Câmara aperta Transparência Brasil

Procurador da Câmara dos Deputados ameaça Transparência Brasil por campanha contra voto em indiciados por crimes

O deputado Ney Lopes, procurador legislativo da Câmara dos Deputados, ameaçou processar a organização não-governamental Transparência Brasil pelo fato de esta promover a campanha “Não vote em mensaleiro” (e sanguessuga, gafanhoto etc.).

A campanha exorta o eleitor a não votar em indivíduos indiciados na Justiça por diferentes tipos de crimes.

Conforme ofício dirigido à entidade pelo gabinete do deputado Lopes, a campanha “Não vote em mensaleiro” atentaria contra o Parlamento Nacional.

Em resposta ao deputado Lopes, o diretor executivo da Transparência Brasil, Claudio Weber Abramo, afirma que

“Não há razão jurídica que impeça qualquer cidadão ou organização de pregar ao eleitor que evite votar neste ou naquele indivíduo por qualquer razão que seja, desde que verídica.

“É verídico que parlamentares foram indiciados na Justiça como réus em inquéritos relativos a escândalos como os do Mensalão, dos Sanguessugas, dos Gafanhotos e tantos outros.

“Sendo verídico, nada há que nos impeça de instar o eleitor a evitar votar no gênero de indivíduo que se comporta de modo a dar motivos para sofrer indiciamento criminal.

“Observo, ainda, que o uso da Procuradoria Parlamentar da Casa para pressionar uma entidade no sentido de esta deixar de exercer o que é um direito constitucionalmente assegurado nada tem a ver com a preservação de direitos da Câmara dos Deputados, mas representa meramente a defesa de interesses individuais de parlamentares acusados de crimes.”

Se ela dança. Tú dança!








Lembram da deputada dançarina do mensalão Angela Guadagnin (PT-SP)?

Dê uma olhada na sua ficha abaixo.

Processos
:
STF Inquérito 1560 - Acusada de ter autorizado, sem embasamento técnico, aumento em 12,51% no valor do contrato administrativo com a empresa CONSTRUCAP para a realização de obra no anel viário da cidade. Arquivado por prescrição em março de 2004.
STF Inquérito 1708 - Acusada de ter usado dinheiro da Câmara dos Deputados para enviar correspondência aos eleitores pedindo votos na eleição de 2000. Prescreveu. Arquivado em 2002.
TCE-SP processo 667/007/97 - Foi responsável pela contratação da Mascarenhas Barbosa Roscoe Construções para pavimentação e drenagem dos bairros Jardim das Indústrias e Jardim Limoeiro, em 1995. Julgados irregulares licitação, contrato, termos aditivos e atos ordenadores. Recurso negado. Transitou em julgado em 08.03.2002
TCE-SP, processo 207/007/98 - Contratou em 1996 a Air Liquide Brasil S/A para fornecer oxigênio líquido e locação de tanque criogênico. O contrato estava acima dos preços de mercado e um ano depois da vigência o valor foi reduzido. Acórdão publicado no Diário Oficial do Estado de 03.05.2000.
TCE-SP, processo 1128/007/96 - Assinou em 1996 a renovação de contratos com Organização Cometa de Serviços Gerais para serviços de limpeza das unidades de saúde de São José dos Campos. A renovação foi julgada irregular em 11 de abril de 2000. Recurso de Angela foi negado. Transitou em julgado em 24.09.2001
TCE-SP 1204/007/96 - Autorizou em 1995 concorrência e contrato com Tallavassos Construção e Comércio para pavimentar ruas e drenar águas pluviais. Concorrência e contrato foram considerados irregulares. Acórdão publicado no Diário Oficial do Estado em 24.04.2003.
TCE/SP 22403/026/94 - Contratou a empresa Art & Mídia Comunicação Publicitária em 1994 para prestar serviços de publicidade para a prefeitura. A concorrência, o contrato e a despesa foram julgados ilegais, porque faltou publicar o edital em jornal de grande circulação. Acórdão publicado no DOE de 02.07.97
TCE/SP 26704/026/97 - Foi multada em 500 UFESPS (R$ 6.650 em dezembro de 2005) por irregularidades na tomada de preços para contratar empresa para construir galeria de águas pluviais em S.José dos Campos, em 1997.
TCE/SP 781/007/98 - Contratou, em caráter emergencial e com dispensa de licitação, a Organização Cometa de Serviços Gerais. TCE não viu motivo para emergência e julgou irregular a dispensa de licitação e ilegais as despesas. Transitou em julgado em 11.04.2001
TCE/SP 883/007/95 - Contratou, por meio de licitação, a empresa Construcap para fazer obras de interligação de áreas de Comunidade Urbana de Recuperação Acelerada, em 1995. O TCE considerou prejudicado o julgamento objetivo das propostas por falta de indicação de base financeira isonômica aos proponentes.

