* Armando Soares
Haitiana desnutrida é pesada pela FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, que alerta que a barreira de famintos no mundo será superada em 2009, em conseqüência da crise econômica mundial. “Pela primeira vez na história da humanidade, mais de um bilhão de pessoas, concretamente 1,02 bilhão, sofrerão de subnutrição em todo o mundo”, adverte a FAO. Na América Latina, quase 53 milhões de pessoas sofrerão fome em 2009, um aumento de 12,8% do número de desnutridos.
É com questões dessa natureza, gravíssima, que o Ministério Público está atuando, quando pretende acelerar o processo em curso no Pará de engessamento econômico, arrastando percentual considerável de produtores de alimentos para a falência.
As ações do MP contra quem produz no Pará e, como conseqüência, o desenvolvimento do Pará, faz com que a sociedade perca a confiança que a instituição deveria merecer como guardiã da ordem jurídica do regime democrático e dos interesses sociais e individuais, missão só possível se houver desenvolvimento, o qual só se materializa através de células produtivas agropecuárias e industriais. Exterminar células produtivas produtoras de alimentos com 53 milhões de pessoas sofrendo fome na América Latina é insensatez, mesmo levando em consideração problemas com o meio ambiente, isto porque, a vida é mais importante que qualquer lei, quando mais leis mal elaboradas e perniciosas que atentam contra a integridade das pessoas, a propriedade privada e a redução das desigualdades sociais.
Emmanuel Todd, no seu livro “A Ilusão Econômica”, um ensaio sobre a estagnação das sociedades desenvolvidas, afirma categoricamente que a economia pertence à camada consciente da vida das sociedades e que dentro delas há uma lógica do interesse individual. A atividade econômica, explica Todd, e não simplesmente a teoria, encontra um maior fundamento na procura, em que se empenha cada indivíduo, de um ganho melhor com menos esforço, atitude sem a qual a sobrevivência e a progressão da espécie não são concebíveis. Filosofias políticas que tentaram negar a existência dessa racionalidade, que se prolongaram nas tentativas políticas da erradicação da lógica do lucro, só conseguiram a criação de sociedades totalitárias com vocação para a estagnação seguida de decomposição. O indivíduo, a vida existe com a procura do prazer e a evitação do sofrimento.
Ao invés do MP se preocupar com a política ambiental brasileira impregnada de casuísmos para atender interesses estrangeiros, deveria estar preocupado com o avanço da pobreza, com a decomposição dos centros urbanos, com a barbárie em que vivem os índios, com a violência que de acordo com o levantamento realizado pelo cientista político Leandro Piquet Carneiro, da USP, sobre a violência e seus efeitos junto à população, empobrece o PIB brasileiro em cerca de 10%.
Lamentavelmente a sociedade brasileira ainda não acordou para os riscos do engessamento ambiental e econômico promovido pelo aparato ambientalista indigenista, pelo comportamento pretoriano raivoso do MP, de um Executivo dominador mascarado de democrático, de um Legislativo sem personalidade e transformado numa grande casa de negócios e, pior, uma justiça emperrada, corporativista e sem forças para garantir direitos.
Na república brasileira dos insensatos, crianças e idosos desamparados, pobres em geral são tratados desumanamente e não merecem nenhuma atenção das instituições e do governo para por um fim aos seus sofrimentos. Produtores de alimentos não têm valor e são chamados de vigaristas, um salvem-se quem puder mentir mais e melhor e que se danem os outros. Desse cenário resulta um país com centros urbanos degradados, contaminados pelo crime e violência, com os setores de saúde, ensino, transportes e segurança debilitados, gerando insatisfação generalizada, aumentando ainda mais a pobreza, um circulo vicioso sem fim, enquanto as pessoas agasalhadas nas asas do Poder, com altos salários e aposentadorias de fazer inveja, se sentem com direito de infernizar a vida do “povão” e dos insensatos produtores de alimentos. Um país sem projeto de Nação e entregue a sanha de um poder civil oriundo de uma constituição raivosa, pretoriana, conflitante e contaminada de ideologias negativas, em resumo, um regime mais nocivo e ditatorial que o regime militar, por mais paradoxal que isso possa parecer, onde as pessoas tinham mais liberdade – uma república dominada pelos insensatos.
