Racha no PSDB se aprofunda

Disputa surda dentro do PSDB

ELEIÇÕES 2010
Enquanto Aécio Neves defende prévias para legitimar candidato do partido, José Serra faz de tudo para evitá-las


Os dois pré-candidatos do PSDB à Presidência da República adotaram estratégias inversas na disputa interna. O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, tenta acelerar o debate e cobra da direção partidária a realização de prévias entre os filiados, ainda este ano. José Serra, governador de São Paulo, faz o que pode para esfriar a discussão, enquanto seus partidários atacam a ideia das primárias. As táticas são resultado do momento de cada um. Serra é o líder nas pesquisas e conta com a simpatia da direção partidária. Sabe que, se nada mudar, será o candidato. Aécio também aparece bem posicionado nas pesquisas, mas com índices menores que o adversário. Precisa das prévias para ganhar projeção nacional e mostrar viabilidade.

O governador mineiro está em campanha. Programou viagens pelo Brasil para falar com diferentes seções do partido. Ao mesmo tempo, escancarou o discurso em defesa das prévias. Toca num ponto sensível. Lembra que, nas eleições de 2002 e 2006, os candidatos tucanos foram definidos por um pequeno grupo de dirigentes partidários. Na primeira vez, o escolhido foi Serra, melhor colocado nas pesquisas. Na segunda, Geraldo Alckmin, que tinha números mais baixos. Nos dois casos, o partido foi derrotado. “As primárias permitirão ao PSDB discutir um programa de governo e um discurso para apresentar nas eleições.”

Serra evita até falar publicamente de 2010. Não entra em discussões sobre a forma de escolha do candidato, nem a melhor linha política. Tem deixado a seus apoiadores a tarefa de combater as prévias. Na semana passada, José Henrique Reis Lobo, secretário do governo Serra (PSDB) e presidente do diretório municipal do PSDB de São Paulo, criticou a consulta aos filiados. “Definir prévias neste momento me parece inconveniente, meio inconsequente. Há outros processos de escolha legítimos.”

Formalmente, o PSDB já se decidiu pelas prévias, mas não há nenhum modelo definido para a consulta. Parte da direção tucana teme que o partido perca tempo demais com a divisão interna, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva consolida a candidatura da ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vem tentando ungir Serra como o “candidato natural do partido”.

Aliados
A estratégia em relação aos aliados também opõe os dois presidenciáveis tucanos. Serra fez um movimento importante no ano passado quando patrocinou a candidatura à reeleição do prefeito de São Paulo, o democrata Gilberto Kassab. Para isso, abandonou Geraldo Alckmin, candidato oficial do PSDB. A vitória de Kassab foi o principal triunfo do DEM nas eleições municipais e de certa forma compensou a perda de espaço do partido no interior do país. Com ela, Serra assegurou o apoio dos democratas, aliado mais tradicional do PSDB. Também conta com a simpatia de outro velho parceiro, o PPS.

Aécio argumenta que as duas legendas estarão ao lado do PSDB seja quem for o candidato do partido. A seu favor, alinha a possibilidade de atrair novos aliados. Como o PSB, de Ciro Gomes, com quem mantém ótimas relações. E, especialmente, o PMDB. Ele vem negociando com a direção peemedebista. Quer ter o apoio da legenda. O PMDB gostaria que ele aderisse à legenda, para lançá-lo como candidato próprio. A possibilidade de concorrer por outra legenda é outro trunfo do governador de Minas.

Fonte: Gustavo Krieger - Da equipe do Correio Braziliense

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