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Bia e a poesia

Vejam que espetáculo da sensacional Adelina -- Bia -- para os muito chegados.

Nós, os maravilhosos.


Ingênuos e ameaçadores, presunçosos e talentosos, arrogantes e infantis, os depressivos estão sempre em boa companhia. Beethoven, Anthony Hopkins, Michelangelo, Martin Luther King, Francis Ford Coppola, Peter Gabriel ( remember The Police?), Marlon Brando, Harrison Ford, Ozzy Osbourne, James Taylor, Larry Flynt, Stephen Fry (é, aquele especialíssimo ator que inspirou Zeca Baleiro a compor a canção com seu nome), Tim Burton, James Taylor (meu predileto entre os “contemporâneos”) - e para quem gosta de moda tem até Yves Saint-Laurent! – são alguns coleguinhas da arte de ser infeliz, mesmo quando se pensa que tudo o que se quer da vida é ser feliz.

Somos assim. Uma diversidade apaixonante! E os poetas? Ah, entre estes devemos ser maioria. Só dois, para uma “palhinha” de como é na poesia que os depressivos melhor se exibem:

Esse é o Quase, de Mário de Sá Carneiro:

Um pouco mais de sol – eu era brasa,

Um pouco mais de azul – eu era além.

Para atingir, faltou-me um golpe de asa…

Se ao menos eu permanecesse aquém…

Assombro ou paz? Em vão… Tudo esvaído

Num grande mar enganador de espuma;

E o grande sonho despertado em bruma,

O grande sonho – ó dor! – quase vivido…

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,

Quase o princípio e o fim – quase a expansão…

Mas na minh’alma tudo se derrama…

Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo … e tudo errou…

— Ai a dor de ser — quase, dor sem fim…

Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,

Asa que se elançou mas não voou…

Momentos de alma que, desbaratei…

Templos aonde nunca pus um altar…

Rios que perdi sem os levar ao mar…

Ânsias que foram mas, que não fixei…

Se me vagueio, encontro só indícios…

Ogivas para o sol — vejo-as cerradas;

E mãos de herói, sem fé, acobardadas,

Puseram grades sobre os precipícios…

Num ímpeto difuso de quebranto,

Tudo encetei e nada possuí…

Hoje, de mim, só resta o desencanto

Das coisas que beijei, mas não vivi…

Um pouco mais de sol — e fora brasa,

Um pouco mais de azul — e fora além.

Para atingir faltou-me um golpe de asa…

Se ao menos eu permanecesse aquém…

E esse é um cidadão comum, do Torquato Neto:

Sempre subindo a ladeira do nada,

Topar em pedras que nada revelam.

Levar às costas o fardo do ser

E ter certeza que não vai ser pago.

Sentir prazeres, dores, sentir medo,

Nada entender, querer saber tudo.

Cantar com voz bonita prá cachorro,

Não ver "PERIGO" e afundar no caos.

Fumar, beber, amar, dormir sem sono,

Observar as horas impiedosas

Que passam carregando um bom pedaço

da vida, sem dar satisfações.

Amar o amargo e sonhar com doçuras

Saber que retornar não é possível

Sentir que um dia vai sentir saudades

Da ladeira, do fardo, das pedradas.

Por fim, de um só salto,

Transpor de vez o paredão.

Viu? Tenho pensado que os depressivos talvez sejam os “normais” da sociedade. Os que detem o prazer da loucura e são quase sãos, desde que tomem seus remedinhos direito. Matam-se de angústia pelo coletivo e pelo individual, mas são incapazes de fazer mal a uma ou mais moscas. E às pessoas também. São, no geral, generosos, mas escondem com isto uma egocentríssima visão do mundo.

É assim que somos.

Um senso de justiça que jamais se cumpre, um desejo de felicidade que nada tem a ver com o real, uma ânsia de encontrar iguais. E adoramos companhia desde que preservemos a solidão.

PS: Ok, Marga. OK, Ana. Vou sim. Vou tomar o meu Pondera... rsrsrs...


