O caro "barato" das drogas

Cinema

"Não na nossa família"

O drama do rapaz de classe média que vira traficante
de cocaína em Meu Nome Não É Johnny


Jerônimo Teixeira

Divulgação

Selton Mello, como João Estrella: um traficante que nunca pisou no morro


VEJA TAMBÉM
Exclusivo on-line
Trailer do filme

A mãe de um traficante que acaba de ser preso procura um advogado para o filho. O advogado pergunta há quanto tempo ela tinha conhecimento das atividades ilícitas do filho. A mãe responde que não sabia de nada, que nunca imaginou que isso pudesse acontecer. "Não na nossa família", completa. A cena, logo no início de Meu Nome Não É Johnny (Brasil, 2006), é a consumação extremada de um pesadelo dos pais da classe média brasileira (e, em particular, carioca): o filho perdido para a droga. Personagem real, João Guilherme Estrella não foi apenas mais um viciado. Para sustentar o consumo pessoal, tornou-se ele mesmo um traficante, vendendo a cocaína mais pura do Rio em festas da Zona Sul, até ser preso em 1995 e condenado a dois anos em um manicômio judicial. Baseado no livro homônimo, publicado pela editora Record, em que o jornalista Guilherme Fiuza narra a história de Estrella, o filme dá uma dimensão entre cômica e trágica ao drama do vício. O Estrella interpretado por Selton Mello parece não entender a gravidade de seus atos – tampouco tem a esperteza de tirar o melhor proveito deles. Na forma de pó branco, uma proverbial fortuna circula por suas mãos, mas ele não enriquece. Torra tudo em festas com a namorada maluquete interpretada por Cleo Pires. E em mais droga.

Sob a direção ágil de Mauro Lima – cujo filme mais conhecido até agora era o infantil Tainá 2 –, Meu Nome Não É Johnny às vezes parece tão leve e inconseqüente quanto seu personagem. Muito bem-humorado, não tem a violência dos filmes que focam o tráfico pelo lado da favela – ou dos fornecedores –, como Cidade de Deus e Tropa de Elite. Filho de pais permissivos que fechavam os olhos para suas farras cada vez mais desregradas, Estrella nunca pisou em um morro. Tinha fornecedores para fazer esse caminho por ele. Começou a vender pequenas quantidades, no início dos anos 80. Quando a polícia finalmente o pegou, em 1995, ele estava com 6 quilos em seu poder.

É no presídio, enquanto aguarda julgamento, e no manicômio judicial onde depois cumpre pena que Estrella começa a se dar conta da profundidade de seu erro. Inclusive porque passa a conviver com uma turma da pesada – um de seus companheiros de manicômio é um traficante que tinha por hábito dilacerar seus inimigos com uma serra elétrica. O filme não torna explícita a conexão entre a sórdida realidade das prisões e a vida dissoluta que o traficante playboy levava até então. Mas ela fica bem evidente no silêncio perplexo que Selton Mello imprime ao personagem durante sua dolorosa redenção. Estrella percebe, então, como sua festa custava caro.

Revista Veja

O fastio do poder

O milionário abaixo é realmente a cara do Senado.

A cara do Senado (antes da CPMF)


Celso Junior/AE

Com sua vasta cabeleira em desalinho, a voz rouca e o estilo histriônico, o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) encarnou melhor do que ninguém o espírito da pantomima encenada no Congresso ao longo do interminável escândalo Renan Calheiros. Salgado nunca apresentou nenhum projeto de lei relevante nem jamais foi agraciado com um mísero voto (era suplente do hoje ministro Hélio Costa, cuja campanha para o Senado foi quase toda financiada pela sua família). Mesmo assim, ganhou os holofotes e dominou os debates no plenário na qualidade de um dos mais ardorosos defensores de Renan na sua luta contra o decoro e a ética. Ao longo dessa atuação, criou, além de muitos constrangimentos, também uma expressão. Graças a Salgado, a palavra "chinelinho" doravante poderá ser usada para se referir aos "presentinhos", "agradinhos" e outras indecenciazinhas que, na opinião do senador, o governo deve oferecer aos parlamentares em troca de votos quando o assunto o interessa. Não fosse pela votação redentora que extinguiu a CPMF, o Senado teria chegado ao fim de 2007 com a cara de Wellington Salgado.

