Vou contar para meus dois leitores uma pequena grande história.
Em meados do ano de 1984, concursado para a disputa de vaga na extinta TELEPARÁ/SA, empresa subsidiária da estatal TELEBRÁS/SA, fui selecionado e ao assumi minhas funções em Marabá, deparei-me com o seguinte contexto.
A título de treinamento. Fui designado direto ao rés do chão da empresa.
Coisa que era dejesável para um novato, porém, intangível para meus planos.
Hum. Instalado devidamente no Almoxarifado do imponenete prédio da Telepará, em Marabá...Lá fiquei seis meses e fui alçado para a Coordenação dos PS's - Postos de Serviço, que em alguns casos era o único meio de comunicação da população em mais de 15 Municípios do Sul do Pará. Outros poucos tinham a Rede instalada e foi uma das "bocadas" que enriqueceram, por exemplo, políticos, como o ex-senador Ademir Andrade, sócio de uma das empresas que dominavam a expansão das redes de telecomunicações do Pará.
Lá, a extinta empresa, vivia o que pode-se chamar da mais bem acabada definição do paradoxo capitalista, dado o modelo imposto pelo governo federal.
A subdisiária a qual trabalhei no período de 1986 a 1990. Devia, em contratos assinados com pretensos consumidores, algo, como 600 mil terminais telefônicos.
A conta jamais fecharia, dado que um terminal custava, à época, segundo minhas melhores e mais razoáveis projeções, ao custo de hoje, entre U$ 3.000 a U$ 7.000, dólares americanos, dependendo do Município.
Eram tempos difícies. Num lugar dificílimo.
No Estado do Pará. As Telecomunicações, foram divididas em Distritos, de modo que, na Grande Região Metropolitana, a concentração era diretamente proporcional à conta de quem mais podia pagar um gênero de primeira necessidade para o comércio e caríssimo para fins residenciais.
Explico: A demanda de Belém e entorno, foi designada por um tal de Gluck (gluck, gluck, gluck....mais uma vez...O fulano, Ambire Gluck Paul...meus amigos, olhem só o nome!) de pelo menos um milhão de terminais!!!!!! Em detrimento à expansão do Interior. Aliás, ao Interior, sempre e sempre na história do Pará: migalhas.
O Governo Federal bem que tentou convocar a massa de idiotas para, de um lado, acalmá-los e, de outro, aplicá-lhes, outro golpe, que foi a promessa de entregar mais terminais (linhas), como dada conseqüência da pressão imposta pelo então governador Jáder Barbalho de instalá-las.
O caos nas telecomunicações do sulparaense perdurou anos, mais de década e meia até a privatização do setor. No Distrito Oeste, Santarém e entorno penavam e credito que ainda penam.
Hoje pouco mudou - Com o advento de outras bandas no espectro, como a telefonia celular. Ainda há vários municípios sulparaenses e outros, da mesma forma, no Oeste do Estado, que não têm o serviço de telefonia celular.
Essa é outra das grandes dívidas do governo federal com o Carajás e o Tapajós.
No mesmo raciocínio. Um número ainda maior de Municípios nessas duas regiões que experimentam um crescimento três vezes superior a média do Estado e do Brasil, não possuem sequer um Posto Bancário, exceto os famigerados "Correspondentes Postais" - oligopólio do Bradesco, macumunado com os Correios e Telégrafos, que prestam um péssimo serviço a essas populações.
Êta povo que sofre.