- Este editor acaba de ganhar o sábado.

Brigado Bia.

Um ótima pedida para quem ficar em Belém na quinta-feira

Clube_do_vinil_r2_c2

Na véspera de feriado O CLUBE DO VINIL realiza nesta quinta-feira 30/04, em Belém a partir das 21:00 hs no ESPAÇO CULTURAL TABERNA SÃO JORGE – também conhecido como Bar da Walda --, uma noite em homenagem ao dia do trabalho com muita música, poesia, narrativas e exposição de capas de discos que marcaram essa época.

Deputado poeta

O blog publica uma faceta até então desconhecida do deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB-PA): o hábito de escrever poesia. Abaixo um exemplo.

A MORTE DO JOÃO


Eu vi o João.
Não o conheci brincando
na casa nova
onde jamais vai morar.
Não soube de suas alegrias,
sonhos, fantasias.
Eu vi no João da fotografia
sorrindo ao lado dos pais.
Um olhar tão vivo,
um menino Jesus tão presente.
Eu vi o João na alma dos pais,
apresentado a nós em soluços:
inteligente, criativo,
meu bebê no grito da irmã.
Eu vi o João 6 anos inerte,
levado à cruz precocemente.
Eu vi o João preso no cinto,
joguete da loucura,
brinquedo humano da maldade.
Eu vi o João que, se quer sabia
o que estava acontecendo,
procurar a mãe
e o cantar de pneus
entoando a fúria assassina.
Eu vi o João que se junta a muitos outros.
Que não pode virar estatística,
que tem que ser bandeira de luta
de um povo que quer paz e justiça.


Deputado Zenaldo Coutinho
em 13 de fevereiro de 2007

Sabes quem é?

Foto: Val-André
















Via celular N-95.

Atenção: Para melhor visualização, clique na foto.

Matéria difícil




















Eis o que gosto de ler e reler, e ler de novo... Ler mais uma vez.
Me fazer de doido e ler de novo.
Ler escondido de mim mesmo.
Ler em voz alta quando estou de bom humor.
Quase sempre o humor não é minha matéria.
Matéria que leio de novo.
E leio mais uma vez.


Val-André


Homenagem à minha poetisa predileta.

Os apaixonados sempre acreditam

ANA CRISTINA CÉSAR

Acreditei que se amasse de novo
esqueceria outros
pelo menos três ou quatro rostos que amei
Num delírio de arquivística
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos
(em Contagem regressiva - Inéditos e Dispersos)

Biografia Sucinta
Ana Cristina Cruz César, nasceu no Rio de Janeiro em 2 de junho de 1952, tendo, desde cedo, demonstrado talento e gosto pela arte de escrever. Já em 1959, tinha as primeiras poesias publicadas no “Suplemento Literário” da “Tribuna da Imprensa”. Foi Licenciada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, em 1975, obtendo o grau de Mestre em Comunicação, pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1979 e Master of Arts in Theory and Practice of Literary Translation, pela Essex University, na Inglaterra em 1980.

Ana gostava profundamente de escrever. Além de suas inumeráveis poesias e cartas, escreveu para diversos jornais e revistas e traduziu diversos autores estrangeiros. Entre esses autores, inclui-se a poetisa americana,
Sylvia Plath, que da mesma forma que Ana César faria mais tarde, colocou um fim à sua própria vida.

Ana C. morreu em 29 de outubro de 1983 e, com certeza, pela sua juventude e beleza, pelo conteúdo e forma de sua obra, pela interrupção brusca de sua vida e do seu talento, tornou-se um símbolo e um ícone. Quando a vida segue o seu curso normal, as pessoas têm tempo de se preparar para a passagem daqueles que, de alguma forma, têm parte ou influência em suas vidas. Isso não acontece, em casos como o de Ana César, onde a ruptura abrupta sempre deixa o único recurso de uma saudade brutal ou de uma veneração desmedida. De qualquer forma é importante a noção, e o consolo, de que as pessoas se perpetuam, nos corações e nas almas, pelo que deixam, na forma de obras materiais, como é o caso de Ana César, ou através das lembranças de atitudes, palavras ou gestos, que podem fazer melhor a vida dos que ficaram.. Dentro dessa ótica pode-se entender o seguinte poema:

