Redução de acordo com a vontade de banqueiros
Graciosamente um certo canal de televisão adiantou de quanto seria a redução da taxa de juros.
Protecionismo é a causa da elevação do preço de alimentos
O presidente lamentou a política protecionista dos Estados Unidos e da Europa contra produtos brasileiros, verdadeira responsável, segundo ele, pelo aumento global do preço dos alimentos — e não a nova matriz energética renovável. Segundo assessores, Lula está particularmente irritado com reportagem do New York Times, publicada na semana passada, em que o periódico pergunta: “De quem é esta floresta amazônica, afinal?”. No texto, o jornal diz que “um coro de líderes internacionais está declarando mais abertamente a Amazônia como parte de um patrimônio muito maior do que apenas das nações que dividem o seu território”.
Etanol
Também recentemente, o economista americano Paul Krugmann, em um artigo no mesmo NYT, chamou o etanol de “demônio” e listou o combustível como uma das causas da alta dos preços dos alimentos. “Não é correto afirmar que vamos prejudicar o cultivo dos alimentos. O etanol pode diminuir a crise energética e a poluição. O mundo pode e deve assinar um pacto global pelo uso de fontes alternativas de energia”, defendeu o presidente.
A pedido do novo ministro Carlos Minc, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) decidiu suspender a divulgação que faria ontem, em São José dos Campos (SP), das análises do sistema de alerta do desmatamento Deter para o mês de abril de 2008. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, a divulgação foi suspensa até que seja acertado com o novo ministro do Meio Ambiente um novo esquema de apresentação dos dados sobre desmatamento.
A mudança na divulgação evitaria um constrangimento para o novo ministro, já que no dia da posse dele a notícia seria o aumento do desmatamento na Amazônia legal registrado pelo instituto. O Palácio do Planalto confirmou a posse do novo ministro para hoje às 15h, com transmissão de cargo às 18h na sede da Agência Nacional de Águas (ANA). (Com CB).
O lobby sem disfarce norte americano
Por Roberto Rodrigues
O projeto da nova Farm Bill americana vem com novidades nada novas: mais protecionismo, e desta vez com endereço certo - o etanol brasileiro. Se aprovada, vai deixar ainda mais longe a possibilidade de exportarmos nosso bom biocombustível para os Estados Unidos.
É realmente impressionante a capacidade que têm os produtores americanos de fazer lobby sobre seu Congresso. E invejável! Os Estados Unidos compram petróleo no mundo todo e etanol de outros países, sem tarifa. Mas impõem tarifa ao etanol brasileiro, para proteger um poderoso e bem organizado grupo de produtores de milho do Corn Belt. Nem que isto prejudique a totalidade dos consumidores, não importa. Admirável lobby, eficiente, rigoroso, presente.
Por que será que no Brasil, cuja economia rural é muito mais importante frente ao PIB nacional que a americana, não conseguimos semelhante articulação? Nos Estados Unidos, apenas 2% da população está no campo, aqui são 17%. E o poder deles é muito maior que o nosso. Por quê?
Em nosso Parlamento já temos uma bancada agrícola bastante expressiva, seja em termos quantitativos, seja na qualidade. Cerca de duas dúzias de aguerridos deputados das mais diversas legendas se juntaram a meia dúzia de vigorosos senadores para defender com firmeza e dedicação os legítimos interesses do setor. No entanto, nem sempre conseguem impor seus pontos de vista à maioria do Congresso, embora seja evidente que o agronegócio bem arrumado é o motor da economia nacional. Ele já vale 23% do PIB, gera 37% dos empregos e mais de 100% do saldo comercial do País.
E, se contássemos com políticas públicas adequadas, o agronegócio brasileiro poderia estimular ainda mais os outros setores, fazendo-os crescer em termos competitivos. Tal fato ganha mais importância neste momento em que o desequilíbrio entre a oferta e a demanda de produtos agrícolas em termos mundiais encarece os preços dos alimentos; o restabelecimento do equilíbrio levará alguns anos, porque a demanda continua aquecida em função da melhor renda per capita nos países em desenvolvimento, de modo que há uma oportunidade formidável para nosso País aumentar sua produção e sua participação nos mercados globais.
Isto exige uma estratégia ampla, que vai desde a geração de tecnologia até a infra-estrutura e logística, passando por políticas consistentes de renda rural, mormente com o grau de investimento que acabamos de receber.
Com uma bancada ativa no Congresso, com um Ministério de Agricultura cheio de vontade de ir nesta direção, o que nos falta? Não podemos perder mais esta oportunidade de expansão, inclusive de biocombustíveis.
Talvez boa parte desta fragilidade resida na própria institucionalidade privada do setor.
Temos, basicamente, três tipos de associação na classe rural: os sindicatos, que pela Constituição são os representantes legais de qualquer setor, e que se organizam piramidalmente em federações estaduais e na poderosa Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA); as sociedades civis, que representam setores específicos ou regionais; e as cooperativas, que são o braço econômico da organização da sociedade - as cooperativas, por sua vez, se organizam também em nível nacional, com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e entidades estaduais a ela afiliadas.
E a agricultura familiar se representa na forte Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), cujas federações estaduais de sindicatos de trabalhadores rurais nucleiam os pequenos produtores.
Portanto, CNA, Contag e OCB são bem estruturadas e recebem de seus associados contribuições definidas em lei.
Enquanto isso, as sociedades civis dependem da contribuição espontânea dos sócios, vivendo, a maior parte delas, em permanente dificuldade financeira. No entanto, há muitas delas com grande tradição e representatividade, embora sem poder de fogo em função da escassez de recursos financeiros.
