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Investigações sobre a Petrobrás criarão dificuldades para captação de recursos para exploração do pré-sal

Deu no...

The New York Times

As investigações sobre a Petrobras no Congresso brasileiro ameaçam complicar os esforços do governo de aumentar as suas receitas com os recursos dos novos campos de petróleo, afirma reportagem publicada ontem pelo jornal norte-americano The New York Times. Segundo o diário, “as investigações podem se mostrar um constrangimento para o governo de Lula, que quer modificar a legislação de petróleo para extrair uma porcentagem ainda maior de recursos das reservas em águas profundas”. A reportagem afirma ainda que a CPI pode prejudicar a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, escolhida por Lula como candidata à sucessão, já que ela é também presidente do conselho da companhia. O jornal diz que Lula, que já afirmou querer usar os recursos adicionais com o petróleo para estabelecer fundos para programas sociais, classificou a CPI de “irresponsável” e “não patriota”. A reportagem comenta ainda que o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse que as investigações têm motivação política e que podem afetar a imagem da companhia, mas que não prejudicarão os investimentos da empresa.

PMDB quer diretoria do pré-sal para defender Petrobras em CPI

É o preço cobrado pelo PMDB para defender o governo na CPI da Petrobrás no Senado

Partido vai esperar a volta do presidente Lula do exterior para discutir com ele a indicação dos nomes dos senadores para integrar a CPI que irá investigar supostas irregularidades na Petrobras e na Agência Nacional do Petróleo (ANP). Na mesa de negociações, está a indicação de um peemedebista para ocupar a diretoria de Exploração e Produção da estatal, hoje nas mãos de um petista. No Senado, o PSDB indicou Alvaro Dias para presidência da CPI e abre disputa com base aliada.
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Ministros discordam da necessidade de criação da CPI da Petrobrás

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que não era necessário criar uma CPI para investigar a Petrobras e que bastaria ser acionado o Tribunal de Contas da União (TCU), “de modo que, se houvesse dúvida, fosse esclarecido sem causar maiores traumas”. Ele observou que as ações da Petrobras são negociadas em bolsa e citou riscos que uma CPI poderia trazer para a companhia, em tom de crítica à oposição. “Você atrapalhar essa empresa, provocar uma turbulência na bolsa, comprometer alguma possibilidade de captação que ela possa querer, isso realmente não ajuda em nada”, disse.

Já o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, voltou a afirmar que a instalação da CPI pode prejudicar os investimentos da companhia. “O presidente da República está em viagem em que procura obter investimentos para a Petrobras aplicar em obras gigantescas, como as refinarias, por exemplo”, afirmou. O ministro completou dizendo que a CPI pode criar impactos negativos na imagem da companhia, dificultando a obtenção de financiamentos.

CPI da Petrobrás: Planalto refem do PMDB

A aliança entre PT-PMDB rende frutos e dores de cabeça. Água e vinho. Amor e ódio.

Planalto tenta conter PMDB

Da Equipe do Correio Braziliense

Governo quer colocar peemedebistas afinados com o palácio e assim controlar a CPI da Petrobras. Paulo Bernardo diz que PSDB pretende privatizar a empresa

A CPI é nova, mas o jogo é antigo. O Palácio do Planalto começou ontem a trabalhar para garantir o controle das ações do PMDB na CPI da Petrobras no Senado. O governo não engoliu a falta de empenho peemedebista nas articulações para impedir a abertura da investigação na semana passada. Agora, teme que o partido não jogue a seu favor durante os trabalhos. A preocupação não é à toa. O PMDB atrapalhou a vida palaciana nas recentes CPIs dos Bingos e dos Correios. Além disso, será o fiel da balança da comissão de inquérito. Terá, com o bloco formado com o PP, três das 11 vagas titulares.

