Procuradoria recorre de decisão que absolveu ex-reitor da UnB por gastos
(01/12/2010 - 10h28) Ler mais…
Crise na UnB — Vice-Reitor pede demissão
Vice-reitor pede demissão
Lilian Tahan - Da equipe do Correio - Lúcio Costi e Raphael Veleda - Especial para o Correio
Em carta ao ministro da Educação, Edgar Mamiya entrega o cargo. Conselho Universitário vai indicar reitor pro tempore que terá de ser aprovado por Haddad
Depois do reitor da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Mulholland, e do decano de Administração, Érico Weidle, pedirem afastamento do cargo, agora foi a vez do vice-reitor e reitor em exercício, Edgar Mamiya. Em reunião ontem à tarde com o ministro da Educação, Fernando Haddad, ele entregou uma carta pedindo exoneração, em caráter irrevogável. A decisão é mais drástica do que a dos colegas, que apenas se licenciaram por 60 dias.
O Conselho Universitário da UnB (Consuni) deve escolher um nome para ser submetido a Fernando Haddad. Essa pessoa atuará como reitor pro tempore — que substituirá Mulholland enquanto ele estiver afastado.
A reunião na qual Mamiya entregou o cargo ocorreu no gabinete oficial de Haddad, no Ministério da Educação. O encontro durou 1h30 e foi acompanhado por Mulholland. O ministro pediu a Mamiya que anunciasse a desistência na segunda-feira, mas a informação vazou. A expectativa nos meios acadêmicos é que após a renúncia do vice, Timothy também pedirá o afastamento definitivo. Se isso ocorrer, o reitor pro tempore vai comandar o processo das novas eleições.
A saída da cúpula da instituição era a principal reivindicação dos estudantes que ocupam o prédio da reitoria desde o dia 3 de abril. Timothy e Érico foram denunciados à Justiça na última terça-feira por mau uso de verbas destinadas à pesquisa. Cerca de R$ 470 mil do Fundo de Apoio Institucional (FAI) da universidade foram usados na decoração do apartamento funcional onde o reitor morava. Embora não tenha sido denunciado na mesma ação movida contra o reitor e o decano, Edgar Mamiya já era investigado pelos ministérios públicos Federal e do DF.
Procuradores da República e promotores de Justiça do Distrito Federal querem saber os detalhes da viagem à Ásia do então vice-reitor e sua comitiva de 11 pessoas, em outubro do ano passado. Conforme revelou o Correio semana passada, dinheiro que deveria ser destinado à melhoria do atendimento à saúde dos povos indígenas financiou a ida ao Japão, Taiwan, e Coréia do Sul, de ao menos seis pessoas sem vínculos com a UnB. Mamiya também é investigado por causa de 32 almoços e jantares pagos com recursos de convênios firmados pelas fundações de apoio à pesquisa ligadas à UnB. O então reitor substituto teria assinado as ordens de pagamentos de todas essas despesas.
Ocupações
Os estudantes universitários brasileiros consideram que o principal instrumento que eles têm para se fazer ouvir é a ocupação de reitorias. Em 2007, foram promovidas pelo menos 10 delas e os alunos prometem mais para 2008, caso suas reivindicações não sejam atendidas. “Se 2007 já foi forte, 2008 será ainda mais”, afirma Catarina Lincoln, uma das coordenadoras do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade de Brasília (UnB) e atuante na ocupação da reitoria da instituição. O movimento vem ganhando a adesão de diretórios estudantis de outros estados.
Até agora, a mais longa ocupação ocorreu na reitoria da Universidade de São Paulo (USP), durante 50 dias, no primeiro semestre do ano passado. “Quando a reitoria foi ocupada, todo mundo ficou sabendo e o movimento se espalhou”, diz a estudante de letras da USP Júlia Almeida, 21 anos, que participou da ocupação em São Paulo e está em Brasília. Ela torce para que as negociações na UnB sejam bem-sucedidas.