Ausência
Por muito tempo achei que ausência é falta
E lastimava, ignorante, a falta..
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
Ausência é um estar em mim.
E sinto-a tão pegada, aconchegada nos meus braços
Que rio e danço e invento exclamações alegres.
Porque a ausência, esta ausência assimilada,
Ninguém a rouba mais de mim.
(Carlos Drummond de Andrade – Com o pensamento em Ana Cristina)

OBRAS

Conforme mencionado, Ana Cristina César, escreveu para diversos jornais e revistas. Além disso fez parte da antologia “26 poetas hoje”, publicada em 1976. Em edições independentes, publicou “Luvas e Pelica”, “Cenas de Abril” e “Correspondência Completa”, além de “Literatura não é Documento”, uma pesquisa sobre a literatura no cinema.

Tendo em vista as circunstâncias de sua morte e o fato de Ana César ter deixado uma série de documentos, tais como cartas, poesia, diários, traduções, desenhos e testemunhos, seus livros foram reagrupados e republicados, bem como foram também publicados outros documentos inéditos. Dessa forma temos hoje, os seguintes livros:
A Teus Pés, incluindo:
A teus pés
Cenas de abril
Correspondência completa
Inéditos e Dispersos (meu predileto), onde são publicados documentos literários e até desenhos, que vão desde 1961 até 1983, ano da morte de Ana César

Crítica e Tradução, incluindo:
Literatura não é documento
Escritos no Rio
Escritos em Londres
Algumas poesias traduzidas
Correspondência Incompleta, constituído de noventa e três cartas, datadas de 1976 a 1980, enviadas a quatro amigas suas.


Procure na Intermet a maravilhosa Ana Cristina Cesar agora mesmo.

Saber procurar é uma coisa. Percorrer o caminho dessa busca... Deixa. Deixa para o entendimento de cada um.

Interessado em antiguidades , decoração, poesias, contos?


















Caso a sua resposta seja positiva, acesse o blog da Martha Corrêa aqui. O mais novo link dos recomendados do Corredores.

Essa gente talentosa

Recebí esses lindos versos de meu amigo o economista Roberto Castro e publico-o para a apreciação de meus dois leitores.

Caro Val,

Diante de sua vertigem, ao ver os amigos mortos, como todos nós brasileiros, fiquei paralisado e sem ação.

Passo-lhe ás mãos uns versos de indignação que escrevi em 1985, há exatos 22 anos.Pouca coisa mudou. Apenas mudaram as promessas e as conversas fiadas dos que comandam o país.

ESTADO DE EMERGÊNCIA

Por Beto Castro

Vivi na cidade grande,
Em vez de parques e jardins,
Vi a fumaça ardendo nos olhos,
Vi a fuligem escurecendo fachadas,
Vi os rios poluídos em agonia,
Vi a sujeira espalhada nas calçadas.

Vivi na cidade grande,
Em vez de ruas e avenidas,
Vi barracos de papelão e lata,
Vi favelas soterradas,
Vi cortiços e malocas,
Vi palafitas penduradas.

Vivi na cidade grande,
Em vez de creches e orfanatos,
Vi a infância dormindo na praça,
Vi o futuro do Brasil cheirando cola,
Vi a traficante de crianças,
Vi a imagem de Deus sem escola.

Vivi na cidade grande,
Em vez de policiais e guardas,
Vi facínoras assaltando bancos,
Vi a chacina do injusto justiceiro,
Vi reféns desesperados,
Vi magnatas resgatados por dinheiro.


Vivi na cidade grande,
Em vez de homens e mulheres felizes,
Vi o fanático atirando ácido,
Vi o falso suicida,
Vi o matador em série,
Vi o estuprador homicida.