* O autor é economista e industrial.
7 comentários:
Análise perfeita, embora emocional.
Tenho ouvido, desde sempre, essa preocupação com a fome. Vamos analisar. Onde se localizam os focos... na camada mais pobre, exatamente naquela que ainda não entendeu que o número de filhos, ou membros da família devem ser limitados a situação econômico-financeira. Na medida que essas populações carentes vão aumentando(são, ainda, em progressão geométrica), a violência também aumenta e desestrutura a sociedade. O que se precisa, na verdade, é conscientização de que o crescimento vegetativo deve-se dar de acordo com o PIB, desenvolvimento tecnológico e NÃO conforme disse um médico e deputado federal, pela reposição do "estoque humano"(esse termo irá irritá-lo, caso leia, mas não se irrita com o prejuízo que causa aos aposentados). As pessoas carentes, com raríssimas excessões conseguem um espaço na sociedade(tem seu desenvolvimento intelectual comprometido pela alimentação e educação inadequada). Com um crescimento vegetativo descontrolado não há como organizar um sociedade, implicando em todo o sistema, como no caso o ambiental. Passar a responsabilidade para o governo é o mesmo que dizer que boa parte dos tributos deverão ser canalizados para essa camada da sociedade. Não é correto que a desorganização ou talvez irresponsabilidade seja distribuida, visto que muitos membros da sociedade se organizaram a fim de não comprometer seu orçamento e agora terão que assumir compromissos, via tributos. O governo cobra caro demais, pela sua incompetência, para gerir nosso dinheiro. Portanto, o correto é educação,conscientização. Quanto ao governo, bem, ele existe por via legal, mas NÃO moral. Quanto mais o deixarmos de fora melhor. Sociedade educada faz mais com menos.Marlene-DF
Análise mais que perfeita, e emocional sim. Emoção que deveria servir-nos de exemplo e contaminar a todos os capazes de exprimir indignação suficientemente grande e contagiante de tal forma a gerar uma pandemia de revolta à imoralidade, corrupção, descaso... Só assim para mudar o atual curso da história.
Por falar nisso, onde está a mídia que ajudou a derrubar o presidente Collor? Por que apenas sutilmente relata e não age como antes?
Deixar o governo "de fora" é o mesmo que deixá-lo como está e fazendo o que faz: enriquecendo ilicitamente às custas da marginalização dos menos favorecidos. Precisamos colocá-lo em seu lugar: nos servir e representar nossos interesses.
Precisamos limpar as Casas da República, colocando atrás de grades os que roubam milhões dascaradamente dos nossos bolsos.
O povo precisa de educação, certamente, porém para que isso ocorra é preciso investimento na qualidade da educação.
Não a que consta em números relatados por este governo, que diz ter aumentado. Grande mentira, duminuíram os parâmetros de medida.
Professores são instruídos pelo sistema a não reprovarem, buscarem formas de "recuperação". Grande engodo.
Escolas e professores transformaram-se em reféns do sistema e dos marginalizados, que barbarizam e ameaçam, resguardados pelas falhas da lei e pelos direitos humanos.
A escola precisa voltar a ser uma instituição respeitada e valorizada, que ensina além dos conteúdos didáticos, mas também os morais.
Pois só aprendendo valores morais e patriotas que este país será nação e não terra de mensaleiros, corruptos e afins...
Para eles é conveniente que continue como está, povo que não pensa e recebe esmolas como bolsa-família e similares não promove mundanças, nem evolução ou revolução.
Através da educação moral poderão os mencionados raciocinar e melhorarem por si e pela sociedade, já que apenas a educação intelectual não é garantia de uma nação melhor, visto que a grande maioria dos corruptos dos Poderes da República (os três) é intelectualmente bem instruída.
Precisam, os desafortunados, de novas perspectivas e oportunidades de crescimento pessoal, intelectual e moral, caso contrário continuarão a ploriferarem-se em sua miséria, arrastando consigo toda a sociedade, mais cedo ou mais tarde.
Para isso é preciso que o Governo pare de desviar e aliar-se em conchavos vergonhosos e investir no que realmente precisamos: educação. Povo educado não rouba, não mata.