O Projeto Excelências ainda não incluiu o Pará.

É mole, é mole sim, dureza é a vida pra mim.

O que pesa contra os dois deputados paraenses

Anexos do relatório parcial da CPMI dos Sanguessugas.

Relação de emendas do deputado federal Josué Bengston (PTB). Leia aqui.

Relação de emendas do deputado federal Raimundo Santos (PL). Leia aqui.

Os nomes de parlamentares acusados de participarem da Máfia dos Sanguessugas seguirão para as Corregedorias da Câmara e do Senado. Ali eles poderão se defender mais uma vez.

As Corregedorias têm poder para arquivar processos. Os que elas julgarem que devam ser abertos seguirão para os Conselhos de Ética da Câmara e do Senado.

Se aprovado no Conselho de Ética o processo segue para votação no Plenário.

Finalmente, é necessário o quorum mínimo de 257 votos necessários à cassação em Plenário.

Lá é que a Pizza é assada ou não.

Leia o relatório parcial aprovado a pouco na CPMI das Sanguessugas

Eis o relatório parcial que recomenda a cassação de 69 deputados e três senadores por envolvimento no esquema de compra superfaturada de ambulâncias.
Acesse aqui.

Entenda a Lei Maria da Penha: contra a violência doméstica

Você mulher,não deve deixar de ler, aos homens violentos com suas mulheres (que pecado, em mulher não se bate)) a lei nº 11.340, sancionada na última segunda-feira, cohecida como “Maria da Penha” (que ficou paraplégica ao receber um tiro do marido, e precisou de quase duas décadas e repercussão internacional do caso para punir o agressor), a lei visa coibir a violência doméstica e familiar.

Para quem quiser saber mais sobre a lei, Maria da Penha, e violência contra a mulher, sugiro a leitura dos links abaixo:

Click e vote!

Nossa nova enquete já está no ar aí ao lado. Vote!
O que o novo Governo do Pará deve priorizar? Participe!

Lando lerá relatório parcial dos Chamechugas daqui a dez minutos

Tudo pronto para o senador Almir Lando, relator da CPMI dos Chamechugas começar a leitura das 1.500 páginas do relatório parcial que deve encaminhar ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, a relação de 73 deputados federais acusados de envolvimento no esquema de desvio de verbas da Saúde através de emendas parlamentares para compra superfaturada de ambulâncias e material hospitalar.

Acabou de atingir o quorum mínimo para a abertura da sessão.

O pastor deputado Jorge Pinheiro (PL-DF) acaba de anunciar que não concorrerá à reeleição. Pinheiro está na lista, assim como, dois deputados paraenses.

Veja abaixo a lista:

GRUPO 1 - Parlamentares contra os quais há provas, contundentes ou não, de participação no esquema: 71