Vivi na cidade grande,
Em vez de clínicas e hospitais,
Vi os doentes nos corredores,
Vi a morte sem assistência,
Vi o médico papa-defuntos,
Vi o golpe da previdência.

Vivi na cidade grande,
Em vez de ônibus e metrôs,
Vi o trânsito caótico,
Vi o puxador nas garagens,
Vi veículos destroçados,
Vi jovens esmagados nas ferragens.

Vivi na cidade grande,
Em vez de ordem e progresso,
Vi celas de quatro com vinte,
Vi mendigos almoçando no lixo,
Vi sem tetos sob as marquises,
Vi a contravenção do jogo do bicho.

Vivi na cidade grande,
Em vez de sossego e segurança,
Vi a construção de presídios,
Vi os bandidos em liberdade,
Vi lares cercados de grades,
Vi o paraíso da impunidade.



Vivi na cidade grande,
Em vez de igrejas e conventos,
Vi mulheres vendendo o corpo,
Vi o jovem trocando de sexo,
Vi a aids terminal,
Vi a repressão sem nexo.


Vivi na cidade grande,
Em vez de fóruns e tribunais,
Vi a omissão das autoridades,
Vi a lentidão da justiça,
Vi a cumplicidade da lei,
Vi a queixa do padre na missa.
Você também viu tudo isso?
E o que fez afinal?
Fugiu ou sentiu-se mal?
Ah! Já sei! Aprendeu a dissimular?
Não? Então, ficou em cima do muro?
Deixa pra lá,
Pelo menos temos algo em comum,
Vivemos no país do futuro.


Diante da sua dor e revolta, acrescentaria mais duas estrofes:
Vivi na cidade grande,
Em vez de aviões seguros,
Vi o apagão aéreo,
Vi a tragédia anunciada,
Vi famílias cremadas vivas,
Vi a providência postergada.

Vivi na cidade grande,
Em vez de segurança e proteção,
Vi o jornalista, no portão, assassinado,
Vi a esperança morta por bala perdida,
Vi corações dilacerados,
Vi o Blog de luto indignado.

Fui as lágrimas hoje

Águas de passagem

(Ademir Braz) *

Retinem nos ouvidos
velhas pás e gritos:
há odor de diesel
nos óleos do ar.
Cúmplice do vento
ando junto às pedras
zanza no rio-tempo
meu menino olhar.

No azul do porto
sobe e desce gente
carregando frutos
úmidos de sol:
sobre ombros curvos
corre mel do cesto
escorre sal da pele
nos degraus do cais.

Farto de castanha
cambaleia o barco
acima do banzeiro
que o vento atiça;
geme a quilha tesa
a corda retinida
range como range
a carne sob os cestos
nos degraus do cais.

Retinem nos ouvidos
tantas pás e gritos
e já não há no ar
os mastros em delírio...
Só, desaba a rua
agora sobre as águas
que deságuam cio
nos degraus do cais.

* Ademir Braz, é o mais extraordinário poeta do Carajás. Advogado, jornalista. Um homem que só entendo como mestre, filósofo, humano...abduzido um dia qualquer

Poesia da madrugada fria

Uma lembrança de Verão

Val-André Mutran (5/05/2007)


Se um dia pudesse voltar no tempo...
Ouviria que seja por encanto o sussurrar do vento. Leria muito mais Pablo e Spinoza à fórmulas de Kent.

Se um dia me fosse permitido olhar o tempo...
Repararia o corpo perfeito dos bem acabados ateus que não reparam santos, pois, movem-se como Deus.

Se um dia me fosse concedido ouvir o tempo...
Calaria, circunspecto Callas após o Ato final.

Assobiaria besteiras para espantar a sina.

Se alguma vez conhecesse o encanto...

Confraria um trato: o de adiar a fome, aviltar a vontade, esquecer a dor, levitar no agora; encantar-me com a noite: perder-me de amor pelo dia.

Se apesar de tudo e só peço haja não me for permitido...

Que a morte venha tântrica, semântica, pois é tempo de trabalho
Muitos me esperam
Poucos me verão...
...No Inverno.

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