Edição de Veja na Retrospectiva 2007. Cruz, credo!

Se ela dança eu canto...

...A revista Veja em sua edição restrospectiva coloca a governadora Ana Júlia Carepa numa calça mais justa do que a publicada na ilustração da matéria.

Uma pororoca de escândalos


Ed Ferreira/AE

Catorze novos governadores assumiram o cargo em 2007. Muitos ganharam o noticiário nacional ao implementar boas medidas administrativas. A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, foi uma das que mais marcaram presença na imprensa. Mas por outros motivos. Não houve um mês sequer em que ela não figurasse em algum escândalo – de maior ou menor magnitude. Ao tomar posse, ela empregou os irmãos e um primo no governo. Flagrada, teve de demiti-los. Depois, nomeou sua cabeleireira como assessora. Ana Júlia usou um jatinho do estado para ir à formatura do filho em Minas Gerais. Descansou na Semana Santa com os assessores mais chegados na casa de praia do governo e pagou diárias de trabalho para todo mundo. Incansável, beneficiou seu namorado, presidente do aeroclube do Pará, com um contrato de 3,7 milhões de reais para treinamento de pilotos de helicóptero. Gastaria três vezes menos se treinasse todos em São Paulo. Suas estripulias deveriam ficar apenas no folclore que tanto preza – a governadora adora saracotear ao som do carimbó. Mas, em novembro, o país estarrecido tomou conhecimento de que as coisas no seu estado andam piores do que se imaginava. Descobriu-se que uma menina de 15 anos havia sido presa com trinta homens em uma delegacia do interior. Durante 24 dias, ela foi estuprada e torturada. Depois que o caso veio à tona, soube-se que, no Pará, tão comum quanto o carimbó é prender menores e trancafiar mulheres junto com homens. Enquanto Ana Júlia requebra, os paraenses dançam em mais de um sentido.

A vida pessoal de alguém é uma coisa. A de pessoas públicas outra coisa! Essas, devem ter mais discrição nos atos, postura e vestimenta. Nossa governadora precisa ficar mais esperta.

Zé Dirceu: de ex-guerrilheiro à réu confesso

Assessorando alguns dos homens mais ricos do mundo, o ex-guerrilheiro Zé Dirceu confessa em longa entrevista na Revista Piauí as bandarras em que esteve metido ao longo de anos. Leia + aqui>>

Prato cheio para a Justiça. Se isso ainda houver nesse país.

Como bem anotou o blogueiro José Pires (Brasil Limpeza). Umas das cenas mais marcantes do documentário, Entreatos, dirigido por João Moreira Salles, é o momento em que, no início de uma reunião, José Dirceu (então deputado e presidente nacional do PT) mostra sua contrariedade com a equipe de filmagem que estava no local. A equipe dirigida por Salles acompanhava a campanha de Lula em sua primeira eleição com autorização do candidato presidencial, mas mesmo avisado disso Dirceu continuou não gostando da coisa.

Hoje, passado alguns anos, com Dirceu já cassado por falta de decoro e réu por formação de quadrilha e corrupção ativa perante o Supremo Tribunal Federal (STF), dá para entender a sua precaução.

Naquele final de 2002 José Dirceu já tinha bastante experiência para saber que só haveria vantagem em abrir a intimidade de uma campanha eleitoral se eles, Lula, os petistas e ele próprio, fossem políticos progressistas autênticos e não o engodo que foi desmascarado logo depois.

Mas José Dirceu acabou fazendo nesses últimos meses exatamente aquilo que procurou impedir há cerca de cinco anos atrás. Ele permitiu que a repórter Daniela Pinheiro, da revista Piauí (propriedade do mesmo Salles, ô grude!), o acompanhasse numa viagem de 6 dias por três países. A reportagem, publicada em 12 páginas da revista que hoje chega às bancas de São Paulo, dá um bom material para a Procuradoria-Geral da República e para a oposição. Nela, Dirceu revela, de própria voz, métodos escusos usados pelo PT para se fortalecer e manter-se no poder. Leia um trecho, que extraí do blog E Você Com Isso, de Marcelo Soares, que teve a presteza de copiar da revista e postar ontem no final da noite.

