Senador usa jornal da família para se defender
Diário, fundado pelo presidente do Senado, classifica de armação reportagem do Estado
O envolvimento do senador José Sarney (PMDB-AP) com a crise no Senado passa longe do noticiário do jornal da família, no Maranhão. Nas páginas de O Estado do Maranhão, fundado pelo próprio Sarney, só há espaço para as respostas do senador às denúncias que vem enfrentando e para a agenda positiva encampada por ele para tentar escapar da crise.
A ordem é mostrar Sarney como o homem que está solucionando os problemas do Senado. Na edição de ontem, por exemplo, o jornal estampou como manchete a reação à reportagem do Estado que revelou como a Fundação José Sarney, da qual o senador é presidente vitalício, desviou dinheiro de um contrato de patrocínio firmado com a Petrobrás. Classifica a reportagem como armação. "Fundação desmonta armação de jornal para atacar Sarney", diz a manchete.
Nas páginas internas, o jornal de Sarney evita relacionar o senador às suspeitas de desvio na fundação. Abre espaço para a nota divulgada pelo presidente da entidade, o advogado José Carlos Sousa Silva, e, sem destaque, diz que Sarney, "demonstrando não ter nada a temer em relação ao caso", determinou a instalação da CPI da Petrobrás.
O jornal repete o discurso de Sarney de que as denúncias seriam parte de uma campanha. "Desde que assumiu a presidência do Senado, Sarney vem sendo alvo de uma campanha para desestabilizar sua gestão." O editorial retoma o argumento, já usado pelo senador, de que seu afastamento da presidência do Legislativo fragilizaria o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"A guerra obstinada, aética e, em certa medida, insana, deflagrada por segmentos políticos que têm os tucanos como porta-vozes e principais interessados em fragilizar a estabilidade política do governo por meio da saída do senador José Sarney da presidência do Senado, chegou ontem a um limite intolerável", afirma o editorial.
O Estado do Maranhão tem exaltado a "agenda positiva" de Sarney. No último domingo, a manchete era "Sarney manda TCU fazer devassa em contratos do Senado". Na quarta, chamada no alto da capa avisava: "Sarney anunciará medidas para fiscalizar uso de verbas públicas." Ao lado, o jornal apresentava a estreia da coluna "O Presidente responde", assinada por Lula.
No dia seguinte, a edição destacava que "Mais de dois mil servidores do Senado poderão ser afastados" - sem se referir aos familiares e agregados do clã Sarney pendurados na folha de pagamento do Senado. A foto principal era da governadora licenciada Roseana Sarney. Bem ao lado, o destaque era para o irmão dela, deputado federal pelo PV do Maranhão: "Sarney Filho é premiado por ONGs."
Dona do Grupo Mirante, a maior organização de comunicação do Maranhão, a família Sarney controla a TV Mirante, afiliada da Rede Globo, e várias rádios em São Luís e no interior, além de um portal na internet.
O jornal O Estado do Maranhão é o maior do Estado, seguido por O Imparcial, dos Diários Associados, e pelo Jornal Pequeno, que faz oposição cerrada aos Sarney. O controle das empresas de comunicação da família é feito de perto pelo filho mais velho do senador, Fernando Sarney, alvo de investigação da Polícia Federal por suspeita de crimes financeiros.
Comentário do blog: Segundo o dicionário Aurélio, a palavra armação é sinônimo feminino de Ato ou efeito de armar, no sentido de preparar, dispor, ornar, construir, equipar. / Tecnologia Modo de entrelaçamento dos fios de um tecido: armação de cetim. / Madeiramento que sustenta o telhado de um edifício; tesoura, asna. / Contextura, fábrica. / Panos e guarnições com que se cobrem e adornam as paredes, salas etc. / Armas, pontas, chifres de touros, veados etc.
O “armador” Saney é o chefe de um clã de armadores profissionais que fazem da política um trampolim para o sucesso pessoal e empresarial.
Enriqueceram na política, fazem das hostes um apêndice de suas estratégicas longícuas da moralidade republicana. São eleitos para desempenhar o papel do atraso e de mediadores da terra arrasada. Perseguem furiosamente e com invulgar discrição seus adversários políticos. Colocam-se diante da turba analfabeta e ignorante, como os salvadores da pátria. Agridem a inteligência com suas performances de homens e mulheres públicos. Enfim… São o que representa o atraso sob o ponto de vista ético para o bem fazer a política. Envergonham onde passam, só não as ordas de lambe-botas que se locupletam com cargos de indicação à revelia de critérios basilares da administração pública.
Este blog não dará sossêgo a essa gente enquanto o povo de todo o país souber de quem realmente se tratam esses "sanguessugas" da vida nacional de dois Estados.
Sai daí logo Sarney!
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