Talvez seja o caso de voltar a um assunto recorrente: realizar um estudo visando a fusão de algumas destas principais entidades, de modo a criar uma nova instituição, somatória e rica, para agrupar os produtores rurais em sociedade civil onde se sintam bem representados. Embora as entidades hoje existentes sejam representativas, é claro que seu poder cresceria se fossem transformados numa única grande sociedade civil de âmbito nacional.
Talvez assim nossa capacidade de lobby crescesse, e poderíamos, como faz o Farm Bureau americano, atrair a simpatia e a parceria da sociedade urbana, ao mesmo tempo que nossos representantes no Parlamento ficariam mais confortáveis em sua dura missão.
E as boas políticas finalmente viriam.
kicker: Os EUA compram etanol de outros países, mas o que vem do Brasil paga tarifa
Roberto Rodrigues* - Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, presidente do Conselho Superior de Agronegócio da Fiesp e professor de Economia Rural da Unesp/Jaboticabal.
Lobby europeu articula veto à carne brasileira
Jamil Chade |
O Estado de S. Paulo |
17/7/2007 |
O Comitê de Agricultura do Parlamento Europeu pediu o “embargo total e imediato” à importação de carne brasileira. Lobistas tentam impressionar os deputados com dossiê. Relatório cita pesquisa do cientista brasileiro Aramis Augusto Pinto A Comissão Européia - braço executivo do bloco - afirmou que enviará novas missões de veterinários para avaliar as condições fitossanitárias da carne brasileira nos próximos meses, mas se recusou a aceitar a idéia de impor, por enquanto, o embargo pedido pelos deputados. "Não tomaremos uma decisão com base no Parlamento, mas sim nas evidências e nos fatos", disse um funcionário de alto escalão da Comissão. O Parlamento não tem poder de impor sanções ou embargos, mas a decisão de ontem tem "um importante impacto político", segundo avaliação da Comissão. Durante a sessão, considerada tensa por alguns, deputados e lobistas ligados aos produtores da Europa, apresentaram as conclusões de uma investigação em que tentam provar que as condições da carne bovina brasileira são inadequadas. Mostrando até fotos de um fazendeiro aplicando hormônios ilegais em um animal no Brasil, os produtores tentaram impressionar os deputados. Na Irlanda e Escócia, a questão virou assunto de Estado. "A Comissão Européia não pode mais ignorar o assunto diante do pedido do presidente do comitê", afirmou Padraig Walshe, presidente da Associação Irlandesa de Produtores de Carne. Autoridades da Comissão terão de comparecer ao Parlamento para se explicar nas próximas semanas. Apesar do recado político, o departamento de veterinários da Comissão, único com poder de impor um embargo, mantém sua posição de defesa da carne brasileira. Para eles, as informações prestadas aos deputados pelos produtores são "incorretas", " falsas" e "enganosas". A rejeição ficou explícita em uma correspondência entre o comissário de Saúde do Consumidor da Europa, Markos Kyprianou, e a comissária agrícola do bloco, Mariann Fischer Boel. Bruxelas, porém, deixa claro que, se até o fim do ano o Brasil não implementar novas recomendações, um embargo poderia ser avaliado. "As alegações no relatório (dos produtores) são baseadas em uma interpretação incorreta das exigências na importação de carne", afirmou Philip Tod, porta-voz da Comissão para assuntos de saúde do consumidor. Para ele, não se justifica nenhuma ação imediata contra o Brasil. A Comissão ainda criticou os lobistas por não esclarecerem quais fazendas visitaram para realizar a investigação e alertou que as conclusões foram tiradas de visitas a Estados que já estão sob embargo: Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Para completar, os veterinários acusam os lobistas de terem preparado a investigação sem ter ido a laboratórios, frigoríficos ou órgãos de certificação no Brasil. Na Comissão, o lobby está sendo visto como um recurso utilizado pelos produtores que vêm sofrendo com o incremento cada vez maior das exportações brasileiras. Segundo a campanha liderada pelos produtores, as acusações envolvem a falta de um sistema que possa rastrear e identificar origem do gado. "A maioria das fazendas visitadas não tem sistema de rastreabilidade", afirma a investigação, publicada após uma missão realizada em maio, que indica o perigo da febre aftosa. Em algumas fazendas visitadas, os irlandeses apontam que os registros haviam sido cortados das orelhas do gado para impedir a identificação. Outra acusação é a de que produtores apenas colocam as identificações poucos dias antes de vender o gado, permitindo obter um preço maior. IDENTIFICAÇÃO A Comissão Européia, porém, rebateu os argumentos dos deputados, alegando que não há de fato uma exigência de que todo o gado no País seja identificado. O critério vale apenas para aqueles que serão exportados. A segunda acusação dos produtores refere-se à falta de controle no Brasil em relação à movimentação do gado de um local livre de aftosa e de outro onde não há garantias fitossanitárias. Segundo a investigação, a movimentação entre as fronteiras é " generalizada". Um dos exemplos é o transporte de gado entre o Paraná - região embargada - e o Rio Grande do Sul, um dos principais exportadores ao mercado europeu. Os produtores europeus acusam os exportadores gaúchos de comprar gado do Paraná para exportar diante da falta de produto no Estado. "O controle está sendo impossível", argumenta a investigação. Mais uma vez, a Comissão Européia rebateu as críticas. Para os veterinários, o transporte de gado pode ocorrer. Segundo eles, não há problema no comércio entre o Paraná e o Rio Grande do Sul, já que, para uma carne ser exportada, o gado precisa estar em uma zona livre de aftosa por 90 dias antes do abate do animal. A Comissão tomou para si a responsabilidade de defender o Brasil, algo raro. Segundo os veterinários, o controle de movimento do gado é praticado em todo o País e está sendo fundamental para impedir que a aftosa se alastre para outros Estados. |
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