam um sigelo exemplo de cobertura jornalística desse processo que só cresce nas média.
A tentativa de matança de camponeses teve "cobertura especial" de The Globe que "surpreendentemente" estava posicionada exatamente atrás de uma caminhonete usada como trincheira pelos pistoleiros.
www.kaosenlared.net/noticia/na-amaznia-onde-latifundio-assassina-mais-camponeses-no-brasil
A Amazônia não é um paraíso intocado, tampouco o reino selvagem dos documentários encomendados pelo imperialismo. A vasta região de matas fechadas, povos originárias de cultura milenar, lutas sangrentas de ribeirinhos e posseiros, infestada de ONGs mantidas pelo imperialismo, grilagem de terras, latifúndio de velho e novo tipo e matanças de pobres engloba uma rica porção natural da América do Sul onde o povo pobre sofre e luta diuturnamente. A Amazônia estende 60% de sua área em território brasileiro, englobando ainda Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Nesta rica região apresentam-se contradições fundamentais do Brasil. A contradição principal, que opõe os camponeses pobres ao latifúndio e a que opõe a nação brasileira ao imperialismo, que espolia todas as riquezas do país à custa da mais brutal exploração e violência.
Camponeses atingidos por pistoleiros
A luta dos povos amazônicos, particularmente dos camponeses da Amazônia brasileira percorre décadas e séculos. Vez ou outra a luta camponesa rompe a cortina de mentiras e silêncio imposta pelo latifúndio e pelo monopólio da imprensa vendida revelando massacres e heróica resistência. Fatos que não puderam ser escondidos e totalmente distorcidos como Eldorado de Carajás e Corumbiara, que de tempos em tempos são recordados pela ocorrência de novas lutas, que vem se avolumando e radicalizando a cada ano.
Em meados do mês de abril e início de maio últimos um novo fato trouxe novamente à tona a luta camponesa e uma grande provocação que cheira à preparação de uma nova matança de pobres no estado do Pará. Um grupo de famílias ligadas ao MST ocupou o latifúndio Maria Bonita, de 3.600 hectares, situado às margens da Rodovia PA-150, que faz parte do conglomerado de fazendas que compõe um dos maiores latifúndios do país, pertencente à agropecuária Santa Bárbara (grupo Oportunnity), no Pará.
No dia 18 de abril um grupo de 20 camponeses trabalhava em uma mata próxima à sede da fazenda recolhendo lenha e palha para reparar os barracos danificados pelas fortes chuvas que castigaram a região. O relato dos camponeses revela que um empregado da fazenda teria oferecido carona para carregar o material recolhido e assim que entraram no veículo os camponeses ouviram o motorista contatar os pistoleiros do latifúndio avisando-os que os camponeses estavam no caminhão. Em seguida, um bando de pistoleiros armados chegou ao local fazendo ameaças. Três camponeses foram espancados e Djalme Ferreira Silva foi seqüestrado pelos pistoleiros e mantido refém na guarita da fazenda.
Os camponeses que haviam se dispersado na massa se reencontraram no acampamento e decidiram libertar seu companheiro. Eles organizaram uma marcha até a entrada da fazenda que estava bloqueada por um carro. O carro foi destruído pelos camponeses e retirado do caminho quando os pistoleiros contratados pelo latifúndio abriram fogo com armas de grosso calibre.
A tentativa de matança de camponeses teve "cobertura especial" de The Globe que "surpreendentemente" estava paramentada e posicionada exatamente atrás de uma caminhonete usada como trincheira pelos pistoleiros. O noticiário da emissora exibiu as cenas de fogo cerrado sobre os camponeses. Enquanto os pistoleiros avançavam fazendo mira nos trabalhadores com armas de guerra, postando-se por detrás de caminhonetes e mourões de cerca, os camponeses retiravam-se em grupo disparando foguetes para o alto, gritando palavras de ordem e deixando companheiros tombados pelo caminho sem ter como resgatá-los. E o narrador falava de tiros dos dois lados, enquanto as imagens mostraram claramente apenas o farto arsenal dos pistoleiros.
Bando armado do latifúndio age impunemente
Uma descarada provocação. Uma ordem das classes reacionárias vociferando intervenção da força de segurança na região para aplastar o movimento camponês, requentando o alarde que antecedeu a operação "paz no campo" comandada pela governadora Ana Júlia — PT em novembro de 2008.
Oito camponeses foram feridos pelos disparos dos pistoleiros e o monopólio da imprensa não citou uma linha sobre quem são os patrões dos pistoleiros que agem como se fossem de fato a lei naquelas terras, julgando e executando livre e impunemente.
No dia 9 de maio, pela segunda vez em menos de um mês, os camponeses sofreram novo ataque dos pistoleiros do latifúndio Maria Bonita. Os trabalhadores encontravam-se em campo aberto em uma área de pastagem do latifúndio em busca de algumas cabeças de gado desgarradas que serviriam de alimento para as famílias acampadas quando os pistoleiros abriram fogo contra o grupo ferindo três pessoas.