Adelor Vieira (PMDB-SC)
Agnaldo Muniz (PP-RO)
Alceste Almeida (PTB-RR)
Almeida de Jesus (PL-CE)
Almerinda de Carvalho (PMDB-RJ)
Almir Moura (PFL-RJ)
Amauri Gasques (PL-SP)
Benedito Dias (PP-AP)
Benjamin Maranhão (PMDB-PB)
Cabo Júlio (PMDB-MG)
Carlos Dunga (PTB-PB)
Carlos Nader (PL-RJ)
Celcita Pinheiro (PFL-MT)
César Bandeira (PFL-MA)
Cleonâncio Fonseca (PP-SE)
Cleuber Carneiro (PTB-MG)
Coriolano Sales (PFL-BA)
Coronel Alves (PL-AP)
Edir Oliveira (PTB-RS)
Edna Macedo (PTB-SP)
Eduardo Seabra (PTB-AP)
Elaine Costa (PTB-RJ)
Enivaldo Ribeiro (PP-PB)
Érico Ribeiro (PP-RS)
Fernando Gonçalves (PTB-RJ)
Heleno Silva (PL-SE)
Ildeu Araújo (PP-SP)
Irapuan Teixeira (PP-SP)
Iris Simões (PTB-PR)
Isaías Silvestre (PSB-MG)
João Batista (PP-SP)
João Caldas (PL-AL)
João Correia (PMDB-AC)
João Grandão (PT-MS)
João Magalhães (PMDB-MG)
João Mendes de Jesus (PSB-RJ)
Jonival Lucas Junior (PTB-BA)
Jorge Pinheiro (PL-DF)
José Divino (PRB-RJ)
José Militão (PTB-MG)
Josué Bengston (PTB-PA)
Junior Betão (PL-AC)
Lino Rossi (PP-MT)
Marcondes Gadelha (PSB-PB)
Marcos Abramo(PP-SP)
Marcos de Jesus (PFL-PE)
Maurício Rabelo (PL-TO)
Neuton Lima (PTB-SP)
Nilton Capixaba (PTB-RO)
Osmânio Pereira (PTB-MG)
Pastor Amarildo (PSC-TO)
Paulo Baltazar (PSB-RJ)
Paulo Feijó (PSDB-RJ)
Paulo Gouveia (PL-RS)
Pedro Henry (PP-MT)
Raimundo Santos (PL-PA)
Reginaldo Germano(PP-BA)
Reinaldo Betão (PL-RJ)
Reinaldo Gripp (PL-RJ)
Ricardo Rique (PL-PB)
Ricarte de Freitas (PTB-MT)
Robério Nunes (PFL-BA)
Sen. Magno Malta (PL-ES)
Sen. Ney Suassuna (PMDB-PB)
Sen. Serys Slhessarenko (PT-MT)
Teté Bezerra (PMDB-MT)
Vanderlei Assis (PP-SP)
Vieira Reis (PRB-RJ)
Wanderval Santos (PL-SP)
Wellington Fagundes (PL-MT)
Wellington Roberto (PL-PB)

GRUPO 2 - Parlamentares contra os quais não haveria provas: 14

Benedito de Lira (PP-AL)
Dr. Heleno (PSC-RJ)
Eduardo Gomes (PSDB-TO)
Feu Rosa (PP-ES)
Gilberto Nascimento (PMDB-SP)
Laura Carneiro (PFL-RJ)
Marcelino Fraga (PMDB-ES)
Mario Negromonte (PP-BA)
Nélio Dias (PP-RN)
Nilton Baiano (PP-ES)
Paulo Magalhães (PFL-BA)
Ribamar Alves (PSB-MA)
Saraiva Felipe (PMDB-MG)
Zelinda Novaes (PFL-BA)

NA DÚVIDA - Deputados contra os quais há provas, mas que foram inocentados por Luiz Antônio Vedoin: 5

Fernando Estima (PPS-SP)
Helenildo Ribeiro (PSDB-AL)
Itamar Serpa (PSDB-RJ)
Jefferson Campos (PTB-SP)
Josias Quintal (PSB-RJ)

Sobre o formato da entrevista com os candidatos do Jornal Nacional

Candidatos sem nome no JN

Por: Eliakim Araújo *

A exposição dos candidatos à presidência nas semanas que antecedem o pleito é da maior importância para que o eleitor forme sua opinião e vote, pelo menos, com a certeza de ter feito uma escolha consciente, baseada em informações que ele vai colhendo ao longo da campanha. E a televisão, a mais poderosa das mídias, tem função primordial nessa fase decisiva do processo de escolha. Todos os canais, de uma maneira ou de outra, tentam influir no processo de escolha ao abrirem espaços para os candidatos. Mas, nem sempre, o fazem da maneira mais adequada.

