CPI da Amazônia pode sair do papel

A deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) começou, ontem, a colher assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a Amazônia. Além de fazer um levantamento minucioso sobre a situação da floresta, o objetivo da comissão será, segundo a parlamentar, elaborar uma proposta de legislação que regularize a questão fundiária na região. "Sem a solução desse problema crucial, não há como pensar em desenvolvimento sustentável na região. Por isso, o parlamento brasileiro precisa dar sua contribuição para combater a ação de estrangeiros que compram terras irregularmente na Amazônia", defende a parlamentar, referindo-se a aquisição de 160 mil hectares de terras no Amazonas pelo empresário sueco Johan Eliasch, fundador da ONG Cool Earth. A entidade é citada em um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que levanta suspeitas sobre a atuação da entidade em áreas públicas da Amazônia.

Para reunir as 171 assinaturas necessárias para dar entrada no pedido de CPI, a deputada vai pedir apoio das bancadas do Norte e dos parlamentares da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional. "Nas outras regiões, contamos com a sensibilidades dos parlamentares para o problema. Afinal de contas é uma situação que está sendo discutida em todo o país", disse.

Em nota divulgada ontem, Eliasch negou que tenha comprado em nome da Cool Earth áreas na Amazônia, em Cristalino (MT), ou que tenha estimulado a exploração de ouro na região, conforme noticiado pela imprensa. "Essas alegações não têm substância e são completamente falsas", afirmou. "A Cool Earth não comprou e não vai comprar um acre de terra sequer, seja na Amazônia ou em qualquer outro lugar. Com relação a Cristalino, a Cool Earth não é proprietária de terras na cidade. Seu envolvimento é limitado à doação de fundos para uma organização não-governamental britânica chamada Fauna e Flora Internacional, responsável por um projeto de proteção à floresta nessa área", sustentou o empresário, que negou que tenha sido oficialmente notificado sobre investigações conduzidas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

A respeito de uma afirmação a ele atribuída, de que a floresta amazônica poderia ser comprada por US$ 50 bilhões, Eliasch informou que a declaração faz parte de um discurso feito em 2006 para uma seguradora. "É uma distorção. O que eu disse é que a indústria seguradora teria um incentivo financeiro claro ao apoiar a proteção das florestas tropicais pelo planeta", defendeu.
Fonte: Correio Braziliense

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