Na próxima semana ele começa a ser ouvido nos processos a que responde.

Nada menos do que puxar uma cana é o que o blog deseja prá esse marginal.

Nova enquete

Quem vai pagar a conta da extinção da CPMF? É a pergunta da nova enquete do blog.

Participem!

Vice é internado e Lula aprova arrôcho

Alegando que o país não pode ficar sem governo. Lula volta da folga e elogia a equipe econômica como a 10.a oitava maravilha do mundo do século XXI.

Assume que deu a ordem para autorizar as medidas do pacote que vai pesar apenas 8 vezes mais do que era anteriormente arrecadado com a CPMF.

Deu a louca no governo?

- Naão.

Lula não esperou a reação e deu de ombros com os acordos anteriores para pacificar politicamente o país após a derrota no senado da CPMF, garantindo que não haveria aumento de impostos.

- Fez exatamente o contrário.

À moda de um mafioso que bate no peito e diz que a vingança é uma prato para se comer frio. O presidente não consegue disfarçar o que, efetivamente, guardava para a população brasileira após as Festas de final de ano, em especial, para todo o conjunto que compõem a chamada classe média brasileira.

2008 começa no rítmo do aquecimento global.

O Pacote vai arruinar o PAC. Lula conta com apôio popular e os incomodados que se queixem ao Papa Bento XVI.

Nunca antes nesse...! Minto. Só na revolução.

Seguuuuuura peão.

Nem um, nem outro; eu mesmo: Governo vai trair pacto com oposição e baixar pacotaço tributário

Nenhuma novidade.

O governo acaba de ensaiar uma traição tsunâmica.

Jurou de pé junto que não aumentaria imposto e que discutiria com a oposição os termos para os cortes de compensação à extinção da CPMF no bojo do Orçamento Geral da União, somente após o recesso. Após os sacolejos do "Carná!".

- Hehhehehee. Fala sério!!!!

Bôbo é quem pensa que Brasília está desacordada. Está sim: está perplexa! Mas, só os trouxas que foram eleitos nesse último pleito e que ainda não conhecem o modus operandi deste governo e que não sabem.

As reações vieram rápidas e em formas de ameaças de desarticulação até da base do Governo na Câmara dos Deputados, onde Lula navega ao bel prazer de sua vontade, apesar do apagão aéreo que mata...governa com MP's atrás de MP's e ajoelhou a Câmara Baixa.

Parece que isso não será assim!? Perguntam, despreparados marinheiros de primeira viagem.


O fato deu-se ontem, quando o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que há semanas ensaiava uma presepada digna dos aloprados, comunicou ao relator do Orçamento de 2008, deputado José Pimentel (PT-CE), que terão um encontro na próxima semana para discutir os cortes de R$ 20 bilhões que serão feitos no Orçamento para compensar parte da perda de receita com o fim da CPMF. Paulo Bernardo explicou apenas que o governo fará o possível para poupar os programas sociais e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Ou seja, aproveitando-se do recesso e não consultando o Colégio de Líderes, deu com top-top -- marca de outro setor do governo --, aos parlamentares espalhados em suas bases eleitorais que se sentirão como aquela história do último a saber das últimas decisões.

Amanhã. Ao abrirem os jornais. Os nobres parlamentares serão bombardeados pela opinião pública:

- Deputado!?

- Senador!?

Que pôrra é essa desse aumento brutal nos impostos?

Como não terão explicação. Lá foi embora eventuais avalistas, bombeiros e eleitores. Mais. Principalmente, financiadores de campanha e entusiastas, pularão fora do barco com a facilidade de chamar um palavrão.

O blog pergunta: Conhecem siri na lata?

Leiam:

Emendas parlamentares

Parte dos cortes deve atingir as emendas propostas pelos parlamentares, o que deve acirrar os ânimos na Comissão Mista de Orçamento. Além disso, partidos de oposição como o PSDB e o DEM vêm classificando o aumento de impostos anunciado pelo governo como uma "traição". Isso porque o governo, segundo o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), teria negociado a votação da Desvinculação de Receitas da União (DRU) prometendo não aumentar a carga de impostos. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou, porém, que o governo cumpriu a promessa de não baixar um pacote tributário.