O Jornal Nacional, por exemplo, a exemplo do que fez na eleição anterior, tem convocado os candidatos para uma sabatina na própria bancada do telejornal. A intenção pode ser boa, mas a execução deixa a desejar.

Em primeiro lugar, pela disposição física da bancada do telejornal. Projetada para dois apresentadores, a presença de uma terceira pessoa, sentada na ponta da mesa, deixa o entrevistado pouco à vontade e em posição de desvantagem em relação aos entrevistadores, confortavelmente instalados em seu local de trabalho diário.

Depois, o rigor do formato. Para começar o entrevistado é chamado todo tempo de “candidato” e “candidata”, como se nenhum deles tivesse o nome registrado em cartório. A formalidade continua no relojinho colocado no canto da tela, como garantia de que o espaço de tempo ocupado por cada um é rigorosamente cronometrado.

Esse desejo exacerbado de que a divisão do tempo seja rigorosa, parece que passa também pelo trabalho dos apresentadores. Há nitidamente entre eles uma disputa para que um não apareça mais que o outro. Mas, se isso acontecer, como são marido e mulher, as contas serão acertadas em casa.

Brincadeiras à parte, o mais grave de tudo é a questão do conteúdo. Os apresentadores se esmeram em fazer perguntas para embaraçar o candidato, sem preocupação com os temas realmente importantes para o país que pretendem governar.

Na entrevista da senadora Heloisa Helena, por exemplo, na terça-feira, a primeira pergunta já deu o tom de como seria a sabatina. Logo de cara, lhe perguntaram se não era ofensivo chamar o ministro Tarso Genro de “empregadinho do Lula”, quando a maioria do povo brasileiro é formada por empregados? A senadora gentilmente respondia e até declarava seu arrependimento pela expressão, quando foi interrompida pela apresentadora que insistiu no tom de “fofoca”: mas a senhora também usa outras expressões ofensivas como “safados, lacaios, imbecis..."

Ora, ninguém aplaude a senadora por usar expressões chulas em seus discursos, mas dar tal importância a essas provocações, comuns no calor da campanha, pouco contribui para o debate de idéias. Felizmente, os candidatos têm experiência suficiente para passar por cima dessas “armadilhas” e conseguem encaixar na conversa alguma coisa que preste em torno de idéias. Por isso, quem lê somente a fala do entrevistado no jornal do dia seguinte, nem de leve pode imaginar como se chegou àquele resultado com perguntas desse tipo.

Mais adiante, a apresentadora se atrapalhou e confundiu programa de partido com programa de governo. Teve que ouvir uma aula da senadora, com direito a um irônico “meu amor...”.

No assunto reforma agrária, mais uma prova do despreparo dos entrevistadores. A candidata falava sobre invasões e desapropriação quando a apresentadora a interrompeu para afirmar com autoridade que “reforma agrária não se faz em um dia”. Heloisa sorriu aquele sorriso condescendente, tocou o braço da entrevistadora e calmamente retrucou “meu amor, desculpe mas de reforma agrária eu entendo mais que você”.

Penso que essas entrevistas do JN da maneira como são conduzidas não ajudam o eleitor a decidir. Por que não gravar a entrevista mais cedo, num ambiente tranqüilo, com entrevistadores e entrevistado confortavelmente sentados em sofás? Certamente o resultado seria melhor para todos, principalmente para quem precisa tomar uma decisão em relação ao futuro do país.

*

Cristovam Buarque: O resto a gente faz depois

Ontem o Jornal Nacional entrevistou o candidato do PDT, Cristovam Buarque, na série de reportagens com os principais candidatos à Presidência. Você pode ler abaixo ou ver aqui.

A primeira pergunta tentou e conseguiu desqualificar o candidato, que conseguiu apenas explicar que é o pai do Bolsa Escola, mas, que em dado momento, errou politicamente na ocasião de sua reeleição, passando o bastão do GDF (Governo do Distrito Federal) para seu adversário Joaquim Roriz.

