Caiu a ficha e diretor da maternidade pública pede demissão

Não há notícia que choca mais a sociedade que a morte de um bebê por negligência de qualquer natureza.

Em minha terra natal, o Pará, há algum tempo, esse fato parece que virou rotina para desgraça ― detesto essa palavra ― dos usuários do SUS.

Parte daqui de Brasília, amanhã, uma força tarefa para apurar as reais responsabilidades da morte de 20 recém-nascidos que vieram a óbito na Santa Casa de Misricórdia, a maior maternidade pública do Estado. Ou seja: supostamente equipada e preparada para tal missão.

Há duas semanas o caos que era de consumo interno, virou a outra face da moeda expondo aos holofotes da mídia nacional e internacional a incompetência pontual da saúde pública do lugar que é o Portal de toda a Amazônia brasileira, portanto, a essência do caminho que quem estivesse com tal responsabilidade, estabelecer, de ante mão, a busca de boas práticas de gestão administrativa, controle e cobrança.

Não é o que ocorre.

Nada disso parece ocorrer neste particular. Mais, a partir da análise de outros critérios de gestão pública. Segurança pública, educação, distribuição de renda, geração de emprego por iniciativa governamental.

Não estamos em guerra, mas é como se isso fosse a realidade daquele estado de inépcia.

Diante do aterrador quadro de desgoverno, não vendo saída para salvar-lhe a pele e o nome, o diretor da Santa Casa de Misericórdia de Belém, Anselmo Bentes, pediu demissão do cargo.

A decisão do médico foi aceita pela governadora Ana Júlia Carepa, mas não o exime de ser, teoricamente, o responsável imediato da morte de 20 crianças que poderiam ter outro destino que não o cemitério. Todos filhos de mães humildes, a maioria negras, a maioria pobres.

Não poderia ser diferente pois, os anéis ficam, e os dedos, nessas alturas de uma ano e meio de desgoverno, convenhamos, não fazem falta alguma.

O cinismo é tal monta que a secretária de Saúde do Pará confirmou ― com a imprensa no seu encalço e o Ministério Público idem ― que a morte de mais oito bebês na maternidade era verdade e não complô da imprensa golpista. E tudo estava dentro dos índices da Organização Internacional de Saúde. Um caso de polícia esse dessa secretária e seus patrões.

A ridícula reação do governo ao criar uma comissão formada por médicos e engenheiros para avaliar as condições do hospital é deboche. Uma jogada de pôr panos quentes diante da gravidade do problema.

A secretária de Saúde insiste em apagar o incêndio com declarações que, se fossem prestadas em outro país, sairia algemada e direto para a cadeia por crime de responsabilidade, assim como, sua patroa.

Êta terra que sofre!

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