Novas medidas

Embora o governo tenha perdido a CPMF no Senado, a medida provisória que vai aumentar a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de 9% para 15% para os bancos pode passar na Câmara. Mesmo que o Senado a rejeite, ela voltará à Câmara para uma votação final, o que não acontece com as propostas de emenda à Constituição (como foi o caso da prorrogação da CPMF, tema da PEC 50/07).

De acordo com Guido Mantega, o governo está priorizando o corte de despesas, que segundo ele é exatamente aquilo que se pretendia quando não se aprovou a CPMF. "Estamos fazendo apenas uma recomposição modesta de algo como R$ 10 bilhões. Isto está longe de ser uma retaliação ou de quebra de qualquer compromisso", afirmou. "Não é um pacote, são apenas duas medidas tributárias. Então, é apenas uma compensação modesta de uma perda grande que tivemos com a CPMF", acrescentou.

Mas o vice-líder do DEM Ronaldo Caiado (GO) acredita que a oposição deve endurecer o seu tratamento com o governo: "Com interlocutores como esse, a oposição não pode não só acreditar, mas não pode fazer mais nenhuma concessão", disse. "Trabalhei duramente para que nós não fizéssemos a votação da DRU naquele momento. Eu acho que erramos, devíamos ter prorrogado a votação da DRU para fevereiro e aí sim nós teríamos condições de mostrar ao governo que quando não se tem palavra não se pode colocar todas as cartas na mesa", completou.

Alíquota do IOF

O aumento de impostos anunciado também inclui uma elevação de 0,38 ponto percentual nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o que deve encarecer os custos do crédito bancário, financiamentos imobiliários, seguros e câmbio. Tanto o aumento da CSLL quanto o do IOF foram adotados no final de 1998 pelo governo Fernando Henrique Cardoso, quando houve um atraso na votação da CPMF pelo Congresso.

Mantega explicou que o aumento da tributação sobre os bancos é compatível com o acréscimo de quase 90% nos lucros que essas instituições tiveram em 2007 em relação a 2006. Mas o deputado Ronaldo Caiado afirma que quem vai pagar a conta são os clientes dos bancos.

Notícias anteriores:
Orçamento: investimentos e saúde devem ter cortes.

Com Agência Câmara.

O Papa ou o Bispo?

Mesamí.

Tudo previsto.

Sobre o post abaixo, publico um diálogo.

Marky Brito disse...

Grande Val-André!

Feliz Ano Novo!

Para completar o pacote é de se esperar que os políticos também queiram aumentar seus salários, para compensar alguma perda ou algo assim. Aí fecha a conta.O quer faremos?Abração!

O blogger responde ao amigo...

Obrigado grande. Mas, olha só. O esquema é bem simples: Como quem paga a conta somos nós, e o governo nos lasca e não elegemos nem 1/4 de nossos representantes.

Fica decretado sem publicação no Diário Oficial dos safados executivos espalhados Brasil afora o seguinte Decreto:

Artigo 1.o:
Fica estabelecido que a Classe Média deste país...como nunca dantes (arghh!). Nova tributação do Imposto de Renda.

Acabou a folga cambada de insolentes! (O povo me elegeu prá isso).

Artigo 2.o:
Os imbecis que acharem ruim, que procurem o Dom Luiz Flávio Cappio que o STF depois me dará razão...!

* § PARÁGRAFO PRIMEIRO - Fica desde já estabelecido que o idiota que pensar em sonegar o imposto, ficará sujeito a uma visita da Força Nacional, tendo a frente o Capitão que protagonizou o Filme Tropa de Elite;

* § PARÁGRAFO SEGUNDO - Se o desgraçado que por ventura escafeder-se (remota possibilidade no atual sistema). Podem queixar-se ao Papa Bento XVI.

Ele tem a receita para ninguém passar fome.

Justificativa do Projeto. (Não tem, mas vamos lá).