Defendeu a Educação, sua especialidade e bandeira maior de Brizola, mas, suicidou-se na entrevista quando disse que o resto é o resto (Saúde, Segurança Pública, Estradas).

Não candidato, o resto tem que ser feito junto, articuladamente, com planejamento e metas.

Foi nocauteado o new pedetista.

Eis a íntegra. O tempo é o mesmo concedido aos demais: 11,5 minutos, com prorrogação máxima de 30 segundos.

William Bonner: O senhor já teve duas oportunidades de executar, de pôr em prática as suas idéias. Como governador do Distrito Federal e como Ministro da Educação do presidente Lula. Como governador o senhor não conseguiu se reeleger, não passou na prova das urnas no fim do mandato. Como ministro, o senhor foi demitido pelo presidente Lula. Como é que o senhor se credencia à Presidência?

Cristovam Buarque: Porque nos dois cargos eu cumpri tudo o que prometi.

William Bonner: Tudo?

Cristovam Buarque: Tudo. Quando eu estava no governo, em quatro anos criei a Bolsa Escola, criei a Bolsa Escola, implantei.

William Bonner: Mas o Bolsa Escola não foi uma criação do prefeito de Campinas?

Cristovam Buarque: Não, o Bolsa Escola surgiu em 1986, quando eu era reitor, publiquei um livro dizendo isso, e no primeiro dia de meu governo eu lancei. Campinas, pouco depois e eu fui lá ajudá-los. E lá não foi Bolsa Escola. Lá foi um programa também assistencial porque era na Secretaria de Assistência. Na Secretaria de Educação, comprometido com a educação e dentro da bolsa investindo na educação, só eu que fiz. Agora, não foi só isso. Ampliamos a jornada, aumentamos 64% do salário do professor, criamos o Poupança Escola. Toda criança da Bolsa Escola recebia, no final do ano, se passasse de ano, o dinheiro na caderneta de poupança.

William Bonner: Certo candidato. Então o senhor se candidatou à reeleição.

Cristovam Buarque: E perdi.

William Bonner: E perdeu. Por que? O senhor não encara isso como uma demonstração de que o senhor foi reprovado pelos seus eleitores?

Cristovam Buarque: Não, porque até o último momento as pesquisas me davam como vitorioso. E eu não menti.

William Bonner: Mas na hora da contagem...

Cristovam Buarque: Não, muito simples, eu errei do ponto de visto político, acertei do ponto de vista moral. Me neguei a dizer que daria um aumento de 28% aos funcionários. O meu opositor disse que daria e não deu. Isso levou 15 mil pessoas, pelo menos, a mudar de lado. As pesquisas me davam como vitorioso, eu saí do governo com 83% de aprovação. Então, não considero que foi um fracasso. Tanto que, quatro anos depois, eu fui eleito com a maior votação que o Distrito Federal já deu a um político que foi como senador. Quanto ao Senado e quanto ao Ministério, quando eu cheguei lá eu peguei o programa de governo do Lula e disse: ‘Isso é para valer’. E comecei a executar. Criei o programa de certificação federal do professor, que é o passo do que eu chamo de federalização, criei o programa de erradicação do analfabetismo em quatro anos, que o presidente em março já disse que eu queria comer cru, que quem come apressado come cru. Criei o programa de escola ideal...

William Bonner: Mas o senhor foi demitido pelo presidente...

Cristovam Buarque: Sim, claro, porque incomodei demais o presidente.

Fátima Bernardes: Por que então o senhor não pediu demissão?

Cristovam Buarque: Porque eu ia brigar para fazer. Eu queria ficar na história desse país como o ministro que erradicou o analfabetismo. Esse era o sonho, sabe porque? Porque o resto leva 15 anos para fazer. O ministro anterior ficou oito anos, eu fiquei 12 meses. Agora, eu comecei tudo. Tudo o que precisava eu queria, eu comecei. Comecei com o MEC e aquilo que não dava para fazer no MEC, que precisava de lei, eu dei entrada na Casa Civil. Lá na Casa Civil, nas gavetas da Casa Civil tá o projeto de escolas quatro anos, o projeto de um ano a mais no Ensino Médio, com a formação.