Coloco como sendo minhas as palavras preceituadas pelo anônimo das 12:58PM;
Povo educado,sem fome,com assistência médico hospitalar e odontològica,habitação,saneamento básico,com vontade de trabalhar,não mata,não rouba,não cria inflação,não fabrica filhos,vive e convive realmente num REGIME DEMOCRÁTICO,tão apregoado pelos governantes atuais...
A questão ambiental está ligada ao nosso comportamento. Melhoras no transporte coletivo, redução do uso de automóveis, produção de combustíveis de melhor qualidade com menos poluentes, colocar o lixo no lixo, controle da natalidade, menor desperdício de alimentos, menos terras para os índios já que eles querem também as mordomias dos "brancos"; exigir que os assentamentos cumpram os´índices de produtividade exigida dos agricultores, menos desperdício de água, tudo isso teria efeitos mais efetivos sobre a poluição ambiental e a fome. Ações do MP e leis absurdas pouco ajudam. A população pode fazer mais e melhor. É um assunto difícil mas não podemos deixar somente nas mãos do governo que sempre age de forma pouco eficente e muito dispendiosa. Educação é tudo.
Curiosidades VERGONHOSAS de um país de loucos !!!
(manifesto circula na internet. O governo não faz idéia do grau de indignação da população. Não é pouca!!)
PRECISAMOS AGIR, ESTAMOS TODOS QUE NEM AVESTRUZ, E O MUNDO DOS ESPERTOS AO NOSSO REDOR CADA VEZ MAIS GOSTANDO E SE APROVEITANDO DAS NOSSAS OMISSÕES !!!!!!
Um motorista do Senado ganha mais para dirigir um automóvel do que um oficial da Marinha para pilotar uma fragata !
Um ascensorista da Câmara Federal ganha mais para servir os elevadores da casa, do que um oficial da Força Aérea que pilota um Mirage.
Um diretor que é responsável pela garagem do Senado ganha mais que um oficial-general do Exército que comanda um regimento de blindados.
Um diretor sem diretoria do Senado, cujo título é só para justificar o salário, ganha o dobro de um professor universitário federal concursado , com mestrado, doutorado e prestígio internacional.
Um assessor de 3º nível de um deputado, que também tem esse título para justificar seus ganhos, mas que não passa de um "aspone" ou um mero estafeta de correspondências, ganha mais que um cientista-pesquisador da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, com muitos anos de formado, que dedica o seu tempo buscando curas e vacinas para salvar vidas.
PRECISAMOS URGENTEMENTE DE UM CHOQUE DE MORALIDADE, NOS TRÊS PODERES DA REPÚBLICA , ESTADOS E MUNICÍPIOS, ACABANDO COM OS OPORTUNISMOS E CABIDES DE EMPREGO.
OS RESULTADOS NÃO JUSTIFICAM O ATUAL NÚMERO DE SENADORES, DEPUTADOS FEDERAIS, ESTADUAIS E VEREADORES.
TEMOS QUE DAR FIM A ESSES "CURRAIS" ELEITORAIS, QUE TRANSFORMARAM O BRASIL NUMA OLIGARQUIA SEM ESCRÚPULOS, ONDE OS NEGÓCIOS PÚBLICOS SÃO GERIDOS PELA “BRASILIENSE COSA NOSTRA”.
O PAÍS DO FUTURO JAMAIS CHEGARÁ A ELE SEM QUE HAJA RESPONSABILIDADE SOCIAL E COM OS GASTOS PÚBLICOS.
JÁ PERDEMOS A CAPACIDADE DE NOS INDIGNARMOS. PORÉM, O PIOR É ACEITARMOS ESSAS COISAS, COMO SE TIVESSE QUE SER ASSIM MESMO, OU QUE NADA TEM MAIS JEITO.
VALE A PENA TENTAR.
PARTICIPE DESTE ATO DE REPULSA. REPASSE, NÃO SEJA OMISSO. NA ÉPOCA DO COLLOR A IMPRENSA SE MOVIMENTOU E DEU NO QUE DEU, HOJE A IMPRENSA É REFEM DO GOVERNO, POIS ESTÁ PENDURADA EM DÍVIDAS DE IMPOSTOS, TEMEM PERDA DE CONCESSÃO E NÃO PODE REPETIR A DOSE POR FALTA DE DINHEIRO.
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