O austríaco, filipino e brasileiro Noel
Orlet, fundador da Amana Katu, foi o vencedor da etapa brasileira da EO
(Entrepreneurs’ Organization)
* Por Val-André
Mutran
Brasília – O
estudante paraense Noel Orlet, que criou a Amana Katu, venceu a etapa
Brasil do prêmio da EO (Entrepreneurs’ Organization) e disputará o Mundial da
organização global na África do Sul, em 2020, com o projeto “Água para Todos”.
Mais do que o prêmio, porém, que lhe garante uma série de
cursos de gestão e mentorias e o passaporte para disputar a final mundial, em
2020, na África do Sul, o empreendedor paraense de 22 anos afirma que está
conseguindo um objetivo: mostrar o problema da falta de água potável na região
amazônica.
“É um problema invisível. Como, numa das maiores bacias
hidrográficas do planeta, não há água potável? Eu e a Amana Katu temos a missão
de mostrar esse problema, trabalhar muito e juntar esforços para solucioná-lo e
conseguir, com isso, garantir o acesso a água de qualidade, que é um dos
pilares dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030”, afirma
Orlet.
Da final da etapa nacional da EO, realizada há cerca de um
mês na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, Noel revela também que um dos
maiores ganhos que teve foram os dois dias de vivências e conhecimentos
adquiridos no evento, que reuniu 250 pessoas do mundo todo, integrantes da rede
da EO e convidados. “Vencer a competição no Rio foi bacana, mas a experiência
de participar dela, ter mentorias, cursos de gestão e captação de recursos e
uma palestra com o Eduardo Lyra [criador da Gerando Falcões] foram as coisas
mais marcantes.”
Além de Noel Orlet, disputaram a final brasileira Diego
Cidade (criador da Academia do Universitário), Bruno Rocha (Annora Alimentos) e
Guilherme Zuanazzi (Aprix).
A solução criada por Noel Orlet e amigos, com a Amana Katu
(que, em tupi-guarani, significa “chuva boa”), é um sistema de captação de água
de chuva sustentável e de baixo custo, que consiste em um tambor plástico
(chamado de bombona) capaz de filtrar água da chuva e torná-la potável.
“Cada bombona armazena até 240 litros de água, o que é
suficiente para uma família de quatro pessoas tomarem e usarem no preparo de
comida, por uma semana”, afirma Noel Orlet.
Até o momento ele já impactou a vida de 6.932 pessoas no
Pará, que deixaram de sofrer diarreia e diversos mal-estares devido à baixa
qualidade da água que bebem.
A veia do empreendedorismo social surgiu em Noel quando,
trabalhando no Ministério Público, percebeu que os meios jurídicos não
asseguram direitos humanos básicos, como o acesso à água.
E a solução da Amana Katu, além de garantir água potável,
tem empregado jovens de periferia, em situação de vulnerabilidade, para a
fabricação do kit, tem promovido a economia circular, ao garantir a reciclagem
dos tambores de azeitona, e pensado em outras soluções, que também ajudem
pequenos produtores rurais.
“Além da meta de levar água potável para 10 milhões na
região amazônica, vamos desenvolver o Agro Katu, para ajudar pequenos
produtores rurais na irrigação de suas plantações”, diz Noel. Para ele, o
Brasil precisa de um “Água Para Todos”, nos moldes do que foi o esforço do
governo federal para levar energia elétrica aos quatro cantos do Brasil.
"Eu vou lutar por isso, para que todos possam ter água potável, no Brasil
e no mundo."
De acordo com o organizador do evento, Daniel Minglorancia,
que é diretor da EO para o Brasil e confundador e CEO da Nutty Bavarian e da
Magic Bavarian Nuts, diz que o evento no Brasil tem crescido a cada ano e que a
qualidade dos finalistas ajudou a reforçar a certeza de que os jovens estão
pensando um mundo melhor.
“O Brasil vai mais uma vez muito forte para a final
mundial”, afirma ele, que em 2018 viu o economista Gustavo Fuga, criador da
4You2 (uma escola que tem como propósito a democratização do ensino de inglês
no país) e finalista do Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2015, terminar em
terceiro lugar na decisão em Macau (China).
A Entrepreneurs’ Organization é uma organização global, não
governamental e sem fins lucrativos, criada em 1987 e que promove o Global
Leadership Conference. No Brasil há seis anos, a rede já conta com 180 membros
no país e 14 mil no mundo.