Publica essa merda logo! O projeto é prá mostrar que nunca antes nesse país a oposição será o que quer ser... Oposição nesse país é o PT que sabe fazer...ninguém mais.

Art. 3.0:

Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 03 de janeiro de 2008;
187.o ano da Independência e 110.o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Este texto não substitui o publicado no DOU que estabelece que somos todos uma cambada de retardados mentais.

--------------

É isso aí Marky?

Classe média vai pagar o rombo da extinção da CPMF

Cantei a bola numa das últimas postagens de 2007. Péssima notícia para todos nós.

Como o Estado brasileiro é um mastodonte morto de fome e quem paga as suas despesas é o contribunte. Logo após o carnaval teremos uma surpresinha bem desagradável.

- Está em gestação um pacotaço para arrancar o nosso couro.






E Mantega diz que não é pacote...


Ricardo Allan e Leandro Colon - Da equipe do correio


Governo anuncia corte de R$ 20 bi nos gastos e aumento de impostos para arrecadar R$ 10 bi. Assim como a finada CPMF vai sobrar para a classe média

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inovou na história tributária brasileira. Pela primeira vez, o governo aumentou impostos no primeiro dia útil do ano e não no último, como reza a tradição. Os ministros da Fazenda, Guido Mantega; e do Planejamento, Paulo Bernardo, anunciaram ontem as medidas (veja ao lado) para compensar a perda de R$ 40 bilhões anuais pelo fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

A reação da oposição foi imediata e a decisão do governo promete azedar ainda mais o clima no Congresso a partir de fevereiro, quando dos parlamentares retornam do recesso de fim de ano (leia mais na página 5). Desde a aprovação do fim da CPMF, em meados de dezembro, o Palácio do Planalto ensaiava uma resposta, apesar da pressão dos parlamentares.

O pacote de medidas confirmado pelos ministros foi uma mistura de cortes de gastos e elevação de tributos pagos pelos bancos e por quem faz operações financeiras, como empréstimos. O maior prejudicado pode ser a classe média.

“Nos concentramos mais nos cortes de gastos de custeio e investimento, que vão incidir nos três poderes. Todo mundo vai ter que apertar um pouco o cinto. As demais medidas não foram um pacote, mas sim um modesto ajuste tributário”, minimizou Mantega. O “ajuste” vai implicar, por meio de medida provisória, um aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para o setor financeiro, que os bancos podem acabar repassando para os clientes na forma de juros mais altos. A MP deve ser publicada nos próximos dias, de acordo com os ministros.

A outra iniciativa foi a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), em especial sobre os empréstimos feitos por pessoas físicas. Além de aumentá-lo, o governo decidiu ainda aplicar uma alíquota de 0,38% sobre cada transação alvo de IOF, mesmo percentual usado na CPMF. Segundo os ministros, essa medida será publicada no Diário Oficial da União de hoje e terá validade imediata.

Cortes
O governo pretende ainda cortar despesas no valor de R$ 20 bilhões e obter mais R$ 10 bilhões com o aumento dos dois tributos. Nas estimativas oficiais, os R$ 10 bilhões restantes virão do aumento natural da arrecadação, causado por uma previsão de crescimento econômico maior do que a esperada inicialmente. “Esse ajuste se fez necessário para preservar o equilíbrio fiscal e a manutenção do superávit primário. Não vai interferir no ritmo de crescimento da economia”, disse Mantega. O superávit (economia para pagar juros da dívida pública), essencial para a confiança dos investidores na economia brasileira, será de pelo menos 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB).

Segundo Paulo Bernardo, os cortes de despesas serão discutidos com o relator do Orçamento de 2008, deputado José Pimentel (PT-CE), a partir da semana que vem. A idéia, de acordo com o ministro, foi evitar um corte linear e também preservar a área social e as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Dos cerca de R$ 30 bilhões estimados em investimentos neste ano, R$ 18 bilhões são do PAC. “Os cortes irão recair mais nos investimentos, mas também vamos fazer um esforço para diminuir as despesas de custeio”, afirmou. O ministro antecipou que o governo
vai rever os contratos com empresas de vigilância e limpeza que prestam serviços aos ministérios.

