A pesquisa – que foi desenvolvida de 4 a 20 de agosto de 2007 e entrevistou, por telefone, 2.011 pessoas de todo o País, com idades acima de 16 anos – revelou que a instituição considerada mais confiável pela sociedade é a Polícia Federal, com 75,5% de aprovação. Em segundo lugar estão as Forças Armadas, com 74,7%. Os juizados de pequenas causas também foram avaliados positivamente por 71,8% dos entrevistados.
O estudo também mostrou que apenas 39,3% dos entrevistados confiam no Governo Federal, 79,8% discordam do benefício do foro privilegiado para autoridades públicas e 43,6% não sabem a diferença entre o Poder Judiciário e o Ministério Público. Além disso, 83,1% não acreditam na Câmara dos Deputados, 80,7% não confiam no Senado Federal, apenas 16,1% dão crédito aos partidos políticos e 81,9% não acreditam nos políticos.
Os resultados do levantamento foram apresentados pelo diretor da empresa Opinião, David Lima, e pelo professor-doutor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Caldas.
“Quando se chega ao fim do poço, a única saída é sair dele”
Para a deputada Luiza Erundina (PSB/SP), que articulou a audiência pública, é impressionante o grau de desinformação das instituições. Ela disse que defende ampla divulgação dos resultados da pesquisa para que sejam promovidos debates sobre o tema.
“Devemos estabelecer estratégias de trabalho, com a participação da sociedade, para alterar esse quadro crítico da política brasileira. Temos tido muito pouco sucesso aqui na Câmara, mas quando chegamos ao fundo do poço, só há uma saída: sair do poço”, afirmou, com veemência, a deputada.
Ela também destacou a necessidade de parcerias com instituições como a AMB – que lançou a campanha Reforma Política: conhecendo, você pode ser o juiz dessa questão – para que sejam promovidas mudanças efetivas no sistema político nacional. “Se os debates sobre a reforma política terminaram aqui na Casa, não se fez nenhuma reforma. Os pontos essenciais, como o financiamento público de campanhas e o fim das coligações proporcionais nem sequer foram tocados”, observou Erundina.
“Pior que isso não pode ficar”
Para o estudante de Ciência Política da UnB, Lucas Sampaio, de 19 anos, trazer esse debate para a Câmara é uma iniciativa interessante, pois uma das próprias instituições avaliadas toma conhecimento da visão da opinião pública. “Trazer essa pesquisa para dentro de uma das maiores casas de representação da democracia no País é importante, porque mostra o desejo da sociedade de que as instituições públicas melhorem sua atuação”, opina Lucas.
Segundo ele, o cidadão brasileiro quer uma verdadeira reforma política e não mudanças pontuais no sistema eleitoral “que venham a favorecer apenas alguns”. “Como estudantes, percebemos que as pessoas não conseguem mais enxergar a possibilidade de mudança. Mas pior do que está não pode ficar. Por isso, acredito que a sociedade tem papel fundamental para ajudar a implementar essas mudanças”, concluiu.