Amazônia, onde o latifúndio mais mata camponeses no Brasil
De acordo com o último relatório "Conflitos no Campo Brasil 2008", da Comissão Pastoral da Terra — CPT, 72% dos assassinatos em conflitos no campo em 2008 ocorreram na Amazônia. Os números do relatório contabilizam os conflitos pelo direito à terra e à água, e denúncias de trabalho escravo.
No ano passado, 28 camponeses foram assassinados por bandos de pistoleiros a soldo do latifúndio, 20 deles na região denominada Amazônia Legal, que corresponde aos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. No ano de 2008 foram registrados 1.170 conflitos agrários, 44 tentativas de assassinato, 90 ameaças de morte, 168 prisões e 800 agressões.
No Pará, onde foram registradas cinco mortes em 2007, houve um sensível aumento para 13 em 2008. Outros três estados tiveram aumento no número de assassinatos: Bahia, Rondônia e Rio Grande do Sul. Passados 13 anos dos acontecimentos de Eldorado dos Carajás, 227 camponeses morreram em conflitos pela posse da terra.
Aumenta a gritaria por massacre no campo
Ampliando o berreiro reacionário de criminalização do movimento camponês, clamando a intervenção das Forças Armadas e Força Nacional de Segurança na Amazônia, chegou a vez do Estadão (portal digital do Estado de S. Paulo), na edição de 03 de maio publicar a manchete: "Pará tem ''exército'' de 15 mil sem-terra".
Seguindo o mesmo trilha de “The Globe”, Rede Globo, como quem vê o galo cantar e não sabe onde, anuncia que "grupos de luta social liderados pelo Movimento dos Sem-Terra (MST) formaram um contingente de 15 mil homens para enfrentar o latifúndio no sul e sudeste do Pará".
A matéria encomendada do latifúndio acusa os camponeses como os culpados pelo aumento da violência no campo e escolhe o alvo: "A massa recrutada nas periferias das cidades, em sua maioria gente pobre e desempregada, é preparada para lutar pela terra em quase cem acampamentos ao longo de rodovias como a PA-150, que liga de Marabá, no sudeste, a Xinguara, 250 quilômetros ao sul."
Fato que o monopólio da imprensa não pode esconder é que cresce a cada dia o contingente de massas pobres que, sem suportar a exploração e opressão semifeudal no campo, se organizam em luta pelo direito à terra e pela destruição do latifúndio em torrentes cada vez maiores.
Mentiras y Médios
O “Estadão”, Jornal O Estado de São Paulo, também não perde a oportunidade de legitimar a pistolagem dizendo que "os fazendeiros, sem poder contar com a força policial, montaram aparatos próprios de segurança. Só a Santa Bárbara tem 58 vigilantes armados. O efetivo da fazenda é maior que o da Polícia Militar de Xinguara, cidade de 40 mil habitantes que tem pouco mais de 20 policiais, e nem se compara ao contingente do posto da PM no distrito de Gogó da Onça, o mais próximo do conflito. Na Polícia Federal de Marabá, apenas sete empresas estão cadastradas para dar segurança nas fazendas. Juntas, somam 800 homens. O delegado Antonio Carlos Beabrun Júnior, chefe da PF de Marabá, conta que empresas de outros Estados atuam na região. Mas o número de homens armados é muito maior, por causa da contratação de capangas."
Este é o quadro dado pelas estatísticas oficiais e os próprios veículos do monopólio da imprensa sobre a luta camponesa na Amazônia. Mas a verdade é muito mais grave e o velho Estado acoberta e exerce e estimula essa situação, assassinando diariamente o povo pobre, seja de fome, seja à bala.
O Jornal Globo e a Rede Globo
”The Globe” ainda anunciou que seus funcionários, que registraram o tiroteio por detrás dos ombros da pistolagem, teriam sido "vítimas dos camponeses", que foram usados como escudo-humano e ficaram reclusos em "cárcere privado" nos limites do latifúndio impedidos de sair. Bastou essa provocação fabricada para todo o monopólio da imprensa vender a versão do latifúndio. Na sequência veio à tona a revelação feita pelo jornalista paraense Max Costa, que denunciou a montagem de The Globe e monopólio da comunicação. Max Costa anunciou que, em depoimento prestado na Delegacia de Polícia do Interior do Estado do Pará, o repórter Victor Haor, da TV Liberal, afiliada da rede Globo no estado, teria negado que ele e outros jornalistas tenham sido usados como escudo humano e vítimas de cárcere privado.
Em sua nota, o jornalista ainda desafia o monopólio da imprensa a responder as perguntas:
— Como aconteceu essa troca de tiros, se as imagens mostravam apenas os "capangas" de Daniel Dantas atirando? Como as equipes de reportagem tiveram acesso à fazenda se a via principal estava bloqueada pelo MST?
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