Este ano, a reitoria da UnB foi a primeira a ser ocupada. O prédio administrativo da Univesidade Federal de Minas Gerais (UFMG) — em Belo Horizonte — também foi invadido na semana passada, mas os alunos já se retiraram.
Na quinta-feira, vários líderes de DCEs chegavam à capital, engrossando a manifestação. Tiago Guapo, 22 anos, coordenador-geral do DCE da Universidade Estadual de Maringá (UEM), ficou sabendo da tomada da reitoria brasiliense por e-mail. “O ato da invasão é importante, porque a UEM foi a primeira universidade a ter a reitoria invadida (em 2004) no governo Lula. Fomos retirados pela polícia, mas várias de nossas reivindicações foram atendidas”, garante.
Vassoura e rodo no lugar do apito
A tarde de ontem foi de faxina na reitoria da Universidade de Brasília. Os estudantes largaram os cartazes e apitos e empunharam baldes e vassouras para lavar as rampas de acesso ao prédio ocupado desde 3 de abril. Os ocupantes afirmaram que faziam um ato simbólico de “limpeza geral da UnB”, em referência às denúncias contra o reitor Timothy Mulholland e o decano de Administração, Érico Weidle.
Prevista para as 10h, a lavagem das rampas do prédio só começou por volta das 15h. Os que acordavam comentavam que haviam dormido muito tarde, em razão do que chamaram “a melhor festa desde o início da ocupação”.
Antes da festa, o promotor do Ministério Público do Distrito Federal Ricardo Antônio de Souza, que denunciou Mulholland e Weidle à Justiça, esteve na reitoria conversando com os estudantes e, segundo ele, “sentindo o clima” entre os ocupantes.
Pela manhã, alunos do Instituto de Artes espalharam lixeiras pelo gramado que fica atrás do prédio, numa manifestação “pacífica, direta e estética para demonstrar a indignação dos estudantes” com a crise na UnB. Os objetos aludiam às lixeiras de quase R$ 1 mil compradas para mobiliar o apartamento que o reitor ocupava.
Para a noite de ontem, estava prevista nova agitação, batizada de “Festa do Milhão”, para celebrar a multa imposta pela Justiça ao Diretório Central dos Estudantes. A cobrança é por hora e chegou a esse valor às 22h. (LC)
Sem alternativa reitor da UNB se afasta por 60 dias
Durante o período de afastamento, asssumirá o vice-reitor Edgar Mamya.
Sistema de cotas imperfeito
Sou em princípio a favor das cotas para determinados segmentos da população no vestibular das universidades federais brasileiras. Preferiria ver cotas para pobres de qualquer cor, mas é preciso reconhecer que os afro-descendentes só têm chance na sociedade brasileira se for para jogar futebol, tocar pagode ou despachar ebós nas esquinas. Então, as cotas para negros já são um avanço.
Só que fica difícil continuar a favor das cotas quando se vê o petismo e a demência moral tomando conta do processo. A UnB, que no ano passado sofreu o maior vexame ao determinar que um irmão gêmeo idêntico teria direito a concorrer pelas cotas e outro não, conseguiu criar um sistema ainda mais inacreditável do que tirar fotos dos candidatos e enviar para comissões avaliarem a negritude. Agora, os aprovados nas vagas reservadas para cotistas terão de se submeter a uma comissão, que decidirá se são negros mesmo.
Hallo, Schwarzchen! Querr conhecerr as chuveirras do campus 'ma fêis?
Pois a NOVA CORJA tem uma sugestão muito mais prática. O Estado poderia fazer análises genealógicas de todos os supostos negros no momento do registro civil. Depois de definida a inequívoca afro-descendência, a criança seria obrigada a usar pelo resto da vida um triângulo com as cores da bandeira da Etiópia costurado nas roupas. Assim, não vai mais existir confusão na hora de definir quem é ou não cotista. A vantagem é que na Argentina, logo ali, existem diversos senhores com um grande know-how nesse sistema de classificação da população. Podemos aproveitar as vantagens oferecidas pelo Mercosul para fazer essa transferência de tecnologia.
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