Já Mantega ainda descartou, por enquanto, a possibilidade de o governo apresentar uma proposta para um novo imposto do cheque. “Não cogitamos recriar a CPMF”, afirmou.

Com o aumento do IOF, as ações dos principais bancos tiveram forte queda.

Problemas técnicos

Desde as 22h30 de ontem o blog passa por problemas técnicos, alguns já plenamente sanados.

Ocorre que vários programas que utilizo no blog estão hospedados num provedor pago e que vem a ser o maior do Brasil!

O pagamento está rigorosamente em dia e, como estou de férias, as dificuldades para acessar o suporte técnico persistem.

Coisas da NET! Não. Coisas de empresas safadas que só querem "o venha à nós".

Penso que resolvo tudo ainda hoje, o que peço a compreensão dos leitores.

Não vai ter moleza, diz presidente do BC






Entrevista - Henrique Meirelles - ''Dinheiro não aceita desaforo''


Vicente Nunes e Raul Pilati - Da equipe do Correio


Quando o Brasil cresce...

Presidente do BC afirma que é preciso controlar a expansão do crédito para evitar a volta da inflação

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não tem dúvidas de que o Brasil entrou em uma rota sustentada de crescimento. Mas com a mesma convicção com que descreve as mudanças estruturais que levaram o país a avançar 5% ao ano — o ajuste fiscal, a queda da relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB) e o controle da inflação —, ele avisa: “Nada garante que não podemos voltar atrás”. Na avaliação de Meirelles, os brasileiros podem tirar proveito da estabilidade. Mas para que eles não se lambuzem com essa experiência nova, ampliando o consumo e o crédito além da conta, o Banco Central ficará vigilante. “O BC tem que se manter vigilante na expansão do crédito porque exageros existem e bolhas existem.” Na opinião do presidente do BC, o país precisa manter a previsibilidade da economia, para que os investimentos — que avançam a taxas entre 13% e 15% ao ano — garantam o aumento da produção. “O dinheiro não aceita desaforo. Se cometermos erros de política macroeconômica similares aos do passado, os desequilíbrios voltarão. A persistência inflacionária volta em qualquer país. A visão de que a inflação já terminou no Brasil é ingênua”, frisa.

Meirelles acredita que o país está partindo para a sua segunda revolução, a da eficiência. “A primeira, foi a da estabilidade macroeconômica. Agora, o país precisa aumentar a produtividade, mas não à base de subsídio do governo”, destaca. Completando cinco anos à frente do BC, Meirelles reconhece que não é fácil comandar uma instituição alvo de críticas pesadas. “Tomar as medidas necessárias para a estabilidade tem o seu custo e é algo novo para a sociedade brasileira”, diz. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida pelo presidente do BC .

Como o senhor avalia o atual ciclo de crescimento do Brasil? Desta vez é para valer?
O Brasil, desde que ficou independente (em 1822), criou alguns desequilíbrios econômicos para atender a necessidades específicas. Para pagar as despesas da independência, tomou um empréstimo externo que criou sérios problemas. Esse foi o primeiro dos desequilíbrios brasileiros, que sempre tiveram como componentes o balanço de pagamento, a carência de uma moeda forte para importar produtos, a falta de competitividade das exportações e as políticas cambiais protecionistas. O Brasil tinha problemas de vulnerabilidade fiscal recorrente e inflação. Hoje, o quadro é completamente diferente.

O que mudou realmente?
Os mecanismos de ajuste entre oferta e demanda eram via aumento de preços e não por meio do aumento da produção. Como os concorrentes faziam a mesma coisa, esse era o ajuste que funcionava. A empresa não se arriscava a perder uma fatia de mercado por causa de reajustes, o que aconteceria em qualquer economia competitiva. O que foi feito para mudar isso: um trabalho de desinflação sério e de ajuste fiscal que, entre outras conseqüências positivas, gerou um excedente de exportação em 2003 e em 2004. Esse excedente permitiu, junto com um momento favorável da economia internacional, que o Brasil gerasse saldos comerciais importantes. E, pela primeira vez, eliminasse suas vulnerabilidades externas mediante o acúmulo de reservas e a redução da dívida externa com o pagamento de todas as obrigações que podiam ser pagas, como as com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Clube de Paris.

