Reportagem de Hércules Barros para o Correio Braziliense expõem as práticas em curso preparadas pelo MST para o "abril vermelho": anarquia, destruição, roubo e vandalismo em todo o Brasil. Esse movimento criminoso ainda tem a coragem de reclamar que setores da sociedade querem criminalizá-lo, é uma graça se não fosse trágico.
Há esse grupo de marginais não é mais uma questão de Governo, deve ser tratado como uma questão de Estado. Não importa o Governo, mas este, o financia.
Idéia do MST, da Contag e da Fetraf é protestar contra a impunidade do massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará. Nenhum dos responsáveis está preso. Movimento já realizou invasões em 14 estados
Uma série de protestos e ocupações de propriedades rurais marcou ontem o início da semana que lembra os 12 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, no qual 19 trabalhadores rurais foram mortos durante a desocupação de uma fazenda no Pará pela Polícia Militar. Os sem-terra protestam contra a impunidade — nenhum dos responsáveis pelas mortes está preso. As mobilizações organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) atingem 14 estados, entre os quais Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Sul. Desde o início do mês, o movimento promove manifestações em São Paulo, Bahia, Roraima e Pará, onde o clima é tenso. Há mais de uma semana a polícia tenta convencer, sem sucesso, integrantes do movimento acampados às margens de uma estrada de ferro da Vale a desocupar o local.
Em Brasília, o Acampamento Nacional pelo Limite da Propriedade de Terra começou ontem com menos de 70% das três mil pessoas esperadas. O evento na capital retoma campanha de 2001 que pretende incluir, na Constituição, um limite para as propriedades rurais particulares no Brasil. "A quantidade de hectares que uma família rural precisa para viver deve ser discutida pelos delegados que vieram para Brasília", afirma o secretário-executivo do Fórum Nacional pela Reforma Agrária, Gilberto Portes de Oliveira.
Os primeiros ônibus de sem-terra a chegar foram da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) do Pará e do Maranhão. "Viajamos mais de 24 horas", observa Carlos André Rodrigues da Silva, 32 anos, que veio de São Luís (MA). Segundo os organizadores do evento, a estrutura no Estádio Mané Garrincha — alojamento, água, luz, palco e som — foi bancada pelo Governo do Distrito Federal.
De acordo com Paulo Caralo, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), sete das 19 caravanas que devem participar do encontro chegam hoje. Segundo Paulo, o frete de cada ônibus saiu em média por R$ 10 mil. "O pagamento das despesas vem dos associados (da Contag)", justifica. A Contag tem 4 mil sindicatos e 27 federações espalhadas pelo país, com 2 milhões de associados que contribuem com 2% do salário mínimo mensal. "Daria para trazer muito mais gente", contabiliza Paulo.
A participação do MST no evento em Brasília é tímida. "Com a chuva no Nordeste, o pessoal do Piauí e Alagoas ficou ilhado. Nem por isso vamos deixar de fazer campanha nos estados", justifica Marina dos Santos, coordenadora nacional do movimento. A jornada nacional de lutas do MST reivindica o assentamento de 150 mil famílias acampadas no país, além de cobrar investimentos públicos nos assentamentos criados pelo governo.
Mais invasões
Ontem, o MST ocupou oito fazendas em Pernambuco consideradas pelo movimento como improdutivas, perfazendo um total de 27 ocupações no estado. No Rio Grande do Norte, cerca de 500 famílias ocuparam a Fazenda Maísa, no município de Mossoró. Os integrantes do MST consideram a área improdutiva. Segundo o MST, em parte da fazenda já existe um assentamento com 1.150 famílias.
Em Santa Catarina, 1,6 mil assentados do movimento fizeram manifestações ontem em seis municípios em defesa da criação de uma linha de crédito específica para a produção agrícola e para habitação em áreas de assentamentos. Os protestos ocorreram em frente ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal nos municípios de Rio Negrinho, Canoinhas, Curitibanos, Caçador e Lebon Régis. Em Xanxerê e Chapecó, os assentados promoveram marchas.
As famílias alegam que têm dificuldades para acessar o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que não considera as especificidades das áreas de reforma agrária. "O governo tem dado prioridade ao agronegócio. Só o Banco do Brasil emprestou US$ 7 bilhões para 15 grupos econômicos, enquanto nossos assentamentos não têm apoio suficiente", afirma Marina. Pelos cálculos da integrante da coordenação do MST, 1% dos proprietários rurais do país concentram 46% das terras enquanto 4,5 milhões de famílias não têm chão para plantar.
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