O partido pode decidir qualquer votação contra ou a favor dos interesses do governo, como abertura de sigilos e convocação de depoentes. Isso porque os demais partidos aliados do Palácio indicarão cinco integrantes, e a oposição, com DEM e PSDB, outros três. Se o PMDB votar com tucanos e democratas, o governo perde. Uma reunião hoje tentará selar a fidelidade peemedebista. Participam dela os líderes no Senado do PMDB, Renan Calheiros (AL); do PTB, Gim Argello (DF); do PT, Aloizio Mercadante (SP), e do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), além do ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro.
O encontro também servirá para definir a estratégia e a possibilidade de entregar à oposição a presidência ou a relatoria da CPI. Mesmo que Renan garanta, no discurso, fidelidade, o governo sabe dos riscos que corre. Os peemedebistas não esqueceram, por exemplo, as declarações de Mercadante de que foi “espúria” a aliança entre PMDB e DEM que elegeu Fernando Collor (PTB-AL) presidente da Comissão de Infraestrutura contra a petista Ideli Salvatti (SC). “Agora, querem adivinhar o que vamos fazer na CPI”, ironiza um integrante do PMDB. É notória também a insatisfação da legenda com as demissões de afilhados políticos na Infraero.

Hoje, os favoritos para assumir as vagas pelo PMDB na CPI são Almeida Lima (SE), Gilvan Borges (AP) e Romero Jucá. Ontem, Mercadante se negava a traçar cenários. Disse que hoje definirá os integrantes petistas na CPI. Ele mesmo deve ocupar uma das vagas. “O que interessa é que sejam escolhidos os melhores quadros”, diz. O petista adota ainda o discurso de que é preciso aprofundar os debates sobre pré-sal e royalties. “A Petrobras não pode se transformar num palanque eleitoreiro.”

O PSDB reivindica uma das vagas de comando da CPI. Usa como o argumento ter sido o autor do requerimento de criação dela, por meio do senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Como os partidos da base do governo têm maioria na comissão, somente um acordo político garantirá a divisão dos cargos de comando com a oposição. O líder do DEM na Casa, José Agripino Maia (RN), informou que não terá problemas em ficar apenas com uma das vagas titulares e deixar os tucanos com duas. O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) deve ser o representante democrata.

Otimismo
O governo avalia que, se o PMDB for controlado, a CPI da Petrobras não atingirá politicamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata à Presidência da República. Para justificar o discurso otimista, auxiliares do presidente lembram que as CPIs dos Cartões Corporativos e do Apagão Aéreo no Senado, tuteladas pela maioria aliada, não renderam frutos à oposição. Ressaltam ainda que o DEM e parte da bancada do PSDB não queriam a instalação da comissão. Isso seria um sinal de falta de disposição para repetir o acirramento que caracterizou a CPI dos Bingos ou “do Fim do Mundo”.

Além de tentar manter os peemedebistas sob rédea curta, o Planalto pressionará os oposicionistas a fim de deixá-los nas cordas. Seguindo orientações de Lula, ministros e parlamentares acusarão os tucanos de agir de forma irresponsável e antipatriótica ao colocar sob suspeita os procedimentos adotados pela Petrobras, que responde pela maioria dos investimentos públicos no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e será protagonista na exploração das reservas de petróleo descobertas na camada do pré-sal. Com a iniciativa, esperam jogar a opinião pública contra os tucanos.

Ontem, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, iniciou outra frente de contra-ataque. Ele insinuou que, com a CPI, o PSDB trabalha para privatizar a Petrobras. A declaração reproduz uma estratégia adotada com sucesso na eleição presidencial de 2006. Na ocasião, Lula acusou os tucanos, durante a campanha de segundo turno, de cogitar a venda da empresa para a iniciativa privada. O adversário Geraldo Alckmin não reagiu. “O que o PSDB gostaria mesmo é de privatizar a Petrobras, e eles não conseguiram fazer isso no governo Fernando Henrique”, afirmou o ministro. “Provavelmente, vão querer desmoralizar a Petrobras para fazer isso no futuro, mas tenho certeza de que não vão conseguir”, acrescentou.

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