Os investimentos produtivos e o consumo já refletem a previsibilidade maior da economia?
Com certeza. E há um fato importante: os investimentos estão vindo acompanhados de importações de máquinas e equipamentos e de bens intermediários (insumos e matérias-primas). Pela primeira vez, o Brasil, está tendo condições de participar plenamente do processo de globalização, que é exatamente a busca de maior competitividade na aquisição de suprimentos, seja de capital, seja de bens intermediários. Ao deixar de ter uma moeda depreciada, o Brasil passou a ter melhores condições de compra no mercado internacional, tornando as empresas mais competitivas. Isso está fazendo com que o Brasil resolva um de seus problemas históricos:a restrição de oferta de bens e serviços a preços mais competitivos. Agora, antes de aumentar preços, o empresário pensa três vezes.

Está consolidada a percepção de que o empresário perde mercado se aumentar preços?
Acho que sim. Mas isso não significa que não podemos voltar atrás. Como já dizia o meu avô, dinheiro não aceita desaforo. O que eu quero dizer é que, se nós cometermos erros de políticas macroeconômicas similares aos que já foram cometidos no Brasil, essa situação (de desequilíbrios e inflação) pode voltar rapidamente. A persistência inflacionária volta em qualquer país. A visão de que a inflação já terminou no Brasil de uma vez por todas e que nós podemos fazer qualquer extravagância é ingênua. Se isso fosse verdade, nós não precisaríamos de bancos centrais em países com inflação estável há décadas.

O que é possível comemorar?
Estamos, pela primeira vez, aproveitando aquilo que eu chamo de dividendos da estabilidade. Quando nós vivíamos em crise, estávamos o tempo todo pagando o custo do ajuste. E nunca chegávamos ao ponto de aproveitarmos os benefícios da estabilidade. A estabilidade era sinônimo de custo, sacrifício.Hoje, isto está mudando, as pessoas estão começando a entender os ganhos de uma moeda estável.

O senhor pode ser mais específico em relação aos dividendos da estabilidade?
Nos últimos cinco anos, 20 milhões de pessoas saíram das classes D e E para a classe C. A classe média começa a ter aumento do poder de compra. Em novembro de 2007 frente a novembro de 2006, a massa salarial cresceu 6,4% acima da inflação. Isso é um aumento impressionante em qualquer lugar do mundo.

O Brasil está vencendo o desafio de crescer sem inflação?
Para crescer é necessário inflação baixa. Não pode haver a dúvida: vamos crescer ou vamos combater a inflação. Não é isso. A situação é: controla a inflação, estabiliza a economia, aí, sim, baixa os juros e, em conseqüência da estabilidade, o país começa a crescer de forma sustentável.

Como novatos da estabilidade, há risco de os brasileiros exagerarem ampliando o consumo e o crédito além da conta?
Não, desde que as autoridades monetárias se mantenham vigilantes. E desde que os agentes econômicos saibam que as autoridades monetárias estão vigilantes. Em junho, o Brasil fez um movimento pouco percebido, mas da maior importância do ponto de vista prudencial. O BC e o CMN (Conselho Monetário Nacional) impuseram a alocação de capitais para a exposição cambial. Os bancos brasileiros estavam muito expostos à volatilidade do câmbio. Na medida em que passamos a exigir mais capital, eles reduziram essa exposição fortemente para o fechamento do balanço de 31 de julho. Houve muitas queixas. Mas quando estourou a crise em agosto, todo mundo ficou quietinho. Portanto, compete ao BC estar vigilante em todas as áreas.

Há alguma área que exige vigilância maior?
Estamos vigilantes na expansão do crédito, na capacidade de expansão da oferta, na relação entre oferta e demanda, na questão do aumento das importações e seus efeitos positivos e negativos. O Banco Central tem de estar vigilante sobre todos os aspectos da economia, sempre, sobre a persistência inflacionária, sobre a questão dos serviços.

