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A Norte-Sul é da Vale
Leilão da Norte-Sul já tem vencedor: a Vale do Rio Doce
Renée Pereira
Mineradora foi a única que depositou as garantias exigidas por lei; lance mínimo é de R$ 1,478 bilhão
Sem nenhuma concorrência, a Ferrovia Norte-Sul vai a leilão hoje, em São Paulo, com o nome do vencedor praticamente definido: a Companhia Vale do Rio Doce. A mineradora foi a única que depositou as garantias exigidas por lei e confirmou sua presença no leilão.
Ela só não leva a subconcessão dos 720 quilômetros da estrada de ferro, que ligam Açailândia (MA) a Palmas (TO), se não der o lance mínimo de R$ 1,478 bilhão ou se a transferência da ferrovia para a iniciativa privada for adiada mais uma vez. Em outras três ocasiões, o leilão foi cancelado, uma delas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Além da Vale, as empresas ARG e Alvorada Serviços de Engenharia haviam se pré-qualificado no ano passado para participar da disputa, mas não depositaram as garantias nesta semana. Os chineses, que chegaram cheios de interesse pela ferrovia, passaram longe do processo de qualificação.
Segundo fontes do setor, o empreendimento somente interessava a eles se o traçado da estrada fosse alterado, o que foi descartado pelo governo. Além disso, o que circula no mercado é que o modelo desenhado para a subconcessão não conseguiu empolgar os investidores, pois as exigências são altas demais diante do retorno previsto.
O leilão de subconcessão da Norte-Sul está sob o comando da estatal Valec Engenharia, Construções e Ferrovias - responsável pelo projeto da estrada de ferro, lançada há 21 anos, no governo de José Sarney. De acordo com o modelo de subconcessão, o vencedor terá direito de operar o trecho durante 30 anos. Além disso, caberá à empresa ganhadora a conservação, manutenção, monitoramento, melhorias e adequação do trecho ferroviário.
A construção da estrada continuará nas mãos da Valec, que usará o dinheiro da subconcessão nas obras. A empresa já construiu 374 km de ferrovia, entre Açailândia (MA) e Araguaína (TO), trecho que hoje já é operado pela Vale no transporte de soja. A mineradora detém a concessão da Estrada de Ferro Carajás, que faz interligação com a Norte-Sul e chega ao Porto de Itaqui, em São Luís (MA).
Ao contrário do que tem pregado o governo em relação à competição, o presidente da Valec, José Francisco das Neves, o Juquinha, disse que a ausência de investidores não causou frustração. 'O importante é ter a participação de uma empresa de grande porte. Agora, poderemos levar adiante um leilão no setor ferroviário que há tantos anos não ocorre no Brasil e poderemos expandir a malha.'
Empolgado com a possibilidade de, enfim, entregar o trecho à iniciativa privada, ele repetiu as justificativas feitas por Sarney no lançamento do projeto: 'Essa ferrovia vai unir as economias do Norte e Nordeste com as do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. É a integração do País.' Quando concluída, a Norte-Sul terá 1.980 km entre Belém (PA) e Anápolis (GO).
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Vale terá recursos do BNDES para ferrovia de Carajás
Por Alessandra Saraiva e Jacqueline Farid, RIO DE JANEIRO
Financiamento de R$ 774,6 milhões será usado para ampliar capacidade de transporte da estrada de ferro
A Companhia Vale do Rio Doce voltou a buscar financiamento no BNDES. Ontem, o banco anunciou a aprovação de um empréstimo de R$ 774,6 milhões para expansão de capacidade da Estrada de Ferro Carajás (EFC). Com status de “investment grade” - empresas classificadas internacionalmente como risco quase zero para o investidor -, a Vale há anos não recorria ao banco estatal de fomento, dando preferência à captação de recursos no exterior.
“As reduções nos juros começam a tornar atrativas as linhas de financiamento do BNDES. As condições dadas à Vale devem ter sido bem interessantes”, disse Pedro Galdi, analista do ABN Amro. A Vale não quis comentar a operação. O gerente do departamento de logística do BNDES, Antonio Tovar, disse que, além do financiamento aprovado para a área de logística da mineradora, outros cinco projetos de ferrovias estão em fase de análise na instituição, com possibilidade de aprovação até o final deste ano. Segundo ele, se aprovados, os financiamentos do banco nesses projetos somarão R$ 4 bilhões.
A ferrovia de Carajás terá sua capacidade ampliada de 70 milhões para 103 milhões de toneladas transportadas por ano. O empréstimo do banco representa 57% do total de investimentos da mineradora na estrada de ferro, que é de R$ 1,4 bilhão. Na avaliação do BNDES, o aumento do volume transportado “significará o início de um novo ciclo de crescimento da CVRD e exigirá importante volume de investimentos, não só em infra-estrutura e superestrutura da EFC, como, também, no Porto da Madeira, por onde é exportada a produção de minério da região de Carajás.”
O banco vem reduzindo sistematicamente as taxas de juros de todas as suas linhas de crédito. A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e que serve de base para os empréstimos do BNDES, caiu 2,75 pontos porcentuais desde janeiro de 2006.
Segundo Tovar, hoje a infra-estrutura de transporte é uma das prioridades do banco. Na carteira de operações contratadas da instituição no segmento de ferrovias há sete operações em fase de desembolso - são financiamentos de R$ 1,5 bilhão para um investimento total de R$ 8 bilhões. Segundo ele, no caso específico da Vale, a expansão da capacidade de transporte da EFC terá impacto positivo na balança comercial do País, já que haverá aumento das exportações de minério de ferro.
A expansão está diretamente relacionada ao aumento da capacidade de produção de minério na região de Carajás. Os investimentos serão realizados em sinalização das linhas, ampliação e construção de pátios de cruzamentos, oficinas, ampliação de terminais ferroviários e aquisição de novas locomotivas e vagões.
Inaugurada em 1985, com o propósito de escoar a produção de minério de ferro de Carajás, a EFC é uma das ferrovia mais modernas e produtivas do Brasil. Tem 892 quilômetros de extensão e passa por 22 municípios - 19 no Maranhão e 3 no Pará. Transporta também 1,5 mil passageiros por dia.
NÚMEROS
R$ 1,4 bilhão é o volume total de recursos que será investido pela Vale na Estrada de Ferro Carajás, incluídos os R$ 774,6 milhões do financiamento do BNDES
103 milhões de toneladas por ano será a capacidade de transporte da ferrovia após a ampliação. Hoje, a capacidade é de 70 milhões de toneladas
892 quilômetros é a extensão da Estrada de Ferro Carajás, que passa por 22 municípios - sendo 19 no Maranhão e 3 no Pará.
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