William Bonner: Projetos né, candidato?

Cristovam Buarque: Não, claro, mas é o presidente que manda para o Congresso. Mas o ministro não pode mandar projeto para o Congresso. E o que é que o presidente mandou dizer para mim? Que isso ia atrapalhar a reeleição dele porque ia chegar ao prefeito que não ia gostar. Então eles pararam. Eu incomodei tanto que eu saí e sinceramente não me arrependo.

Fátima Bernardes: Mas o senhor não teve uma dificuldade com o que é executável? Quer dizer, muitos criticam que o senhor é um homem de idéias mas que falta uma habilidade executiva...

Cristovam Buarque: Não, não, ao contrário. Do ponto de vista executivo eu fiz tudo. Faltou habilidade política. E eu não queria ter habilidade política dentro de um governo que não dava prioridade à Educação.

Fátima Bernardes: E essa habilidade política não vai ser necessária ao senhor como presidente?

Cristovam Buarque: Como presidente, como presidente eu não vou nomear, eu vou nomear o ministro. Eu não vou ser demitido pelo presidente. É claro que eu fiz tudo o que era preciso. Agora, não tive habilidade para entrar naquele meio que é o PT. Sempre que fui um PT eu ia de fora. Não tive e felizmente não tive. Imagine que eu tivesse tido e estivesse lá ainda hoje.

William Bonner: Agora, candidato, a sua principal bandeira nessa campanha, a sua marca registrada é educação. O senhor fala em resolver o problema do analfabetismo, tirar do analfabetismo de 15 a 20 milhões de brasileiros. Agora, durante essa sua permanência no Ministério da Educação, o analfabetismo no Brasil não caiu.

Cristovam Buarque: Caiu.

William Bonner: Não caiu, segundo o IBGE, não.

Cristovam Buarque: Um momento, 3 milhões era a meta. Eu coloquei 3,2 milhões em sala de aula. A meta era 3 milhões.

William Bonner: Candidato, o senhor me permite, eu tenho números aqui do IBGE, colhidos. Em 2003, no início do mandato do presidente Lula e da sua gestão no Ministério, eram 14,635.519 milhões analfabetos no Brasil. São pessoas com mais de 15 anos de idade. Em 2004, no ano seguinte, eram 14,650.997 milhões. São mais de 15 mil brasileiros a mais...

Cristovam Buarque: Primeiro, eu queria dizer o seguinte, esses termos absolutos, é que a população cresce e no Brasil é uma torneirinha aberta.

William Bonner: Certo, mas não caiu né?

Cristovam Buarque: Não, caiu porque estava na escola. Eu botei 3, 2 milhões estudando para sair do analfabetismo. Outros entraram. Saem e entram todos os dias porque a erradicação do analfabetismo, para valer, só quando fizer aquilo que eu defendo, gente, uma revolução na educação de base. Tem uma torneirinha aberta. Todos os dias saem jovens, virando adultos analfabetos. Você tem que erradicar o analfabetismo, 15 milhões, a meta era 3 milhões eu botei 3,2 milhões e além disso fechar a torneirinha. Como é que fecha a torneirinha? Comecei a escola ideal, seis horas de aula por dia. Começamos em 29 cidades. Levaria dois anos com essas 29 cidades. Em 15 anos, 5,561 mil cidades teriam horário integral.

Fátima Bernardes: No seu projeto, o senhor defende a federalização do ensino, não é, no Ensino Médio? Brasília passaria a controlar as escolas Brasil afora?

Cristovam Buarque: Não, não, não. Mantém-se a descentralização gerencial. O prefeito é gerente. Eu até defendo que, em alguns casos, o pai e os professores sejam os donos da escola, gerencie. Agora, definem-se três padrões mínimos para todas as escolas do Brasil. O padrão de salário e de formação. O padrão de conteúdo e o padrão de edificações e equipamentos.