Como o BC avalia o atual boom do crédito?
O crédito está aumentando e a inadimplência está caindo. E há várias razões para isso. Primeiro, por causa de mudanças estruturais no mercado, como o crédito consignado, relacionado à efetiva capacidade de pagamento. Segundo, pela própria tecnologia de avaliação de crédito das instituições financeiras, que está melhorando. Os bancos estão aprendendo e aprimorando a capacidade de julgar. O tomador também começa a ter melhores condições de se planejar. Antigamente, o crédito aparecia e ele pegava. Agora, já começa a discernir e escolher. Mas o BC tem que se manter vigilante, porque exageros existem e bolhas existem. Então, compete ao BC estar atento e evitar o surgimento de bolhas.

A inflação subiu nos últimos meses e os mercados futuros estão apostando na alta de juros. Certamente esse movimento está no radar do BC…
Sim. Nós tivemos um aumento importante da inflação no meio do ano e depois ela voltou a cair. Mas as expectativas se mantiveram controladas. Por isso, uma das coisas que estamos monitorando são as expectativas e o que o BC chama de coordenação de expectativas, que estão ancoradas no centro das metas (4,5% ao ano).

Em alguns setores da economia já falta mão-de-obra qualificada. Esse pode ser um entrave para a continuidade do crescimento econômico?
O impacto da educação no crescimento econômico é visível. A Índia se focou no ensino universitário, na formação de elite, com software e serviços. E está dando resultado. A China tem crescimento mais industrial, e também está avançado. Creio que o Brasil está progredindo. O governo federal tem feito um esforço grande para aprimorar o ensino, assim como estados e municípios. Um país como um todo tem que funcionar, tem que se modernizar para ficar mais eficiente. Essa é a próxima revolução que o Brasil precisa fazer. A primeira foi a da estabilidade macroeconômica. O país precisa aumentar a produtividade, mas não à base de subsídio do governo.

Os BRICs (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China) estão sendo responsabilizados pela nova dinâmica mundial e pela maior parte do crescimento do planeta. O senhor concorda com isso?
Não são só os BRICs. Todo o bloco de países emergentes tem muita importância hoje. Até o século 16, a China tinha participação importante na economia mundial, que era muito fechada. Depois da industrialização, o crescimento foi concentrado na Europa Ocidental e nos Estados Unidos. A diversificação começou, pela primeira vez, com o Japão, e avançou com a revolução capitalista depois da Segunda Guerra Mundial. A seguir, começou um processo que incorporou os países pequenos da Ásia, que começaram a criar alternativas de produção, bloco no qual, posteriormente, entraram a China, a Índia e a Rússia e, por fim, o Brasil, com a estabilização.

Mas eles têm condições de sustentar o mundo diante de uma recessão na economia dos Estados Unidos?
Olha, uma recessão nos Estados Unidos não é boa para ninguém. Vai atingir todo mundo porque a economia americana ainda é muito importante, mas em uma escala menor do que no passado. Em 1929, a crise na bolsa de valores americana parou o mundo, quebrou o Brasil. Os barões do café tiveram de vender suas mansões na Avenida Paulista, em São Paulo. Houve mudança na elite paulista. Hoje, não. O Brasil tem condições para seguir em frente, também pela demanda de outros emergentes. Se olharmos as exportações brasileiras, isso fica claro.

Qual a sua avaliação desses cinco anos à frente do Banco Central?
O que eu posso dizer é que é compete ao BC cumprir sua missão básica, que é o que estamos fazendo. Os resultados são conseqüência. Não tem sido uma experiência fácil, pois não é por acaso que o Brasil tem tido uma história de crises periódicas e de crescimento baixo. Tomar as medidas necessárias para a estabilidade é algo que tem o seu custo e é algo novo para a sociedade brasileira. Em função disso, fomos muito criticados. Temos uma história de enfrentar críticas pesadas, que estão diminuindo porque está dando certo, o que é positivo, é gratificante.

Veja como foi a sessão solene em Homenagem à Nossa Senhora de Nazaré 2024, na Câmara dos Deputados

  Veja como foi a sessão solene em Homenagem à Nossa Senhora de Nazaré 2024, na Câmara dos Deputados A imagem peregrina da padroeira dos par...