Fátima Bernardes: Mas isso é federalização?

Cristovam Buarque: Eu chamo federalização, pode-se inventar outro nome. Você já reparou que uma agência do Banco do Brasil é igualzinha em qualquer lugar que você for? O funcionário do Banco do Brasil ganha o mesmo salário, não importa a cidade rica ou pobre onde ele trabalha. Ele passou num concurso federal. Vocês já repararam isso? O computador dele é bom. Por que a gente sai da agência do Banco do Brasil, entra numa escola e ela é completamente diferente?

Fátima Bernardes: Mas não tem as peculiaridades regionais que precisam ser respeitadas?

Cristovam Buarque: Claro que tem que ter. Até o Banco do Brasil tem. O conteúdo mínimo. Toda criança tem que aprender a ler antes dos sete, oito anos de idade, em qualquer cidade do Brasil. Hoje é impossível, sabe porque? Porque a desigualdade de uma cidade para outra é muito grande e a vontade de um prefeito para o outro é muito grande. Você tem que ter uma lei de responsabilidade educacional. O prefeito que não cumprir metas federais fica inelegível. Não existe uma lei federal de responsabilidade fiscal? Porque não tem uma lei federal de responsabilidade educacional de tal maneira que um programa que vá durar 15 anos, vai levar 15 anos, não faço demagogia, 15 anos. Se leva 15 anos, é preciso que de um prefeito para o outro continue. E isso a gente não tem hoje. Por que? Porque o governo federalizou os aeroportos. Já pensou se cada cidade fizesse o aeroporto como quer? A Caixa Econômica é federal, o aeroporto é federal, banco é federal. Por que criança não é tratada com o carinho de um presidente da República? Por que? É preciso fazer com que educação básica seja uma responsabilidade do presidente. Aí definem-se metas para o país inteiro. Padrões para o país inteiro. Toleram-se as diferenças de cada um.

Fátima Bernardes: Um projeto seu como senador foi aprovado agora, que é do aumento do salário-mínimo federal de R$ 800. De onde viria esse dinheiro e quanto isso representaria de aumento de gastos?

Cristovam Buarque: Para fazer isso, vai custar R$ 1,5 bilhão. Isso é aos poucos, isso não é de repente. O Brasil gasta R$ 5 bilhões em repetência.

William Bonner: Mas não há previsão orçamentária para isso...

Cristovam Buarque: Não tem é para esse orçamento. Eu quero ganhar para colocar no próximo. R$ 700 bilhões. Não gasta 1%. Vocês têm três filhos. Se colaborassem 1% a mais para melhorar a escola, vocês não gastariam?

William Bonner: Evidentemente que sim. O problema, candidato, é que a partir do momento em que o senhor estabelece que o poder público, poder Executivo vai bancar um projeto, não é natural que a população lhe pergunte: ‘Mas de onde vai sair este dinheiro’?

Cristovam Buarque: Mas vocês não perguntaram de onde, vocês perguntaram se existia...

Fátima Bernardes: De onde, qual é o peso disso?

Cristovam Buarque: De diversos lugares. Por exemplo, hoje se faz uma renúncia fiscal de R$ 35 bilhões, porque a gente não pode ter a R$ 7 bilhões para educação? R$ 7 bilhões. Hoje as estatais têm um lucro de quase R$ 30 bilhões. O governo federal acabou de gastar R$ 9 bilhões para cobrir um rombo do fundo de pensões de uma estatal. R$ 9 bilhões. Eu falo em R$ 7 bilhões. Não só para o salário. Para o salário, para construir escola, para botar horário integral, para tudo isso. R$ 7 bilhões é 1% do orçamento.

William Bonner: O senhor não acha que isso pode frustrar os eleitores? Eu fico imaginando a situação daquele professor que imagina assim: ‘Opa, um salário-mínimo de R$ 800, o governo vai me dar’. Mas, se não há previsão orçamentária, não se sabe ainda de onde vai sair esse dinheiro...

Cristovam Buarque: Olha, eu achava que o Lula ia fazer uma coisa que seria revolucionária. Transformar necessidade em demanda. Quando você cria essa lei, cria essa demanda. As pessoas vão pedir, o dinheiro vai aparecer. Agora, quando você não cria uma lei como essa, você não demanda, você necessita. E necessitado fica de fora. Por exemplo, quem tem dinheiro no bolso entra no supermercado e demanda. Quem não tem dinheiro no bolso fica na calçada e necessita. A gente tem que trazer quem ta fora para dentro. Professor tem que virar gente nesse país porque a pergunta mais séria é porque é que não teve ainda um salário-mínimo para professor, gente? Tem para toda profissão. Por que? Porque deixou-se que é um critério municipal. Vamos definir um salário para professor, a nível federal. Professor merece. Outra coisa. O futuro do Brasil tá no professor. A gente quando faz um viaduto, uma estrada, leva de um lugar para o outro. Mas do presente ao futuro, só a escola, só o professor.

Fátima Bernardes: O senhor está falando de um assunto que é quase que unanimidade, as pessoas realmente pensam em educação.

Cristovam Buarque: Sabe que não é unanimidade. Se não eu não estava com 1% nas pesquisas...

Fátima Bernardes: Exatamente o que eu ia perguntar. Por que o senhor atribui, onde o senhor estaria errando para que a sua pesquisa não saísse desse patamar de 1%?

Cristovam Buarque: Porque, por incrível que pareça, é uma novidade?

Fátima Bernardes: O que é uma novidade? A sua candidatura?

Cristovam Buarque: Ter um presidente que diga que educação é prioridade.

William Bonner: É a isso que o senhor atribui?

Cristovam Buarque: Não, nenhum disse. Acabou de ver aqui, o Alckmin. Ele tá falando gestão, foi uma crise de gestão, economia. Nenhum fala educação. Eu estou aqui porque eu quero mudar o meu país. E só tem um jeito de mudar. É uma revolução na educação.

William Bonner: Eu gostaria de saber então, esta é sua prioridade, educação. Qual é a sua segunda prioridade?

Cristovam Buarque: Todas as outras. Mas são obrigações. Tem que cuidar da economia, da saúde, da escola, da estrada. Agora, mudar, fazer um Brasil novo. O Brasil bate numa parede. A gente cresce mas não distribui. A gente faz estrada, mas tem que fazer cadeia. Vocês viram o noticiário até a pouco. O noticiário só tem corrupção, só tem desperdício, perda. Sua educação é que vai revolucionar o Brasil.

Candidatos ainda não apresentaram Programa de Governo

Brasileiro é tudo a mesma coisa, deixa tudo para a última hora.
Os candidatos à presidenência da República não são diferentes: ainda não se viu um programa de governo concluído para a avalição do eleitor.

A criação de regras para um orçamento adicional para a região; a adoção de incentivos fiscais para a instalação de indústrias na região; a realização de investimentos em projetos já iniciados - e paralisados - para as localidades mais pobres, leia-se, menos desenvolvidas; o incentivo ao programa de desenvolvimento do turismo e a recriação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que sairia do comando do Ministério da Integração Nacional e passaria a ser vinculada à Presidência da República, "como no governo Juscelino Kubitschek".

A meta é eliminar o descompasso entre a média de desenvolvimento do Nordeste e a média nacional.

Essa pauta fará parte do programa de Geraldo Alckmin para o Nordeste, segundo o senador Gilvan Borges (PFL-BA).

O blog pergunta: E para a Amazônia?

Daqui a pouco Cristovam Buarque no JN

Divulgação

Hoje o JN entrevista o candidato Cristovam Buarque (PDT) na série que se encerrará amanhã com o candidato-presidente, presidente-candidato, nem ele sabe! Luis Inácio Lula da Silva.

Na avaliação do Blog, mesmo sob intensa pressão dos ataques do PCC, Alckmin saiu-se muito bem, melhor do que Heloísa Helena, que se atrapalhou, talvez pelo nervosismo do evento.

Diariamente o blog está publicando a íntegra das entrevistas ou vídeo para o internauta tirar as suas próprias conclusões.

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